Akai Ito escrita por Karol Montblanc


Capítulo 53
You are the reason


Notas iniciais do capítulo

Olá, será que ainda se lembram ? >.



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Capítulo LIII,

Eu escalaria todas as montanhas e nadaria todos os oceanos só pra estar contigo, e consertar o que quebrei. Oh, porque eu preciso que você veja, que você é o motivo.

Você é o motivo

Esticou os braços à procura do corpo quente que havia passado a noite ao seu lado, quando não o encontrou abriu os olhos para vasculhar o quarto, apenas confirmando o que já sabia. Virou-se de barriga para cima, fitando o teto, pareceu mais interessante do que tentar imaginar que motivo faria Naruto sair cedo sem avisá-la.     

Suas mãos pousaram sobre a barriga, ainda pequena, poderia sentir que seu bebê crescia tão forte e resistente quanto ela, e tão logo correria pelos corredores do dojo, onde todos os acontecimentos trouxeram o orgulho de ter vencido. Agora sua recompensa estava ali simbolizando o recomeço e a paz que almejava para o clã, para si mesmo e principalmente seus pais.     

Pensar tanto a deixou preguiçosa naquela manhã demorando a levantar, deveria preparar-se para seus deveres o quanto antes. Tomou banho e se vestiu, pronta para sair, mas alguém bateu em sua porta antes.  

─ Sou eu, Kurenai. Está acordada? - ouviu a voz da mestra. Rapidamente abriu para recebe-la.    

─ Eu já estava me preparando para ir – adiantou em dizer.     

─ Antes podemos conversar? - o tom manso deixou a Hyuuga desconfiada, mas a curiosidade foi inevitável.    

─ Claro. Entra - ofereceu passagem, após fechando a porta – Pode se sentar – apontou para o pequeno sofá.

─ Como você está? - perguntou primeiro.    

Hinata procurou o espaço vazio para se sentar, ponderando antes de responder.

─ Ainda estou assimilando tudo o que aconteceu, mas estou bem. E você, como está? – respondeu.    

─ Também me sinto da mesma forma. Que bom que está bem.     

─ Sim - concordou.    

Antes que o silêncio pudesse perdurar e trazer desconforto, Kurenai estendeu as mãos com intuito de que a Hyuuga as segurasse.    

─ Hinata, quero que me veja como sua mestra, assim será mais confortável para nós duas. Nada irá mudar. Continuaremos com os treinos, e eu sempre vou auxiliá-la – disse.   

Mesmo que estivesse uma ao lado da outra havia um abismo que impedia de se aproximarem.      

─ Eu sei que será difícil superar tudo que passou, acredito que você é uma mulher forte para aguentar com destreza e saberá como transformar suas cicatrizes em palavras de sabedoria.    

─ Eu não posso - murmurou, balançando a cabeça. Incapaz de esconder seu descontentamento, Hinata se pôs de pé caminhando de um lado ao outro enquanto falava - Como você consegue ser tão fria? Eu imaginei esse momento várias vezes desde que soube. Nunca consegui decidir se te abraçaria ou pediria desculpas. E agora estamos aqui, e você não consegue demonstrar o mínimo de emoção - despejou.  

─ Não tente tomar o caminho mais difícil. Não estou aqui para receber desculpas, principalmente vindas de você. Não espero que me entenda. O que aconteceu está no passado.    

─ Verdade?  Você pode olhar nos meus olhos e dizer que todo sofrimento que passou ficou no passado?  Consegue dizer que no seu coração não há um pingo de ódio? Pessoas que você acreditava estar protegendo tiraram tudo que tinha, família, amor e seu bebê. Nem mesmo você Kurenai poderia perdoar e viver em paz com esse caos – ela estava furiosa, a angústia transbordava em seu olhar, não havia um músculo do seu corpo que não estivesse tremendo.    

─ Você parece ter a resposta exata para esta pergunta. Diga-me, como deveria agir? - perguntou, com uma tranquilidade incomum.    

─ Sei lá. Exponha o que sente, ninguém vai julgá-la, não será mais fraca por isso, mostra apenas que também é humana. Grite, xingue, não sei.... - ela abriu os braços levando as mãos ao cabelo, nervosa - Faça alguma coisa, qualquer coisa, mas não diga para mim que se sente bem.    

─ Você pode se sentar? – pediu, mas ela não o fez, continuando a andar em círculos – Hinata, escuta, ações do passado tiveram suas consequências. Tanto Haiato quanto Mesaren já não fazem parte deste mundo. E isso minha hime, eu não posso negar que trouxe um grande alívio para o meu coração. Eu já senti muito ódio por anos, intermináveis noites planejei minha fuga ou minha própria morte para calar a dor, mas suportei tudo. Você sabe por quê? – seu olhar ficou perdido em detalhes do passado que nunca iria esquecer, a época que não tinha nada além de uma foto e a si mesmo.  

─ Por quê? - a pergunta cheia de curiosidade veio logo a seguir, quando despertou Kurenai do devaneio.   

─ Para encontrá-la - disse com doçura - Eu precisava vê-la novamente com meus próprios olhos, apenas saber por meio de Hiashi que estava bem poderia trazer alívio, mas nunca seria suficiente se eu não pudesse pegá-la no colo, segurar suas mãos e olhar em seus olhos.   

─ Por que não me disse? - seu tom soou acusatório.   

─ Você não acreditaria – afirmou imediatamente - Eu tinha certeza que poderia levar a verdade comigo até o dia da minha morte. Não contava com o sentimento que sua presença traria. Foi muito mais difícil do que imaginei - confessou ela, sem medo de mostrar sua vulnerabilidade.  

─ Mesmo? Você sempre pareceu durona e cruel para mim – disse, arrancando um sorriso da mulher que admira – O que sentiu quando me viu?  

O interesse aproximou natural a Hyuuga, ela tinha sede para saber mais, portanto, logo estava sentada no chão diante de sua mãe, com os olhos cravados a sua imagem.  

─ Antes da sua chega, Hiashi perguntou se eu poderia treiná-la. Eu estava determinada a convencê-lo de que seria má ideia, mas ele foi bastante persistente. Quando vi a mulher que se tornou senti raiva por ter perdido tanto. Você se parece com seu pai, não há nada fisicamente meu - contou, contornando com o olhar os traços do rosto da filha, memorizando cada detalhe - Após observa-la durante algum tempo percebi que pudesse estar errada. Pode ser difícil para que entenda, que minha dor se foi no momento em que a vi passar pelos portões.  

─ Mas eu entendo. Agora eu sei exatamente o quão devastador deve ter sido. Eu... eu simplesmente não posso imaginar o que faria em seu lugar, mas sei que não conseguiria ser tão extraordinária quanto você foi, mesmo quando decidiu guardar para si a verdade, suas ações foram como as de uma mãe.   

─ Eu não mereço o título de mãe, mas fico feliz em ouvi-la dizer - o tom tímido cheio de vergonha não pareceu combinar nenhum um pouco com a sua personalidade, embora fosse extremamente raro, o brilho radiante em seu olhar mudou tudo.   

─ Você merece muito mais. Eu gostaria de poder fazer algo para que se sentisse bem. Existe alguma coisa que queira? - indagou ansiosa, disposta a qualquer que fosse o pedido.  

Kurenai sorriu, antes de acariciar o topo dos cabelos negros dela, com o intuito de tranquilizá-la.   

─ Hinata, continue crescendo dentro das suas convicções, agora suas ações são como reflexo para aqueles que viram sua força. Seja grandiosa com a sua gentileza. Que seus olhos se encham apenas de amor. E se for para ser impetuosa que seja para sanar com a injustiça. Crie hábito disso e será o primeiro passo como um bom ser humano deve ser – ditou sua vontade.  

