Rosaceae escrita por Nina


Capítulo 11
O acordo


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores lindos do meu coração.
É hoje que vocês irão conhecer o Marc, por isso preparem o coração de vocês.
Espero que gostem!



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Jack me deixou em casa e ali ficou comigo, o porquê disto eu não sabia. Ele havia me dito que eu iria até a casa de seu pai e lá iria conhecer Marc, seu irmão e meu futuro marido.

Subi até o meu quarto e Jack me seguiu. Ele se jogou em minha cama quando chegou lá e ficou assim enquanto Bob procurava alguma roupa para eu vestir. Bob achou três roupas para que eu escolhesse.

– Qual você acha melhor? – Perguntei a Jack.

Ele olhou para as roupas, depois para mim e depois para as roupas novamente. Deu de ombros e afundou a cara em um dos travesseiros na cama. Peguei outro dos travesseiros e bati nele.

– É sério Jack!

– Qualquer uma, você vai ficar bem em todas. – Resmungou ele ainda a cara no travesseiro. – Mas acho que o Marc prefere a primeira.

Olhei para a primeira atentamente, ela não parecia nada especial. Era apenas uma calça preta e um moletom rosa felpudo. Bom, se era isso o que eu deveria vestir, ótimo. Peguei as roupas e olhei para Jack.

– Você não vai sair da cama?

– Não. – O som de sua voz foi abafado pelo travesseiro.

– Ótimo! – Revirei os olhos e me dirigi ao banheiro.

No banheiro, tranquei a porta e tomei um banho rápido, depois coloquei a roupa que deveria vestir. Sai do banheiro e Jack estava dormindo em minha cama. Fiz o maior silêncio que consegui e terminei de me arrumar escolhendo os acessórios e os sapatos.

– Jack? – Disse ao me aproximar da cama.

Ele nem havia escutado. Balancei seu corpo levemente de um lado para o outro e tentei novamente.

– Jack?

– Hã. – Murmurou ainda meio grogue.

– Preciso saber onde você mora. – Disse.

– Eu moro aqui. – Disse mudando de posição na cama.

– Não, eu moro aqui. Você está na minha casa, no meu quarto, em minha cama.

– Sua cama? – ele passou as mãos nos olhos. – Ela é confortável.

– Eu sei que é confortável, mas preciso saber onde você mora... – Ele me puxou para perto dele.

– Vou te contar um segredo. – Sussurrou ele.

– Conte. – Ri dele. Ele parecia um drogado, com certeza ainda estava dormindo.

– Chegue mais perto. – Me aproximei. – Mais perto. – Me aproximei mais. Então ele colocou os lábios em meus ouvidos. – Você tem cheiro de baunilha.

Eu ri novamente e me afastei dele. Ele virou para o lado e voltou a dormir, então eu peguei o travesseiro e comecei a bater nele.

– Acorda Jack!!!! – Gritei enquanto batia nele.

Ele acordou assustado e tirou o travesseiro de minhas mãos e começou a me bater com ele. Peguei outro travesseiro e comecei a bater nele novamente.

– Esse não é um modo muito educado de acordar alguém. – Jack disse em meio aos risos e “ai’s” que exclamava.

– Eu tentei te acordar de outra forma, mas você ficou dizendo coisas como “eu sou gay e estou em meu sono de beleza” e “deixe a Bela Adormecida dormir em paz”. – Me joguei na cama e me protegi com o travesseiro que tinha em mãos.

– Rosie, você mente muito mal. – Ele começou a bater o travesseiro em minhas pernas desprotegidas.

– Mas é verdade! Eu tentei te acordar e você parecia um drogado. – Ataquei sua cabeça e com o choque ele deitou-se na cama novamente. – Você ficou falando que queria me dizer um segredo e a única coisa que disse é que cheiro a baunilha. Então você voltou a dormir como uma bela princesinha em seu castelo protegido.

– Uma pena que o monstro Rosie veio incomodar meu sono de beleza com sua arma fofinha. – Começamos a rir. Depois de um tempo percebi como estava arfando por conta do esforço que fiz de bater em Jack.

– Você ainda não me disse onde você mora. – Disse.

– Moro na minha casa. – Respondeu ele. Apenas revirei os olhos.

