Rosaceae escrita por Nina


Capítulo 3
Pendurando as sapatilhas


Notas iniciais do capítulo

Olá terráqueo! Eu venho em paz e com mais um capítulo para você.
Eu estou de férias YAY então, pretendo postar um capítulo por dia, mais ou menos. Pode pressionar, eu deixo.
Pra quem ainda não sabe, eu posto a fic também no Social Spirit, então não digam que é plágio.
Espero que gostem!



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Fui acordada por Bob que ficava dizendo que eu iria me atrasar para pegar o avião. Arrumei minhas malas o mais rápido que podia e desci para tomar café. Meu avô estava lendo algo na tela em suas mãos e mamãe estava tomando café enquanto lia seu livro favorito pela milésima vez.

– Rosie, você está atrasada. – Minha mãe disse sem ao menos olhar na minha cara.

– Desculpa, eu estava meio ocupada dormindo.

– Suas malas já estão prontas?

– Sim mãe, estão. Eu só queria poder levar o Bob, ele facilita muito minha vida.

– E você pode leva-lo. – Meu avô disse. – Me empreste seu celular.

Passei meu celular para ele que rapidamente começou mexer nele e fazer suas mágicas.

– Pronto, agora você pode leva-lo onde quiser. Basta clicar no aplicativo com o nome dele e clicar em ativar. Simples assim. Lá na Inglaterra seu quarto já tem os mecanismos para receber o Bob, basta transferi-lo quando chegar lá.

– Obrigada.

Terminei meu café e subi para conferir a mala e ver se não havia deixado nada. Tudo estava em ordem. Desci e aguardei minha mãe.

A ida até o aeroporto levou cerca de meia hora e logo embarcamos. A viagem durou menos do que eu imaginei que levaria para chegar. Descemos em Londres, minha querida cidade natal.

Logo liguei para Will e mandei que me encontrasse ao meio dia no nosso restaurante favorito perto de casa. Ele disse que iria e me levaria em um dos meus locais favoritos.

Ainda tinhas duas horas até o almoço, então fui para casa e desfiz minhas malas. Transferi Bob para meu quarto, dei comida para Pingo e troquei de roupa. Quando vi, já estava na hora de sair de casa para encontrar Will.

Ele me aguardava em uma mesa na calçada. Ele estava igual a sempre: alto, de olhos azuis, cabelos negros bagunçados e um sorriso nos lábios. Era contagiante seu jeito de ser. Só de ficar ao seu lado eu sentia vontade de rir e dançar o dia todo.

– Como sempre atrasada. – Ele disse.

– É bom ver que você está vivo também. – Me sentei na cadeira em sua frente - Como andam as coisas?

– Uma confusão total. Você conseguiu fazer a Dona Ritta sair de seu gabinete para novas audições. É o apocalipse!

Dona Ritta era a dona do estúdio de dança onde eu e Will frequentávamos. Ela nunca saia do gabinete dela. Diziam que o dia que isso acontecesse seria o fim do mundo. Parece que ela finalmente havia saído de seu casulo, e era por minha causa.

– Não exagera Will, ela só está à procura de uma bailarina nova.

– O problema é que ela não está achando uma bailarina a altura. Para ela nenhuma serve. Ela realmente achou que você ficaria para sempre na companhia. Agora ela está desesperada para achar alguém tão boa quanto você a tempo da competição de inverno. Você poderia voltar...

– Nem pense nisso Will! Eu não posso voltar.

– Você não pode ou você não quer?

– Isso não faz nenhuma diferença agora. Eu nunca mais vou pisar em um palco para dançar profissionalmente Will, sabe o que isso quer dizer? Que minha alma está morta. Podem já fazer meu enterro, minha essência se foi. Agora os pássaros nunca mais irão cantar tão lindamente como antes, o vento não cantará suas belas canções, o rio não correrá mais como antes. A vida não será mais tão clara como antes. O sol não brilhará mais tão fervorosamente, o céu não será mais tão azul e a morte não terá mais o sentido de fim.

– Quanto drama... Olhe pelo lado positivo das coisas Rosie.

– Qual lado positivo?

– Eu não sei, nem você sabe. Mas ainda vai descobrir qual é. Só aguarde.

– Eu não sou uma pessoa que goste de ficar esperando.

