Akai Ito escrita por Karol Montblanc


Capítulo 54
Safe inside / Star


Notas iniciais do capítulo

Olá, este é o fim. O ultimo capitulo está logo a seguir do anterior.

Boa Leitura!



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Capítulo LIV

"A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade, querer com mais doçura."

Lya Luft

Segura por dentro

Caminhavam de mãos dadas sem direção, aproveitando o frescor da noite para relaxar e colocar os pensamentos em seu lugar. Durante algum tempo em silêncio, Sasuke soltou a mão dela para abraçá-la pelos ombros. Seu rosto se aninhou na curva do pescoço. 

Do outro lado havia uma pracinha pouco iluminada, mas era o bastante para lembrar a ambos de um momento que viveram ali a não muito tempo. 

─ Olhe aquele lugar. Me lembro de ter corrido atrás de um borrão cor de rosa, quando chegou embaixo daquela árvore começou a chorar, como se tivesse perdido algo precioso. Eu não compreendi nada na hora, mas olhar seu rosto me fez querer fazer alguma coisa - disse ele, sua voz se perdeu na nostalgia de dias como aquele. 

─ Eu não tinha percebido o quão grave era minha situação, até aquele dia. Você se esforçou porque tinha medo que meu pai colocasse outra vez uma arma na sua cabeça, não foi? 

─ Foi a primeira vez que não me importei com o que seu pai faria - confessou. 

Sakura se virou para olhar diretamente nos olhos dele.

─ Mesmo? - indagou surpresa. 

─ Mesmo - murmurou, antes de segurar a mão dela e voltar a caminhar. 

Ela mantinha os olhos curiosos no rosto dele, não deixaria escapar a oportunidade de saber o que mais Sasuke escondia. 

─ O que mais você não me contou? - questionou, apertando suas mãos. 

─ Sobre o que? - fingiu não compreender. 

─ Nós, Sasuke. Quando se apaixonou por mim? - disparou a pergunta, havia empolgação na sua voz. 

─ Difícil dizer… - disse ele, mas não continuou. 

De repente ela parou, obrigando ele a fazer o mesmo. Sakura tinha as sobrancelhas unidas, olhos semicerrados e lábios crispados. Ela estava brava. 

─ Sou eu quem tenho problemas com memória aqui. 

─ Eu sei. 

─ Então? 

─ Prefiro manter o mistério, meu doce morango - concluiu irredutível, deixando a namorada perdida com suas hipóteses. 

Mais tarde retornaram mais tranquilos. Sasuke se despediu com um beijo carinhoso, antes de ir prometeu que buscaria uma opção viável, pois não haveria nenhum outro final para eles que não fosse juntos. Ela acreditava nele, mas em visto da situação em que estavam, era difícil ver o lado bom. 

OoO

Sakura se questionou diversas vezes sobre o tudo que ouviu no jantar. A complicada decisão de avançar concretizando seu amor por Sasuke, mas acabar magoando seu pai, já estava causando dor de cabeça. O teimoso Kizashi nunca escondeu a raiva eminente que, talvez, jamais fosse amenizar. E ela, a que mais foi ferida e precisou lutar com as próprias memórias, teria que viver como uma ponte compreendendo sem nunca ser compreendida para sempre? 

Há horas brigava com o sono virando de um lado ao outro, quando não conseguiu mais permanecer na cama desconfortável, se levantou e foi até a janela, para contemplar o céu da sacada, deixou a brisa gélida da noite tocar seu rosto, suas pálpebras fecharam um pouco buscando a paz em seu coração. 

─ Será mesmo que existe alguma possibilidade de dar certo?- sussurrou,no fundo esperava obter uma única resposta.

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Algumas semanas depois

Washu transbordava alegria com um sorriso de orelha a orelha, a mesma não poderia se conter, pois o dia tão aguardado estava se aproximando. Naquele momento acontecia a última prova do vestido de noiva, que com muito custo conseguiu terminar os últimos ajustes. Enfim se levantou esticando a barra e arrumou o véu para que caísse como uma cascata.  

─ Pronto, agora está perfeito – disse Karin, olhando para o reflexo da noiva no espelho diante delas. 

─ É lindo – murmurou, hipnotizada com a beleza do vestido – Obrigada, Karin. Você realmente tem mãos de fada.  

─ Não precisa agradecer – deu um tapinha sobre o ombro dela – Tudo que importa é como o noivo ficará boquiaberto quando ver você – as duas riram.  

─ Com certeza vou arrasar Las Vegas! 

─ Sem dúvida gatona. Tire o vestido com cuidado, quando terminar venha me encontrar – avisou, em seguida deixou Washu ali.  

Na sala da recepção, Karin viu Sakura observando algo na tela do celular, seu semblante triste a tocou.  

─ Quem está causando essa expressão besta, hein? - cutucou a bochecha da Haruno, que pulou de susto no mesmo instante. 

─ Ai meu Deus, Karin! Quer que eu tenha um infarto? - com uma das mãos no peito, respondeu - Do que está falando? 

─ Com certeza não, ainda pretendo fazer seu vestido de noiva – comentou - Estou falando dessa cara de enterro. 

─ Não é difícil para você estar perto de mim, depois de tudo? 

Karin suspirou, antes de se sentar ao lado de Sakura. 

─ Confesso que no início foi, e muito, mas não é por que decidimos que nosso destino deve acontecer exatamente como escolhemos, que será desta maneira. Eu reconheço isso. Vejo o amor nos olhos de Sasuke por você, é tudo o que importa.  

─ Obrigada Karin, por não me deixar desistir.  

─ Sente falta de como era antes das responsabilidades de adulto chegarem? 

─ Você nem imagina. Ele deveria estar descansando agora, mas está aqui, perguntando como estou, tentando me animar – suspirou, desapontada – Eu achei que a parte mais difícil seria o momento em que me apaixonei por ele. Eu não tinha ideia que depois era a verdadeira luta - deixou um sorriso triste escapar. 

─ Eu entendo você. Sei que se fosse pelo Sasuke vocês estariam casados há algum tempo. Mas para você é importante o consentimento dos seus pais. Acho que deve falar com eles, apenas você. Faça entender os seus sentimentos e compreenda o medo deles também. 