– E você quer que eu adivinhe onde é sua casa e vá encontrar o Marc?

– Rosie, eu não moro com o Marc ou com meu pai. – Ele me encarou. – Você não prestou atenção aquele dia quando eu te contei que fui expulso de casa?

– Ah, é mesmo. – Pensei durante um tempo. – Então você deve me dizer onde morava antes de ser expulso.

– A minha antiga casa fica no condomínio Cornwall Terrace, em frente ao Regent’s Park. Me dê seu celular que eu colocarei as coordenadas certas e você chegará lá.

Entreguei a ele meu celular e as coordenadas foram colocadas nele. Peguei uma das bolsas que tinha em cima da mesa e joguei ele lá dentro.

– Então... – Murmurei. – Acho que você não poderá ir comigo, já que foi expulso de casa.

– Não mesmo. – Respondeu-me.

– Se você quiser ficar aqui, só terá a governanta e o Bob de companhia, mas a casa é toda sua. Se quiser ficar dormindo aqui no quarto, pode ficar. Mas nada de mexer nas minhas coisas. – Ele riu. – O Bob não deixará isto acontecer, não é?

“Claro que eu não irei mostrar seu diário, suas roupas intimas, suas fotos e vídeos de criança e suas bonecas. Pode deixar que eu irei trancar tudo.”

– Obrigada por isso Bob. – Revirei os olhos. – Se quiser ir, a porta é serventia da casa.

– Acho que irei ficar aqui no seu quarto descobrindo tudo sobre a sua vida. – Ele me lançou um sorriso. – Juro que irei pular a parte do diário que você diz o quão apaixonada estava pelo Peter. Só irei ler a parte que você diz que me ama mesmo.

Peguei minhas coisas e chequei para ver se estava tudo em ordem uma última vez no espelho. Parei na porta e olhei para Jack.

– Divirta-se. – Disse.

– Até mais tarde. – Disse ele ao voltar sua cara ao travesseiro.

Desci as escadas de meu quarto e avisei a governanta que Jack iria ficar em casa. Ela disse que iria ficar de olho nele e voltou a fazer seu trabalho.

Passei no escritório de meu avô e peguei umas das chaves dos carros ao acaso. Fui até a garagem e cliquei em um dos botões da chave para ver qual carro eu tinha sorteado. Era o conversível preto, o favorito de minha mãe. Entrei nele e dei a partida.

Peguei meu celular e segui as coordenadas que ele indicava. Logo cheguei ao condomínio e parei na entrada para me identificar.

– Nome e casa que irá visitar. – O porteiro me disse.

– Rosie Lewen e a casa do Conde Heck.

Esperei durante um tempo enquanto ele ligava para a casa e via se eu tinha permissão para entrar. Os portões começaram a se abrir.

– É a terceira casa a direita. – O home disse.

Eu assenti e voltei a dirigir o carro até achar a casa. Ela era enorme, como a maioria das casas dos nobres. Possuía uma fachada toda em mármore e duas escadas que davam para a porta de entrada. Parei o carro em frente à casa e me dirigi para a entrada. Na porta da casa Peter me esperava com um sorriso falso no rosto.

– Olá Rosie. – Cumprimentou-me. – Estou muito feliz de saber que você e meu irmão irão unir nossas famílias através do casamento.

– É, dá para ver o tamanho da sua felicidade.

– Vamos, entre. – Disse ele ao abrir passagem para eu entrar.

Ele me levou até uma das salas de recepção e lá estavam dois homens, um mais velho e um mais novo.

O homem mais velho tinha uma face enrugada e cansada. Seus cabelos castanhos escuros estavam mesclados com cabelos brancos. Ele exibia um sorriso cansado pelo tempo, parecia que a vida vivia desgastando ele e agora era o que tinha sobrado do homem jovem e forte que fora um dia. Os seus olhos transmitiam bondade e poder, ele poderia ser um homem gentil mas saberia agir friamente em momentos de necessidade.

Já o homem mais novo tinha os cabelos castanhos iguais aos do pai e um porte confiante. Ele exalava nobreza e exuberância, beleza e poder. Ele com certeza era o filho criado para ser o herdeiro. Não posso dizer que ele era lindo como seus outros irmãos, ele era apenas diferente e bonito do seu jeito. Seus olhos verdes não brilhavam como explosões estelares, mas seu sorriso era brilhante como o sol.

