Capítulo 8 – Os Clássicos

Foi-lhe dado um computador portátil. Acesso a uma página de livros na Internet. Sim, acesso especial, já que a Internet tinha ido abaixo, por razões de segurança. Uma caneta, um lápis e muitas folhas de papel.

–O primeiro livro da lista é Mansfield Park, de Jane Austen – disse ela, assim que terminou de selecionar os dez primeiros títulos. O seu dever era reportar, a cada dez livros, os que tinha encontrado. Sherlock, então, iria reportar a alguém fora do escritório dos Holmes. Mycroft tinha saído, para resolver outro assunto de máxima segurança. – O segundo livro é Romeo and Juliet de William Shakespeare.

–Clássicos.

–Sim – acenou. – Sleeping Murder, de Agatha Christie também é um clássico. Contudo… será Harry Potter and the Philosopher’s Stone um clássico?

–Tu adoras esse livro! – afirmou Sherlock, surpreendido.

–Não é uma ofensa – justificou Athena. – É uma comparação. Shakespeare, Austen e Christie são escritores famosos por ótimas razões. Como é J.K. Rowling. Mas Harry Potter não pertence ao Clássico. É um livro contemporâneo.

–Continua com a lista – pediu Holmes. – Ainda tens que me dizer os restantes.

–Aí é que a lista fica ainda mais estranha. São histórias do sobrenatural: Twilight de Stephenie Meyer, A Game of Thrones de George R.R. Martin, City of Bones de Cassandra Clare, Divergent de Veronica Roth – Athena pausou durante uns segundos, mas continuou – The Notebook e Dear John de Nicholas Sparks.

–Dois livros do mesmo autor! – exclamou Sherlock, levantando-se do sofá onde estava instalado, como se tivesse resolvido o mistério. – É o primeiro autor que encontrámos que tem dois livros na lista!

–São os primeiros dez, pai.

–Athena, tu és brilhante! – Sherlock deu-lhe um beijo na cabeça e abriu a porta da sala.

–Onde vais?

–Avisar que Nicholas Sparks é capaz de ter uma bomba há espera dele em casa.

–Oh, Sherlock… - John passou a mão pela sua face, exasperado. – O que foste fazer…

–Na verdade, é “o que ela fez” – corrigiu o detetive.

–Não – afirmou John apontando-lhe o indicador. – Chega de jogos de palavras. Ela não vai viver com estes absurdos.

–Absurdos? – Sherlock ficou confuso.

–Sim, absurdos! – John estava a ficar fora do controlo. – Ela não se vai tornar numa mini-Sherlock para ouvir todos os absurdos que tu dizes! Tu vais ter que ser um pai! Vais ter que a educar, vais ter que se a sua âncora. A sua vida. A sua família. Entendes, Sherlock?

©AnaTheresaC