Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 7
Capítulo 7 - Os clãs


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.

“Talvez, para você, haja um amanhã”



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O homem me ouviu, mas não mostrou compreensão. Apenas raiva. De saber quem éramos. O que éramos. Ele nos contou que não era de um clã como nós. Ele era humano. Apenas humano. Também contou que sua mulher foi morta por seres como nós.

Zack, foi assim que pediu para que o chamássemos, disse que não queria abrigar monstros como nós. Porém, Logan o convenceu que nós não éramos perigosos. E sim que precisávamos de ajuda para achar Rosa.

Quando finalmente entendeu que Rosa estava em perigo disse que ia nos ajudar. Que tinham pessoas como nós neste abrigo. Porém, eram pessoas com sabedorias, que sabiam controlar seus poderes. Eles poderiam ter respostas.

O jovem Rob estava com sono, mas não podia dormir. Não está noite. Zack nos levou por um longo corredor até chegarmos em uma sala. Que tinha a aparência de não ter teto. Olhando para cima dava para ver o céu azul, e o sol. Mas estava a noite.

– Esta é Nicole. – Disse o ancião mostrando-nos uma mulher mais alta do que eu. Seu cabelo era ruivo. Seus olhos eram verde oliva. – Por aqui ela é chamada de Nature. Ela toma conta do verde, das plantas. Resumindo, de tudo que refresca esse lugar.

Cumprimentamos ela. Simpática, pensei. Olhos verdes, não há mal nisso. Ou há?

– Por agora só ela está aqui, façam suas perguntas a Nature. – Disse Zack saindo da sala.

– Então... – Logan disse ao olhar todo o corpo da mulher. – Você sabe controlar seus poderes, certo? – Ela assentiu. – Acha que consegue nos ajudar a controlar também?

– Cada um tem seu nível de dificuldade – A mulher disse fazendo, de pequenos caules, bancos para cada um de nós nos sentarmos. – Como vocês só tem essa noite, acharia melhor fazerem o que vieram fazer.

– Perguntas. – Disse Rob dormindo na grama do chão.

– Certo, queremos ajudar uma pessoa – Começou Sofia. – O nome dela é Rosários.

– Ajuda-la em que?

– Ela falou sobre o clã dos olhos de fogo. – Fui direta.

A mulher se espantou ao ouvir as minhas últimas palavras. Sentou-se mais confortável e me olhou severa.

– O que sabe sobre esse clã?

– Apenas que estão atrás de nós. – Eu disse. – Por algum motivo idiota, é o que parece.

– Vocês vieram até aqui – Nature falou. – Então sabem mais que isso.

– O clã dos olhos de fogo foi fundado pelo líder do clã dos olhos de folha e a líder do clã dos olhos do sol. – Logan parecia que conhecia tudo a respeito quando começou a falar. - Clarisbadeu Hashia e Naida Castle. Posteriormente, os dois fundadores se enfrentaram, com a vitória de Clarisbadeu. Pouco tempo após a fundação, Hashia viajou pelas Vilas Escuras para criar tratados de paz e em troca ofereceu um dos Nove anéis de Fogo, como uma mostra de boa fé. Um desses tratados foi com o clã dos olhos de areia, dando um dos anéis. – Logan prendeu seu olhar no meu. – Mas isso é uma história antiga. Em que eu nem sabia que era verdade.

– Exatamente. – Disse Nature. – Você sabe mais que isso certo?

– Sei o que faziam com quem era contra eles. Ou de clãs inimigos.

– O que faziam? – Perguntei

– O destruíam. – Disse Sofia. – Eles matavam a todos. Como em toda história de tribos inimigas.

– E também adoravam caçar suas presas. – Nature completou.

– Adoravam ir atrás dos inimigos ou os capturavam e os caçavam, tipo em um jogo? – Perguntei.

– Como os encontramos? – Perguntou Rob me interrompendo. – Como são os olhos deles exatamente?

– Normalmente vermelho. Ou alguma cor derivada – Quando Nature disse a palavra vermelho todos olhamos para Sofia. Seus olhos vermelhos estavam camuflados com a lente azul, mas ainda sabíamos a verdade.

– Todos de olhos vermelhos são maus? – Perguntou ela.

– Sim, sempre. – A mulher se levantou. – Mais alguma pergunta?

– Quais são os meios de detê-los? – Sofia fez mais uma pergunta.

– Como deter alguém? – A mulher disse com ironia. – Matando. Mas não é nem um pouco fácil. – Ela olhou para a porta – Chega por hoje. Mostrarei seus quartos.

Com mais alguns passos pelo corredor Nature abriu uma porta onde havia duas camas grandes, uma em cada lado do quarto. Uma cadeira. Uma mesa grande com estantes e livros, uma grande lareira. Havia um banheiro abrindo uma das portas, onde havia uma banheira. E no lado de fora ia para uma varanda com plantas lindas. Tínhamos fogo para divertir Robert, água para Sofia treinar e terra para Logan.

