Heath Sparks escrita por ornitorrinca


Capítulo 4
Narcisos




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Sobre as consequências do acontecimento:
Isaac amaldiçoou a alma de Heath pela eternidade e jurou vingança. Foi a um pronto socorro acompanhado por Lauren e pegou uma pequena infecção hospitalar, fazendo com que o ferimento ficasse bem feio, mas nada grave. Ela voltou à pensão e encontrou um aviador sorridente e sem escrúpulos lendo um gibi no sofá ao lado da poltrona da Sra. McDowell. O estalo provocado pelo choque da mão dela contra o rosto de Heath reverberou por toda a estalagem.

Ele pôs a mão na bochecha e olhou Lauren embasbacado.

— Olha...

— Você é um imbecil. – ela sentenciou, cruzando os braços. - Nunca mais te pago sorvete.

— Eu nem queria mesmo – retrucou Heath, solene.

— Como pode ser tão esperto e tão imaturo ao mesmo tempo?

— Tecnicamente falando, os dois termos não têm muita relação entre si. E, diga-se de passagem, eu sou tão esperto quanto maduro. Você que não sabe respeitar compromissos.

— Desde quando nós temos um compromisso? Não lembro de ter te pedido em namoro ou vice-versa. 

— Sabe qual é a minha posição sobre esses acordos superficiais.

— Bom, então creio que não vá se importar se eu quiser ter uma relação superficial com alguém, certo? Não que seja o caso, e não que isso seja da sua conta, mas já que tudo que os outros seres humanos fazem é banalidade pra vo...

— Lalalalalala – Heath cantarolava estridentemente enquanto mantinha os dedos nos ouvidos – Não estou ouvindo nada do absurdo que você está dizendo. Vou me dirigir ao meu quarto e fingir que nada aconteceu. 

— Você não tinha que trabalhar hoje? – perguntou a Sra. McDowell, até então absorta nas palavras cruzadas, parecendo completamente alheia ao drama que se desdobrava à sua frente – Se relaxar assim, vai acabar perdendo o emprego.

— Ah... Tem razão. Preciso ir trabalhar. Mas antes... – e voltou-se para Lauren. - Como está Isaac?

Lauren ergueu uma sobrancelha.

— A ferida infeccionou, ficou horrível. Mas ele vai ficar b...

— Tudo bem, eu só precisava saber da primeira parte. – Heath sorriu. Enquanto pegava a jaqueta do cabide próximo à porta e fazia menção de sair, exclamou: - Eu pensei que você detestasse a comida do Pierrô!

— E detesto – Lauren admitiu – Eu só quis ser gentil. É o único lugar da cidade que serve waffles, e Isaac queria...

Ele fechou a porta atrás de si com um estrondo.

Heath pegou o metrô subterrâneo a fim de chegar à pista de pouso e decolagem que ficava do outro lado da cidade. Durante o trajeto, recostado em um canto ao lado da janela, observava cada um dos transeuntes que iam e vinham enquanto lutava contra a eminência de um cochilo. Ninguém o encarava de volta; estavam mais interessados em suas próprias preocupações e celulares.

Ninguém, exceto a garota de cabelos longos e olhos austeros que sentava na outra extremidade do transporte e perscrutava as feições de Heath enquanto este dormia profundamente.



Ele chegou à pista no outro extremo da cidade com os trajes habituais. Óculos de aviador, jeans, jaqueta por cima da camisa desbotada do White Stripes, botas e a echarpe recém-lavada no pescoço.

Após depositar a carga no teco-teco – o aviador não fazia ideia do que carregava, na maioria das vezes –, ele se preparava para partir quando ouviu um pigarreio às suas costas. Virou-se lentamente e encontrou um Isaac o retalhando com os olhos. Abriu um largo sorriso ao ver o braço enfaixado do irmão.

— Você sabe que dói mais em mim do que em você. – ironizou Heath.

— Você vai se arrepender de ter feito isso. – Isaac falou, calmamente.
 
— Por enquanto ainda estou em regozijo, obrigado por se preocupar.

— Só quero que você tenha consciência de que eu não vou deixar isso passar só porque estamos do mesmo lado no processo de transmissão de bens.