─ Eu vou, obrigada – a ternura no toque daquela que a gerou preencheu seu coração e lhe coragem para dizer sobre algo que planejava já a algum tempo - Kurenai-sama… Não, Kurenai, quero fazer um pedido para redimir os danos que sofreu, tanto físicos quanto emocionais, e também para recompensá-la por sua bravura e benevolência ao clã, eu, a futura líder Hyuuga, dou-lhe um título importante que deve honrar por toda sua vida - a firmeza em sua voz se perdeu no instante em que segurou a mão da mestra para trazê-la até sua barriga. Seus olhos transbordavam já banhados em lágrimas - Seja a avó do meu bebê.  

Ela não reagiu imediatamente. Por um instante Hinata achou que Kurenai não havia entendido.  

─ Não há outra pessoa que possa ocupar este lugar. Por favor? Está me ouvindo? - a expressão ilegível da mestra a fez recuar, assustada - Kure-

─ O que disse? Você não pode me contar desta maneira, tão abrupta - finalmente respondeu. Indignação e surpresa escondia sob sua voz.  

─ Eu iria esperar até que estivessem todos reunidos, foi inesperado, mas este é o meu único desejo. Por favor Kurenai-sama – implorou    

─ Garota tola. É claro, eu irei proteger com a minha vida essa criança - jurou solene - Mas não seja imprudente, há muita responsabilidade.  

─ Eu sei – assentiu, sorridente.

─ Ótimo, precisamos levá-la para se alimentar. Aproveite o tempo livre pela manhã para comunicar ao seu pai e os outros. Eu cuidarei das aulas - disse enquanto caminhava até a porta.  

─ Kurenai - chamou antes que ela pudesse ir - Obrigada. Por tudo - lágrimas de emoção transbordou em seus olhos sem que pudesse controlar.  

A mestra imediatamente retornou, tomada pelo sentimento de abraçá-la, tão logo envolveu a Hyuuga em seus braços, afagou suas costas e sussurrou docemente que tudo estava bem agora. Inesperadamente foi o suficiente para que Hinata caísse em prantos.

─ Está tudo bem - segurou o rosto dela nas mãos - Se conseguir ficar calma, mostrarei algo muito importante para mim.   

─ O que é? - fungou, acalmando aos poucos.  

─ Uma foto - respondeu, enxugando a linha de lágrimas que havia se formado no rosto da filha - É o meu bem mais precioso.  

─ Acho que eu a vi uma vez de relance. Me mostra?   

Kurenai colocou a mão em seu bolso tirando com cuidado a foto antiga. Seu olhar pousou sobre as pessoas na imagem, já havia visto tantas vezes que decorou cada detalhe. Ela e Hiashi eram jovens, teimosos e ingênuos, porém felizes. Seu sorriso estava ali enquanto abraçava a própria barriga, como se alguém pudesse arrancar o bebê de seus braços.  

─ Vocês eram tão novinhos - observou, incapaz de esconder o sorriso e a admiração - Vocês se amavam, mas não tinham a menor ideia do que os esperava no futuro. Eu gostaria de voltar no tempo e consertar tudo - o pesar em sua voz provocou o choro mais uma vez.  

─ Se fizesse isso, nunca teria conhecido Naruto, por sua vez, não estaria grávida agora. Sacrificaria seu presente para mudar o passado? - Perguntou. Hinata ficou emudeceu, a confusão em seu olhar dizia tudo - Foi o que imaginei. Não pense que suportei tudo por nada, lutei antes e posso continuar lutando agora. O que eu quero de verdade, é que você siga o seu caminho.  

─ E eu vou, Kurenai-sama.  

Após concordar, um abraço selou a promessa. A seguir, a porta foi aberta sem aviso, revelando Naruto, com um sorriso radiante dançando em seus lábios. Tão logo percebeu a presença de outra pessoa.

─ Oe, pensei que a Hina estivesse sozinha - lamentou, intercalando entre uma e outra – Atrapalhei vocês? - perguntou, trazia consigo uma bandeja com o café da manhã.  

─ Já era hora. Estava de saída - seu olhar afiado foi direto para o loiro, antes de tomar a frente - É bom que esteja fazendo isso direito, Uzumaki – sussurrou somente para ele ouvir, a seguir deixou o quarto.  

─ Acho que ela já sabe, não é? - recebeu um sorriso encantador da Hyuuga em resposta – Talvez eu tenha que treinar um pouco mais antes de contar para o seu pai e Neji.  

Ele deixou a bandeja sobre a mesinha de centro, para então voltar a fita-la.  

─ Vem cá - ela abriu os braços para ele, que veio correndo envolver sua amada e beijá-la nos lábios - Se eles tentarem alguma coisa, terão que me enfrentar, e duvido que Kushina deixaria.  

─ Minha mãe não é normal, Hinatinha – afirmou, lembrando a ela quem era sua a Uzumaki – Conversar com a Kurenai te fez bem, você não para de sorrir. Agora vocês são mãe e filha, ou como é que é?

─ Acho que sim. Esclarecemos muitas coisas – respondeu.

─ Fico feliz por vocês - disse a ela, arrastando um beijo suave sobre a têmpora - Eu trouxe seu café. Tem um monte de coisas, não se assuste, minha mãe ficou bem empolgada com a notícia.

Hinata riu, mas suas bochechas não esconderam a vergonha.

─ Você contou mesmo a Kushina? - ele assentiu, e ela corou ainda mais - Bem, eu iria sair mesmo para comer, obrigada – ela o beijou, demorando em desvencilhar dos seus braços.

─ Então vem, eu vou alimentar vocês - levantou e estendeu a mão para ela, convidando-a.  

oOo

Há poucos dias o clã inteiro estava a par da novidade, o casamento foi recebido com muita alegria e alvoroço, todos queriam participar dos preparativos, delegando uma nova tarefa para liderar. Hinata mais uma vez foi posta à prova de suas habilidades, desta vez conduzindo uma grande celebração.   

Ao sair de seu quarto pela manhã estava perdida a quanto por onde deveria começar, não tinha ideia alguma do que faria primeiro. Não sabia nada sobre casamentos tradicionais. Suspirou, caindo sentada sobre o banco diante da fonte. A alegria no olhar deu lugar a preocupação.  

─ Hinata-sama! - ouviu Yu chamar e vir em sua direção - Que bom que a encontrei aqui.

Antes mesmo de recuperar o fôlego, ela inclinou tocando os pés da lider, demonstrando seu respeito,

─ Bom dia, Yu-san. Sabe que isso não é necessário – a segurou pelos ombros colocando-a de pé - Aconteceu alguma coisa? - desconfio da garota agitada.  

─ Desculpe, sempre me esqueço que não gosta de formalidades. Você é tão diferente – comentou, balançando a cabeça fingindo cansaço de tal atitude.

─ Eu não sou melhor que ninguém, muito menos capaz de abençoar o caminho de outras pessoas. Fiz isso no início quando seguia ordens, mas agora, não serei manipulada outra vez. É assim que precisa ser – explicou- Então, o que tinha para me contar?  

─ Ah, bem, Uzumaki-san foi ao seu quarto, mas não a encontrou – disse.  

─ Naruto quer falar comigo? Por que?  

Franziu o cenho, estudando a garota, tentou pensar em algo que pudesse ter esquecido de fazer, mas nada veio em sua mente.  

─ Ele pediu para dizer que vai cuidar de tudo, não é para se preocupar – contou.