─ Acho que está certa. Eu nunca fui franca. Desde que Sasuke e eu ficamos cada vez mais juntos, apenas me acostumei e decidi que assim era suficiente. - seus olhos se abriram, compreendendo melhor  - Obrigada Karin. Você continua me ajudando. Bem, me diga como vai Suigetsu? 

─ Sui está tão focado na faculdade. Às vezes fico deprimida, sinto falta dele – confessou. 

─ Suigetsu se adaptou bem? 

─ Ah sim, ele enfrentou toda tensão que criou por estar começando de novo, mas agora está indo bem. Eu fico preocupada sempre que tocamos neste assunto, sei como é complicado. Entretanto, Sui é mais forte do que imagino. Ele repete todas as vezes que conversamos, que está construindo o nosso futuro.   

─ Ai meu Deus, você está apaixonada por ele! 

─ Está exagerando, Sakura. Eu gosto do Sui, somos amigos a tanto tempo que me acostumei em ter ele sempre por perto. E outra, logo mais iremos administrar os negócios juntos, eu vou poder focar mais em criar novas peças e terminar encomendas no prazo.   

─ Ah, fala sério! Seus olhos brilham quando fala nele e você fica toda encantada. Karin, ele está fazendo de tudo para conquistar você. Seja sincera, ele tem chance? 

─ Bom, eu acho melhor ir experimentar seu vestido. Chega de papear.

─ Karin, eu não acredito. Ele precisa saber. 

─ Eu não sei se estou preparada, ta bem. Eu não paro de pensar em nós, estou ficando louca, mas não quero dizer assim, tão de repente, eu quero que ele me abrace e me beije como em um conto de fadas – suspirou, reprimindo a emoção de imaginar tal cena – Satisfeita?  

─ Não, com certeza não! Você tem que dizer isso pra ele.   

─ Dizer o que?  O que perdi? - Washu voltou, após retirar o vestido. 

─ Karin está apaixonada por Suigetsu - acusou, com um grande sorriso. 

─ Sakura!  Eu não estou apaixonada. 

─ Eu achava que vocês já estavam juntos - disse a Nakamura. 

─ Esta vendo. 

─ Vocês duas, parem, não há nada entre eu e o Suigetsu, OK? - seu telefone tocou, rapidamente ela atendeu - Sui, oi. Como está? - o sorriso cresceu em seus lábios. Ela fez o sinal que sairia por um tempinho para conversar em particular. 

Washu e Sakura começaram a rir, não era preciso mais nada, além da própria Karin aceitar a realidade. 

OoO

O grande dia chegou depressa. O primeiro dia de outono foi escolhido para celebrar a união do casal. Ao cair da noite, a pequena capela em Las Vegas estava estava pronta. O sonho louco de Washu e Itachi ainda gerava controvérsias na família, principalmente na matriarca Uchiha, que não pode opinar no menor detalhe. 

Havia rosas brancas nas cadeiras e em lugares estratégicos. Washu havia pedido que gostaria que fosse assim, seu único deslumbre seria o vestido. Apesar dos protestos da sogra em acrescentar alguns adornos, contratar uma orquestra e deixar disponível um buffet, tudo foi recusado com persistência pelo casal. 

No altar a família Uchiha aguardava a chegada dos noivos, eram os únicos convidados. Fugaku e Mikoto de um lado, Sasuke e Sakura do outro. 

Quando as portas foram abertas, o casal entrou de mãos dadas. Itachi vestido em um terno elegante branco, sorria para sua futura esposa, Washu. O vestido caia perfeitamente em seu corpo, rendado com pedrarias sutis no busto, e uma pequena cauda que deslizava pelo tapete. 

No entanto, o sorriso da Nakamura não alcançava seus olhos, pois faltava algo importante no altar, sua família. A ausência daqueles que amava partia seu coração. 

O juiz de paz os recebeu com felicitações, proclamou lindas palavras, como de costume em uma cerimônia, abençoou o casal e por fim chegou a pergunta crucial. 

─ Itachi Uchiha, aceita Washu Nakamura como sua legítima esposa, para amá-la e respeitá-la até que a morte os separe? 

─ Sim - respondeu com pressa, segurando com firmeza as pequenas mãos de Washu - Eu te amo - sussurrou logo em seguida. 

Ela sorriu e silabou as mesmas palavras. 

─ Muito bem. Washu Nakamura, você aceita Itachi Uchiha como seu legítimo esposo, para amá-lo e respeitá-lo até que a morte os separe? 

─ Eu...

─ Minha ursinha! 

O som daquela voz era familiar demais para ela, e só havia uma pessoa no mundo que a chamava por aquele apelido. 

─ Pai! - o sorriso cresceu em seus lábios - Você veio. 

─ Nós, querida - ele deu um passo para o lado e revelou Wakemi. 

Washu abriu a boca e arregalou os olhos chocada com a presença de sua mãe. 

─ Mãe… - seus olhos marejaram. 

Em silêncio, Wakemi ofereceu seu melhor sorriso, como se, finalmente, aprovasse a escolha da filha. Após se acomodarem, a cerimônia retornou do ponto em que parou. Washu, agora sorria radiante, intercalando entre seu amado e seus país. 

─ Eu aceito Itachi como meu único amor. Eu te amo. 

Ele se inclinou segurando sua cintura, e ela abraçou seus ombros selando o compromisso com um beijo apaixonado.

─ Agora que os pombinhos estão casados, eu posso dar o meu presente, e este não vou aceitar em hipótese alguma que recusem - Mikoto alertou com um sorriso travesso. 

─ Mãe, o que você aprontou dessa vez?  Eu disse que não era para mover um dedo por nós - Itachi inflou as bochechas, sentindo a raiva crescer.

─ Dona Mikoto, o que tem para nós? - perguntou Washu. 

Sob os olhares curiosos, a Uchiha mostrou algo curioso. 

─ Soube que houve problemas com os planos de lua de mel, então, eu tenho aqui em minhas mãos passagens para a cidade onde os pais da Washu moram. Sei que está com saudade da sua família, então, aproveitem e voltem com muitos netinhos, este é o preço, queridos - ela piscou para o casal, que mal conseguiu acreditar. 

OoO

Mais tarde, antes do casal descer para o jantar no luxuoso restaurante do hotel, Sasuke surgiu no quarto, onde Washu e Itachi terminavam de se arrumar. 

─ Oi, desculpe a demora, estava tão cansada que adormeci. Seu irmão está no banho - disse Washu, antes mesmo de Sasuke revelar sua vinda. 