— Você quer duelar? Trouxe sua luva?

— No momento, eu não sujaria minhas mãos com você de novo. É pra isso que o Argus está aqui. – Isaac indicou com a cabeça um homem robusto a alguns metros de distância dos dois. O segurança usava um terno semelhante ao do irmão. Tinha traços mediterrâneos e os cabelos eram uma moita de dreadlocks. O sujeito encarava Heath, emburrado.

— Olha só – o aviador assobiou, reconhecendo a forma corpulenta que tinha visto na noite anterior. – Parece que você é de fato tão frouxo quanto eu pensava.

— Hoje não, Heath.

— E onde estava Argus quando enfiei um garfo em você?

— Comprando mantimentos – Isaac admitiu, parecendo um pouco irritado.

— Ah, muito eficiente. Bem, se me dá licença, eu tenho algumas cargas a entregar.

— Cocaína, certo? 
 
— Isso mesmo. A propósito, como sabia que eu estava aqui?

— Tenho meus contatos. – Isaac tirava uma sujeirinha de uma unha.

— Lauren. Formam um belo casal, vocês dois. – e seguiu andando até o avião.

— Eu sei.

Heath fez um sinal obsceno para o irmão antes de entrar no teco-teco e começar a decolar.



Enquanto sentia a brisa penetrar cada poro de sua pele, ele lentamente esquecia-se dos problemas. Esquecia-se do fato de que Isaac estava por perto, da interação dele com Lauren, da morte de uma das poucas pessoas que realmente importavam e daquele maldito testamento. Ele esquecia a frustração, o aborrecimento, a confusão. Tudo o que existia naquele momento era a plenitude do vôo.

Não importava o que estivesse carregando no compartimento de bagagem do teco-teco. Não importava, nunca importaria, desde que ele pudesse voar.

Indo de encontro a tudo que era recomendado para um piloto de avião, Heath fechou os olhos.

Era um daqueles momentos em que ele se encontrava, literal e figurativamente, nas nuvens.



Por volta das 20h30, ele voltava para casa - sua chegada anunciada, como de costume, pela porta batida atrás dele. 

Rolf, que até então estava sentado no sofá vendo um reality show, avançou no aviador.

— Qual. O. Seu. Problema? - rugiu Rolf, sacudindo os ombros magros de Heath. - EU FIQUEI SABENDO! ENFIAR UM GARFO NO SEU IRMÃO? SÉRIO?

— Ele mereceu. – Heath tentou dar de ombros, mas o aperto de Rolf era firme.

— Acontece que você espantou os clientes. E eles vão espalhar pra todo mundo: “Ai, você viu como só aparece gente problemática e possessiva n’O Pierrô? Eu que não volto mais lá!” Se esse negócio falir, Heath, EU NÃO VOU TER COMO ME SUSTENTAR! E aí eu vou fazer VOCÊ me sustentar, ouviu bem? OUVIU, SEU AVIADORZINHO BABACA?

— Prometo que não vai se repetir, querido colega de beliche. Eu já provei meu ponto. – suspirou o aviador.  

— Heath – disse Bill, que estava largado em uma das poltronas com um pacote de batatinhas, apontou um dedo para ele. – Se quiser arrumar confusão, arrume em outro lugar que não a lanchonete do Rolf. Sério. Se ele ficar desempregado, não vai poder pagar o aluguel e será um estorvo maior do que já é.

Heath aquiesceu, sem paciência. Vasculhou o local com o olhar e perguntou:

— E cadê a Laurie?

— Ela disse que ia...

— Jantar com o Isaac. Eu sabia. Desgraçado nojento safado filho da...

— Fazer compras. E vocês não têm a mesma mãe?

— Sério? – Heath ergueu uma sobrancelha. – Compras? A essa hora?

— Na verdade ela disse que ia sair com ele mesmo – comentou a Sra. McDowell, distraída, enquanto tricotava um par de meias de criança das quais nunca iria precisar.

— Tia! – censurou Bill.

— O quê? – reclamou ela. - Eu preciso assistir a um conflito às vezes. Minha vida é muito monótona, querido.