─ Como? - questionou, não compreendendo – Do que está falando Yu?

─ Seu casamento, Hinata-sama. Não deverá ver o noivo, nem as preparações até que tudo esteja pronto. Se tentar algo, Kushina e Kurenai-sama estão prontas como cães de guarda para impedir – repassou o que lhe foi dito. Quando olhou para a Hyuuga, ela estava em choque – Hinata-sama? Está me ouvindo, Hinata-sama? - passou a mão diante dos olhos dela, mas a líder sequer piscava.

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Quatro meses depois  

─ Oi. Onde está agora? - perguntou Sasuke assim que ela atendeu.  

─ A caminho do hospital. E você? - respondeu.  

─ Estou saindo para comprar meu jantar. Aposto que é a médica mais sexy que já viram – disse, ganhando o som sonoro da gargalhada dela.  

─ Residente, Sasuke. Eu ainda não me formei - corrigiu - Vai comer fast-food outra vez?

─ Sim, eu sei, estou sendo um menino mau, irá me castigar doutora?  

─ Só estou preocupada com você.  

Ele deu uma risada.  

─ Não reclamo disso, na verdade amo a ideia de ter uma médica particular. Estou com saudade – sussurrou

─ Eu também, não vejo a hora de você estar aqui comigo.

─ Estou louco para voltar. Ficar esse tempo longe de você foi um inferno. Temos muito para resolver assim que eu chegar. Ouviu?

─ Nós temos? - perguntou, cheia de curiosidade e dúvida.  

─ Acho que está na hora de falar com seus pais, sobre nós. Já tem algum tempo que venho pensando sobre isso.  

Ela ficou em silêncio, não queria demonstrar seu nervosismo, segundos depois respondeu.

─ Sakura? - chamou apreensivo.

─ É o que mais quero, Sasuke. Quero que tudo aconteça como deve ser, sem ninguém para nos impedir.  

─ E não vai. Eu vou garantir que seja exatamente como você quiser.

─ Eu não queria desligar agora, mas acabei de chegar no hospital, preciso ir trabalhar – o tom tristonho na voz dela deu coragem a ele para finalmente contar o que vinha segurando.

─ Sakura, amanhã vou estar no primeiro avião, conte com um convidado para o Jantar.

─ O que? Sas-

─ Estou com vontade de você, agora. Tente trabalhar pensando nisso.

Depois que desligou, ficou olhando para o telefone, incapaz de esconder o sorriso torto.  

oOo

Após passar os últimos meses em Londres trabalhando arduamente para a empresa do pai, logo que cumpriu com seus deveres e prosperou em diversos fatores, tanto na profissão que exercia quanto no próprio crescimento da filial, o jovem Uchiha retornou ao lar. No entanto, havia assuntos pendentes a serem resolvidos que não poderia esperar. O Que não agradou nem um pouco a matriarca. Agora ela está ali no meio da sala, batendo os pés freneticamente no carpete com os braços cruzados sob o peito.  

─ O que você quis dizer quando disse que precisa falar com Sakura primeiro? Eu não consigo entender por que eu como sua mãe não posso planejar o seu casamento e construir sua casa - a determinação nos olhos de Mikoto destruiu qualquer fio de esperança que havia em Sasuke e seu pai de findar aquela conversa tranquilamente.  

O marido suspirou, cansado, antes de dizer pacientemente.   

─ Mikoto, não vamos prosseguir com essa conversa. É a vida deles, deixe-os.  

─ Eu quero resolver isso hoje, então por favor, diga logo que desiste desta ideia absurda – insistiu outra vez, testando a paciência do marido.   

Ele, por sua vez, levou as mãos à cabeça pressionando a têmpora, onde massageou até que pudesse encontrar as palavras certas para continuar.   

─ Não faz nem duas horas que você estava mimando esse menino. Ele acabou de chegar, deixe-o descansar, está questão pode esperar - foi objetivo, tão claro quanto água.   

Mas a esposa teimosa rebateu rápido, sua voz explodiu na sala como trovão.   

─ Não! - ela protestou, batendo um dos pés no chão - Enquanto Sasuke não disser o que quero ouvir, não vou deixar que aconteça um casamento mal planejado sem todo glamour que os noivos merecem envolvendo o nome da família Uchiha – então ela se sentou concretizando o que havia prometido.    

Fugaku avaliou a mulher, balançando a cabeça em seguida, era como se ela não tivesse escutado uma só palavra do que foi dito, ou simplesmente esteve ignorando por pirraça, já conhecia este jogo. Antes de voltar a falar, buscou o olhar do filho mais novo, aquele que deveria estar resolvendo seus próprios problemas, mas o mesmo não demonstrou o mínimo interesse, julgando ser perca de tempo argumentar.    

─ Quanta teimosia - contrapôs, e se sentou também, se livrando temporariamente da atenção dela.   

Os olhos de Mikoto brilharam de raiva, antes de girar o pescoço em direção ao filho e soltar um grito estridente.   

─ Sasuke, me responda agora mesmo, estou falando com você! - o tom sombrio da mãe o fez recuar no sofá, ela praticamente tentou perfurar sua alma com os olhos.   

─ Mikoto - o empresário ponderou, mas já era tarde demais.  

Ela o cortou antes que pudesse defender o filho após jogar o mesmo nas garras da leoa.   

─ Quero ouvir da boca dele - intimidou o caçula.  

─ Para de drama mãe. Fui ingênuo em pensar que entenderia, mas estava errado. Eu tenho outros planos sim, e dai? - ele sabia que ela não esperava ser contrariada, sua resposta apenas a incitou ficar mais furiosa.   

─ O que quer dizer com outros planos? - ela estreitou os olhos, a pergunta soou como um desafio, o modo mãe obstinada acabará de ser ativado.   

─ Mãe, ouça, eu quero começar uma família com Sakura. Estive vendo alguns apartamentos perto da faculdade e do hospital onde ela é residente agora. Tudo vai acontecer de acordo com o nosso tempo, sem a sua ajuda - começou ele com cautela, ao mesmo tempo tomando proporções grandiosas de suas decisões.  

Ela não havia escutado aquilo, havia?   

No mesmo instante a Uchiha sentiu o sangue ferver, o coração palpitar, a pressão ir ao céu e voltar como um meteoro e explodir sobre sua cabeça. Com as mãos cobrindo os ouvidos ela se negou a acreditar.   

─ Não, não, NÃO! Você não pode me excluir da sua vida assim, de jeito nenhum. E que planejamentos são esses? Quando isso aconteceu? Onde fica esse apartamento? Que bairro? Você nem deve saber se este lugar é perigoso. Por isso vou construir sua casa como a de Itachi e Washu, será uma mansão maravilhosa com tudo que vocês merecem, e ainda melhor, do outro lado da rua. E é assim que tem que ser.   

À medida que Mikoto falava seu sorriso crescia, imaginando cada detalhe do futuro, tanto o casamento quanto a casa onde o casal iria morar, assim como foi com primogênito. Entretanto, o que ela não poderia prever é que a teimosia e falta de papas na língua herdada ao filho mais novo seria usado contra ela.  

Sasuke ficou em pé diante da mãe, seu semblante, agora, assemelhava ao dela, completamente obstinado em permanecer até o fim.  

─ Para de decidir a minha vida, não vou admitir que interfira como fez com Itachi. Será que ainda não aprendeu? - sua voz cresceu conforme falava, assustando até mesmo o pai.  

─ Sasuke, abaixe seu tom agora mesmo! - exigiu o Uchiha, que se colocou à frente da esposa e afastou o filho - Não tem necessidade de chegarmos ao extremo,  Mikoto.