─ Não tem problema. Se casamentos são tão exaustivos assim, estou repensando sobre o meu. 

─ Não deixe Sakura ouvir isso, Sasuke. No final com certeza vale a pena - ela terminou de colar o brinco e virou-se para ele - Algum problema? 

─ O pai dela não aceitou bem a ideia. Sakura diz que sou tudo o que ela precisa, mas eu sei que se não houver a aprovação dele nós nunca ficaremos juntos - disse, com pesar em sua voz. 

─ Oh, Sasuke. A história de vocês é de grande superação e um amor inigualável. Tenho certeza que este será mais um obstáculo a ser vencido. Eu entendo como se sente. Mas não desanime, tudo bem? 

─ Certo. Obrigado. Tenho um bilhete para você dos seus país, eles não puderam ficar. - retirou do bolso um pedaço de papel - Uma mensagem de texto não seria mais fácil? 

─ Essa é minha mãe, não dá pra prever suas atitudes, muito menos entender o que se passa na sua cabeça. 

─ Eu conheço alguém assim - ambos riram - Bem, vou indo. Não precisa de pressa, Dona Mikoto vai cuidar de tudo. 

─ Obrigada, Sasuke - se despediu, e voltou para a cama, pegou o bilhete com poucas palavras e leu. 

"Não podemos ficar, tenho negócios para resolver ainda hoje. Decidi que precisarei de alguém que me substitua no trabalho, pois minha filha estará na cidade. De acordo com você, é importante que sua mãe lhe dê mais atenção. 

Peço perdão, Washu, por tudo. Eu sempre te amei, mas não me arrependo das escolhas que fiz no passado. O que me arrependo é de não ter feito com que você pudesse entender, que eu nunca fiz nada por mim. Se a minha ausência foi o preço para que você e seus avós tenham tido uma boa vida, eu aceito a sentença. 

Dê seus pais para nossa amada filha. Estamos felizes por você e seu marido."

Washu abraçou o pequeno pedaço de papel, incapaz de segurar as lágrimas. Ainda absorvia cada palavra, olhando com admiração. Quando Itachi saiu do banheiro, se espantou com choro sonoro da esposa, logo a envolveu em seus braços. 

─ Meu amor, o que houve?  Você estava tão bem, o que aconteceu? - a preocupação e a angústia predominava em sua voz - Foi Sasuke?  Eu ouvi a voz dele, o que ele te disse? 

─ Não, não foi ele. Foi minha mãe, ela me deixou isso - mostrou a ele o seu motivo - Meu choro não é de tristeza, é de felicidade. Graças a você eu sou a mulher mais feliz deste mundo, Itachi.

Itachi estendeu dois dedos sobre a testa da esposa, em seguida beijou o mesmo lugar, e fitou seus olhos. 

─ Obrigado por aceitar aquela loucura de casar meus pais, e por ser uma nerd lunática por games que decidiu tentar uma vaga na minha empresa. Tudo isso, todas as escolhas nos levaram a um só lugar… Aqui - então a beijou com todo seu amor. 

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A mesa onde a família Uchiha ocupava havia mais lugares vazios do que preenchidos. Sasuke logo viu que Sakura não estava alí. Se aproximou dos pais, que estavam envolvidos em algum debate sobre o que comeriam. 

─ Onde esta Sakura? 

─ Sakura? - Mikoto vasculhou a mesa, e só então sentiu a falta de alguém - Eu não a vi sair. Ai, meu Deus. Ela deve estar andando por ai, perdida, sozinha, com frio e fome…. 

─ Mikoto, acalme-se. Ela disse que iria ao banheiro - disse Fugaku. 

─ A quanto tempo ela saiu? 

─ Não muito, cinco ou dez minutos. - respondeu. 

─ Eu vou procurá-la. - alertou antes de deixar os pais e seguir a procura da noiva. 

Sasuke seguiu diretamente para o banheiro feminino aguardou por alguns minutos ali na porta, mas ela não saiu, assim que se cansou tentou discar o número mais uma vez, quando finalmente ela atendeu. 

─ Sakura, onde você está? 

─ Eu estou no banheiro… Não estava me sentindo muito bem. 

─ Eu vou entrar. 

─ Não! 

─ Por que? - enquanto falava com ela, verificou se ninguém estava olhando, sorrateiro entrou, e logo pode ouvir a voz baixa de Sakura vindo da última porta. 

─ Sasuke, me deixe sozinha, só por um minuto, tudo bem? 

─ Abra, eu já estou aqui. 

Imediatamente ela abriu e constatou que ele realmente estava lá. Arregalou os olhos, surpresa. Quando ele entrou no espaço pequeno e a segurou em seus braços. 

─ O que aconteceu? - perguntou ele, afastou-se para olhá-la nos olhos. 

─ Eu não queria me sentir assim. Me sinto tão horrível. É o casamento da Washu, e eu… - lágrimas preencheu seus olhos. 

─ Você o que? - franziu o cenho, sem conseguir entender. 

Ela caiu em prantos, incapaz de segurar o que sentia. Sasuke deixou que ela chorasse até não poder mais, e pacientemente esperou que Sakura contasse o que acontecia. 

─ Eu… Eu acho que nunca vamos ter nada disso. 

─ Sakura, se for para ser seu namorado pra sempre, eu não me importaria - com a ponta dos dedos ergueu o queixo dela para olhar em seus olhos - Não ligo se teremos uma cerimônia ou um grande banquete. Eu me apaixonei por você. Entendeu? 

─ Eu amo você - Ela disse em resposta. Sasuke a beijou nos lábios, e ambos sorriram. 

─ Eu também. Agora vamos sair daqui antes que alguém apareça.

Ele esticou sua mão e seus dedos se entrelaçaram a mão dela. 

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Sakura se mantinha focada em terminar a faculdade e se formar como neurologista. A escolha foi óbvia e sua própria experiência serviu para reforçar o que iria se tornar. Quando iníciou sua residência no mesmo hospital que salvou sua vida, se sentiu grata, trabalharia ao lado daqueles que sempre admirou. No entanto, a vida fora do seu trabalho não era o mesmo mar de rosas de realizações, seu pai continuava sendo uma muralha. 

Pensativa, mexeu na comida com o garfo outra vez empurrando de um lado ao outro. Um suspirou longo e preocupante escapou entre seus lábios, e então uma voz a trouxe de volta. 