– Vou dormir na cama com Robert – Sofia declarou colocando em uma das camas seu casaco.

– Acho melhor eu dormir com você. – Me sentei na cadeira. – Duas meninas juntas, e dois meninos na outra. – Apontei de uma das camas para a dela. – Sentindo-me um pouco perturbada com a ideia dela.

– Não. Eu vou dormir com ela. – Robert se impôs. – Se eu colocar fogo em alguma coisa ela apaga. – Ele estava certo, em parte.

Olhei para Logan.

– Algum comentário? – Perguntei, agora me deitando no lugar que seria a minha cama.

– Sofia tem olhos vermelhos. – Ele olhou para ela com divertimento, o que para ela pareceu mais uma ofensa. – Para mim está bom ficar no outro lado do quarto.

Olhei para Sofia que brincava com Rob de pular na cama. Não dava medo. Me dava esperanças. Fui até o banheiro e retirei a lente dos meus olhos violetas. Me olhei e vi que eu não estava com a aparência tão ruim.

– Sofia, vai tirar a lente antes de dormir. Depois o Logan vai. – Me deitei na cama. Ela me obedeceu e foi ao banheiro.

– Você é muito mandona. – Logan disse ao meu lado.

– Eu já havia esquecido que estamos brigados. – Sorri. – Até agora a pouco você parecia normal.

– Não somos normais, se acostume. – Ele me olhou. – Somos diferentes, você é diferente. É especial. – Me senti queimar, e não era Robert.

– Certo, já notei isso, Estou pronta para aceitar, mas apenas quando entender qual é o meu dom. Se eu tiver um.

– Você tem. – Logan afirmou. – Só não sabe qual é.

Logan passou a ser um garoto irritantemente sério. Isso começou quando tia Rosa não voltou. Fui até a mesa escrevi uma carta para ela, e sussurrei “apenas a mulher que eu considero a tia Rosa pode lê-la”. Chamei Remendo e disse a ela que aquela carta era para tia Rosa. E ela se foi, para encontrar seu destino.

Voltei para o quarto, Sofia contava uma história para Robert dormir e Logan estava no banheiro. Deitei na cama, no canto e perto da parede.

Estava no quarto da garota de olhos brancos de novo. Ela falava com as criadas.

– Estou aqui há quase meia hora e vocês apenas ficam em pé me olhando – Disse ela. – Me digam os seus nomes, o que fazem e o que gostariam de fazer. – A garota sorriu.

As criadas ficaram surpresas com a garota se importar com isso. As duas disseram seus nomes e o que faziam. Mas a menina insistiu em saber o que elas gostariam de fazer.

As quais disseram que queriam ter uma vida diferente, em que pudessem cantar a todo instante. A moça sorriu e disse que se era assim que gostariam de ser, com ela, poderiam cantar a todo momento.

As criadas levaram a garota de olhos brancos para o príncipe Nathan, que esperava no jardim. Olhando para o céu escuro como um breu, e com apenas uma luz forte nele. A lua.

– Seus olhos parecem com ela. – Murmurou ele sem encara-la.

Eu estava na frente dos dois procurando o motivo de sempre ter aquele sonho. Então ele olhou para mim enquanto passava por ela. Depois para o céu de novo.

– Foi banhada pela lua ao nascer? – Perguntou ele.

– Como sabe?

– Não sabia. – Então respondeu. – Apenas achei familiar. – Neste momento ele chegou bem perto dela e olhou em seus olhos de novo. – Parecem um cristal. Ou até um diamante. – Ele sorriu. – É perfeito, se não quer dizer-me teu nome, chamarei vos de Diamante. Meu radiante e inestimável Diamante.

– Com licença, alteza – Desconversou ela, se afastando do príncipe. – Não vim ao seu reinado a procura de divertimento. Perguntei-lhe se poderia ficar umas noites e você concordou. Não é mais que isso que eu desejo, e ficaria grata se você não forçasse nada.

A garota, atualmente chamada de Diamante, se virou e seguiu para seu quarto. Antes de fechar a porta me olhou nos olhos.

– O que está fazendo aqui? – Ela me perguntou. – O que faz aqui? Responda!

Abri os olhos devagar. Estava sentindo minha mente voltar ao meu corpo. Aos poucos mexi o braço, a perna e o pescoço. Foi neste momento que vi Logan, sem blusa, me abraçando adormecido. Tentei tirar, aos poucos, seus braços de mim, mas eram pesados demais.

– Suzanna. – Ele sussurrou e me puxou de volta para ele.

Fiquei mais alguns minutos naquele abraço. Olhei por cima dele. Sofia não estava mais na cama, nem Robert. Me virei para o relógio. Já era quase uma hora da tarde, eu ainda tenho muita coisa para perguntar.

– Logan. – Eu falei baixo. – Logan, acorde. – Tentei tirar seus braços de mim, que agora estava apertando muito firme. – Logan, é um sonho, acorde. – Mas ele continuou dormindo. – SE CONSEGUE ME OUVIR, ACORDE. – Falei em um tom conhecido, mas não muito controlado.