Will ficou me encarando durante um tempo e deu de ombros do final. Ele sabia que não adiantava discutir comigo, não iria levar a nada.

Pedimos nosso almoço e comemos como se nunca tivéssemos visto comida na vida. Eu sei, devíamos parecer canibais selvagens no meio da civilização, mas não ligávamos. O importante era que nos divertíamos.

Depois que terminamos, pagamos nossa conta e ficamos a conversar durante um tempo.

– Rosie, você precisa fazer uma coisa muito importante agora.

– E o que seria essa coisa importante?

– Pendurar as sapatilhas. Toda bailarina merece uma despedida decente da dança.

– Will, não começa... E além do mais, não tenho nenhum par de sapatilhas aqui comigo se você não percebeu.

– Não tem aqui, mas eu sei de um lugar aqui perto onde você encomendou um par semana passada.

– A Bergin’s... O que você tem na cabeça?

– Apenas vamos dizer adeus decentemente ao amor da sua vida. Vamos enterra-lo e jogar flores. Vamos chorar e rezar, celebrar e finalmente dizer adeus.

– Você não acha que está exagerando Will?

– Não reclame. É o melhor que eu posso fazer por você hoje.

Saímos do restaurante e seguimos a rua principal durante algumas quadras, depois dobramos a direita em uma ruela não movimentada. Lá ficava a melhor sapataria de Londres, a Bergin’s. Era lá que eu mandava fazer todas as minhas sapatilhas e sapatos para todos os tipos de dança.

O cheiro de cola e couro era familiar. Eu passava na loja cerca de três vezes por semana. O dono da loja, o senhor Bergin era um homem maravilhoso e seus trabalhos eram divinos.

Seu filho Tyler era da minha idade. Ele era moreno, de olhos e cabelos castanhos. Ele era a simpatia em pessoa, e o melhor atendente de loja de toda a Inglaterra.

– Senhor Bergin? Tyler? Tem alguém ai? – Will perguntou após passar pelo balcão que separava a parte em que os clientes deveriam ficar e o local onde os trabalhadores ficavam.

– Will? Você tem alguma encomenda para essa semana? – Perguntou o senhor Bergin.

– Não senhor. Vim buscar as sapatilhas da Rosie. Elas ficaram prontas?

– Estão prontas faz cinco dias. Achei que ela havia esquecido das sapatilhas. – Respondeu o senhor.

– É que ela havia ido para Veneza e não pode vir busca-las.

– Espere só um momento Will, vou mandar Tyler pega-las para você.

– Obrigado senhor Bergin.

Dois minutos depois Tyler aparecer com três caixas nas mãos.

– Tyler, eu encomendei um par de sapatilhas, não três. – Disse a ele.

– Eu sei Rosie, mas uma destas encomendas foi feita por seu avô nessa semana. Ele disse que uma hora você viria aqui. Eu só não imaginava que seria tão cedo. E a outra é a sapatilha que você havia mandado arrumar faz um tempo e nunca veio buscar. Acho que agora você vai querer ela.

Peguei as caixas em meus braços e levei até o balcão. Lá estavam minhas sapatilhas: uma salmão que eu havia mandado fazer e a minha vermelha de quando fiz o papel de Dorothy de O Mágico de Oz. Na outra caixa tinha um sapato para fastas em salão, era preto com várias pedrinhas brilhantes.

Fechei as caixas e comecei a carregá-las para fora da loja. Will pegou duas caixas de meus braços e começou a carregá-las.

– Onde pretende me levar agora? – Perguntei.

– Para o Royal Drury Lane Theatre.

Pegamos um taxi e fomos para o teatro. Ele estava vazio neste horário, o que por um lado era bom. O vigia autorizou nossa entrada e nos dirigimos para o meio do palco.

– Você tem alguma música que queira dançar ou eu posso colocar qualquer uma que tiver no meu celular? – Indagou Will.

– Pode ser qualquer uma. – Disse enquanto terminada de colocar as sapatilhas.

Ele colocou uma música e logo começamos a dançar. Dançávamos como se nada importasse, como se o amanhã não existisse. Deixamos a música nos encharcar e tomar posse de nossos movimentos. Várias músicas foram tocando e todas foram interpretadas através de movimentos.