Heath franziu a testa e não falou nada. Refletiu um instante e seu rosto se iluminou como se uma ideia pairasse em sua mente. Depois soltou um suspiro.

— Eu vou pro quarto.

— E a janta? – perguntou a Sra. McDowell, assumindo um ar maternal.

— Perdi o apetite. Ah, pensando bem, Rolf, vou levar seu licor de framboesa. – ele abriu a geladeira e Rolf parecia prestes a protestar, mas Heath continuou: - E você não vai se importar, porque eu te deixei usar meu aspirador de pó mês passado. 

Antes de entrar no quarto, Heath foi arrematado por um de seus raros fluxos de consciência. Resolveu dar uma passada no último quarto da pensão. Deu umas batidinhas na porta e perguntou:

— Está acordada?

Ele esperou um pouco e viu um pedaço de papel deslizar por debaixo da porta:

NÃO.

Heath, por sua vez, aproveitou a deixa, pegou o papel e uma caneta que guardava dentro do bolso e escreveu sobre as últimas atitudes que tomara. Em seguida, passou o bilhete por debaixo da porta novamente.

— Eu devo pedir desculpas a ela? – perguntou em voz alta.

Não demorou para a resposta chegar:

VOCÊ É IDIOTA? É CLARO QUE SIM. AGORA ME DEIXE DORMIR EM PAZ.



Naquela noite, Isaac caminhava pela rua em busca de uma floricultura enquanto Argus procurava, a pedido dele, um lugar que vendesse rosquinhas. Por mais que gostasse de Argus, andar sozinho lhe fazia bem: se sentia um pouco menos sufocado sem o guarda-costas por perto.

Pouco depois de avistar um floricultor idoso à beira da calçada e adquirir um ramalhete, foi abordado na esquina por uma mulher de cabelos loiros e oleosos.

— Ei, bonitão – perguntou ela, numa voz engrolada pelo evidente consumo de álcool e rouca pela frequência com que repetia a mesma pergunta em um dia. – Programa?

— Sou castrado – disse Isaac, sem olhar para a mulher.

— Se está sem dinheiro, é só dizer, maricas – queixou-se ela, irritada.

— Na verdade, eu simplesmente não sou acometido pela necessidade de pagar para ir para cama com uma pessoa que sequer considero atraente. Boa noite. - E saiu andando em direção ao ponto de encontro, sentindo a ira da prostituta atrás dele.

— Vai se arrepender por isso! – ela ameaçou, aos berros - Eu vou me lembrar do seu rosto!

Apesar de todas as diferenças, Isaac e Heath tinham algo em comum: os dois não sabiam a hora de calar a boca.



Lauren tinha sido convocada dentro de seu ofício naquele dia. Logo depois de enforcar um homem de meia-idade com um cadarço na periferia da cidade, ela se direcionou a uma lanchonete um pouco mais reservada que o Pierrô Apreensivo. Naquele momento, Isaac Sparks ali se encontrava, aparentemente já há algum tempo, tomando uma xícara de Earl Grey. Tamborilava os dedos na mesa quando a viu se aproximar, arfando e cheirando a ervas ilícitas (que alguns moleques fumavam em um beco pelo qual tinha passado).

— Aconteceu alguma coisa? – ele perguntou.

— Ah, nada, nada – ela sorriu enquanto sentava-se à mesa.

Isaac assentiu, franzindo a testa. Fez um sinal indicativo com a cabeça, e Lauren viu o buquê que jazia na mesa.

— Isso é... pra mim?

Isaac assentiu. Ela pegou as flores, impressionada, e olhou para ele. – Não entendo nada de flores, mas são lindas. Obrigada. Nunca recebi antes.

— De nada. – Naquele momento, Isaac esboçou um sorriso, mas Lauren não achou que isso refletisse seu verdadeiro estado de espírito. Ela era muito boa naquele negócio de decifrar emoções; quase um sátiro, na verdade. Já havia notado que Isaac não sorria com frequência. Pelo menos, não com sinceridade. – São narcisos. Achei que produziriam um contraste excepcional com seus cabelos. E estava certo.

