Cuidando de um Malfoy - Dramione - 2 temporada escrita por Jéssica Amaral


Capítulo 38
Portas do destino




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A campainha tocou com uma insistência grande. Enrico abriu a porta e Draco entrou como um furacão.

— Onde está minha filha?

Hermione correu até ele e o abraçou forte. Não parou de chorar desde que viu sua filha desfalecendo no quarto.

— O que está acontecendo? — perguntou a abraçando também.

— Eu não sei...

— Onde ela está?

— Com o Albern.

— Mas o que aconteceu? — Olhou Enrico.

O loiro tentava esconder que queria chorar. Olhava o chão e apertava as mãos com força.

— Enrico me ligou falando que ela estava com febre. Quando cheguei ele disse que no termômetro deu quase 50 graus...

— Isso não é possível.

Hermione e Enrico olharam a porta do lugar. Lucius foi junto com Draco quando soube o que aconteceu com sua neta.

— Mas foi o que o termômetro mostrou... — respondeu Enrico.

— Isso deve estar errado!

— Lucius eu a coloquei de baixo de água gelada e ela saiu de lá mais quente do que quando entrou.

O homem ficou em silêncio olhando Hermione. Estava agarrada em Draco e não parava de chorar.

— Acho que a gente devia ir lá no quarto... — Enrico disse nervoso. Já não aguentava mais ficar ali esperando.

— Ele tem razão! — disse Draco.

— Vamos esperar. Ele sabe o que está fazendo.

Draco e Lucius trocaram olhares.

Eles esperaram mais alguns minutos até que Draco levantou do sofá.

— Já chega! — Subiu as escadas com ferocidade.

Hermione, Enrico e Lucius foram atrás. Quando ia abrir a porta, Albern apareceu. Tinha o rosto sério e encarava Draco.

— Cadê a minha filha?

— Albern... — Hermione apertou o braço de Draco com força. A expressão do homem não era nada boa.

— Precisamos levá-la a um hospital.

— O que ela tem?

O homem hesitou responder, então Draco o segurou pela roupa com fúria.

— Responde!

— Entrou em coma...

Hermione desabou a chorar e Draco soltou a roupa de Albern. Parecia que suas forças tinham acabado, ou que o chão tivesse sumido.

O mundo estava acabando só podia ser!

Enrico passou por eles como um furacão e entrou no quarto. Ao se aproximar da cama, viu a menina deitada de olhos fechados. Respirava lentamente e estava bem pálida. O loiro se aproximou e a abraçou. Ela estava mole e ainda muito quente, Enrico chorou com ela nos braços.

Draco e Hermione entraram no quarto e nem conseguiram chegar perto dela. Parecia mentira. Albern estava brincando e essa brincadeira não tinha graça nenhuma.

— Vamos levá-la logo — disse Lucius e Enrico apertou Clara.

— Por que isso aconteceu, Albern? — Hermione perguntou chorando.

— Vamos levá-la e eu explico.

Todos seguiram para um hospital bruxo. Clara foi levada a um dos quartos. Os medibruxos a examinaram e ninguém soube explicar porque estava tão quente e viva. A temperatura dela não era normal.

Os quatro estavam dentro do quarto dela agora. Enrico não saia do seu lado. Segurava sua mão e acariciava os cabelos, nesse momento pouco importava que todos vissem que estava chorando. Queria mais que seu choro a trouxesse de volta...

Hermione não conseguia olhar. Aquilo era demais para ela. Estava agarrada em Draco e com o rosto virado para o lado oposto ao que Clara estava.

— Explique — disse Draco olhando a filha.

— Sua filha resolveu te ajudar com a pessoa que estava atrás de você.

— Como assim?

— Ela quis assustá-lo para que a deixasse em paz.

— De que ele está falando? — Draco perguntou.

— Tinha um homem atrás da sua mulher e fez ameaças para que ela ficasse com ele.

Draco olhou Hermione com os olhos arregalados. Ela só sabia chorar.

— Usou o nome de sua filha para chantageá-la. E a menina viu isso em suas visões. Então deu as dicas de como ela poderia fazer para que o homem fosse embora, mas sua esposa ficou com medo e não fez o que ela falou.

Hermione chorou mais forte.

— Então ela decidiu fazer por si mesma.

— O que ela fez?

— Foi atrás do homem e deu um susto nele.

— Que susto?

— Ameaçou pegar ele se ficasse atrás de sua mãe.

— E ele?

— Foi embora do país.

— Isso é bom.