Depois de dançar uma última vez nosso dueto, Will decidiu sentar e descansar. Mas eu não queria parar. Eu queria passar o resto da vida ali.

– Rosie, daqui a pouco eu terei que ir. E o teatro abrirá daqui algumas horas, não posso deixa-la aqui.

– Só uma última música, por favor. – Implorei a ele com os olhos.

– Tudo bem. Vou por uma música que a muito tempo não dança. Enquanto você dança eu vou ao banheiro.

– Tudo bem.

E ele colocou a música de minha audição para entrar na companhia. Eu amava aquela música na época em que dancei ela. Eu lembrava de todos os passos dela, bastava eu me deixar levar.

E foi isso o que eu fiz. Fechei meus olhos e senti a canção. Meus braços e minhas pernas se moveram sem o menor esforço. Lá estava eu dançando como a seis anos. Só que dessa vez eu não precisava impressionar ninguém, eu apenas precisava dançar.

Com o fim da música vieram os aplausos. Estranho. Não era para haver som algum no teatro além de minha respiração. Will não poderia ter voltado do banheiro tão rápido, era muito longe.

O mais estranho foi que havia alguém sentado em uma das primeiras cadeiras próximo ao palco. A luz ofuscava meus olhos e apenas seu vulto eu conseguia ver. Será que eu estava muito encrencada?

O vulto levantou-se e começou a se aproximar do palco. E era ele! Era o estranho da festa. Este cara estava me perseguindo, só podia ser isso. Ele não poderia ter vindo de Veneza até a Inglaterra e me encontrado no Teatro por pura coincidência.

Ele subiu as escadas do palco e se aproximou de mim que ainda estava tentando entender o que estava acontecendo. Seria hoje que eu iria descobrir o nome dele!

– Você. De novo. – Eu disse quando estávamos a menos de um metro de distância.

– De novo? – Sua expressão era de dúvida.

Será que ele não se lembrava de mim? Havia sido há apenas dois dias a festa! Não poderia ter se esquecido tão rapidamente. Ele deveria estar fingindo que não se lembrava de mim. Idiota. Por que ele estava fingindo? Por que eu estava me importando tanto se ele se lembrava ou não de mim? Eu mal sabia seu nome!

Esses pensamentos começaram a me irritar e me expressei do único jeito que conseguia me expressar com raiva: na base de frases curtas ou palavras, diretas e objetivas.

– Sim. Nos vimos no baile. Veneza. Estranho. Jardim.

– Eu realmente não sei do que você está falando. A única vez que vi você, além desta é claro, foi em uma de suas apresentações na Espanha. – Ele parecia estar confuso ou com pena de mim.

Então esse seria o joguinho dele? Fingir que não me conhecia? Tudo bem. Ótimo. Que continuasse assim então.

– Olha, se você quer continuar fingindo que não nos vimos em Veneza na casa do Conde Filippus, tudo bem por mim. Vou fingir também que nunca nos encontramos antes. – Me sentei no chão e comecei a tirar as sapatilhas. – Agora, se você me dá licença, eu irei pegar minhas coisas e sair deste teatro.

Ele ficou me encarando durante um tempo e depois se abaixou ao meu lado. Ele começou a me ajudar a guardar as sapatilhas nas caixas novamente.

– Não preciso de ajuda! – Falei assustando-o.

– Eu não sei por que você está com tanta raiva de mim. Eu mal te conheço. Juro que não estava em Veneza dois dias atrás.

– É claro que não estava, quem estava era seu clone. – Falei enquanto terminava de calçar os tênis novamente.

– Creio que não era meu clone, mas algo próximo a isso. – Ele disse e começou a sorrir para si mesmo.

– E o que poderia ser?

– Um irmão. Meu irmão gêmeo Jack. – Ele começou a rir. O que era tão engraçado? Ambos os irmãos riram de mim. O que essa família tinha? Eu tinha bosta na cara para ser tão engraçada assim? – Parece que ele conseguiu te deixar um pouco irritada.

– Um pouco? UM POUCO? Ele vem com aqueles papos de mudar o mundo, que somos iguais, que perdeu a mãe e no fim vem e diz que não vale a pena saber o nome dele! Esse cara é maluco. Você já pensou em internar ele em algum sanatório? Quem não diz seu nome quando conhece uma pessoa?

