Akai Ito escrita por Karol Montblanc


Capítulo 52
Perfect


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores!!! Tudo bem com vocês? Estão ansiosos? Acham que este é o último capitulo? Pois eu venho dar a notícia de que ainda vem um extra por ai o/

O cap ficou enoorme, por isso tive que dividir. Logo mais estarei postando oficialmente o último. Espero que gostem. Preparem seus coraçõezinhos, fortes emoções vem por ai.

Boa Leitura!



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Capitulo LII

  "Se tu me amas, ama-me baixinho. Não o grites de cima dos telhados. Deixe em paz os passarinhos. Deixe em paz a mim!Se me queres, enfim, tem de ser bem devagarinho, amada, que a vida é breve, e o amor mais breve ainda..."

(Mario Quintana)

Perfeito

 Devagar colocou a mulher em seus braços sobre a cama, trocaram olhares tímidos, sem saber como deveria agir, Sasuke alcançou as sapatilhas, retirou uma por vez dos pés pequeninos, tão delicados quanto ela. Levou a boca sobre o dorso, onde depositou um beijo demorado, quente, inocente. Primeiro, viu surpresa sobressaltar nos olhos verdes brilhantes, ela tentou recolher os pés, mas ele os segurou nas mãos, voltando a repetir a ação anterior em beijá-los.  

  ─ Por favor, não - suplicou constrangida, colocando as mãos sobre os ombros largos. Ele ergueu os olhos, nublados pelo anseio e a excitação - Por que está fazendo isso?  

  ─ Não pude evitar - desta vez plantou um beijo sobre o calcanhar, outro nas panturrilhas e joelhos, quando suspirou com a visão das coxas desnudas, o vestido ainda cobria a peça íntima - Tudo em você é tão sexy - suas mãos deslizaram proporcionando afago por toda extensão das pernas, prosseguiu sob o olhar desejoso com as carícias.  

  ─ Sasuke... - clamou por ele, no instante que os beijos foram subindo. Seu corpo aqueceu mesclando a incontrolável sensação de formigamento abaixo do ventre. O fôlego deixou seus pulmões durante alguns segundos, sem perceber mordia o lábio inferior enquanto suas mãos agarradas ao lençol, reprimia o prazer inestimável.   

  ─ Vou fazer com que melhore, me deixe fazer isso, por favor... - ouviu Sasuke dizer, mas não foi o tom exigente que a surpreendeu e sim a falta de controle com seu corpo - Eu te quero - ele sorriu, assim que colocou sua testa sobre a dela - Quero tanto que não posso mais suportar - a beijou nos lábios enquanto ela ofegava, ainda tonta em sentir os primeiros sinais do prazer, deixou ser conduzida. 

  As mãos grandes acolheram cada parte da pele exposta, se aventurando com os suspiros longos, profundos, que vez ou outra ela prendia na garganta. Quando pela primeira vez parou, fixou seu olhar no rosto corado, acariciando os lábios dela com os seus, ao passo que a razão pela qual não prosseguiu soou carinhosamente da sua boca.  

  ─ Estou alucinado no seu cheiro. Quero te tocar. Muito. Nada mais. Você está pronta para isso? Se não estiver, tudo bem - sua voz soou tensa, oferecendo à ela a opção de escolha. 

  Sakura analisou com admiração o homem, aquele que aprendeu a amar acima dos erros e atitudes impensadas, mesmo que por muitas vezes foi intencional para afastá-la, neste instante implora por ela. Diferente do garoto que encontrou ao acordar há um ano, este não grita palavras egoísta, mas sussurra devoção, é doce, gentil, um homem apaixonado. Ainda em silêncio, levou suas mãos ao rosto, pousou sua testa sobre a dele, tocando seus narizes. 

  ─ Estou com medo - confessou, sussurrando, como se alguém mais pudesse ouvir - Mas é tão bom sentir o que só você pode me proporcionar. Eu sei que estou segura nos seus braços. Tudo que preciso é você, Sasuke. Só de você - murmurou com doçura, assim que voltou a encará-lo encontrou olhos marejados, transbordando amor - Todos os caminhos me levaram a você e eu não me arrependo um só dia de te amar.  

  Rendido a emoção, não reprimiu mais as lagrimas, agarrou o colo dela e chorou.  

  ─ Obrigado - ciciou ao pé do ouvido.   

