Verdade ou Consequencia escrita por Bellucci


Capítulo 3
O busto de Cleópatra




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– Tá bom, por que nos chamaram aqui? Alguma novidade sobre o acidente? - Elis se senta no sofá da casa de Bruna.

– É... Eu nem sei por onde começar...

– Pelo começo, minha filha, prossiga. - Armando apressa.

– Eu tenho uma teoria sobre o que aconteceu... Eu vi tudo antes e pesquisando, todos os casos parecidos com o nosso... No final todo mundo acabava morrendo...

– Claro que uma pessoa morre num incêndio, dããã! - Elis fala por cima do espelho enquanto passa gloss.

– Não é isso, quer dizer, não exatamente. Eu vi tudo antes de acontecer, e eu pesquisei sobre essas premonições. As pessoas, no final, todas que deveriam morrer mas foram salvas nos acidentes morrem.

A expressão de Elis muda completamente.

– E você acredita na asneira dessa pirralha, Tom? - Pergunta arqueando a sobrancelha em um tom irônico.

– Olha... O que aconteceu ontem foi muito bizarro. E eu tenho indícios pra acreditar, quer dizer...

– Conta do 180! - Exclama Bruna.

– 180? - A Sabrina se assusta.

Bruna e Tom se entreolham e ela se sente livre para contar.

– Ok, a última ligação que Tom fez foi para a polícia. O número da polícia é 190,só que no celular está registrado 180.

– Uma pegadinha da morte...

– Quê? - Elis esbraveja cuspindo sem querer no rosto de Sabrina.

– Eu sei de uns casos. Dizem que o 180 está relacionado com a interrupção de uma vida...

– Sim. - Armando interrompe. - Em várias culturas acredita-se que tudo o que vivemos são ciclos. O número da vida seria 360, e o número da interrupção 180. O meio do ciclo.

– Olha, a gente tá com muita fumaça no nariz ainda. Parem de falar essas idiotices, parece até que somos os irmãos Winchester!

– Então me dá outra explicação!

– Ah, sei lá, você fumou um baseado e por coincidência sua alucinação foi a coisa que aconteceu. Ou você mesma armou tudo pra sustentar essa teoriazinha.

– Francamente, sua bêbada de merda! - Bruna se levanta enfrentando Elis.

– Melhor que ser uma louca com essas suas idéias na cabeça! Eu sou jovem! Eu tenho a minha vida inteira pela frente! Você quem vai morrer num sanatório com remédio na veia e eu vou estar viva, muito viva! E eu não vou gastar tempo da minha vida com isso.

Elis sai do apartamento e desce pelo elevador. Sem escolha, os outros descem o mais rápido que podem pela escada.

– O elevador é muito perigoso.

– Não estamos seguindo ela por causa dos seus devaneios, Bruna, estamos seguindo ela porque ela é bipolar e tem surtos. Você não sabe nada sobre nada! - Armando repreende Bruna.

Eles conseguem chegar a portaria ao mesmo empo que Elis e ela corre para fora do prédio.

– Morte, eu to bem aqui! Vem me pegar, me mate!

– Não é assim que funciona, Elis. É na ordem certa das mortes.

– E quem sabe? Era uma explosão.

Elis fica parada por um minuto e nada acontece.

– Está vendo? Eu não vou morrer!

O som de uma janela quebrando. Elis olha para cima e a última coisa que vê é um busto de bronze vindo em direção a sua cabeça causando-lhe em seguida traumatismo craniano e quebrando seu pescoço.

Sabrina chora descontroladamente.

**

Era a segunda vez em dois dias que eles viam a polícia remover um corpo. A cabeça de Elis estava praticamente esmagada e havia sangue pela calçada.

– Apuramos os fatos. A morte de sua amiga foi uma grande coincidência.

– De onde veio a estátua?

– Veio da janela do 8° andar e isso salvou uma vida.

– Como assim, seu mer... - Tom vai para cima do policial.

– Calma. - Bruna segura-o.

– Acontece moram um casal lá naquele apartamento, a mulher sofria violência doméstica, queria jogar a estátua nele como defesa mas ela acabou saindo pela janela.

E então Sabrina percebe a existência de uma mulher fraca chorando e conversando com uma policial, percebe também que há um homem dentro da viatura.

– Nós lamentamos o acidente... Meus pêsames. - Ele era o xerife William - Uma moça tão jovem ser pega pelo labirinto da morte dessa forma. Uma pena, uma verdadeira pena. - Olhou para o corpo coberto por uma última vez foi falar com os policiais.

**

Sabrina tomava banho e a água irritava as feridas daquele dia. Seu olho ainda estava roxo e ela se entregava aos prantos. Suas unhas estavam quebradas de tanto tentar arranhar Jonas, suas pernas ainda estavam doloridas e sua intimidade violada sangrava um pouco.

O banheiro da fraternidade em que vivia não era lá muito bem arquitetado. Uma banheira, um box de vidro e a instalação elétrica comprometida. Ela deixa seu corpo relaxar na água e fecha os olhos se questionando "O que faço da minha vida agora?". E então a luz do banheiro pisca e logo volta lentamente, as luzes começam a piscar e o chuveiro colocado arbitrariamente em cima da banheira começar a pegar fogo. Ela grita, mas não há ninguém em casa. O box não abra e ela se desespera. Procura algo que possa quebrar, usa a embalagem do shampoo, o chuveirinho e começa a dar chutes até conseguir quebrar. Ao descer ela torce o tornozelo e cai sobre o vidro. Sangue praticamente jorra de seu corpo por todos os cortes. A água começa a transbordar e um fio já está dentro da banheira. Ela tenta abrir a porta e grita por socorro. Mais perto. Ela tenta alcançar a maçaneta mas então se lembra que trancou o banheiro. Ela reza. Mais perto. Ela sabe que só basta tocar aquela água e morrerá. Sabrina gira a chave e abre a porta, depois rasteja pelo casarão pedindo ajuda as suas irmãs de fraternidade ou aos vizinhos.


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