Galanteio barato, Lauren pensou, mas não deixou de abrir um largo sorriso ao ouvir aquilo.

— Como está seu machucado? – perguntou ela, sentando-se e indicando as faixas ao redor do braço dele.

— Dolorido, mas a dor que vou infligir a Heath será maior.

— Você não devia dizer essas coisas, sabe.

— Não precisa levar a sério. Só às vezes.

— Por que vocês se odeiam tanto?

— É bem simples, na verdade. Não gosto das atitudes dele, ele não gosta das minhas. Como nos conhecemos faz tempo, não temos inibição em demonstrar isso. É algo que temos alimentado desde crianças. Já nem lembramos mais de como começou e, sinceramente, não ligamos mais. 
 
Lauren aquiesceu, agora enxergando um pouco mais de Heath em Isaac.
 
— Se você diz. Mas não acho isso saudável.

— Certamente enfiar um garfo no braço de um consanguíneo não é um ato saudável. – Isaac recostou-se na cadeira e colocou as mãos para trás da cabeça, parecendo reviver algumas memórias. - Heath tem um comportamento corrosivo que degrada todos a sua volta. Você já deve ter percebido o quão desgastante é se relacionar com ele. 

— Bem, somos bons amigos, mas ele me irrita. Muito. De vez em quando, tenho que ter muita força de vontade para não dar um tiro no meio dos olhos dele... Obviamente, é só modo de falar. – ela completou, rindo nervosamente ao perceber o olhar intrigado do outro.

Depois de terem seus pedidos anotados por Isis, a garçonete loira com um cigarro apagado no canto da boca, os dois conversaram por horas a fio, até que Lauren resolveu perguntar sobre a tão falada audiência.

— Vai ser na próxima sexta. – disse Isaac, sorvendo um gole do chá no maior estilo Lorde Inglês. Ele falou sobre o testamento, sobre a madrasta e sobre o passado para Lauren.

— ...e ela se diz no direito de herdar todo o legado de nosso pai, - completava ele - por "ter passado tanto tempo o apoiando, sendo uma esposa exemplar e uma ótima mãe substituta". – o rapaz fez aspas com os dedos e deu um riso debochado após a sentença.

No momento em que Isaac dava o primeiro gole de sua terceira xícara de chá - "você é mesmo viciado nesse negócio, não é?" -, um homem com um sobretudo de mafioso, chapéu de mafioso, postura de mafioso e um par de óculos rayban adentrou o estabelecimento. Nenhum dos clientes pareceu notar, exceto Lauren, até que este puxou uma arma do coldre e começou a atirar a esmo. De um jeito mafioso.

Lauren puxou Isaac com violência pra debaixo da mesa assim que percebeu o primeiro movimento suspeito, enquanto o atirador enlouquecia com uma arma de calibre razoável, fazendo os clientes gritarem e se encolherem debaixo de suas mesas. Isis, a garçonete, havia se agachado do outro lado do balcão e, com as mãos trêmulas, tentava discar o número da polícia. Depois de fazer um belo estrago na já não tão bem cuidada lanchonete, o que englobava um prejuízo considerável no que dizia respeito aos estofamentos dos assentos de cada mesa, ele saiu correndo.

Surpreendentemente, exceto pela mobília, decoração e utensílios, ninguém estava ferido.

Quando os dois se levantaram, Isaac, pálido, não parava de tremer, mas Lauren estava perfeitamente controlada, dada sua experiência (em todos os níveis) com a violência urbana cotidiana. Porém, ela raciocinou rapidamente: aquilo não fora algo cotidiano. O atirador não tinha levado um único centavo da caixa registradora nem matara ninguém, o que salientava que estava ali por um motivo específico: ameaçar alguém.

O rapaz ofegava e suava frio, os olhos vidrados, a mão esquerda sobre a mesa buscando apoio e a direita segurando o peito como se o coração corresse o risco de saltar dali.

Lauren segurou seus ombros trêmulos, preocupada.

— Tudo bem?

— Eu... acho que... – Isaac balbuciou, e então vomitou aos pés dela.