— Mas agora a menina tem trevas dentro de si.

Hermione arregalou os olhos e finalmente encarou Albern.

— Trevas?

— Sim. Ameaça não é coisa de gente da luz.

Hermione olhou Draco e ele engoliu em seco.

— Por que a febre?

— Parece que o corpo dela rejeita isso... Eu nunca vi isso antes.

— Ela vai ficar bem? — Enrico que perguntou.

— Eu não sei, garoto...

Ficou um grande silêncio no quarto quando Albern respondeu. O homem ficou olhando Clara. Vamos menina, você consegue. Pensou.

***

— Eu não sei se isso vai dar certo. Você realmente pode morrer.

— Mas o que eu tenho que fazer?

— No momento, nada.

— Como assim?

— Se eu reverter a cura que te dei, você vai desmaiar. Está com uma febre anormal, menina. Já era pra estar morta.

— Então por que não morri?

— Eu não sei.

— Então tira a cura.

— Não posso fazer isso...

— Por quê?

— Você pode morrer.

— Que droga! Eu quero que tire!

— Não posso.

Clara olhou o teto respirando rápido. Em pouco tempo, tudo que tinha no quarto começou a pegar fogo do nada. Albern olhou ao redor e então viu o olhar sombrio de Clara. Ela estava deixando as trevas controlarem.

Sem escolha, o homem passou a mão na testa dela mais uma vez e com isso seus olhos fecharam e o fogo apagou como se nunca tivesse existido. Albern respirou pesadamente e ficou olhando a menina desfalecida em cima da cama.

Com a temperatura que estava, morreria a qualquer momento. Por isso não queria tirar a cura. Mas ficou surpreso ao ver que ela não morreu, não ainda. Estava entrando em coma e ele não podia fazer nada. Não sabia o que estava acontecendo dentro dela, mas sabia que era forte e lutaria até o fim.

***

O homem suspirou mais uma vez a olhando. Era questão de tempo para que ela os deixassem.

— Não podemos ficar aqui olhando como se fosse uma coisa bonita de se ver!

— Não podemos fazer nada, garoto.

— E quem é você para dizer que não? — perguntou com fúria.

— Não sou ninguém.

Enrico apertou a mão de Clara e a beijou.

— Vamos, Clara, acorda...

Sem resposta.

— É minha culpa... — Hermione disse chorando e apertou Draco. — Eu deveria ter feito o que ela disse...

— A culpa não é sua — Draco a abraçou forte. Não tirava os olhos de Clara. Já Hermione ainda não tinha conseguido olhá-la.

— É sim, Draco! Se eu tivesse feito o que ela disse, ele ia embora e ela não passaria por isso.

Draco fechou os olhos e apertou ela. Ficaram um tempo no quarto sem ter o que fazer a não ser esperar que ela melhorasse. Enrico se afastou dela por um instante e foi ao banheiro.

Clara começou a se mexer e tremer como se tivesse tendo uma convulsão. Lucius foi atrás de um medibruxo e Draco tirou Hermione dali de dentro, pois ela ficou apavorada. Albern se aproximou da menina.

— O que está acontecendo ai?

Enrico voltou do banheiro correndo e se aproximou de Clara segurando sua mão de novo.

— Para com isso, Clara! — brigou com ela como se ela pudesse controlar o que acontecia.

Albern abaixou a cabeça. Pensava que ela estava morrendo agora.

— Para, Clara! Para!

Albern arregalou os olhos ao ver que a menina parava de tremer. Ele olhou Enrico com a boca aberta.

Em pouco tempo um medibruxo apareceu no quarto junto de Lucius. Ele examinou a menina.

— Eu não sei o que dizer. É um milagre ela estar viva.

— Obrigado pela ajuda — Albern agradeceu ao homem. Ele acenou e saiu do quarto. — Garoto...

Enrico o olhou. Não parava de chorar também. Por um momento achou que perderia Clara.

— Você não pode sair de perto dela.

— Por quê?

— Você é o que a mantém aqui.

Lucius olhou Albern e depois Enrico. O menino tinha cara de surpresa e confusão olhando o velho bruxo.

— Do que você está falando?

Antes que pudesse responder, Hermione e Draco entraram no quarto de novo.

— Ela está bem?

— Agora está.

— Mas ela não acordou ainda... — disse Hermione.

— Garoto... Você pode ficar aqui direto?

— Como assim direto? — Draco perguntou.

— Ele é o que mantém a menina viva.

— Como assim?

