Rosaceae escrita por Nina


Capítulo 4
A comédia dos erros


Notas iniciais do capítulo

Olá seres deste planeta!
Mais um capítulo, como prometido. Esse ficou um pouco menos que os outros (tá, talvez bem menor), mas é a vida. Estou sem tempo hoje. Mas prometo que vou compensar vocês.


Agora vem o momento nostalgia ou idiota:
Preparem-se para o capítulo!
Capítulo (mas não) em dobro!
Para proteger o mundo da devastação!
Para unir as pessoas de nossa nação!
Para denunciar os males da verdade e do amor!
Para estender o nosso poder as estrelas!
Rosie!
Peter!
Renda-se agora ou preparem-se
Para ler!


Prepare o coração para mais um capítulo!
Em 3, 2, 1...



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Depois de um banho milagroso veio a parte mais difícil: escolher a roupa perfeita. O lado bom era de que Bob estava lá para me ajudar. O lado ruim era de que a maioria das roupas que minha mãe havia comprado ainda estavam em Veneza.

“Rosie, que tipo de roupa você precisa hoje?”

– De uma perfeita Bob. Não muito chamativa ou vulgar. É para ir ao teatro.

“Uhmm, essa vai ser difícil. A roupa perfeita ficou em Veneza, sinto muito.”

– Não diga isso Bob, tem que haver alguma roupa perfeita em alguma parte dessa casa!

“Mas precisa ser perfeita? Não pode ser apenas bonita?”

– Não!

“Por que não? Você não vai apenas no teatro com uma carinha qualquer?”

– Sim. Bem, não. Eu não sei.

“Você gosta dele.”

– Não gosto. Eu nem sei quem ele é, só sei quem é a sua família.

“Então ele deve ser bonito.”

– Digamos que é por ai.

Levamos cerca de meia hora procurando algo em meu quarto. Nada. Desde quando achar uma roupa foi tão difícil?

Decidi ir procurar algo no quarto da minha mãe. E lá estava ele, o vestido perfeito. Bem, talvez não tão perfeito quanto eu imaginei, mas era perfeito para o teatro. Ele era simples e branco, chegava a metade de minhas coxas e tinha um cinto preto em volta da cintura.

Eu sei que pode parecer muito normal, mas eu achei perfeito. Ele escondia minha magreza mórbida e ainda fazia com que meus cabelos parecessem mais escuros.

Voltei ao meu quarto para achas os acessórios que iria carregar comigo. Bob disse que o vestido era bonito, mas não tão perfeito quanto o de Veneza. Tive vontade de esganar ele – Mas isso não ia acontecer, já que ele era um robô – por falar aquilo. Ele escolheu os brincos, os sapatos e as pulseiras. E no fim eu apenas peguei um casaco preto e uma bolsa de franjas para carregar o dinheiro e o celular.

A maquiagem levou menos de cinco minutos para ser feita. Eu odiava passar todos aqueles produtos na pele para tentar esconder o que todo mundo tinha. Odiava parecer uma boneca. Queria apenas ser eu mesma, e se os outros não gostasse o problema era deles.

Terminei de me arrumar dois minutos antes das oito. Um recorde. Eu sempre levava mais tempo para me arrumar. Talvez Bob estivesse facilitando minha vida.

Peter chegou exatamente as oito em minha casa. Isso era impressionante. Não pelo fato de ele ser pontual, mas sim de saber onde eu morava. Não que fosse impossível encontrar a minha casa, era só procurar na internet e descobrir onde o Duque Lewen morava. O impressionante foi ele saber qual das casas do meu avô nós estávamos.

– Você está linda. – Ele murmurou.

– Obrigada. Como você sabia que eu estava aqui? Eu não te disse. – Perguntei a Peter quando o encontrei a porta.

– Fácil. Coloquei um rastreador em você e sabia exatamente onde você estava.

– Aham, sei. E o Papai Noel existe, o céu é rosa, nós fazemos fotossíntese e somos os únicos seres vivos do universo.

– Eu apenas liguei para suas casas até descobrir onde estava. – Ele colocou seu braço para traz de modo com que eu enganchasse o meu braço no dele. Muito cavalheiro da parte dele. – Que tal irmos? Não vamos querer nos atrasar.