Ainda que estivesse sendo contrariado, Sasuke virou-se com as mãos na cabeça bagunçando o cabelo, quando ouviu a mãe dizer.  

─ O único que precisa aprender algo aqui é você, meu filho. Eu já me decidi e este casamento vai acontecer do meu jeito.  

─ É por essas e outras que meu irmão quis se casar em Las Vegas, é a única forma de ter o que quer longe de você e essa mania obsessiva de dar a última palavra - disse ele cheio de rancor, ainda de costas para os pais - Se é isso que você quer - finalmente olhou para eles, constatando o espanto em seus rostos - Você venceu.   

─ O que disse? Meu f-filho… Meu Itachi vai se casar em… Las vegas? - balbuciou atordoado com a notícia, foi preciso o marido segurá-la para não ir ao chão.   

Sasuke acompanhou o estado de choque da mãe totalmente abalada, agora era tarde demais para arrependimentos, excedeu ao nervosismo e acabou falando mais do que deveria, o segredo que o irmão implorou para não ser dito em hipótese alguma a matriarca antes da cerimônia, foi revelado facilmente.   

─ Itachi enlouqueceu?  Onde ele e sua noiva estão com a cabeça?  Um pedaço de papel tem tanta importância que a família foi deixada em segundo plano. Isso eu não vou admitir - disse Fugaku decepcionado.  

─ Deixe querido. Os filhos crescem e na primeira oportunidade vão embora, sequer tem a preocupação em dizer que vai se casar. Itachi que me aguarde. Las vegas? - riu - Só por cima do meu cadáver - despejou sua irá.

─ Me desculpe. Não era desse jeito que vocês deveriam saber - não recebeu um único olhar dos pais. Ele respirou fundo e soltou violentamente - Mãe, pai por favor, não é minha intenção desapontar vocês. Eu fui muito egoísta, não via os seus esforços em nos querer bem. Hoje eu vejo, por isso quero pedir para que deixem meu irmão e eu tomar nossas decisões de agora em diante, precisamos disso para crescer, e no mínimo chegar tão longe quanto vocês. Se encontramos a mulher certa, apesar de toda loucura, foi porque vocês nos mostraram como se faz. Eu sei que cometi muitos erros, não fui o melhor filho, nem o melhor irmão, mas estou disposto a recompensar.  E quanto a decisão de Itachi e Washu, conversem para tentar compreender as razões deles, eu não acho que apenas o jeito da nossa mãe tenha sido a causa.

─ É bom esse menino ter uma boa razão, ou vou acabar com a alegria dele - a raiva brilhou em seu olhar, enquanto sua mente funcionava.

─ Acalme-se Mikoto, não vamos acabar com ninguém - tocou o ombro da esposa, passando por ela - Venha cá filho - de braços abertos, chamou para abraçá-lo – Está tudo bem – sutilmente emocionado deu tapinhas sobre o ombro.

Logo ambos sentiram os braços da Uchiha envolver suas cinturas, ela os apertou o máximo que poderia, chorosa, rendeu-se pela primeira vez.   

─ Meu bebê, eu te amo tanto - declarou, enchendo o rosto dele de beijos - Te amo muito meu pequeno Sasuke. Eu mal percebi o quanto cresceu - com todo carinho que cabia em seu coração, voltou a dizer - Eu não quero mais brigas. Se Itachi decidiu assim, tão ingrato com sua própria mãe, quero saber o porquê. O seu casamento também, não posso garantir que irei ficar apenas olhando, mas prometo que serei mais compreensiva com as suas escolhas. Está bom assim?   

─ Sim. Obrigado. Eu também - igualmente emotivo, abraçou os pais com paixão.  

─ Também o que, bebê? - ergueu os olhos astutos e arqueou a sobrancelha.

─ Também amo vocês - sussurrou o que a mãe queria ouvir.

Ela sorriu satisfeita. A harmonia voltou a reinar entre eles, dando início a uma nova história.   

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─ Eu vou matar você! - o tom sombrio de Itachi era algo inédito, até mesmo para Sasuke, que pensou em poupar mais discussões contando a verdade.  

Entretanto, a ira na voz do irmão, foi o alerta para que deixasse a sala da residência e sumisse o mais rápido possível. Tropeçando nos próprios pés, se jogou atrás do sofá, para se proteger do homem raivoso que se aproximava.   

─ Itachi, foi sem querer. Eu estava cansado das atitudes dela. Você sabe, não tenho tanta paciência quanto você - tentou justificar, só que o fato de tentar se esconder atiçou ainda mais o irmão.  

─ E eu com isso? Eu pedi sigilo, Sasuke. SI-GI-LO! Mas a sua boca grande acabou com tudo. Meu Deus, falta poucos meses pro meu casamento e você causa essa catástrofe - ele passou as mãos no cabelo com raiva quase arrancando os fios, seu olhar voltou para o irmão, que ainda aguardava seu próximo passo em alerta.   

─ Não duvide disso, vai acontecer um cataclismo se você não sentar essa bunda ai e explicar – Mikoto passou pela porta como um raio, a passos firmes e olhar sombrio, parando diante de Itachi - Começa - ordenou.  

─ M-mãe e-eu...e-eu  

─ Sem gaguejar. Você foi homem para decidir que eu não deveria intervir no seu casamento, não foi? Agora fale olhando nos meus olhos o que passou pela cabeça de vocês para achar que eu ficaria contente com isso - questionou, não oferecendo espaço para rodeios.  

O Uchiha murchou, encolhendo os ombros.  

─ Se Itachi tivesse contado você teria surtado do mesmo jeito, como fez hoje mais cedo.  - procurou o consentimento do irmão, no mínimo uma fagulha de cumplicidade, mas o que ele fez foi ignorá-lo, apesar de tudo ainda tinha ressentimento.   

─ Fique quieto Sasuke, ou irá sobrar para você – vociferou a mãe, pronta para avançar no filho.  

A Nakamura que esteve o tempo todo calada apenas digerindo a notícia que mudaria seus planos, por fim saiu do canto da sala, aproximou ficando entre os dois homens, seu olhar compadecido recaiu sobre o cunhado.   

─ Em algum momento sua mãe saberia. Nós não pensamos direito, fomos tão impulsivos. Sinto muito - ela intercalou entre olhar no rosto de um e outro. Itachi ainda demonstrava estar furioso, mas não contrariou sua decisão - Por favor, sente-se Mikoto.

Hesitante, ela sentou.  

─ Estou muito decepcionada com vocês. No entanto, se haver uma boa razão, talvez possa compreender o que raios estão tentando fazer.  

A tensão que pairou nos próximos minutos esvaiu assim que Itachi caiu sentado no sofá soltando o ar pela boca, visto que o outro manteve distante, bateu a mão sobre o espaço vazio ao seu lado.   

─ Anda logo, senta ai - falou impaciente.   

─ Você disse que ia me matar, como posso saber se não é uma armadilha? - questionou desconfiado.   

─ Eu não vou fazer nada com você enquanto a mãe estiver por perto, se eu começar não quero ser interrompido. Senta logo! – a última frase soou como uma ordem.

─ Mãe, olha o Itachi me ameaçando – dedurou, certo que ela o defenderia.  

─ Senta logo, menino! - gritou Mikoto, perdendo a paciência. Quando viu o filho mais velho mostrar a língua para o outro, virou-se para ele – Faz isso de novo e eu amarro o cabelo de vocês dois até que comecem a ter respeito um pelo outro. E ai de quem resmungar, meu salto agulha está no jeito. Fui clara?  