─ Precisa se alimentar direito, Sakura. Antes da saúde dos pacientes é preciso tomar cuidado com a própria. 

─ Eu sei, mas não consigo, Gaara. Não tenho apetite - Disse, deixando a bandeja de lado. Antes que o Sabaku começasse com os sermões, mudou de assunto - Já convidou Suzu para sair? 

Gaara arqueou a sobrancelha, em seguida balançou a cabeça em sinal negativo. 

─ Ainda não tive tempo - Comentou ele. 

Desde que Sakura começou sua residência ali, a convivência, naturalmente, fortaleceu a amizade entre ela e Gaara, não havia mais ressentimentos. Gostavam da companhia um do outro, eram bons profissionais juntos. E então, no dia que Sakura percebeu o interesse do Sabaku pela nova obstetra, incentivou o ruivo a se aproximar. No entanto, após meses de conversa, ambos não tiveram um único encontro fora do hospital. 

─ Bom, acho que o momento é agora.  Ela está vindo na nossa direção - apontou para o outro lado do pátio. 

Gaara ergueu a cabeça e mirou os olhos, realmente a linda morena vinha a passos apressados. Ela olhava diretamente para ele. Com uma determinação assustadora, parou diante da mesa. 

─ Houve algum problema Doutora Nagano? - Gaara disse, cordial. 

─ Ah, eu… Eu quero falar com você - Ela estava séria e inquieta - Desculpe atrapalhar o almoço de vocês. 

─ Ah, tudo bem. Vocês podem ficar aqui mesmo, eu preciso procurar Shizune, temos um paciente para visitar. - Ela se levantou com a bandeja e deu dois tapinhas nas costas de Gaara. 

─ Não precisa sair, está tudo bem você ouvir, Sakura. - Suzu respirou fundo, afastando uma mecha do cabelo escuro do rosto - Eu…Bem,Gaara… Eu ganhei uma viagem para um cruzeiro com acompanhante de um sorteio dos Backstreet Boys e queria saber se não quer vir comigo?  É no próximo fim de semana… Então… 

─ Eu quero ir - Ele respondeu rápido - Quero dizer, Claro. Eu vou com você. Parece ótimo.

─ Tudo bem, então. - Suzu abriu um grande sorriso - Agora preciso ir. 

O Sabaku tinha um sorriso bobo enquanto a morena ia embora. Sakura cutucou o dele para acordá-lo, antes de finalmente voltarem ao trabalho. 

Após um dia longo e cansativo, Sakura chegou em sua casa, pronta para tomar um banho e simplesmente dormir, depois de tantas horas de plantão, seu corpo implorava por descanso. 

Abriu a porta e logo na sala encontrou seu pai, sentado na poltrona, olhando para a televisão desligada, concluiu que ele estava perdido em seus próprios pensamentos. Prestes a deixa-lo com seus devaneios, passou os olhos sobre a mesinha de centro, e o que viu fez saltar os olhos da órbita. O diário que guarda suas lembranças, os momentos descritos em detalhes e diversas fotos que construiu sua história com Sasuke estavam alí. 

─ Papai, você está bem? - sua voz o despertou, de repente. 

─ Estou sim - disse, seu tom melancólico foi uma surpresa para ela - Venha, sente-se aqui. - apontou para o espaço ao seu lado - Sua mãe e eu conversamos muito hoje sobre você, foi ela quem me entregou essas coisas, disse que só assim eu poderia entender minha filha. 

Sakura tomou em suas mãos uma das fotos, atrás tinha uma data e logo abaixo uma descrição "Primeiro beijo". Sorriu para a imagem que, aos poucos poderia se lembrar com clareza. Nada era mais um borrão, suas memórias existiam e não tinha mais nada que fosse tão precioso para ela. 

─ Cada parte de mim está aqui. Se há algo que ainda não me lembro, aqui estão minhas respostas. Você entende isso agora, pai? 

─ Não. Suas memórias não estão em um pedaço de papel. Tudo isso pode se deteriorar com o tempo e não será mais visível, mas o que está guardado no seu coração não, minha filha - ela abaixou a cabeça e segurou a foto com firmeza entre os dedos. Kizashi virou-se para a filha, colocou sua mão sobre a dela e prosseguiu - Assim como você nunca poderá entender minha dor em vê-la ao lado daquele moleque. 

─ Pai… 

─ Sakura. Meu algodão doce, eu posso não compreender isso, mas eu vejo o quanto se amam. Seu pai não é idiota - Sakura franziu o cenho, confusa com o rumo daquela conversa - Minha vida inteira jurei que iria me esforçar para lhe dar a vida mais confortável e tudo que fosse necessário para ser feliz. E hoje, percebo que não estou cumprimindo minha promessa, o único pedido da minha filha. 

─ Isso não é verdade - Ela o abraçou forte, Kizashi correspondeu - Você e a mamãe fizeram tudo por mim.

─ Ainda sim você quer aquele moleque como marido? - perguntou, quando se separaram. 

Sakura torceu o nariz, não gostando da forma como seu pai se referia ao namorado. 

─ Sasuke faz parte dessa felicidade. Me entristece você não gostar dele, mas, isso não muda o que sentimos. Mesmo que nunca aprove, Sasuke e eu decidimos que iremos te convencer de outras maneiras até o dia que acredite.

─ Não é preciso. Eu acredito agora - afirmou. A filha arregalou os olhos. 

─ Como?

─ Conversei com Sasuke a algum tempo atrás. Sua audácia sempre me surpreende. Eu posso reconhecer seu crescimento como homem. Acho que, durante o jantar, a ideia de vê-la casada com ele me assustou. Foi como reviver seu acidente - suspirou resignado - Depois de falar com sua mãe, cheguei a uma conclusão, eu não posso impedir. Eu quero levá-la ao altar, quero cumprir o meu papel e lhe dar isso. 

─ Papai…  - os olhos dela transbordou e uma a uma lágrimas mancharam seu rosto. 

Kizashi levou sua mão ao rosto da filha para enxugar suas lágrimas. 

─ É o que quer, minha filha? - perguntou. 

─ É só o que quero - Ela assentiu. Kizashi abraçou a filha novamente. 

─ Então, que seja agora. Há uma cerimônia a sua espera - confessou, com um pequeno sorriso. 