– Claro. – Disse ao apoiar minha mão em seu braço.

– Eu trago ela inteira antes do amanhecer. – Peter disse a minha mãe.

– Nem precisa. Pode leva-la e nunca mais trazer, ninguém mais aguenta ela. – Minha mãe disse enquanto ria.

– Mãe, não está na hora de você voltar a tricotar não?

– Não querida, está na hora de ler. Vejo você mais tarde. Se divirta.

E com isso ela fechou a porta em nossa cara. Muito educada ela, até parece que não liga para a filha. Eu poderia ser estuprada e morta por aquele cara, e ela ligaria? Não!

– Como dizem, a educação vem de casa. Ainda bem que eu morei mais tempo na Companhia do que com essa maluca.

– Não diga isso, ela só tem o gênio forte. Assim como você.

– O que você quer dizer com isso?

– Todos sabem o que você fez na festa do Conde Filippus. – E nesse momento eu quis morrer. Todo mundo? Como as notícias correm rápido nessa sociedade, pensei que levariam semanas para todo mundo saber. – Alguém um dia teria que fazer aquilo, só que ninguém imaginava que seria a neta do Duque a fazer isso.

– Eu não sei se o que eu fiz foi bom ou ruim. – Digo a Peter.

– Eu achei que foi maravilhoso. Você foi muito corajosa de falar aquilo. Ninguém mais aturava aquela mulher.

Começamos a nos dirigir até o carro. Ele abriu a porta para que eu entrasse e entrou do outro lado. Sempre cavalheiro demais.

– Eu só falei aquilo porque falo tudo o que tem em minha cabeça. Simplesmente não meço as palavras.

– É bom saber disso. Se eu for um tremendo babaca hoje e o encontro for horrível, pelo menos eu irei saber. Só espero que você não seja tão cruel comigo como foi com a Madame.

– Prometo tentar não ser tão cruel.

Tínhamos acabado de chegar ao Teatro. Novamente a grandiosidade do lugar me relembrava momentos belos que haviam acabado. Eu precisava parar de lamentar e de viver do passado, precisava seguir minha vida, mudar de página, sair do trem de minha vida e pegar outro. Precisava seguir o outro caminho que havia escolhido.

Entramos nele e Peter me levou até um dos camarotes que ficava na parte de cima do teatro. Era engraçado, mas nunca havia entrado lá, só havia visto meus familiares lá.

Me acomodei na cadeira ao seu lado e aguardei a peça começar. A peça era A Comédia dos Erros de Shakespeare, umas das minhas favoritas por ser cheia de confusões e mal-entendidos.

Mal falei com Peter no decorrer do primeiro ato. Só fui realmente olhar para ele no intervalo. Ele parecia estar hipnotizado em tudo ao seu redor, o ruim é que eu era uma dessas coisas ao seu redor.

Não me leve a mal, eu gosto de ser apreciada e vista pelas pessoas, mas não com tamanha fascinação, não com tamanha paixão. Isso me incomodava. Eu sabia que era bonita, mas a esse ponto? Não. Realmente não. Nós mal nos conhecíamos, mal ele sabia como eu era cruel e horrível, mal ele sabia que eu iria pegar seu coração e apertá-lo até que quebrasse e virasse milhões de caquinhos.

Eu sabia como eu poderia ser, era por isso que afastava a maioria das pessoas que se aproximavam de mais de mim. Eu não queria machuca-las, não queria destruí-las.

Meu humor era terrivelmente aleatório e mal expressado. Minhas ações eram impensadas. Eu era uma bomba relógio, mas o relógio estava totalmente maluco. Era por isso que aquela noite não poderia passar de um encontro desinteressante.

O problema é que ele havia sido tão fofo até o momento. Ele havia me levado ao meu local favorito para ver uma de minhas peças favoritas. Sem contar que ele era muito bonito. Isso não era justo comigo.

Acho que passei muito tempo encarando ele pensando em todas essas coisas que ele deve ter achado estranho e começou a me encarar também, só que dessa vez diretamente e de um jeito realmente engraçado. Não aguentei e comecei a rir.

– Não sei o que você viu de engraçado em mim, deve ter sido minha cara, mas fico feliz de ver seu sorriso ao invés de sua cara de dúvida.

