Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 41
Capítulo 41 - Obrigado


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Comentem ao final!
"E quando olhei em seus olhos
Não vi apenas escuridão."



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Após alguns minutos me analisando Zack vai andando pelos corredores de sua casa e eu o sigo ainda esperando uma resposta. Quando chegamos naquela sala em que encontrei Nature e Pergaminho pela primeira vez finalmente entendo o que ele está indo fazer. Zack está indo procurar nos livros.

Entramos em um corredor de estantes razoavelmente longo e, ao fim dele, Pergaminho estava dormindo em uma poltrona bege. Atrás dele havia um grande espaço onde Nature cuidava das suas ervas medicinais e plantas em geral. Nature me viu e trincou o semblante. Ela ainda deve estar com raiva do que aconteceu com Harry. Nature está com irada pelo fato de salvarmos um assassino.

Pegando uma pilha de livros e empilhando em meus braços, Zack continua a procurar informações. Chegamos ao final do corredor e eu apoio os livros na mesinha ao lado de Pergaminho. O ancião finalmente para de andar e suspira. Trás consigo mais um livro. Na realidade, parecia mais um planfeto do que um livro, de tão fino.

– Você começa lendo isso aqui. – Resmungou, entregando-me o livrinho. – Quando terminar, eu estarei por aqui lendo estes. – Segurando todos os livros Zack começou a se afastar até algumas mesas de leitura.

– Espera! Está me expulsando daqui? – Incrédula o puxo pela manga da camisa. – Não tenho para onde ir... No momento... Então deixe-me ler aqui com o senhor! – Começo a pedir mas Zack me olha de canto de olho.

– Você não vai embora. – Murmura olhando por cima do ombro, para mim. – Ou esqueceu que você tem que cuidar do garoto? - Paro de andar quando escuto suas palavras e Zackary ri. – Você só terá permissão de sair quando ele for embora. Saindo pela porta ou não. – Pelo seu ou não eu sabia que era Harry morto.

– Você não pode está falando sério. –Foi minha vez de resmungar. – Eu não podia deixa-lo morrer, por isso tentei ajudar e você age como se fosse eu a culpada dele estar naquele estado.

– Porque não aproveita e para interrogar o Sr. Wegel? Afinal, ele poderia passar pelo túnel tranquilamente. Sr. Martes também, acredito eu. Apesar de tudo, ele ainda tem suas ligações com o clã dos olhos de fogo. – Zackary desvia os olhos dos meus e passa a olha para onde está indo. – Se está tão preocupada com sua mãe, vá até aquela casa da sua tia. Rosários está cuidando dela, junto com algumas ajudas.

Olho para meus pés e percebo que minhas roupas ainda estão com sangue. Lembro rapidamente de Zack estar lá, junto com elas, quando acordei no corpo de minha mãe. Foi ele quem disse para eu ir ao Criador de fabulas. Então ele deve ter algumas respostas. Levando a cabeça para continuar as perguntas, contudo Zackary não está mais lá.

– Hum... – Alguém limpa a garganta atrás de mim e percebo que é Pergaminho ainda dormindo.

Sigo pelas estantes até chegar a enorme porta que passei para vir até a biblioteca. Toco em algumas flores no caminho e sorrio. Sinto a energia de cada pétala, caule e folha. Sinto tudo, ou quase. Paro por um instante e toco na madeira, a qual está fria e não sinto nada.

Ela está morta.

Apenas pensei o óbvio, mas algo me deixou pensativa. Se todos os objetos estão mortos, por que sinto uma energia do meu anél? E não é só quando uso meus dons, apesar de parecer mais forte. Porque algo sem vida poderia ter tanta energia? Talvez não “porque” mas sim “como”?

Ando pelos corredores e chego ao pé da escada principal. Logan e Bernardo discutiam. Justin e Sofia estavam na varanda que havia um pouco mais acima, na escada. Todos já haviam tomado banho e trocado de roupa, mas dava para perceber que as roupas estavam um pouco largar no Justin e em Sofia a blusa e a calça estavam um pouco longas demais. As roupas de Bê e Log pareciam do tamanho certo.