— Quando ele saiu de perto ela teve essa "convulsão", ele voltou e ela melhorou na hora.

Todos ficaram em silêncio encarando o Enrico.

— Isso não quer dizer nada!

— É claro que quer dizer, senhor Malfoy. Querendo você ou não, sua filha só está aqui por causa dele.

— Por quê? — falou alto.

— Eu não sei.

O loiro resmungou e olhou Enrico.

— Você ficaria aqui com ela?

— É claro!

— E se ela ficar assim por meses? — Albern perguntou e Enrico ficou em silêncio uns minutos.

— Eu sabia. Ele não faria isso! Claro que não! Meses é muito tempo pra você?

Hermione segurou Draco, que queria ir para cima de Enrico.

— Ela não pode ficar assim tanto tempo... — falou com lágrimas descendo do rosto.

Então Draco parou de se mexer e ficou em silêncio olhando o garoto. Ele não hesitou pelo tempo que ficaria ali e sim porque não queria que ela ficasse assim tanto tempo.

— Mas isso pode acontecer... Não sabemos o que ela tem.

Enrico a olhou. Estava de olho fechado e respirava lentamente.

— Eu fico o tempo que for preciso.

Draco olhou Hermione e ela sorriu levemente para ele. Agora não tem jeito, ele tem que admitir que o menino a ama de verdade.

— Obrigado, garoto.

Enrico olhou Draco, que acenou para ele com a cabeça.

— Não tem que agradecer. Se realmente sou eu que faço ela estar aqui, não sairei.

***

Clara estava em um lugar escuro e frio. Não sabia onde era e quando andava, não dava em lugar algum. Que merda estava acontecendo com ela? Não se lembrava de como foi parar ali e nem o que era ali...

Continuou andando para frente mesmo não sabendo onde iria parar. Até que o lugar foi ganhado um pouco de luz e ela conseguiu ver uma porta no final. Será que iria até lá? E se não fosse, faria o que?

Resolveu ir e quando chegou perto da porta, pensou de novo se abriria. A dúvida era grande demais e o medo então nem se fala. De repente a porta sumiu e tudo ficou escuro de novo. Clara olhou todos os lados do lugar e nada conseguia ver. A menina começou a respirar ofegante e chamar por alguém. Não era possível que estivesse sozinha. Onde estão seus pais? Seus amigos? E o Enrico? Eles não a deixariam sozinha assim!

Começou a chorar muito ao sentir uma solidão enorme lhe envolver. Nessa hora tudo começou a tremer e ela deitou no chão cobrindo a cabeça com os braços. Iria morrer e sabia disso. Só queria a chance de se despedir de todos.

— Para com isso, Clara!

Ouviu a voz de Enrico e levantou a cabeça. Tudo ainda estava escuro e não o via em lugar algum. Achou que estava delirando e continuou chorando deitada no chão.

— Para, Clara! Para!

A menina então levantou do chão e no mesmo instante o tremor passou. Ele estava ali! Não sabia onde, mas estava. Não a deixou sozinha!

A porta apareceu de novo e dessa vez ela não teve medo de abrir. Pensou em encontrar Enrico do outro lado.

Mas ele não estava lá. Agora tinha um grande corredor e no fim duas portas. Será que vai ficar entrando em portas e não sair nunca mais dali? Isso que é a morte então? Ela já morreu e não sabe? Tantas perguntas sem resposta...

Começou a caminhar pelo local lentamente. Não sabia porque, mas se sentia calma e segura. Como se o Enrico realmente estivesse ao seu lado. Mesmo sabendo que não, a sensação era que sim e ela gostava disso, pois assim conseguia prosseguir naquele lugar estranho.

Finalmente chegou em frente as portas e parou. E agora? Qual abriria?

— É difícil decidir, não é?

A menina pulou e se afastou um pouco.

— Quem está ai?

— Aqui, querida...

Clara olhou para cima. Entre as portas tinha um homem. Era barbudo e velho. Estava meio que deitado lá em cima. Como ele fazia isso?

— Quem é você?

— Não sabe quem eu sou?

— Não — falou com uma sobrancelha levantada.

— Chegue mais perto.

Clara ficou parada encarando o velho. Não sabia se poderia fazer isso.

— Vamos! Não tenha medo.

— Diga quem é você primeiro!

— Só vai saber se chegar perto.

Clara cruzou os braços.

— Eu não sou maluca de ir até ai! Não sei o que você quer!

O homem deu uma gargalhada com a resposta.

— E você sabe onde está?

— Não. Você sabe que lugar é esse?