Eu estava bufando, gritando e me expressando de todas as formas que eu podia.

– A propósito, eu acabei de ser uma dessas pessoas. – Respirei fundo e tentei me acalmar. – Meu nome é Rosie Lewen. E o seu? Ou vai também me falar que não posso saber seu nome?

– Meu nome é Peter Heck, e como eu disse antes, o do meu irmão é Jack.

Espere um pouco, qual foi mesmo o sobrenome que ele havia dito? Heck? Onde eu havia escutado esse sobrenome? Ele não me era estranho... Ande, pense Rosie... Já sei, foi o nome que o Conde havia me dito!

– Seu sobrenome é Heck como o nobre? Você é um nobre? Não era você que deveria estar na festa do Conde Filippus?

– Sim, é como o sobrenome nobre e sim, sou nobre. Eu não fui convidado para a festa do Conde por não ser o mais velho. Quem foi convidado foi o Marc, nosso irmão mais velho... Mas parece que ele não foi.

– Não me diga que esse tal de Marc também é igual a vocês.

– Não, ele é totalmente diferente. – Ele levantou e estendeu a mão para me ajudar a levantar, a qual eu segurei. – Ele não é tão bonito nem tão engraçado. Ele é mais como o herdeiro chato que deve ser.

– Uma pena, mesmo. Mas eu entendo o lado chato dele, é cruel ser criado para ser o herdeiro.

– Você deve saber disso, já que vai herdar o ducado dos Lewen.

– Nem me diga, a única coisa que eu gostaria de fazer era ficar nesse palco para sempre sem ter que me preocupar com os problemas do mundo.

E nesse momento Will entrou correndo e gritando o meu nome. Alguma coisa estava acontecendo, alguma coisa bem errada.

– Will? O que está acontecendo? Qual o problema? – Comecei a correr em sua direção, não me importando se a queda do palco era alta de mais ou se eu poderia quebrar alguma parte do meu corpo.

Quando cheguei próximo a ele só consegui escutar ele sussurrando “Harrison”. Era o nome do meu avô, alguma coisa havia acontecido com ele, eu não deveria tê-lo deixado em casa para vir dançar, eu não deveria desobedecê-lo.

Era o universo me castigando por fazer o que eu gostaria de fazer e não por fazer o que deveria ser feito. Passei por Will e comecei a correr para fora do Teatro, eu só precisava encontrar meu avô o mais rápido possível. Ele era o pai que não tive.

As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Eu pensava em tudo de ruim que poderia ter acontecido, ele poderia estar morto agora! Eu nunca mais iria ver seu sorriso, nunca mais iria vê-lo franzir as sobrancelhas, nunca mais apareceria sua falha no cabelo ao rir.

A luz de fora do teatro me ofuscou. Parei por um momento de correr porque não enxergava nada. Da esquerda escutei alguém chamar meu nome. Estreitei meus olhos e vi um carro parado na rua. Era o vovô. Nunca fiquei tão feliz de vê-lo.

Corri até ele e o abracei o mais forte que podia, ainda chorando descontroladamente. Ele apenas passou a mão em meus cabelos e esperou eu me acalmar.

– Rosie, você está bem? – Ele me perguntou enquanto eu olhava no fundo de seus olhos azuis, assim como os de meu pai.

Eu via meu reflexo em seus olhos carinhosos: uma garota baixinha e extremamente magra, loira, com os olhos de uma tonalidade que ninguém sabia descrever e com o olhar de desespero.

Eu odiava me ver assim. Odiava me ver de qualquer jeito. Não gostava da minha altura, não gostava do meu corpo magérrimo, não gostava da cor dos meus cabelos e não gostava do meu olhar.

A única coisa que eu achava que valia a pena em mim eram os olhos. Aquela cor exótica chamava mais atenção do que o resto do corpo. Meus olhos não eram azuis, nem verdes, nem cinzas. Eram claros de mais para ser qualquer uma dessas cores, era escuro de mais para ser branco. Era uma cor apenas minha.

Finalmente tive coragem de responder a pergunta de meu avô:

– Estou. Você está bem?

– Sim, estou bem.