Ambos sabiam que o pai sempre iria corrigi-los de maneira passional, tratando-os como homens, apenas em caso extremo apelaria para o modo convencional de quando o mesmo era criança. Contudo, apesar da Uchiha sempre sair na frente para defendê-los e ser obsessiva com a proteção dos filhos, a situação mudava completamente de figura se estivesse desapontada, seria impiedosa.  

─ Sim – ambos responderam, temendo por suas vidas.   

Os irmãos permaneceram calados durante o tempo que levou para um dos dois determinar que a quietude só deixaria o clima mais intragável. Por sua vez, Sasuke pigarreou chamando atenção.   

─ Não foi intencional contar sobre os seus planos, eu me deixei levar pelo o que a mãe dizia e acabei falando sem pensar. Sabe, quando falei aos nossos pais sobre o meu futuro com Sakura, senti alívio, tive a certeza de que estou no caminho certo. Mas também pude entender seu lado por um instante, eu não tinha ideia do que vocês haviam enfrentado para viver isso aqui, a convivência dia após dia. Desculpa ae, se eu estraguei tudo - confessou.  

Não esperava que o jovem irmão fosse compreensivo, muito menos que mostrasse estar de coração aberto, revelando espontaneamente seus sentimentos. Itachi levou alguns minutos para absorver a mudança, esticou seus lábios sorrindo e levou sua mão ao ombro de Sasuke.   

─ Acho que tudo isso teve um lado bom, olhe só para você – riu, bagunçando o cabelo do irmão, que não gostou nem um pouco e afastou-se emburrado, mas não perdeu a graça do momento.  

─ Pelo menos vocês já tem tudo pronto, não precisa se preocupar com mais detalhes do casamento - quando mencionou o assunto a seguir ganhou a atenção de Washu, que até então permanecia em silêncio.  

─ Quase tudo, na verdade, meus pais retornaram a Londres logo após o jantar, somente meu pai falou comigo, Wakemi estava muito transtornada para sequer ouvir a própria filha - respondeu.   

─ Acho que tenho sogros muito exigentes para lidar. Não se preocupe, meu amor, só dê tempo a seus pais, eles saberão que nada mais te deixaria feliz do que tê-los por perto - disse a ela, ganhando um beijo carinhoso na bochecha.   

─ Assim espero - correspondeu o carinho.  

─ Itachi e Sasuke saiam por um instante, quero falar a sós com a Washu – pediu atenciosamente. Mas nenhum deles saiu do lugar - Vão logo. Quanta desconfiança - revirou os olhos.

─ Por que nós não podemos ouvir? - perguntou o curioso Sasuke.  

─ Porque não é para seus ouvidos. Quer mesmo continuar retrucando? – arqueou a sobrancelha.  

─ Vem Sasuke. Nós estaremos na cozinha – disse Itachi sem questionar. Puxou o irmão consigo para o outro cômodo, deixando as duas sozinhas, como a matriarca queria.

─ Eles reclamam de mim, mas são tão protetores quanto eu – riu, aliviando a tensão entre elas – Washu, eu sei que é difícil compreender as ações dos pais quando até eles tem dúvida se estão certos ou errados. Você os confrontou com a verdade que guardou por anos. Com toda certeza Wakemi ficou abalada, a estrutura que ela havia criado acreditando estar correta nunca foi segura, e agora sabe disso. Tenha um pouco mais de paciência, mas não deixe de considera-los nunca, querida.  

─ Entendo. Acima de qualquer decisão deles que tenha me magoado, eles ainda são os meus pais - respondeu  

─ Sim, eles são - afirmou – Agora uma outra coisa que deve saber. Escute, meu filho escolheu você para ser sua esposa, como sempre quando decide lutar por alguém, ele não deixa por menos. Eu o criei para ser o cavalheiro que é hoje. Sua dedicação e lealdade por tudo que ama é infimamente grande. Ele é assim. E eu sei que essa ideia de casamento em Las vegas foi um ato impulsivo para impressiona-la. Porque ele a ama tanto que quis demonstrar da maneira mais absurda possível. Esse menino nunca se quer contrariou a minha palavra, mesmo quando estou errada, não existe um único momento que ele tenha sido impetuoso antes de conhecer você. Eu espero que isso não volte a ocorrer. Quando decidiu se apaixonar, ele se apaixonou completamente, agora você o tem em suas mãos.

Ela parou e apontou o dedo para a Nakamura. A determinação reverberou no olhar dela.  

─ Espero que compreenda o que quero dizer – disse, perspicaz   

─ Sinto muito, Mikoto. Pode ser mais clara? Não quero interpretá-la errado -   

─ Case-se aqui em Tóquio e eu não vou intervir em nenhuma das suas escolhas. Essa ideia de Vegas é absurda, não tem simbologia alguma, é apenas uma aventura -   

─ Entendi. Bem, eu gostaria de correr este risco. Independente desta decisão ser impulsiva ou não, Itachi propôs e ele está tão feliz com essa ideia maluca. Você precisa ver como seus olhos brilham quando estamos planejando. Eu sei que decepcionamos você, por favor nos desculpe, mas definitivamente eu não quero acabar com o que Itachi construiu.  

─ Então, vocês irão mesmo para Las vegas? - não era o fim que esperava, mesmo assim perguntou.  

Havia um pedido sincero de desculpas no olhar da Nakamura, como também não escondia a determinação a escolha que fez.  

─ Sim. E eu quero você lá. Porque mais do que uma sogra, você me acolheu e cuidou como uma mãe. Eu a amo como se fosse minha mãe.

Quando as lágrimas começaram, a Nakamura não conseguiu mais parar. Receber a afeição maternal, a fez desmoronar, não era algo que conhecesse, mas ansiava. Os braços de Mikoto ao seu redor fizeram o choro correr intensamente.

─ Oh, querida. O que são essas lágrimas? Deixe disso. Eu nem estou mais chateada – ela enxugou as lágrimas abaixo dos olhos com os polegares e retirou alguns fios que acabou grudando no rosto dela.  

─ Desculpe, eu não queria... – deixou escapar um soluço.  

─ Shhh. Tudo bem.  

Começou a dizer algo quando os dois filhos voltaram. O olhar de Itachi desviou de Washu para a mãe, a ansiedade deu lugar a raiva.

─ O que acabou de acontecer aqui? Eu deixei vocês um minuto sozinhas e você a faz chorar, o que foi que falou para ela? - exigiu, com uma advertência na voz.

─ Eu falei o que deveria ser dito, quer goste ou não. Ficou bravinho? Vai gritar? Eu tenho algo para dizer a você, querido - se levantou para encarar o filho mais velho de perto - Continue e você conhecerá a mãe que tem - rosnou ela.  

O peso das palavras caiu sobre os ombros dele, que reconheceu a ansiedade em suas ações.  

─ Mãe eu só… eu só… Me desculpe.  

─ Muito bem bebê, eu desculpo - segurou as bochechas entre as mãos apertando até que ficassem vermelhas, depois o soltou - Agora, se quer saber o que aconteceu, pergunte a minha querida nora. Como tudo já foi esclarecido, estou indo embora.  

─ Acho que o casal aqui tem muito o que conversar. Eu vou com você - disse Sasuke

─ Ótimo, então vamos. Preciso descansar, vocês consumiram toda minha energia por hoje - ela abanou a mão em uma despedida rápida, antes de deixar a casa.  

Após ficarem sozinhos o casal se aconchegou no sofá, ela com a cabeça sobre o ombro dele e ele abraçado a ela.  

─ Você estava tão bravo, acho que nunca o vi assim, nem mesmo no jantar com meus pais – comentou enquanto desenhava algo sobre o peito dele.  