— Está vendo as portas?

— Claro.

— Você tem que entrar em uma delas.

— E o que tem do outro lado?

— Só vai saber se entrar.

— E qual devo entrar?

— Você que tem que saber.

Clara respirou fundo. Esse velho não está ajudando em nada!

— Eu morri?

— Ainda não.

— Mas vou morrer?

— Depende. Se ficar ai e não entrar em uma das portas, vai.

— Quem é você?

Clara pensou por um momento e lembrou da história que Hermione a contou uma vez.

— Você é Dumbledore?

— Oh não! Creio que não — disse sorrindo.

— Então quem?

— Chegue mais perto.

Clara ficou uns segundos olhando na direção do homem e então pensou. Se vai morrer ao não entrar na porta, qual a diferença de se aproximar dele? A menina se aproximou lentamente.

— Finalmente — ele falou e saiu de cima da porta. Logo estava parado em frente a ela.

Tinha uma grande barba branca e cabelos também brancos. Usava um chapéu de cor azul e roupas da mesma cor. A roupa ia até seus pés como um vestido e tinha mangas longas.

Clara ficou estática olhando o homem.

— Sabe quem sou agora?

— Acho que sim...

— Quem sou eu?

— Merlin.

O homem sorriu.

— Muito bem! Acertou.

— Por que estou aqui conversando com você?

— Eu que te dei o dom que tem.

— E pode tirar?

O homem colocou um dedo na boca e olhou para cima como se pensasse.

— Talvez.

— O que eu preciso fazer para tirar?

— Por que quer tirar?

— Não quero ser do mal.

O velho ficou em silêncio a olhando e sorriu de lado.

— Escolha a porta.

— O que quer dizer a porta?

— Uma é o lado das trevas e a outra o da luz.

Clara olhou as portas. Eram idênticas. Nada dava pista de que seria boa ou ruim.

— Como saberei qual é a da luz?

— Use seu sexto sentido.

— Como?

O homem não respondeu e deu espaço a ela. As duas portas estavam ali e ela não sabia o que fazer. Temia abrir a porta das trevas sem querer. Como faria?

Olhou para trás e o velho bruxo ainda estava ali a olhando.

— Não tema. Preste atenção...

Clara virou de frente para as portas de novo e respirou fundo. Ela se aproximou de uma das portas e ficou olhando. Na porta que estava em frente, ela escutou algo como que uma conversa. Ouvia ela conversando com Alyce. Falava dos alunos de Hogwarts e tudo que falaram dela quando não esteve no castelo. A menina se aproximou para ouvir melhor.

— O que eles falavam, Alyce?

— Falavam que você era perigosa e que ia acabar matando a todos. Também falavam que não era desse mundo e deveria ser morta.

— Mais alguma coisa?

— Acho que não... Por quê?

— Nada.

Clara se afastou da porta. Que coisa estranha era essa? Sentiu a raiva e obsessão que ela falava com Alyce através da porta. O que isso quer dizer? A vontade e desejo de vingança eram grandes ali.

Foi até a outra porta e se aproximou. Também era uma conversa, mas ali tinham seus pais e namorado.

— Eu vou te matar, moleque! — era Draco ameaçando Enrico.

— Draco para com essa merda! — Hermione falou alto. — Não é hora pra brigar!

— Como você quer que eu fique depois disso tudo?

— Conforme-se!

— Impossível! — gritou.

A menina piscou com o grito e se aproximou mais da porta.

— Eu disse para não tocar na minha filha!

— Só que eu não fiz nada a força! — Enrico respondeu.

— Parem com isso que droga! — era a voz dela mesma e parecia chorar.

A menina se afastou das portas.

— Eu não entendo...

— O que?

— O que são essas coisas que ouvi?

— Futuros.

Clara o olhou confusa.

— Continuo sem entender...

— Qual deles você quer que aconteça?

— Nenhum deles me pareceu bom...

— Por quê?

— Em um estou com um desejo enorme de sangue e no outro meu pai briga com meu namorado e eu nem sei porque.

— Entendo. Só que você tem que escolher um deles. Qual prefere? Você com sede de sangue ou eles brigando?

Clara ficou em silêncio pensativa. Se ela escolhesse a conversa com Alyce, com certeza ia atrás das pessoas que falaram mal dela... Mas se escolhesse a porta em que seu pai briga com Enrico, ficará mais preocupada em separar eles do que se vingar. Só que não queria seu pai brigando com Enrico, pois quando Draco cisma com alguém, já era...

E agora?


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