Rosaceae escrita por Nina


Capítulo 16
O anjo e a rosa


Notas iniciais do capítulo

HEYYYYY!! FELIZ ANO NOVO E QUE 2015 VENHA COM TUDO!
Desculpem pela demora, mas minha vida está um pouco corrida no momento. Sinto muito mesmo.
Então, este vai ser o último capítulo do ano :c Piadinhas a parte.
Espero que gostem!



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Não sei exatamente quanto tempo levamos para chegar onde chegamos. Eu acabei dormindo no meio do caminho e acordei algumas horas depois quando Jack me balançava e dizia que era hora do almoço.

Paramos em um dos restaurantes no meio da estrada onde o Pingo podia entrar. Era apenas um pequeno lugar com algumas mesas e uma velha senhora como proprietária. Ela nos recebeu muito bem e pediu o que queríamos comer, e levou apenas alguns segundos para que ela anotasse nossos pedidos e fosse para a cozinha.

– Finalmente a sós e acordados. – Disse Jack.

– Não fique muito feliz. – Respondi com um sorriso. – Ainda temos o Pingo. E Bob.

– Eles não contam, não são pessoas. – Rebateu ele com um meio sorriso. – Não tem como nos atrapalhar

“Obrigado pela consideração”. Disse Bob do meu celular. “Agora eu irei atrapalhar vocês o dia todo, só para não se esquecerem de mim. Já que eu não conto.”

Jack deu de ombros debochando de Bob, o que era engraçado já que Bob não podia vê-lo. Coloquei minhas mãos sobre a mesa e logo Jack as envolveu com as dele.

– Vai ficar tudo bem. Eu prometo. – Senti a foça de sua promessa em suas palavras.

Eu nem estava preocupada com o que poderia acontecer comigo, eu estava feliz de Jack estar ali, estava feliz de estar livre, de poder voar. Mas o fato de ele me prometer que tudo fiaria bem era um alívio do qual eu precisava para viver.

Eu tinha certeza de que ele sabia o que eu sentia, mesmo nunca tendo dito realmente que o amava. Mas eu o amava, com todas as minhas forças. Cada célula do meu corpo amava ele. Meu coração era dele.

E ele era meu, eu sentia. Eu tinha certeza. Ele já havia me dito que me amava, já havia me protegido, já havia provado sua lealdade e amor. O que eu mais precisava para me aproximar dele e beijá-lo? Qual era o bloqueio que eu tinha? Era simples, tão simples. Tudo tão simples em uma vida toda complicada.

Eu apertei as mãos de Jack e entrelacei nossos dedos. Assim ficamos, um de frente para o outro de mãos dadas até nossa comida chegar.

– Vocês formam um belo casal. – Disse a dona do estabelecimento. Eu corei na hora, um belo casal? Quem me dera. – Estão indo para onde?

– Para a praia. – Disse Jack nem um pouco afetado com o comentário. – Você sabe nos dizer quanto tempo ainda levará para chegar lá?

– Vocês levaram cerca de uma hora ainda para chegar. – Disse a senhora.

– Obrigado. - Disse ele.

A mulher terminou de colocar nossas comidas na mesa e nos logo começamos a comer. Precisávamos chegar logo na casa da praia para arrumarmos logo as coisas. Logo que terminamos, pagamos a senhora e saímos do estabelecimento direto para o carro e pegamos novamente a estrada.

– Ela disse que formamos um belo casal. – Disse Jack no carro relembrando as palavras da mulher. – E eu acho que ela tem razão.

– Nós? – Perguntei encabulada.

– Não tem mais nada que te prenda ao casamento ou a alguém Rosie. Agora eu só preciso que você diga sim e serei o homem mais feliz do mundo. – Disse ele como se fosse a coisa mais normal do mundo.

– Dizer sim? – Perguntei ainda desorientada.

– No dia do nosso casamento.

Aquilo não podia ser real, não podia estar acontecendo. Ele estava sendo tão direto e descarado que me dava vontade de bater nele e beijá-lo. É claro que eu queria poder dize sim naquele momento, eu queria passar o resto de minha vida com ele, mas valeria a pena? Eu seria feliz? Ele era o cara certo?