─ Uma cerimônia? - gritou ela. Mas seu pai sorria, não havia vestígio algum que estivesse a enganando - Eu… Mas… 

Ela não conseguia reproduzir uma frase, sequer uma palavra completa, tamanho foi o choque. As informações estavam sendo processadas em sua cabeça. Sakura respirou fundo várias vezes, até voltar a ouvir o pai dizer. 

─ Estarei te esperando no carro.

 

 

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Capítulo LV

"As estrelas são todas iluminadas... Não será para que cada um possa encontrar a sua? "

(O pequeno príncipe) 

 

Star

 

 

Uma semana antes…  

A mansão Uchiha havia se tornado o ponto de encontro para se reunirem, a sala ampla foi ocupada pelos seguranças da Akatsuki; Pain, Deidara, Tobi e Hidan. Mebuki, Ino e Karen estavam sentadas no sofá, aguardando o que viria. Ninguém foi avisado sobre o assunto, apenas intimado a estar ali no horário, caso contrário os seguranças iriam garantir que estivessem.

Após algumas xícaras de chá, a espera se tornou preocupante. Afinal, o que tanto Mikoto gostaria de discutir? A curiosidade atingiu a todos igualmente. Diversas hipóteses começaram a surgir. Quando, finalmente, Ori apareceu no alto da escada, os olhares automaticamente acompanharem sua entrada triunfal, a espera de respostas.  

─ Queridas donzelas e Deuses gregos, Mikoto Uchiha está pronta. Por favor, aplausos – Ele deu um passo no degrau da escada, erguendo os braços.  

Entretanto as palmas não vieram, pois ninguém entendeu o motivo, e talvez ficariam sem saber se não fosse a língua solta de Deidara.

─ Palmas pra quê? Eu nem sei por que estamos aqui – Disse ele.

─ Tobi concordar. Tobi ser ocupado.  

─ Quietos vocês dois – Ralhou Pain

─ Você está perguntando o motivo para aplaudir a Deusa deste olimpo? Oh my god... Ainda não aprendeu loirinho gostoso, que a presença dela deve ser estimada. - Ele explicou enaltecendo a Uchiha. Porém, ainda recebia olhares estranhos – BATAM PALMAS CRIATURAS, PALMAS! - suas palmas incentivaram os outros, que apenas seguiram o fluxo.

Mikoto surgiu logo em seguida.

─ Obrigada por virem, fico contente que todos estejam aqui. - Ela agradeceu.

─ Como se a gente tivesse outra opção - Resmungou Deidara. Pain o repreendeu com o olhar.

─ Qual o motivo de estarmos aqui, Tia Mikoto? - perguntou Karen.

─ Também estou curiosa – concordou Ino.

─ Acalmem-se por favor – pediu a Uchiha – A razão pela qual chamei todos vocês aqui, é porque esta será a última missão. Nossos pombinhos, finalmente, sentem a necessidade de juntar suas escovas de dente. Estou tão emocionada – Ela limpou uma lágrima solitário – Meu menino e Sakura querem se casar. E mesmo que Sasuke tenha dito que não quer minha ajuda, eu me recuso a não terminar o que começamos. A vida toda tentei uni-los de diversas maneiras - Ela parou por um segundo para refletir – Mas então, o destino decidiu que aconteceria de outro jeito. O importante é que o objetivo foi alcançado. Muito bem, venham até o centro.

─ Mikoto, tem certeza que podemos fazer isso? - A pergunta veio de Mebuki.

─ Querida – A Uchiha carinhosamente segurou as mãos da velha amiga – Não há razão para temer. Estamos todos juntos.  

─ Ainda tenho dúvidas se realmente era para acontecer. Mesmo que a xamã tenha dito que o fio vermelho os une há séculos, eu não consigo parar de pensar que, talvez, o pior não tivesse acontecido...  

As duas se abraçaram, até que Mebuki se sentisse mais calma para continuar.

─ Eu entendo Mebuki. Mas veja os frutos que podemos colher, olhe para o resultado. Meu filho e sua filha se amam, verdadeiramente. Agora, precisamos terminar o ritual e deixar que o ciclo se feche - A Haruno assentiu, não muito confiante, mas acreditava em Mikoto. - Dêem as mãos.

Um círculo foi criado com as pessoas ali presente, a seriedade agora ocupava as expressões de seus rostos. Mikoto estendeu as mãos, e logo Ori entendeu que era o momento para trazer o grande livro, as figuras na capa em alto relevo eram sombrias, sem  título algum. Ela o abriu no meio, e folheou as folhas grossas de aspecto amarelado, quando encontrou o que buscava voltou seus olhos para cima.

─ Por favor Pain, acenda as velas e assim que terminar apague as luzes.

No meio do círculo que formaram haviam cinco velas vermelhas no chão, Mikoto estava no centro segurando o livro, a medida que o tempo passava, o ar se tornava mais denso, como se algo estivesse presente sugando fortemente o oxigênio para preencher seus pulmões vazios. Assim que todas as velas foram acesas, apenas estas iluminavam a ampla sala. 

─ Oh, não…. Está começando a pior parte, se segurem bebês - Ori apertou as mãos dos seguranças que estavam um a cada lado

─ Ori-kun…Pain-sensei… Deidara--senpai…. Acho que estou vendo a luz

─ Estou vendo a mesma luz, Tobi…. É o nosso fim. Eu vou morrer jovem, bonito e cheio de sonhos… Pain, eu te amo brother.

─ Lutem… Homens…. Lutem! - exigiu Pain.

─ Precisa ser tão ruim assim? Termine logo...isso  - resmungou Ino.

─ E-eu não... estou suportando mais, faça parar - implorou Karen.

─ Não temam e sejam firmes - pediu Mikoto, ela mesmo sentia dificuldade em respirar.

Todos sentiam a agonia queimar e o folêgo esvair pouco a pouco, quando já não tinham mais voz para clamar, o oxigênio retornou como uma onda derrubando a todos no chão, menos a Uchiha no centro. 

─ Mikoto faça logo o encantamento, precisamos anunciar quem somos, antes que o pior aconteça  - murmurou Mebuki, percebendo a mudança no ambiente. 

─ Eu farei agora - Ela ergueu uma de suas mãos para cima, fechou os olhos e declamou as mesmas palavras que decorou vindas do livro.