– Então porque o senhor veio até o teatro? Quando Will falou seu nome eu achei que tinha acontecido alguma coisa! – Nesse momento as lágrimas voltaram a tocar minha face. – Você não viria aqui à toa, deve haver algum motivo.

– Rosie, a Madame Hansburg entrou com um processo contra você. Vim buscá-la para falar com o advogado.

– E tem que ser agora? Tem que ser hoje? – Eu implorei a ele por mais um dia sem nenhuma responsabilidade. Eu precisava de mais um dia de liberdade.

– Tudo bem Rosie, eu falo com o advogado e outro dia ele lhe passa as instruções. Aproveite o resto de seu dia. Vejo você em casa de noite.

Esperei meu avô entrar em seu carro novamente e acenei enquanto via o carro dobrar a esquina e sumir.

Eu precisava agora achar o Will e matar ele pelo que me fez pensar e fazer. Ele era um cara morto!

Encontrei Will e Peter conversando no teatro como se nada tivesse acontecido até dois minutos atrás. Estava com vontade de agarrá-los pelos pescoços e apertar tão forte até o momento em que faltasse ar e eles desmaiassem.

– Então, como foi? – Perguntou Will inocentemente.

– Will, vou te matar! Eu pensei que fosse algo sério, não apenas uma conversa com o advogado. Eu achei que meu avô... Eu achei... – Espere Rosie, respire. Pense bem no que vai falar. Não chore na frente deles, seja forte. – Não importa o que eu pensei. O importante é que você é um cara morto. Escutou? M-O-R-T-O.

Will me encarou e sorriu. ELE SORRIU. Ele realmente estava pedindo para morrer, só podia. O problema é que não conseguia ficar com raiva dele, ele era meu melhor amigo e a verdade é que, sem ele, a vida seria menos emocionante.

Peguei minhas caixas que estavam caídas no palco e me coloquei ao lado dos rapazes que ainda continuavam com seu papo super desinteressante até o momento.

– Rosie, você não vai acreditar! O pai de Peter é o dono de vários teatros em todo o mundo, incluindo este. Imagine que mágico poder assistir a qualquer apresentação em qualquer parte do mundo! Deve ser fantástico.

– Eu não acho que seja. – Respondi. – Creio que é mais emocionante estar no palco, dar asas as encenações, danças e musicais. Dar a vida é melhor do que observá-la.

– Você diz isso porque você faz parte do palco. Eu sou parte da platéia. – Peter olhou para as cadeiras antes de continuar. – Você se sente viva ao dançar, eu me sinto vivo ao vê-la dançar. Para você é como se o mundo parasse quando dança, para mim o mundo para quando assisto. Você utiliza do movimento, eu uso do olhar.

Nem percebo, mas Will já está saindo do teatro e acena que devo segui-lo, pois acabou nosso tempo.

– Bom, todo artista merece sua platéia. – Sorrio para Peter, porque de certo modo ele está certo. – Fico feliz de ter sido sua atração hoje.

– Fico feliz de ter sido sua última platéia.

– Foi bom dançar pela última vez, mas tudo o que é bom acaba logo. Eu realmente preciso ir para casa. Talvez nos encontremos outra hora. – Digo a Peter.

– Seria um prazer. Ficaria ainda mais lisonjeado se me acompanhasse hoje à noite na peça que haverá aqui.

– Você está falando sério?

– Estou. Você precisa aprender a ser a platéia a partir de agora. Pego você as oito.

Fico encarando ele por alguns segundos para ter certeza de que isto esta mesmo acontecendo. Parece que sim. Então apenas dou de ombros e saio do teatro carregando minhas caixas. Lá fora Will me espera já sem paciência.

– Parece que rolou um clima entre vocês agora no final. – Will me empurra de leve para o lado.

– Cale a boca Willian Schimit.

Pegamos um taxi e paro em minha casa primeiro. A última coisa que faço antes de me preparar para sair com Peter é pendurar minhas sapatilhas em um dos ganchos na parede.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!
Saudações e até logo.
Marina


PS: Então, seu quiserem entrar em contato comigo, podem me procurar aqui, no SocialSpirit (http://socialspirit.com.br/oimalec), no meu tumblr (http://doordietoo.tumblr.com/) ou no meu twitter (https://twitter.com/oimalec). Em algum desses locais eu irei responder.



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