Deviam ser de Nature e Pergaminho. Sentindo um cheiro forte de ferro misturado com um pouco de alcoól, o qual lavei os machucados de Harry, senti enjoo e passei rápido pelos meus amigos.

Havia apenas um quarto no andar de cima o qual eu sabia onde era. O mesmo de quando em que dormi com Logan na cama. Não vou esquecer que Sofia e Robert estavam no nosso quarto. Com mais alguns passos pelo corredor abri a porta.

Ignorei as duas camas grandes, uma em cada lado do quarto. Passei direto pela grande lareira com apenas carvão. A mesa grande com por perto estantes, que estavam com menos livros do que da última vez, tinha um prato de comida, parecendo intocado. O banheiro estava com a luza acesa, e ainda com a porta aberta comecei a tirar minha calça e blusa. Sentei-me onde na quina da banheira.

Liguei a água quente e um pouco da fria e esperei encher. Respirei fundo e as roupas ainda cheiravam a muito forte. Coloquei-as de lado e me pus de pé. Alonguei minhas costas e finalmente toquei na água, quente mas não o suficiente para me queimar.

Olhei no espelho e vi uma jovem com cabelo um pouco desgrenhado. Algumas marcas rocheadas pelo corpo, mas sem nenhuma cicatriz. Eu ainda estava com as roupas intimas e suspirei cansada. Encarei a mim mesma por um pouco mais de tempo e cobri minha barriga com a mão. Meu sutiã é preto e simples, seu único detalhe é um pequeno laço no meio dele. A calcinha tem laterais finas, também é preta e simples.

Viro de costas para a porta, porque um vento frio passa e eu congelo. Voltando de frente para o quarto e olhando para dentro do quarto percebo que no lado de fora a varanda estava aberta. Desligo a água, percebendo que a banheira já está cheia e coloco um pouco de espuma.

Sigo a curtos passos até a varanda e me seguro no vidro da janela. Estou cansada. Olho para as plantas que se encontram na varanda e chego perto suficente para toca-las. Vivas. É tão bom sentir suas energias que me ajoelho no chão e continuo tocando cada uma. Vejo que do murinho da varanda sobe uma Trepadeira e vai um pouco para a parede do lado.

Sigo tocando as folhas, subo em cima da mureta e vou andando descalça e de roupa intima, querendo sentir toda a energia que eu puder. Vejo que não dá mais para toca-las e volto para a varanda. Enfim fecho o vidro, fazendo um ruido fino. Estico meus braços acima da cabeça e caminho de novo até o banheiro.

E quando estou colocando meu dedo mindinho do pé na água escuto um gemido e olho rápido para dentro do quarto. A luz do banheiro ilumina uma das camas, mas não é essa que está ocupada.

Harry está sentado com certa dificuldade, encarando-me com seus olhos negros. Não é um buraco sem fundo o que encaro. Na realidade, é algo bem mais que a escuridão. Não consigo ver muito, até chegar ao lado da porta e acender a luz. Harry coloca o braço que não foi machucado na frente do rosto e vejo sua testa franzir.

O garoto está sem blusa, apenas com as ataduras cobrindo o corte da barriga e o do pescoço. Não há nada no braço que estava cortado. Estava. Nature já havia curado esse membro pelo menos. Tirando a mão da frente, Harry volta a me encarar, cansado e com sono.

Ele se levanta, apoiado na cama, segurando o cobertor na frente do corpo. Vejo seus olhos piscarem com dificuldade e seu cansaço vencer, fazendo-o cair de volta na cama. Harry geme de dor e coloca a mão em cima da perna. Sem nem pensar direito chego perto dele rápido e o ajudo a deitar. Ainda com sono, ele boceja. Porém, continua a me olhar.

– Você devia dormir. – Sussurrei o ajeitando na cama. – Não sabia que você estava aqui. Não quis te acordar. – Desculpei-me sem jeito e ajoelhei do seu lado. Curiosa, toco seu ombro machucado.