No dia seguinte, Heath e Lauren estavam na sala de estar da pensão, e ela narrava o acontecimento a ele.

— Sério?! – ria ele, chacoalhando a revista em quadrinhos que tinha em mãos – Ele vomitou mesmo? Não dá pra acreditar! - o aviador tinha lágrimas nos olhos de tanto gargalhar. – Isso não é nada sexy, concorda?

— Foi só nisso que você prestou atenção na história inteira? – impacientou-se ela, dando-lhe um soquinho no estômago. Heath se dobrou e a olhou com um ar confuso. – Ah, sim, estou bem, obrigada por perguntar.
 
— Desculpa. – ele falou, sincero, retomando a postura. – Sério mesmo. Também prestei atenção no fato de que você saiu com ele de novo, coisa que me entristece totalmente, mas eu já não posso fazer mais nada pela salvação da sua alma, não é? E eu sei que você está bem, você sabe se cuidar, você é uma assassina de aluguel, pelo amor de Deus. Enfim, muito estranho. Muito estranho mesmo. Quer dizer que ele não levou nada, só saiu atirando?

— Isso.

— Será que a gente pode comparar ele a esses caras que invadem lugares onde sofreram algum trauma e dão cabo do pessoal, só que com uma mira péssima?

— Acho que não. Tenho experiência suficiente pra avaliar um caso desses. Eu não acho que ele estava lá pra matar alguém. Ninguém se feriu. Pareceu mais com um aviso. Do tipo “não se meta mais conosco ou leva bala de verdade na próxima”.

— Ah, agora sim o enredo está ficando interessante! - Lauren deu-lhe outro soco, no ombro. – DROGA, LAURIE! Ok, ok, eu acho que faz sentido. Quem mais estava por lá?

Ela tentou se lembrar.

— Havia o fazendeiro da zona leste – disse – jantando com a mulher e a filha. Duas pessoas aleatórias. A moça que vende bolos. Ah, e o mímico.

— Argh, odeio aquele mímico. Bom, não sei se esses aí têm contas a acertar. Mas sabe, podem estar atrás da sua cabeça. – Heath falou isso com a maior simplicidade do mundo.

— Você acha? – Lauren percebeu, com horror, que aquela hipótese poderia muito bem estar correta.

— Claro. Assassinos de aluguel também podem receber visitinhas de assassinos, sabia? Você matou alguém importante ultimamente?

— Bem, teve o dono do armazém do primeiro beco da Rua das Acácias, um caseiro mau caráter, o vendedor de tulipas da alameda 12...

— Tá, eu acho que essa gente não tinha lá muitos contatos relevantes. Mas vai saber. É melhor você ficar mais atenta e começar a andar armada até mesmo nesses lugares.

— É...

Heath, então, lembrou-se de algo. - Ah, desculpa pelo lance do garfo. Pela situação em geral, quero dizer.

— Não vou te desculpar até você se desculpar com seu irmão.

— Aí você está querendo demais. E se eu pedir desculpa em várias línguas?

— Não.

— Entschuldigung. Lo siento. Je suis désolé...

— Desculpe-se com Isaac, Heath.

O aviador bufou, derrotado. De repente, teve uma epifania. Exteriormente imperceptível. Levantou-se e deu a Lauren o velho sorriso afetado.

— Só pra te mostrar como eu sou legal e maduro, eu deixo você convidar ele pra jantar com a gente hoje.

Ela franziu a testa.

— Bem, estamos em um espaço democrático – disse ela. - Eu convidaria mesmo que você não quisesse, desde que a maioria estivesse de acordo.

— Ok, que seja – falou Heath, dando de ombros. – Estou disposto a estabelecer um pacto de não agressão com Isaac. Afinal, se quisermos nos dar bem no judicial, temos que deixar as diferenças de lado, não é?

Lauren ergueu uma sobrancelha.

— Você está planejando algo, não está?

— Laurie! – exclamou ele em tom de inocência, abrindo os braços a fim de acentuar a surpresa fingida. - Você não confia em mim?

Lauren suspirou:

— Eu preferiria confiar em Judas.

E ela, como de costume, estava certa.


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