Seres de luz infinita

De dia me tragam a paz,

E de noite os dons da magia

Invisíveis guardiões

Protejam os 4 cantos da minha alma,

Os 4 cantos da minha casa,

Os 4 cantos do meu coração!"

Assim que proferiu a última frase a sala foi preenchida por luz, tão ofuscante que foram obrigados a fechar seus olhos. As janelas se abriram soprando para dentro a ventania, e logo em seguida, da mesma maneira que começou terminou repentinamente. O silêncio sucumbiu o ambiente e a escuridão engoliu a luz. 

─ Eu estou com medo, Karen? Tia Mebuki? 

─ Estamos aqui, querida - disse Mebuki, segure minha mão.

─ Eu não imaginava que seria assim tão aterrorizante - falou Karen - Eu não estou enxergando nada.

─ Acho melhor a gente não sair do lugar - murmurou Mebuki.

─ Como vou saber se não sai do lugar? Eu não estou vendo nada - choramingou Ino.

Enquanto isso em algum lugar do breu daquela sala...

─ O que acontece agora, hm? Eu não to vendo nada  - Deidara sussurrou. 

─ Tobi querer ir embora.

─ Resistam, é apenas a senhora Uchiha. Logo acabará - respondeu Pain.

─ Ainda não sei por que aceitamos essa missão, não é pra isso que dei duro na academia - choramingou o segurança loiro.

─ Tobi o mesmo, Tobi ser bom garoto!

─ Ai, alguém pegou na minha bunda - gritou Orochimaru, de repente - Olha que eu adoro uma mão boba, ein!

─ Desculpe, senhor, foi sem querer. É dificil saber onde posso colocar as mãos, não vejo nada - disse Hidan

─ Ah é você Hidan. Eu entendo sua posição, docinho, e não julgo nem um pouquinho - Ele riu, e sem saber que reação havia no rosto do segurança se aproveitou para se segurar nos braços dele. 

─ Fiquem quietos, a xamã esta aqui - ralhou Mikoto - Por favor, perdoe meus amigos.

─ Está tudo bem - a voz suave e dócil respondeu - Deixe-me acender a luz - Ela disse, e no instante seguinte tudo se iluminou - Assim está melhor. 

Agora todos podiam vê-la, a senhora já de idade oferecia um sorriso singelo, seus olhos transbordam bondade, e a paz do seu espírito transmite calma e serenidade. De onde ela veio, ou quem era, ninguém ainda havia tido tal resposta, tudo que sabiam, através da Uchiha, era sobre seu poder em unir almas gêmeas perdidas no tempo, mas para que isso pudesse acontecer, alguém deveria encontrá-las, e assim foi feito. 

─ Obrigada por vir.

─ Este é o meu trabalho, não há nada que deva agradecer. Sakura e Sasuke contém uma forte ligação, o fio que os envolve é longo, resistente, porém tênue. Eu mostrei diversas vezes a ambos o caminho a qual deveriam seguir, mas não fui responsável por suas escolhas - explicou a xamã - A que devo seu chamado, Mikoto?

Mebuki, venha - chamou primeiro - Esta é a mãe de Sakura - apresentou - Desejamos que cumpra um tipo último pedido, realize o casamento do ano!

─ Darling, do ano não, do século - sugeriu Ori - Desculpe interromper, mas foi dificílimo chegarmos até aqui. A recompensa precisa ser a altura. 

─ Concordo - disse Ino.

─ Coloca difícil nisso - acrescentou Karen - Eu vejo agora que este era o verdadeiro destino deles.

A xamã direcionou seus olhos a ruiva, estendeu suas mãos para que Karen as segurasse.

─ Querida, sinto muito pelas coisas difíceis que tem  passado. Mas ouça, há pessoas que deixam parte de sua alma conosco e há aquelas que levam parte de nós com elas, cabe a você lidar com o que aprendeu e não menosprezar o que ensinou. 

O brilho nos olhos escarlate intensificou , o alívio e a paz preencheu seu coração e transbordou em seu rosto um lindo sorriso.

─ Obrigada - balbuciou.

A mulher se voltou para os olhares que acompanhavam seus passos, curiosos, assustados e cheios de expectativas. 

─ Eu farei o que me pedem com muita alegria. Darei fim a este ciclo para que possam recomeçar uma nova história 

A ambiguidade e serenidade em suas palavras ecoaram, e no minuto seguinte o lugar em que estava foi deixado vazio.

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Agora

Sakura estava vivendo a sublime plenitude neste momento. Ainda surpresa, olhava para a porta em que viu o pai sair e deixá-la compreender sozinha o que suas palavras queriam dizer. Balbuciar para o nada à espera de respostas, parecia idiota, mas a única reação que conseguiu emitir.  

─ Cerimônia? Isso quer dizer o que realmente acho que quer dizer? - murmurou para si mesmo.  

─ E o que mais poderia ser, testuda? - a voz de veio do segundo andar.  

A Yamanaka estava de braços cruzados olhando do alto da escada a amiga resmungar consigo mesmo sobre seus devaneios.  

─ Ino! Desde quando está aqui?  

─ Algum tempo. Este dia está sendo uma loucura. Anda, vamos subir, te explico no seu quarto.  

Sakura subiu logo atrás, intrigada com o ar misterioso da loira. Ao abrir a porta, foi revelado sua primeira surpresa. Havia uma mulher com um longo vestido azul, seus cabelos negros foram penteados em um coque, e elegantemente ela se virou revelando seus olhos perolados. Hinata estava ali, após tanto tempo. Assim que seus olhos se encontram, as duas correram para os braços uma da outra.  

─ Ai meu Deus, Hina! Senti tanto sua falta - confessou, ainda abraçadas.  

─ Eu também. De vocês duas - disse ela, não segurando as lágrimas.  

─ Abraço em grupo!! - anunciou a loira, envolvendo Hinata e Sakura em um abraço apertado. 

As três riram aproveitando a presença uma da outra por um momento em silêncio, após tanto tempo separadas era quase inacreditável que estivessem vivendo aquele momento. Quando se sentaram na cama, Sakura foi a primeira a falar.  

─ Eu não consigo acreditar que está aqui. Nosso grupo está reunido de novo - Disse para Hinata, que retribuiu com um meio sorriso. 

─ Por alguns dias sim. Foi difícil conseguir um tempo para voltar, os deveres de uma lider são maiores do que imaginei. Mas vamos aproveitar cada segundo aqui. 