– Posso te garantir que até o dia do nosso casamento, se acontecer, você já saberá a resposta só de olhar em meus olhos. – Disse a ele.

– Irá acontecer Rosie, eu tenho certeza. E eu espero pelo seu sim ansiosamente.

– E se eu for a pessoa errada Jack? E se eu não te fizer feliz? E se eu for mais um peso na sua vida?

– Isso é impossível Rosie, se você fosse um peso eu já teria desistido de você. – Ele me olhou de canto. – Qual é o seu medo de cair de cabeça em uma paixão Rosie? Qual o problema de se deixar levar uma vez na vida?

Ele voltou a encarar a estrada e suas perguntas não saíram de minha cabeça. Qual era realmente meu problema? Qual era o meu medo? Por que eu sempre tinha que fugir de tudo? Por que eu não podia simplesmente dizer que amava ele? Por que eu tinha que imaginar futuros horríveis?

Muitas perguntas sem respostas. Eu daria a desculpa de que era autopreservação, mas mentir para mim era diferente. Mentir para mim significava que eu já tinha perdido a esperança. E eu me recusava a perder a esperança.

O resto do caminho foi silencioso no carro e bagunçado em minha cabeça. Pensar nas perguntas dele me faziam pirar e duvidar de tudo. Eu queria achar uma certeza naquela equação sem solução.

Quando chegamos na casa, começamos a descarregar as coisas e organizar. Soltei Pingo para que se aventurasse pela região e voltasse ao anoitecer e depois entrei na casa para jogar minhas coisas em meu quarto.

Tudo era familiarmente igual, desde os azulejos coloridos, os tecidos, as paredes até a brisa e o cheiro salgado. Meu quarto continuava igual a alguns anos atrás, com suas paredes em tons pastéis, a janela enorme e uma cama acolhedora.

Escutei os passos de Jack no corredor indo na direção oposta ao meu quarto, indo em direção ao quarto de minha mãe. Era um bom quarto, se ele decidisse ficar lá. Mas nada se comparava ao quarto de meu avô, ele era enorme e digno de um Duque. Luxuoso era pouco para descrevê-lo.

– Rosie. – Escutei Jack me chamando do fim do corredor. – Eu vou dar um mergulho, você vem?

– Claro. – Respondi sem nem ao menos pensar. – Encontro você em cinco minutos.

Joguei minha mala em cima da cama e abri ela para achar meu biquíni para ir nadar. Não levou muito tempo até eu encontrar três pares, eu teria de escolher entre eles. Fechei os olhos e peguei um ao aleatório e o sorteado foi o tomara que caia branco com franjas na parte de cima e um azul liso na parte de baixo.

Vesti o biquíni e larguei minhas roupas dentro da mala e fechei ela novamente. Eu teria tempo de organizar tudo dentro do guarda-roupa mais tarde. Prendi meu cabelo em rabo e coloquei meus óculos escuros. Estava pronta.

Esperei por Jack sentada no balanço em frente à casa e fiquei relembrando os bons momentos de infância. Jack apareceu com um calção colorido, sem camisa e com os óculos escuros. Eu tenho que admitir, ele estava muito gostoso naquele momento, parecia um surfista.

– A criança vai ir para a água ou prefere ficar no balanço? – Ele me lançou um meio sorriso.

– Acho que vou ficar no balanço mesmo tio. – Respondi.

– Tio? – Ele começou a se aproximar. – Você vai ver agora quem é seu tio.

Ele começou a me puxar para fora do balanço e me jogou sobre seu ombro, de modo que eu ficasse de ponta-cabeça.

– Jack me solta! – Gritei para suas costas que batiam levemente em minha cabeça a cada passo dele.

– Eu vou te soltar. Quando eu quiser.

Ele começou a entrar no mar e eu via a água subir cada vez mais, já estava na altura de sua cintura e logo chegaria onde estava minha cabeça.

– Jack você vai me afogar assim! Sou muito nova para morrer! – Comecei a gritar histericamente. – É sério!

Ele parou onde estava e eu suspirei de alívio com a água batendo no topo de minha cabeça. Ele colocou as mãos em minha cintura e eu tinha certeza do que ele iria fazer: ele iria me jogar na água. Mas eu não cairia sozinha, ele iria comigo. Então eu segurei seu braço e quando ele me jogou ele veio para a água junto.