Marc se aproximou e pegou minha mão e a beijou.

– Bem vinda, minha querida. – Ele disse. Educado, mas exagerado de mais. – Fico feliz em finalmente conhece-la.

– Também fico feliz de te conhecer. – Ele me levou até o sofá e sentou-se ao meu lado. – Uma pena que nossas vidas tenham que ser aceleradas deste jeito. Casaremos muito cedo.

– Não diga isto. Pode ser cedo, mas será mais tempo para passar ao seu lado. – Ele pegou minhas mãos e as segurou. É, ele era cortejador de mais, como todo nobre deveria ser.

– Quando vocês pretendem se casar? – Perguntou o homem mais velho, o Conde Heck.

– Em breve. – Respondeu Marc. – O avô de Rosie está preocupado com o ducado e sua saúde. Quanto mais cedo nos casarmos, melhor.

– E com este cedo você quer dizer quanto? – Perguntou seu pai.

– Daqui algumas semanas, no máximo. – Marc disse e eu parei de respirar e meu corpo gelou. Algumas semanas? Nós tínhamos acabado de nos conhecer! Eu nem sabia quem ele era, como era, o que fazia e o que desejava. Mas como esta era a vontade de meu avô, resolvi ficar quieta. Marc deve ter percebido. – Querida, suas mãos estão muito geladas e você está muito pálida. Quer algo para lhe esquentar?

– Não, obrigada. – Murmurei. Tirei minhas mãos de suas e as escondi em meu colo para tentar aquecê-las e ao mesmo tempo fugir do toque de Marc.

– Iremos deixá-los sozinhos. – Disse o Conde Heck. – Vocês têm muito a conversar.

Ele e Peter saíram da sala e nos deixaram. Marc se aproximou ainda mais e me fez olhá-lo.

– Agora que eles foram, posso agir normalmente. – Do que ele estava falando? – Rosie, não é mesmo? – Assenti. – É loucura casar na sua idade! E nós mal nos conhecemos. Se não fosse um dever meu, eu não a obrigaria a se casar comigo. Mas você precisa de um marido e eu de uma esposa nobre. Nossa diferença de idade é de o que? Sete anos? Isso é loucura!

Enquanto ele dizia o quão maluco era aquela ideia, meu corpo começou a relaxar e eu comecei a ficar mais à vontade com ele.

– Imagine só! Você poderá achar o cara da sua vida daqui alguns anos, mas você já vai estar casada comigo. Eu poderei achar a mulher de minha vida e não ficarei com ela por conte deste casamento.

– Se você achar a mulher de sua vida no futuro, eu finjo que morri e sumo de sua vida. Passo a empresa para um anônimo, que será eu, e então seguimos nossas vidas. – Digo.

– Isto é um bom plano. – Disse ele. – Se acontecer com você, eu terei que fazer meu testamento dar um jeito de convencer os gêmeos.

– Acho que convencê-los não será um grande problema. Não é como se eles quisessem ficar com alguma responsabilidade. – Murmurei.

– Então você os conhece. – Assenti. – Qual seu favorito?

– Meu favorito? ... – Que tipo de pergunta era aquela? – Não sei. Gosto e odeio os dois ao mesmo tempo.

– Sou igual a você. Mas se fosse para escolher entre eles, eu ficaria com o Peter, ele é mais organizado e menos chato. – Ele riu. – Na verdade nem sei mais se prefiro o Peter. Faz tanto tempo que não vejo o Jack que nem sei se ele mudou ou não.

– Eu lhe garanto, ele continua insuportável e sarcástico. – Digo.

– É bom saber que algumas coisas nunca mudam.

E assim foi o resto da manhã e parte da tarde. Marc era um amor, gentil e carinhoso assim como Peter e era engraçado e sarcástico como Jack. Ele parecia perfeito de mais, certinho de mais, tinha que haver alguma coisa de errado com ele, mas por mais que eu procurasse, nada de errado eu encontrava. Ele seria o marido perfeito. É, talvez o destino não fosse tão cruel comigo quanto eu imaginava que seria.