─ Alguma coisa despertou em mim quando a vi chorando. Minha mãe pode ser muito maldosa quando quer.

─ Ela não foi maldosa. Sua mãe está sendo apenas ela mesmo - apaziguou qualquer inquietação que ele pudesse ter.  

─ O que significa que está tudo resolvido? Eu tenho certeza que dona Mikoto não aprovou nossos planos, se não teria vindo aqui com o intuito de nos fazer mudar de opinião - perguntou  

─ Mikoto é um amor. Nosso casamento vai acontecer do jeitinho que planejamos, era por isso que eu estava chorando – explicou, concentrada no que escrevia com seu dedo.

Ele ergueu o queixo dela para encontrar seu olhar.

─ O que está tentando desenhar? - questionou curioso.

─ Um coração com meu nome dentro – respondeu, ela desvencilhou da mão em seu queixo para continuar com o que fazia.

─ Você sabe que não precisa – ele colou a boca no pé do ouvido e soprou – Meu coração sempre será seu – suavemente tocou dois dedos sobre a testa dela, que foi incapaz de esconder o sorriso.

─ O meu também sempre será seu, Itachi – olhos nos olhos e não demorou para unir seus lábios em um beijo.

oOo  

Há horas se preparava para o encontro com os pais da Haruno, prometendo ser uma noite especial, principalmente para ela, a mulher que domou seu coração rebelde.   

O tempo que levou para estar pronto foi preenchido pela presença da Uchiha enquanto via o filho andar de um lado ao outro pelo quarto espaçoso, não emitiu nenhum comentário, atraindo a curiosidade de Sasuke. Ele que saia do banheiro parou ali mesmo com os braços cruzados, ela parecia perdida demais em seus pensamentos para perceber que estava sendo observada, então cortou o silêncio.   

─ Ainda está pensando sobre Itachi? Acho que desta vez a batalha está perdida - chutou e como resposta recebeu um gesto negativo dela.   

─ Quando tiver seus filhos entenderá. Deixemos isso por hora. Não é somente em Itachi que penso. Venha aqui - bateu a mão sobre o espaço na cama ao seu lado.   

Sasuke deixou o batente para acalentar do carinho no colo da mãe, o afago em seus cabelos começou suave trilhando caminhos imaginários, tão logo relaxou, beirando a sonolência, quando a voz dela soou branda.   

─ Eu tentei protegê-lo de tantas maneiras desde que nasceu, agora não posso evitar de me sentir injustiçada. Meus dois bebês encontraram suas almas gêmeas em meio a imensidão da vida, estou perdendo e não posso mudar a ordem natural dos fatos - ela admitiu sua rendição com um sorriso triste em seu rosto – Meu menino, eu nem vi quando deixou de ser aquela criança que corria pela casa derrubando objetos, batendo em móveis, ainda sim com um grande sorriso sapeca e tornou este homem maravilhoso.  

─ Você nunca perde, mãe, mesmo quando acha o contrário. Posso dizer que o tempo foi nosso maior aliado, vejo o mundo com outros olhos - disse, não levando adiante o drama nostálgico.   

─ Está certo, acredito que está razão tenha nome e sobrenome, não é? - ela parou com o carinho assim que ele virou a cabeça para olhá-la.  

─ Mãe, na sua opinião, eu estou muito diferente?   

─ Se estiver pensando que isso seja ruim, pode esquecer. Agora você é um homem, as experiências que teve foram essências. Está muito mais maduro. Veja só, tem até um pouquinho de barba aqui – disse cutucando o rosto do filho, provocou a mudança imediata na expressão dele.  

Ele ficou vermelho, então ela riu com gosto.   

─ Só estava brincando, deixe de ser bobo. Olhe para mamãe e escute o que vou dizer, é importante - pediu -  Estive triste no início, isso é inegável, que mãe não ficaria quando percebe que sua criança está se afastando do ninho a procura da própria liberdade? Pois bem, mães também erram, podem ser egoísta e extrapolar às vezes…- ela deu uma pausa, escolhendo bem as próximas palavras - Mães também devem se desculpar, compreender o coração dos filhos, por mais difícil que seja aceitar o caminho que por eles foi escolhido. Portanto, eu quero ser merecedora da sua gratidão. Desculpa a mamãe? Quero dizer, não só por mais cedo ter sido novamente a mãe super protetora, mas por todas as vezes que este sentimento foi mais forte do que eu.   

─ Está falando sobre Sakura? - Sasuke se sentou ao lado da mãe na cama, o súbito assunto o deixou em alerta.  

─ Sim. Confesso que passei da linha do limite envolvendo seus amigos, Mebuki e Ino, não foi a melhor escolha que fiz.

─ Você se arrepende de tudo que fez? Seja sincera comigo - a interrupção levantou algum tempo em silêncio, até o instante que Mikoto decidiu responder.  

─ Não tudo - ela sussurrou, balançando a cabeça - Talvez pudesse ser mais cuidadosa, mas não existe espaço para arrependimento, se a razão é a felicidade do meu filho.  

─ Estou acostumado com o seu exagero, as intromissões e todo papo de coragem e petulância. Está tudo bem. Tudo certo – ele inclinou para beijar a testa dela, um toque afável cheio de ternura.  

─ Obrigada, sinto alívio no meu coração. Tenho orgulho de você, te amo tanto – envolvendo o filho em um abraço apertado, admitiu a paz que dominou seu ser somente agora, sem deixar de depositar beijos em cada cantinho do rosto dele.  

─ Já estou atrasado, me deseje sorte – alertou, deixando os braços afetuosos para falar com a mãe.   

─ Meu filho, tenha cuidado com o gancho de direita de Kizashi, soube que ele andou treinando para a próxima partida que tiverem.  

Ele apenas balançou a cabeça, como se estivesse tentando se livrar do calafrio em relembrar tal momento massacrante, em seguida se despediu da Uchiha.  

Mikoto permaneceu ali por mais um tempo, olhando a porta por onde o filho acabou de sair, deixou o sorriso desaparecer, movida pelas emoções, não segurou mais o choro voraz preso a garganta, somente abraçou os joelhos tentando abafar os soluços. Mal percebeu ela, quando o marido entrou e a envolveu em seus braços e manteve assim, acalentando a mulher que chorava copiosamente, repetindo a verdade que a amedronta.  

─ Fugaku, eu não quero ficar sozinha. Eu não quero. Nossos filhos se foram, eles me deixaram - lamentou.  

─ Eu estou aqui, querida. Se acalme - a trouxe para seus braços e a consolou.  

oOo

Levou alguns minutos até estacionar diante da casa dos sogros, assim que tocou a campainha soltou o ar, nervoso. Já havia dito a Sakura quando aterrissou em Tóquio, pronto para vê-la o mais depressa possível, a saudade sufocava em seu peito. Nunca foi suficiente apenas ouvir a voz dela pelo telefone e muitas vezes identificar a agonia que tentava inutilmente esconder.  

Foram meses difíceis para ambos. Ela empenhada em concluir a faculdade, alcançar seu sonho, enquanto luta com toda dificuldade de se adaptar. E ele a procura do seu lugar na carreira que escolheu, buscando o que lhe faltava para finalmente trabalhar ao lado de sua família. Agora em alguns passos estariam juntos. Constatar esta certeza trouxa um sentimento novo, a ansiedade.  