─ Com toda certeza. Na verdade, quero entender o que está acontecendo. Andem me expliquem tudo! - Observou as duas amigas.  

Ino e Hinata se entre olharam em cumplicidade, antes da Yamanaka soltar o ar e começar a falar. 

─ Ok, tudo bem. É o seu casamento, oras. Por muito tempo todos que te amam assistiram tudo que passou. Eu mesmo, acho que você foi uma heroína, Sakura. Então, nada mais justo do que, finalmente, ter seu final feliz. É isso que queremos te dar hoje.

Suas mãos se uniram, e a troca de olhares dizia muito mais do que poderiam colocar em palavras. 

─ Obrigada… 

─ Não nos agradeça ainda, temos que arrumar você. Ficará mais linda do que nunca, testuda. Deixaremos seu noivo de queixo caído - Ela piscou, confiante. 

─ Sasuke sabe? 

─ Ah, depois de muito discutirem, com certeza ele sabe, e está cuidando de tudo. Não se preocupe. Sasuke te conhece muito bem, sabe exatamente o que você gosta. 

─ Pelo o que Naruto me disse, ele está se esforçando muito para que tudo seja perfeito - Garantiu Hinata. 

─ Acho que estou sonhando. - balbuciou, então logo recebeu um tapa na testa, que assustou até mesmo Hinata. Aturdida, Sakura sobressaltou no lugar, colocando as mãos no lugar dolorido, após emitir um grito agudo - Ficou doida, porca? 

─ Ainda acha que está sonhando? Acorda, testuda, você vai se casar com seu boy magia - disse, segurando os ombros dela. 

Sakura pareceu cair na real e somente agora entender o que realmente estaria prestes a acontecer. 

─ Eu vou me casaaar! - Ela gritou, contagiando as outras duas. 

As três subiram na cama e começaram dar pulinhos de alegria enquanto gargalhavam alto, até que Hinata parou e pôs as mãos na barriga. 

─ Ai meu Deus, o bebê mexeu! 

─ O QUE? - As duas explodiram. 

─ Você está grávida? - perguntou Sakura. 

─ E não contou pra gente? Mas que espécie de amiga é você, cobra peçonhenta - Acusou Ino. 

─ Ino! - Sakura ralhou. 

─ Ino nada. Hinata! 

─ Meninas! Eu ia contar, depois do casamento, não achei que fosse o melhor momento. Desculpa - Ela disse, atônita com o movimento brusco na sua barriga. 

─ Aquele doido realmente conseguiu. Eu fico feliz por vocês - Sakura abraçou Hinata. 

─ Naruto lutou muito para te alcançar. Ele realmente arriscou tudo - Disse Ino. 

─ É. E eu o amo ainda mais por isso - Confessou a Hyuuga. 

─ Vocês duas encontraram seus finais felizes, eu espero encontrar o meu também.

─ E você vai, Ino. Todos temos alguém - Disse Hinata com ternura. 

─ Bem, sem maus chororô. Acho que temos uma noiva para preparar - Ino cutucou o braço de Sakura e sorriu - Abre seu guarda roupa e nós diz se gosta do que vê. 

─ O que tem lá? - arqueou a sobrancelha, desconfiada. 

Sakura se levantou e caminhou até o guarda roupa, abriu e um lindo vestido branco se revelou. Arregalou os olhos surpresa, a voz se perdeu na garganta e as lágrimas mais uma vez banhou seu rosto. 

OoO

O carro parou, finalmente, foi quando se deu conta que agora estava ali, prestes a juramentar tudo o que viveu com Sasuke. Na janela refletia sua imagem, o vestido curto com saia de tule e corpete simples, tomara que caia, moldava sua cintura enquanto o decote coração desenhava o formato dos seios. O véu preso nos cabelos róseo em um coque simples cobria uma pequena parte dos ombros, ressaltando a beleza simplória em harmonia com a maquiagem leve, nada mais que um delineador realçando os olhos verdes e um batom rosa preenchendo os lábios que exibiam um tímido sorriso. Cultivou aquela imagem durante tanto tempo e enfim estava acontecendo, admitia, um pouco prepotente, que jamais esteve tão bonita.

Sakura respirou fundo, com a mão no peito. Então era agora. Alguns passos e uma única palavra separava ela do início de um novo estágio da sua vida. Engoliu seco, buscando manter a calmaria, pelo menos por fora. 

Uma mão repousou sobre seu ombro, despertando sutilmente do transe, então Mebuki lançou a pergunta a filha, apenas para ter certeza. 

─ Sakura, está tudo bem? 

A simples pergunta repercutiu tantas vezes, que ela apenas deixou sumir em meio a outros questionamentos perturbadores, confessando o que mais aflige em seus pensamentos. 

─ Eu estou com medo, mãe – admitiu olhando nos olhos dela, agora mais aliviada - E tão feliz que acho que vou explodir. 

─ É normal estar nervosa, meu amor. Quando me casei com seu pai minhas pernas tremiam mais do que folha no vento e eu nem tinha chegado ao altar ainda - riu com a breve memória,  causando um sorriso singelo no rosto amedrontado da filha - Tenha calma, erga a cabeça e siga em frente, mas não demore. Olhe o que a espera - aconselhou, segura do que dizia, e apontou para fora. 

O entardecer na praia com um lindo pôr do sol sobre águas do mar se tornou palco da união de um casal. Um lindo jardim suspenso com flores brancas foi colocado sob as cadeiras, próximo ao altar. Um caminho de pétalas de rosas foi construído desde a porta juntamente a uma trilha de velas na areia, para guiar a noiva. E não muito longe dali, mesas foram colocadas de maneira estratégica para acomodar a todos no jantar que viria. 

─ Está tudo tão perfeito - suspirou emocionada. 

─ Já está na hora. O noivo parece estar aflito - Disse Kizashi, assim que surgiu, mas parou no lugar quando viu a filha, finalmente, pronta - Minha menina, está tão linda. Tão bela. Não existe nesta terra nada mais encantador que a sua beleza. Sua mãe ficaria tão maravilhada quanto eu, tenha certeza disso. 

─ Obrigada papai - foi impossível não se emocionar, o pai estendo-lhe o braço, o sorriso doce em conjunto com o brilho orgulhoso em seu olhar, a deixou mais calma, enroscou no braço oferecido, logo o Haruno lhe cobriu de gracejos.

