– Kagome, minha filha, acorde... – A mãe de Kagome sussurrava durante horas aquela frase, sempre com a esperança de que a pequena fosse ouvi-la. E foi o que aconteceu. Kagome abriu lentamente os olhos, parecia que tudo estava girando, sua mente estava uma bagunça. Ela viu um rosto familiar a fitando, e reconheceu depois de um tempo e esforço.


– Ma-Mamãe? – A pequena perguntou, num fio de voz.

– F-Filha... – A mãe limpou as lágrimas que escorriam dos seus olhos. –  Que bom que você acordou!

– O que? Onde eu estou? – Kagome olhou ao seu redor. Viu que estava em um quarto branco, e o cheiro de álcool definitivamente estava impregnado no recinto, o que a incomodou um pouco.

– Estamos no hospital, Kagome... – A mulher disse com a voz cansada.

– Hospital? O que aconteceu comig...? - Kagome nem teve tempo de terminar a frase. Logo, vários ''flashs'' passaram pela sua mente. Ela viu perfeitamente o carro indo em sua direção, ela gritou e só teve tempo de fechar os olhos, temendo a morte. Nesse momento, ela viu a imagem de um garotinho de cabelos prateados, sorrindo para ela. Mas ele se distanciava, e ela não o reconhecia. Ela não queria que ele fosse embora, seu peito doía, mas sua mente não encontrava o nome dele, muito menos uma lembrança. A imagem começou a se desfazer, e Kagome se desesperou.

– NÃO! – Kagome começou a se debater na cama. – VOLTA! Por... favor... – Tudo virou um borrão novamente e Kagome desmaiou.

– KAGOME! KAGOME! – Gritou sua mãe, confusa.


Bem longe de onde Kagome estava, o hanyou de cabelos prateados estava conversando com o seu melhor amigo, quando sentiu uma pontada no coração. Uma dor que nem ele sabia descrever. Ele se ajoelhou, levando as suas mãos até o peito, e começou a respirar de forma ofegante.


– Inuyasha? O que foi? – Miroku se assustou, e se ajoelhou ao lado do hanyou. Aos poucos, a dor foi desaparecendo, e Inuyasha fitou o amigo como se não estivesse sentindo nada. Não queria preocupá-lo.

– N-Nada Miroku... Estou bem... – O hanyou sussurrou, forçando um sorriso. – Foi só uma tontura, eu acho.

– Acho que você precisa de uma namorada, cara... Você anda muito estranho. – Obviamente, para Miroku, mulher era a solução de todos os problemas.

– V-Você acha? – Inuyasha já sabia sobre o jeito de Miroku, mas estava começando a achar que talvez fosse melhor ele tentar agir como um pré-adolescente normal.

– Sim! E digo mais, acho que a Kikyou seria perfeita pra você. – O moreno abriu um largo sorriso. Inuyasha ficou um pouco sem graça ao se lembrar dela.

– A... Kikyou? – Ele desviou o olhar, fitando um ponto qualquer no chão. Estava confuso. Seria certo ele escolher uma garota que, apesar das diferenças, era tão parecida fisicamente com o seu primeiro amor?

– É! Ela é bonita pra caramba, e parece que ela gostou de você! Se quiser, eu posso falar com ela. – Miroku estava radiante, já se sentindo um cupido.

– Não sei se é uma boa idéia... – Inuyasha se sentia inseguro. Afinal, apesar de tudo, ainda tinha um pouco de desconfiança sobre as pessoas.

– É sim, vou marcar um encontro! – Miroku se levantou, já pensando num plano para falar com a Kikyou. Inuyasha acabou rindo da expressão facial do amigo.

– Ah, Miroku... só você mesmo! – O hanyou se divertiu com a situação, apesar das confusões em sua mente.

– Haha! O cãozinho aqui finalmente vai marcar seu território! – Miroku saiu correndo, dando altas risadas, deixando Inuyasha levemente corado e de mau humor para trás.

– ISSO NÃO TEVE GRAÇA! – Berrou Inuyasha para que Miroku (e o colégio inteiro) ouvisse.


Quando Miroku se afastou, e o hanyou estava mais calmo, ele começou a pensar em como Miroku iria marcar o tal encontro. De fato, a Kikyou era uma garota muito bonita. Um encontro não iria prejudicá-lo em nada... ou iria? De repentes, duvidas começaram a assombrar os pensamentos do hanyou. E se Kikyou fizesse com que ele esquecesse Kagome? Mas talvez ele jamais a encontrasse novamente, talvez aqueles sentimentos que ele tanto alimentava só passavam de uma ilusão...


– Uma bela ilusão... – O jovem hanyou sussurrou para si mesmo.