A porta foi aberta revelando a beleza de Sakura, vestida em um delicado vestido azul de renda e alças finas que caiu perfeitamente moldando sua silhueta, seus cabelos foram presos em um coque deixando alguns fios soltos e a franja curta contornando os olhos delineados ainda mais chamativos. Ela saiu para fora estampando um belo sorriso, jogou os braços envolta do pescoço dele selando seus lábios. Ele agarrou a cintura e ergueu ela do chão, causando risos em ambos.   

A felicidade sem fim encheu os olhos de Mebuki, que dá porta, ao lado do marido, assistiu emocionada a cena apaixonante, nela não se cabia a emoção, mesmo sendo tão simplório, foi incapaz de esconder a nostalgia de tempos difíceis, a luta pela sobrevivência da filha e o resgate das memórias, não haveria sentido algum se não fosse culpa do amor e suas artimanhas.   

Quando o casal percebeu a presença dos pais, ficaram lado a lado de mãos dadas. Sasuke cumprimentou cada um, recebendo o olhar intimidador do Haruno, que assim como jurou solenemente, não mudaria nunca, protegeria sua pequena algodão doce para todo sempre. E por outro lado estava a matriarca, apaziguando os lados divergentes.   

─ Vamos entrar, logo o jantar estará na mesa. Kizashi querido, venha me ajudar – pediu para o marido.  

─ Fique longe do meu sofá - antes de ir, o Haruno fincou os olhos no genro deixando claro o que estava pensando se algo pervertido ocorresse na sua ausência.   

Sakura apressou em segurar o noivo pelo braço e levá-lo para dentro.  

─ Um dia seu pai vai precisar aceitar que a princesinha dele encontrou um ogro e não um príncipe encantado – comentou, quando ela fechou a porta e veio em sua direção.   

─ Podemos dizer que você é um príncipe ogro, que tal? - disse com um sorriso sugestivo nos lábios.   

─ Estou falando sério, ele ainda me vê como o vilão da história, gostaria que tivesse sido diferente, assim você não teria sofrido tanto - ele entrelaçou a mão sobre a dela para levá-la a boca depositando um beijo casto no dorso, como se assim pudesse curar as cicatrizes e extinguir toda dor.   

Sakura substituiu o ar brincalhão em seu semblante deixando a seriedade preencher seu olhar.   

─ Eu não me importo com nada disso. Seu amor é tudo que almejo agora - ela imitou o gesto dele, trazendo a mão para perto de sua boca - Ninguém pode mudar o que eu sinto por você, entendeu? - murmurou solene.   

─ Entendido, meu doce morango - ele respondeu com doçura, sem mais objeções.  

Ela se aproximou sorrateira, colando a boca no ouvido dele, sussurrou.  

─ Me beije logo, antes que meus pais venha nos chamar – ela apertou o corpo contra o dele, quase que imediatamente Sasuke envolveu um dos braços a cintura e a outra mão levou a nuca.  

─ Você é que manda – soprou sobre os lábios convidativos, após provocá-la com selinhos ele finalmente a beijou apaixonadamente.   

oOo  

─ Por favor, sirva-se Sasuke. Você já é de casa, querido - um sorriso se abriu no rosto de Mebuki.  

─ Obrigado, eu estava tentando ser educado e não atacar como um leão faminto - disse ele, fazendo a sogra rir, mas sua alegria se perdeu quando encontrou o olhar severo do Haruno.  

─ Está ótimo esse assado que a mamãe preparou, não é papai? - Sakura atraiu atenção dele por um momento.   

─ Sim, como sempre - foi sucinto.   

─ Coma bastante, então - disse para o marido, beijando sua bochecha.   

O Haruno olhou para esposa, que sorria feliz por alguma razão que ele desconhecia  

─ Seja bom com ele - pediu ela, com um olhar cuidadoso, tocando a mão dele.

─ Tudo bem - suspirou, voltando os olhos para a filha e o homem ao lado dela - Uchiha, agora que voltou pretende continuar debaixo das asas do seu pai e seu irmão, ou tem algo adulto em mente?   

Sakura revirou os olhos, diante da hostilidade do pai, antes que pudesse protestar, Sasuke o respondeu.   

─ Eu não estou trabalhando na empresa somente por ser um sucessor, sou advogado agora. E tudo que estou fazendo é para dar a Sakura o que ela almejar - ele tomou a mão dela entrelaçando com a sua - Um homem e não mais um garoto.  

Ela sorriu juntamente com a mãe, completamente derretida.   

─ Belas palavras, Uchiha. Sakura anda dizendo que estão noivos, mas eu não me lembro de ter oferecido a mão da minha filha. Então, o que você pretende? - Kizashi fechou a cara de modo que ninguém deixou de sentir a tensão que pairou.   

─ Pai, por favor! - ela suplicou.   

─ Estou disposto a ouvir o que ele tem a dizer. De homem para homem, não estamos discutindo – disse para tranquiliza-la.   

─ Sim, estamos apenas conversando – respondeu Sasuke - Está nos meus planos estabilizar aqui. Desculpe por não ter dito antes - seus olhos encontram com os de Sakura, silenciosamente ela assentiu, apertando suas mãos - Não fui eu quem deu o primeiro passo e fez o pedido. Pensei por tanto tempo sobre como poderia abordá-la, sem que Sakura ficasse assustada com o meu desejo em tê-la comigo para sempre, que não percebi que enquanto eu estava indeciso ela sonhava com o nosso futuro. Não existe mais nada que eu queira agora do que me casar com ela – pronunciou com firmeza, olhando nos olhos do Haruno.

─ Isso foi uma afirmação? Deveria demonstrar respeito em minha casa! - exigiu, mas não alterou a voz.  

Kizashi estava pronto para deixar a mesa, sua paciência estava por um fio, permanecendo ali somente iria gerar algo desnecessário. Foi quando Sasuke lhe fez uma pergunta que não pode ignorar.  

─ Se eu pedisse o senhor aceitaria? - ele foi moderado.  

─ Definitivamente a resposta é não! - respondeu rápido, seu olhar caiu sobre o rosto entristecido da filha e na outra ponta da mesa Mebuki observava com um olhar de reprovação.   

─ Por que? Por que está fazendo isso?  - Sakura se levantou, de repente, batendo o punho sobre a mesa, sua face não demonstrava nada menos que cólera transbordando os olhos verdes, agora fixos na imagem do pai do outro lado - Eu achei que já tinhamos superado tudo isso. Quando é que você vai parar com isso, pai? Ele é o homem que amo e quero me casar – seu tom assustou tanto o Haruno, que por um segundo não soube o que dizer, então ela prosseguiu – Ele já se desculpou milhares de vezes, não sei o que ainda existe que possa causar tanto ódio assim.  

─ Não sinto ódio. Eu só não sei se ele pode cuidar de você tão bem quanto nós - afirmou veemente  

─ Pai, tudo isso está no passado, eu estou bem e viva agora – protestou.   

Kizashi respirou fundo, canalizando suas emoções nos punhos fechados, então direcionou sua atenção a Sasuke  

─ Ouça Uchiha, eu não vejo um futuro digno para a minha filha ao lado de um homem como você, impulsivo, dependente dos pais e não menos importante, o único responsável por deixar sequelas irreparáveis.  Mas se quer se casar com ela, prove. Prove que estou errado - sua voz ganhou força conforme deixava as palavras fluírem. Kizashi empurrou a cadeira e saiu encerrando o assunto.

O silêncio diante ao decreto perdurou até o momento que Mebuki levantou levando os pratos a pia.   

─ Não era para ser assim - Sakura ainda estava cabisbaixa com as mãos cobrindo o rosto, ela não chorava, mas sua voz já mostrava sinais.

Mebuki secou as mãos em um pano, para aproximar da filha e tocar em seu ombro.   