Vivo.

É interessante sentir sua vida.

Continuo passando as pontas dos meus dedos em sua pele. Seu braço é forte, sei disso sem nem tocar. Nele tem uma tatuagem que o cobre inteiro. Vai até um pouco do ombro e para antes de cobrir seu peitoral. Há apenas essa tatuagem no braço direito. Não sei dizer o que está desenhado,pois tudo está em preto e branco e quando termina um desenho começa outro. Não é uma tatuagem do clã, e sim uma própria.

Toco do ombro até sua clavicula, sorrio enquanto sinto seu poder nos meus dedos. Sua pele é quente e percebo que não é atoa. Meus dedos sobrem seu pescoço e tocam sua testa. Harry está febril. Ainda sorrindo por sentir sua energia desço os dedos, passando pelo seu rosto e sinto quando ele treme.

– O que está fazendo? – Harry está com os olhos nos meus e isso me faz tirar a mão de sua pele.

O que eu estava fazendo? Fico sem graça e me levando. Caminho até metade do quarto e olho por cima do ombro. Harry ainda está me olhando quando começo a falar

– Desde quando passei a perceber as energias das matérias vivas... Eu quero sempre tocá-las. Senti-las. Foi a pouco tempo que comecei com isso...– Coço minha cabeça e me viro para ele. – Foi mal, hoje eu ando meio... – Sem saber o que dizer abaixo meu braço e paro tocando em minha barriga.

Então percebo que ainda estou só de calcinha e sutiã. Olho para baixo e vejo que não deveria ter ligado a luz. Quando volto a olhar para Harry, está ainda mais vermelho do que quando percebi que ele está com febre.

No exato momento que percebo que não éramos para estar nessa situação, volto na minha possição anterior, ajoelhada ao lado dele. Estranhando, Harry levanta um pouco o corpo e continua a me olhar. Toco de leve em sua testa quente com uma mão e com a outra coloco virada com anél na minha direção.

– Harry, quando você acordar vai esquecer que estive aqui, e não vai se lembrar que me viu assim... – Antes que eu pudesse continuar voltei minha atenção para teus olhos negros. – O que foi?

Esticando a mão, Harry toca um dos meus cachos e poem atrás da minha orelha. – Obrigado. – Escuto quando ele sussurra e volta a dormir.

Levanto-me rápido e percebo que não terminei de falar o que tinha para falar. Não consegui chegar a usar meu dom. Coçei a cabeça de novo sem entender e toco em sua testa. Apesar de quente, sua frio.

Volto para o banheiro, entro na banheira e tomo banho rápido. Quando volto com a toalha enrolada no corpo, vejo que Harry está com o rosto virado para a parede. Abro um dos armários em busca de roupa limpra e encontro uma blusa verde um pouco amassada e uma calça masculina jogada no canto. Visto minhas roupas intimas e coloco a roupa que encontrei. Apago a luz e saio do quarto.

Ainda escovando meu cabelo com os dedos, quando desço as escadas e vejo que todos estão sentados na mesa de jantar, comendo. Há um lugar vago entre Logan e Pergaminho, então sento ali. Todos estão conversando, mas quando me sento, calam a boca e me encaram.

– O que foi? – Pergunto olhando para o meu prato ainda vazio. Depois que percebo que ninguém respondeu, levanto os olhos e encontro os de Sofia.

– Você está com uma cara estranha. – Ela sussurra. – O que aconteceu? - Estico minha pernas até encontrar o pé delas, e quando enfim toco, mostro o que aconteceu e de imediato ela abre a boca.

– O que aconteceu? Não entendi! – Logan cutucou meu braço.

– Erh... – Olho nos olhos dourados de Log e sorrio. – Tomei um banho quente e estou bem mais descansada.

– E sem cheiro de sangue. – Completa Justin, ao lado de Sofia e vejo seu timido sorriso.

– Obrigada. – Murmuro e começo a fazer meu prato.


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