Larguei seu braço quando senti a água em minhas costas e segurei meus óculos na cabeça. Quando voltei a superfície lá estava Jack rindo e balançando os cabelos de um lado para o outro.

– Eu caí na minha própria armadilha, quem diria. – Disse ele.

– O mundo é dos espertos, como dizem.

– Não esperava menos de você. – Disse ele dando dois passos para frente.

Eu dei dois passos também em sua direção e ficamos tão perto que eu podia sentir a sua respiração nas maças de meu roto. Eu olhei para ele e seu rosto expressava tanta confiança, tanto amor. Eu queria que o espaço entre nós acabasse, e eu faria aquilo acontecer.

Levei uma de minhas mãos a seu roto e comecei a tracejar cada parte dele. Eu o estava sentindo, eu sabia que era real. Desci minha mão para seu braço e depois subi pelo seu tronco. Ele estava com os olhos fechados e respirava calmamente. Podia parecer uma cena estranha, mas para mim ela estava sendo perfeita. Eu era o artista que via sua obra depois de pronta. E Jack era minha obra.

Levei minhas mãos a sua nuca e puxei ele para baixo ao mesmo tempo em que me colocava na ponta dos pés. Então finalmente estava acontecendo, nós estávamos nos beijando. Eu deveria ter feito aquilo antes, por que havia fugido dele por tanto tempo?

Seus beijos eram quentes, calorosos, doces, suaves. Seus lábios tinham o encaixe perfeito, seus cabelos eram tão macios quanto eu imaginava. Senti suas mãos em minhas costas e ele me apertou para ficarmos cada vez mais próximos, quase nos tornando um.

Ele se afastou por um momento e eu voltei a olhar seus olhos verdes cintilantes.

– Rosie, eu te amo. – Ele sussurrou como um segredo para mim, o qual eu guardei em meu coração.

– Jack. – Disse segurando seu roto em minhas mãos. – Dizer que te amo é pouco. Eu sei, eu estava confusa, minha vida estava uma bagunça e tudo não fazia sentido. Mas você sempre esteve lá. Sempre você. E todas as vezes que te vejo meu coração palpita e se enche de algo que não sei descrever. Eu tenho apenas uma certeza hoje: a de que eu quero você em minha vida. E não como um amigo. Eu quero você, eu desejo você. Você é a esperança da qual vou me agarrar e nunca mais soltar, se acostume agora.

– Sou todo seu Rosie. – Disse ele se inclinando para me beijar mais uma vez mas eu desviei.

– Espere, tem mais. – Ele parecia confuso. – Comigo vem o ducado. Você está pronto para se tornar parte de uma das famílias mais prestigiadas do mundo? Está pronto para brigas, intrigas, trabalhos, papéis intermináveis, a sociedade hipócrita, os nobres nojentos e tudo mais?

– Contanto que eu esteja ao seu lado, sim. – Ele passou a mão em meus cabelos. – Tudo vale a pena por você rosa da noite.

– E mais uma coisa! – Disse pegando ele de surpresa. – Por que rosa da noite? De onde você tirou isso?

– Rosie. – Ele abafou uma risada. – Seu nome me lembra uma rosa. E você é toda delicada como uma, mas tem seus espinhos apontados para todos. E da noite porque naquela noite em que te vi, você estava deslumbrante, viva. Foi naquele momento que me apaixonei por você.

– E o anjo desceu na Terra e se apaixonou pela rosa. – Suspirei. – Você é tão trouxa. Milhões de garotas no mundo e foi se apaixonar justo por mim.

– Sou trouxa, mas o seu trouxa. E para sempre. – Murmurou ele no meu ouvido.

Eu pude sentir seus beijos na lateral de meu pescoço. Eu sentia seu amor, sentia cada beijo como uma fagulha em meu coração. Sentia seu calor me preenchendo. Trouxe seus lábios novamente de encontro aos meus. Eu não queria mais que eles ficassem longe de mim.

– Para sempre? – Perguntei para confirmar.

– Sempre. – Disse ele me beijando de novo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!
Saudações e até o próximo.
Marina



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