─ Não fique assim. Prometo que ficará tudo bem – a jura fez brotar um sorriso esperançoso.  

Após beijar a testa da filha, olhou em seus olhos mais uma vez.   

─ Agora vá tomar um pouco de ar puro – comandou, a seguir tocou o ombro de Sasuke, deixando claro que a responsabilidade em cuidar de sua filha agora seria dele.    

Agora que estavam sozinhos, seus olhos se encontraram, sem emitir uma única palavra, era possível enxergar a dúvida, havia tantas perguntas a serem feitas, só não existia a coragem para ser dito aquilo que precisava.   

Sasuke estendeu a mão, levando ela para fora, se sentou nos degraus da escada curta deixando as costas descansarem em um pilar. Sakura aproveitou para sentar entre as pernas dele, seus braços envolveram a cintura e a cabeça tombou sobre o peito, ela deixou ser embalada pelo abraço dele.    

A única coisa errada foi ele não a ter beijado ou sequer dito algo. Ele ao menos a olhou outra vez, era como se mantivesse a distância, mesmo estando ali, tão perto.   

─ No que está pensando? – murmurou incomodada, finalmente quebrando o silencio.   

─ Em nós - disse ele, atraindo a atenção dela, que inclinou a cabeça para olha-lo – O que seu pai disse não é mentira, eu não posso...

Ela o cortou.   

─ Essa não é a primeira vez que ele diz esse tipo de coisa. Ele realmente sabe como nos atingir - lamentou ela, magoada.   

─ Você continua se esforçando para mostrar que está bem. Como acha que estou me sentindo agora? - passou as mãos no rosto reprimindo um grunhido de frustração.   

─ Não é bem assim. Tem tantas coisas que você não sabe. Tanta coisa dentro de mim.   

─ Então explica, porque eu estou ficando louco com isso - ele não conseguiu esconder a angústia beirava o desespero.    

─ Eu não quero mais chorar, nem pensar sobre o que já passou – confessou em um fio de voz - Tem dias que tudo isso parece mentira, eu não consigo compreender, algumas lembranças recentes desaparecem, então recorro ao que está no meu alcance. Tsunade disse que isso poderia acontecer até que pudesse me ajustar. Eu posso voltar a viver normalmente. Não é nada demais, eu garanto.   

─ Nada demais? - arqueou a sobrancelha, questionando a tranquilidade com a qual ela tratava.   

─ Sasuke, por favor.   

Argumentar com ela seria sua reação automática, ele era bom em convencer as pessoas, poderia apresentar razões que mostrasse que tudo aquilo importava, mais do que ela imaginava. O que o deteve foi o olhar suplicante dela. Ela queria que deixasse o assunto de lado.

Ele aninhou ela em seus braços mais uma vez e sussurrou em seu ouvido.   

─ O que eu posso fazer por você, então? Me peça qualquer coisa. Eu só não quero fazer nada – havia determinação em sua voz.  

─ Diga que me ama e prometa que nada vai mudar o que temos, é tudo que eu preciso – Sakura deixou escapar um leve suspiro.   

Sasuke baixou a cabeça beijando suavemente os cabelos dela.   

─ Eu amo você. Você é meu mundo. Mas tem uma coisa que vem atrás, muito perto – disse ele num sussurro – Essas suas coxas vão me ganhar se você não tomar cuidado - acrescentou ele com um sorriso provocador.  

Sakura riu. Então ele a beijou, porque ela é e sempre seria sua.    

─ Isso é tão bobo vindo de você.   

Sasuke aproveitou para tocar o rosto dela suavemente, um afago com o polegar contornando seus traços mais sutis. O deslumbre transbordou em seu olhar, preenchido por tamanha paixão, sendo incapaz de esconder que já havia sucumbido   

─ Você é linda, de todas as maneiras. Não sei como pode me perdoar e ir além me amando. O cara que acabou com seus planos, transformou sua vida pacata em um completo caos. Juro que tento entender. Você é incrível, uma das mulheres mais fortes que já conheci e inteligentes também, seu coração é tão imenso, tão puro. Acredite em mim, eu não posso imaginar um segundo da minha vida sem te ter. Seu jeito de me defender, e esse olhar determinado tentando esconder suas fraquezas. Você me deixa louco querendo te amar, cada vez mais, muito mais.   

─  Sasuke…Você acha isso… de mim?  

Ele a apertou em seus braços beijando seu cabelo.   

─ Sim, eu acho. Quero que esteja comigo sempre, mais do que nunca, mesmo que eu não seja a melhor escolha, quero estar presente se caso esquecer de alguma coisa, a qualquer instante, eu vou cuidar de você - ele puxou o ar com força, como se estivesse buscando coragem para dar o próximo passo - Há algum tempo que quero fazer isso. Gostaria que fosse mais sutil, mas eu nem sei mais o que estou fazendo - Sasuke afastou uma das mãos para alcançar o bolso da jaqueta, trazendo para ela uma pequena caixa - Isso é para você - disse ele, fazendo ela perceber o que tinha nas mãos.   

─ O que é? - mesmo curiosa hesitou um instante.   

─ São as nossas alianças, eu queria ter tornado oficial antes, na frente do seus pais, mas não foi como aconteceu. Quando estiver pronta, podemos nos casar.   

Sakura pegou o objeto nas mãos com cuidado excessivo e ficou segurando por algum tempo sem dizer nada. Finalmente levantou os olhos para encarar o homem que aguardava impaciente uma resposta.   

─ É lindo. Lindo, Sasuke - ela abriu o sorriso com os olhos transbordando lágrimas.   

─ Eu quero te dar muito mais do que um anel - jurou ele, solene.   

─ Você já me deu tanto, Sasuke. Eu não poderia estar mais feliz - confessou, lágrimas desenharam as maçãs do seu rosto à medida que perdia o sorriso, ela se esforçou para continuar - Mas você sabe, com a relutância do meu pai, não será fácil.   

─ Eu sei. Mas e o que você quer? O que mais deseja agora?   

Ela abriu a boca pronta para lhe dar a resposta, diria alto e claro com tamanha intensidade, a mesma que preenchia seu coração e transborda em seus olhos, mas foi preciso apenas um instante para encontrar com o olhar do pai através do reflexo da janela. Ela inclinou a cabeça e voltou a procurar querendo olha-lo, e no minuto seguinte ele já não estava mais lá. O silêncio dela perdurou, indecisa sobre o que dizer, se levantou afastando-se do Uchiha.  

Ele a amava. Mas não iria pressioná-la. A vontade em dizer o que rasgava em sua garganta era profunda, mas não mais que o medo de não estarem prontos para o que viria.   

Ele a quer como sua, mas não antes que estivesse pronta. Que quisesse que fosse para sempre.   

Ela tinha certeza que não ficaria bem magoando as pessoas que amava. O fato de não ter respondido imediatamente deixou um peso agonizante em seu peito. E só piorou enquanto Sasuke esperava ansioso, com o olhar apreensivo, segurando suas mãos ao lado do corpo para não ir abraçá-la.  

─ Eu… Eu quero você. Quero ir onde você for. Quero estar apenas com você, Sasuke. E se não temos a aprovação do meu pai... Nós encontraremos a solução – declarou tímida, não tinha coragem alguma no seu tom, ainda sim, ela confiava nele.  


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Notas finais do capítulo

Se chegou até aqui, não deixe de comentar, sua opinião é muitíssimo importante.
Obrigada leitores. Demorei muitíssimo, mas, ainda sim, o importante é que o capitulo veio. Antes tarde do que nunca, não é? :)

Música de hoje: You are the reason - Calum Scott



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