Não Rosie. Pare de rir. Não sorria. Não de bola para o cara gato e perfeito sentado ao seu lado. Não olhe no fundo dos olhos brilhantes dele. Não pense em como o cabelo dele deve ser macio ao seu toque. E principalmente não pense em como seria bom beijá-lo.

Lembre-se de algo para distrair-se. Ande Rosie, pense em qualquer assunto, qualquer coisa.

– A peça está perfeita. – Digo.

Muito bem Rosie, não tinha mais assunto nenhum no mundo, nada mais criativo. Agora ele vai pensar que você não sabe o que falar.

– Realmente. Os atores estão se esforçando para ela ser perfeita hoje.

Eu teria que perguntar o porquê de ser justamente hoje a perfeição. Teria de falar alguma coisa, mas fui salva pelo segundo ato da peça. O silêncio voltou a reinar no camarim.

Voltei minha atenção ao segundo ato e me desliguei de tudo o que tinha em volta. Não que amasse tanto assim a peça, eu já sabia ela decor. Eu só não queria ter que olhar para o Peter e ao acaso ele me olhar também. Eu sabia que teria que sorrir e ser gentil com ele até o fim da noite, mas só isso.

O que mais me preocupava além do meu jeito de ser? O fato de que se eu gostasse dele, um dia teria de larga-lo. Eu iria me casar com um nobre antes que meu avô morresse, eu teria que assumir o ducado. E o meu marido deveria ser o representante da família.

Peter não era o representante, Marc era. Eu iria conhecer o Marc na casa do Conde, mas lá conheci o Jack que ainda me perturba. E depois conheci o Peter que vem sendo muito gentil. Mas será que ele não percebe? Nunca daria certo, nem que eu quisesse.

Quando a peça acabou continuei olhando para o palco e o teatro. Fiquei observando as pessoas saírem sorrindo do teatro acompanhadas por seus familiares, amigos ou conhecidos.

Realmente Peter estava certo, tem uma beleza por traz de observar as cenas. Tudo funciona em um conjunto, tudo se encaixa, um complementa o outro.

– Acho que nós devemos ir ou seu avô vai ligar para a guarda dele e mandar vir atrás de nós.

Eu simplesmente assenti com a cabeça. Eu não queria falar com ele, eu não queria abrir a boca e estragar tudo. O trajeto de volta para casa foi silencioso, eu apenas respondia “sim” ou “não” alternado com alguns “não sei” e “talvez”. Ele me acompanhou até a porta de casa em silêncio.

– Vou levar esse seu silêncio como resposta à pergunta que eu iria fazer a você agora. – Ele diz.

– Que pergunta?

– Se você gostou do encontro. Dá para ver que não.

– Não é isso Peter, eu só... – Então eu gaguejei e parei de falar.

– Você só o que?

– Eu estava com medo de abrir a boca e estragar tudo, como sempre. – Murmurei mais para mim mesma do que para ele. Mas pareceu que ele me escutou pois colocou a mão em meu rosto para levantá-lo e, assim, fez com que eu o encarasse. – Peter, foi tudo muito perfeito. Você é um amor, me levou ao meu lugar favorito e me aguentou esse tempo todo. Mas... – E então eu parei novamente. – Não importa.

Eu não sei o que estava passando na cabeça dele. Não sabia o que estava passando na minha cabeça também. Eu só me lembro de em um segundo estar olhando diretamente em seus olhos brilhantes e ver milhões de estrelas explodindo, e no outro segundo estar sentindo a explosão em mim.

O hálito dele tinha gosto de menta e frescor. Seus lábios eram calorosos e acolhedores, eram do tamanho e encaixe perfeito. Seu cheiro era inebriante e seus cabelos eram tão macios quanto eu tinha imaginado.

E então eu finalmente percebi o que estava acontecendo e recobrei o controle da razão sobre o sentimento. Me afastei abruptamente de Peter e abri e porta de casa.

– Me desculpe Peter, mas eu não posso. Eu estou prometida ao casamento com algum nobre. Não tenho o direito de fazer você passar por nada. Me desculpe.

E eu fechei a porta de casa na sua cara, exatamente do jeito como minha mãe havia feito comigo horas antes, e eu havia quebrado a promessa que havia feito a ele: eu havia sido cruel.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!
Saudações e até logo.
Marina



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