Os convidados; amigos e familiares se levantaram com a chegada da noiva. Todos os olhares se voltaram para ela, que estava radiante, acompanhando sua caminhada sutil e majestosa ao lado do pai. 

A caminhada havia sido longa, mas ambos haviam alcançado o que almejavam. Estavam ali, cumprindo com seu destino. 

Olhos dela desprenderam do ambiente ao redor para serem atraídos em poucos segundos para o altar, simplório, enfeitado com flores do campo. E ali estava Sasuke, imponente ao lado dos pais. 

Sakura deslizou delicadamente pelo tapete de pétalas. A todo instante ela encarou o noivo, que estava tão elegante no seu terno claro. E toda a decoração dos sonhos se desfez assim que Kizashi ofereceu com um aperto de mãos  a filha, sem deixar como aviso seu olhar severo. Sasuke agradeceu o sogro com o mesmo esmero, e à ela doou o sorriso mais encantador, o mesmo que fez seu coração explodir de paixão tantas vezes, e até mesmo naquele momento seria capaz de fazer ela se apaixonar outra vez. 

Sasuke beijou ambas as mãos de Sakura, antes de erguer os olhos e admirá-la por um longo tempo, encantando com sua beleza.  O olhar foi retribuído com a mesma ternura e amor. O mundo ao redor não mais existia, eram apenas eles alí. 

─ O destino se cumpre quando as almas que por ele foram escolhidas para lutarem juntas sobreviveram a guerras intensas em busca da compreensão e ainda transbordam amor quando alcançam o fim - Começou a cerimonialista - Sakura e Sasuke provaram antes mesmo a eles que, seus sentimentos são intransponíveis. E aqui, hoje, realizam o fim e o recomeço de uma longa jornada. Eu desejo que perpetue, e que este fio que os une seja forte para suportar o que é preparado para a nova vida que começa. Presentes para testemunhar seus juramentos estão seus familiares e amigos. Por favor, as alianças - Pediu. 

Todos olharam para Sasuke, porém, ele direcionou seu olhar ao caminho de pétalas que sua noiva havia vindo pouco antes, e lá estavam seus amigos, Naruto, Hinata, Ino, Karen, Suigetsu e Washu, juntos acompanharam Itachi que carregava uma almofada pequena onde as alianças repousam. Sakura sorriu emocionada com mais uma bela surpresa. Quando alcançaram o casal, Sasuke pegou as alianças e voltou seus olhos para a noiva. 

─ Gostou? 

─ É claro. - Ela sussurrou a resposta. 

─ Ótimo, tenho mais surpresas como essas durante a lua de mel - Ele lançou uma piscadela que, a deixou vermelha. 

─ Sasuke você ficou tão bobo. 

─ Acredite, isso é sua culpa, meu morango - O olhar apaixonado não deixou seu rosto, enquanto a cerimônia ainda acontecia.

Quando a voz da cerimonialista despertou a ambos, era chegada a hora do momento mais aguardado. 

─ Sakura Haruno, seus votos - disse a cerimonialista.

Ela respirou fundo, mas antes de começar lágrimas já surgiam nos seus olhos. A emoção tomou sua voz. 

─ Houve um dia em que abri meus olhos após um sonho maluco, e encontrei um garoto ao meu lado que eu nunca vi, sua beleza me deixou envergonhada, mas sua arrogância me irritou como ninguém jamais antes. Ele duvidou da cor do meu cabelo. Tirou sarro de mim tantas vezes - Ela riu, deixando uma lagrima escapar - Primeiro ele me beijou para me provocar, mas quando estavamos na sacada da minha casa, eu senti que foi verdadeiro - Ela segurou nas mãos dele, que apertou para retribuir - Eu e lembro de tudo, Sasuke. Eu te amo. 

Ele acolheu o rosto dela entre as mãos, apressado e tão emocionado quanto ela, sussurrou. 

─ Eu apenas sei que a amo muito Sakura,  não tenho votos, então, posso beijá-la agora? - soprou no pé do ouvido dela. 

─ Me beije!

Sasuke tomou as alianças colocando no dedo dela e deixando que fizesse o mesmo, assim, seu polegar acariciou os lábios, antes da sua boca pressionar contra a dela. O beijo era intenso, envolvente e quente, ambos mergulharam entregues aquela doce atração, procurando sucumbir o novo sentimento. Sakura deslizou as mãos pelo seu peito e agarrou seus ombros enquanto ficava na ponta dos pés.

Independente do tempo, lugar ou circunstâncias, o destino providenciou o encontro, uniu aqueles que foram destinados a se conhecer, mas não seria responsável pelas consequências da luta árdua em busca do amor.  

Ninguém nunca disse que seria fácil, e jamais foi revelado qual seria a sensação quando o amor, finalmente, vence as amarras da vida e torna-se pleno. O depois, também não se é dito em lugar algum. O profundo desconhecido caberia a cada um em descobrir.  

─ Não deixe o amor ir - A mulher jovem que realizou o casamento se transformou na senhora de cabelos brancos, seu sorriso singelo cresceu em seus lábios, deixando apenas que soubesse sua identidade a próxima alma que ajudaria a encontrar sua alma gêmea.  

 

 

FIM. 

 


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Notas finais do capítulo

Oi gente, depois de um tempão, ressucitei com Akai. Espero conseguir finalizar essa história que tanto amo, e também, em respeito a quem ainda acompanha. Muita coisa aconteceu durante esse tempo, um tipo de bloqueio que eu achava que nunca terminaria, mas aos poucos estou tentando voltar.

Próximo capítulo é o tão aguardado casamento o/  Não posso prometer que será logo, mas, estou me esforçando para trazer um bom fim.


NOTA ATUALIZADA!

Se você chegou até aqui, eu tenho muito a agradecer, não só por ter acompanhado Akai, mas por ser meu apoio. Obrigada. Muita coisa aconteceu ao longo desses anos, e diversas vezes pensei que jamais alcançaria o fim, pensei em desistir, deixar pra lá. No entanto, vez ou outra surgiam comentários, pessoas que criaram laços com essa história, motivando a persistir um pouco mais, e hoje chegamos aqui.

É com uma imensa felicidade que encerro Akai Ito. A última música deste capítulo é Stars - Minseo.

Beijinhos.



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