Ele abriu os olhos dourados, devagar, perturbado com seu sonho. Me olhou, e viu o quanto estávamos perto, e que estava me apertando. Aos poucos afrouxou os braços e olhou em meus olhos.

Dei um beijo em sua testa, para aliviar o constrangimento, e falei bom dia. Sem entender muito bem, ele continuou na cama após eu ir ao banheiro e voltar. Ele estava me distraindo, sem sua camisa. Seu corpo um pouco marcado estava virado para mim. Ele estava todo virado para mim, pensei, como se quisesse se exibir. Realmente ele tinha músculos de sobra.

– O que está olhando? – Perguntei

– Você está com a minha blusa branca transparente. – Ele declarou. – E você também está sem sua calça...

Olhei para baixo, ele estava certo. Eu estava apenas de calcinha , sutiã e com a blusa dele. Logan estava em baixo do cobertor. Cena estranha, pensei. Fiz algo que não me lembro ontem a noite?

– É, percebi. – Mexi no meu cabelo, olhando em volta e procurando minha blusa. Estava pendurada na varanda, como se estivesse secando. – Porque estou assim, afinal?

– Hum... – Ele disse tentando se lembrar e acordar um pouco. – Ah, sim, Rob tacou fogo em você enquanto você dormia, logo em seguida Sofia jogou água. Resumindo, você ficou molhada. Tirei sua blusa e sua calca, depois te emprestei minha blusa. – Logan colocou a mão na cabeça pensando. – Acho que só foi isso.

– Certo. – Concordei olhando para mim mesma. A camisa era larga, como um pijama. Fui até a varanda toquei na roupa, ainda estava molhada - Porque eu não senti o fogo nem a água?

– Você dorme como pedra. – Ele deu de ombros. – Enquanto eu te observava parecia que você estava até morta. Não consegui sentir sua respiração. E olha que eu tentei.

ESPERA! Pensei. ELE FICOU ME OBSERVANDO ENQUANTO DORMIA? E AINDA TENTOU “SENTIR” MINHA RESPIRAÇÃO? Logan me deixava confusa por ser tão bipolar. Ontem mesmo tivemos aquela discussão de manhã...

– E o que eu faço? – Perguntei. – Se eu pedir para Rob secar ele vai colocar fogo de novo!

– Pode ficar com a minha blusa. Pego meu casaco, sem problemas. – Logan se levantou e ficou na minha frente. Tirou o cinto e me deu. – Use isso na cintura. Parecerá um vestido. Porém, feche os botões, estão quase todos abertos. – Ele disse e eu olhei imediatamente para baixo, onde poucos botões estavam fechados. Eu fechei imediatamente colocando o cinto bem apertado e meu tênis. – Bem mais... Hum... Comportada.

Tentei sorrir, como se sua presença não me atrapalhasse. Depois de me dar seu cinto, sua calça ficou caindo um pouco na cintura. Pegou o casaco que havia trago consigo. E me olhou.

– Você está bonita. – Ele viu em meu olhar o quanto eu estava envergonhada e sorriu. – Vamos para o café da manhã, Deus sabe lá aonde os pequenos se enfiaram dessa vez.

– Espero que ele não coloque fogo em mais nada. – Eu disse fingindo não ouvir seu elogio. – Você parece ter tido um bom sonho hoje. – Notei. – Está mais alegre, contente. Realmente, está diferente.

– Hum... Talvez – Logan chegou perto da porta, passando por mim. – Tive um sonho diferente. – Ele olhou para trás, em meus olhos. – E espero que ele não aconteça.

Logan passou pela porta e eu fui atrás dele. Na sala, onde encontramos Nature ontem, estava com mais um estranho. Ele não disse seu nome verdadeiro, mas todos estavam o chamando de Pergaminho. Depois de uma conversa com ele, pude perceber que entendia tudo de quase todos os assuntos que falávamos. Assim como Sofia.

Ele tinha tudo escrito. Em sua memória. Um pouco diferente de Sofia, que guardava fotos. Mas seus olhos não eram vermelhos, nem estava de lente azul como nós. Seus lindos olhos eram rosa.

– Quantos clãs ainda existem? – Perguntei.

– Atualmente? Oito. – Ele respondeu.

– E quais são?

– O clã com olhos das rosas, clã dos olhos verdes, o clã dos olhos dourados, o clã dos olhos aboboras, o clã dos olhos da lua que são bem raros, o clã dos olhos mesclados, o clã dos olhos da águia e o clã dos olhos de fogo.

Cada um de nós se olhou, enquanto ele dizia nossa tão esperada resposta. Logan olhou para mim com a pergunta nos olhos. Sim, pelo que parece, sou do clã dos olhos da águia. Apesar de meus olhos não se parecerem com de uma, eu tenho uma.

Sorri ao pensar nisso.


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Notas finais do capítulo

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