Ele disse que teríamos que começar a agilizar os preparativos para o nosso casamento e disse que já tinha ideias de como queria que nosso casamento acontecesse.

Parecia tudo cedo demais, tudo muito rápido, mas era assim a partir de agora a minha vida. Eu teria que escolher o local, as roupas, os convidados e teria apenas algumas semanas, de acordo com Marc.

Ele disse que iria ligar para a Abadia de Westminster e ver o dia mais próximo que poderíamos nos casar. Eu achava aquilo tudo um exagero. Para que uma igreja daquele tamanho para um casamento? Para que gastar tanto dinheiro com isso? Para que ser tão exagerado?

A igreja iria estar livre dali duas semanas. DUAS SEMANAS. Era cedo demais, teríamos muita coisa para resolver em pouco tempo, mas Marc disse que conseguiríamos.

Ele começou a fazer a lista de convidados e eu passei a pesquisar as coisas complementares como o buffet, a decoração e o local da festa de casamento. Depois de algumas horas já tinha conversado com quatro buffets diferentes, cinco floriculturas, três decoradores e tinha achado oito locais propícios para tantos convidados.

– Nossa festa poderia ser na casa do lago de meu pai. – Falou Marc ao olhar minhas anotações. – Ela fica a menos de uma hora da cidade e é grande o suficiente para caber todos.

Concordei com ele e risquei todos os locais da lista. Pelo menos uma das coisas estava resolvida de todas as outras milhares que eu teria que resolver.

– Você deveria amanhã ir atrás de seu vestido de casamento. Não é todos os dias que se vai a uma loja de noivas. – Marc disse.

– É, eu deveria. – Murmurei.

– Peça para alguém te acompanhar, já que sua mãe está cuidando de seu avô. Veja com alguma amiga sua. – Disse ele ainda arrumando a lista de convidados.

– Vou fazer isto.

Liguei para várias outras pessoas e locais e todos diziam que estava muito em cima da hora, mas quando eu dizia de quem era o casamento eles logo mudavam de ideia e me mostravam suas melhores e mais caras propostas.

A tarde foi passando e o céu começou a escurecer do lado de fora. Pareceram apenas algumas poucas horas, mas eu já estava lá sentada com Marc quase um dia inteiro.

Talvez não seria tão ruim me casar com aquele cara que procurava fazer as coisas perfeitas em pouco tempo. Talvez eu fosse feliz ao seu lado sem ter que me preocupar com alto e baixos. Talvez assim os problemas acabassem.

Marc parou o que estava fazendo e se levantou. Depois me ajudou a levantar e nós fomos até a cozinha para comer algo. A comida estava maravilhosamente doce e gostosa. A cozinheira também era um amor.

Depois que terminamos de comer, Marc disse que não precisaríamos mais fazer nada naquele dia. Ele disse que nos veríamos em breve para arrumar tudo e conferir todas as coisas nos mínimos detalhes.

– Foi bom passar a tarde com você. – Ele disse.

– Igualmente.

– Pensei que você ia ser apenas mais uma garota irritante, mas você se mostrou uma mulher dedicada e muito bonita. – Ele disse ao arrumar as coisas que deixamos bagunçadas na sala.

– E eu pensei que você seria apenas mais um nobre hipócrita. Mas você consegue ser até legal quando quer. – Disse. – Continue assim pelo resto das nossas vidas e eu juro que não serei uma garota irritante.

Terminamos de arrumar as coisas e Marc me acompanhou até o carro que estava parado em frente à sua casa.

– Não esqueça de fazer sua lista de convidados e me mandar assim que terminar. – Ele disse. – E escolha seus padrinhos e madrinhas de casamento. Não esqueça do vestido amanhã e por favor, não estrague este rostinho bonito até o casamento.

– E você ache um bom lugar para a lua de mel, pois sou uma mulher difícil. – Disse e ambos rimos.

– Até logo Rosie. – Disse ele ao estender sua mão para mim.

– Até logo Marc. – Disse apertando sua mão.

Normalmente noivos se beijavam em suas despedidas. Eu e Marc apenas nos cumprimentamos, como se estivéssemos fechando um acordo. De certa forma aquele casamento era um acordo. Um acordo para o resto de nossas vidas.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!
Saudações e até o próximo.
Marina



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