  Ele a trouxe para seus braços, tomando a boca com paixão e fervor em busca do delírio e o deleite de alcançarem juntos o ápice.  

oOo 

  Ao espreguiçar sentiu os braços envolvidos a cintura apertarem um pouco mais de encontro o corpo viril. Sorriu, quando sentiu Sasuke aproximar o rosto do pescoço e inspirar seu perfume, deixando rastro de beijos até o lóbulo da orelha, sussurrou.  

  ─ Bom dia - disse ele meio grogue, e então abrir os olhos para fitar a mulher encolhida em seus braços.   

  ─ Bom dia - correspondeu, procurando conforto no peito desnudo.  

  ─ Com fome? - ele afastou alguns fios róseos com a ponta dos dedos antes de baixar a cabeça e passar os lábios suavemente sobre a testa.  

  ─ Um pouquinho.  

  Ela ergueu os olhos a procura dos ônix lascivos, havia uma felicidade infinita transbordando no rosto dele. Seu coração fora preenchido outra vez de carinho, compreensão e admiração. 

  ─ Se continuar me olhando assim, juro que vou fazer com que seja o meu café da manhã. Está ouvindo? - ele a trouxe de volta. Moveu a cabeça para beijar a ponta do nariz e, enfim, selar os lábios com um beijo que desencadeou todas as lembranças da noite anterior. 

  Sakura foi incapaz de esconder a vergonha, antes que seu querido e amado noivo surgisse com novas memórias quentes, puxou o lençol envolvendo o corpo nu, sob a gostosa risada do Uchiha, correu para se trancar no banheiro. 

  Após um longo banho, escovar os dentes e pentear os cabelos úmidos, abriu apenas uma pequena fresta para ver se ele ainda estava ali, mas não o encontrou. Saiu enrolada na toalha, a procura da mala com suas roupas, percebeu que Sasuke não havia tirado do carro, na pressa, outras prioridades vieram primeiro. Foi inevitável segurar o sorriso.  

  ─ Se estiver tentando me seduzir, posso garantir, não é preciso muito esforço, meu morango -  disse a voz grave dele. De braços cruzados, apoiado no batente da porta, avaliou cada centímetro do corpo seminu, parando somente quando encontrou os olhos dela. 

  ─ Sasuke-kun - encolheu os ombros, constrangida - Preciso das minhas roupas. Poderia trazer a mala? 

  Ele deixou o lugar em que estava, dissipando a distância, não respondendo o pedido de imediato.  

  ─ Sasuke - antes que pudesse continuar, ele pôs o dedo indicador sobre seus lábios. 

  ─ Espere, estou verificando uma coisa - silabou próximo ao ouvido, afastou o cabelo e acariciou o ombro com a ponta dos dedos - Está tão linda, agora.  

 ─ O que veio verificar? -  o efeito do toque refletiu no tom trêmulo da sua voz. Ansiosa, inquieta, apertou a toalha contra o corpo. 

 ─ Se me quer tanto quanto eu te quero - sussurrou, sua voz carregada de desejo, atravessou os ouvidos da mulher que tomou seu coração, fazendo-a se arrepiar por inteiro. A satisfação escapou no canto da boca. Deslizando as mãos em torno dos quadris a ergueu com facilidade. Instintivamente ela circulou os braços no pescoço, capturando sua boca sedenta  Ele a levou para cama novamente.  

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Sorriso ardiloso, olhar sombrio, ela não poupou artilharia para intimidar a Nakamura a entrar no seu jogo persuasivo. A partir do momento que levantou, encerrando o jantar, decretou em silencio o início da própria diversão. Não havia limites para Mikoto, quando quer algo, move céus e terras, principalmente se a razão de seus esforços contribui na felicidade daqueles que ama.  

Seu andar gracioso até a sala de estar, foi mais uma provocação a nova rival, no menor dos gestos convidou a todos a sentar e ainda em pé dirigiu seu olhar a quem competiria. 

  ─ Muito bem, você aceitou meu desafio, fico lisonjeada - começou - Para não dizer que foi previsível. Ah! Não se preocupe, apenas eu vejo isso. 

  ─ O que planeja? Quero acabar com esta brincadeira logo, para retornar ao hotel. Alias, farei questão de esquecer que estive aqui neste fim de semana. 

  ─ Oh! Tenho certeza que não será fácil, pois pretendo tornar esta noite inesquecível. 

Elas trocaram olhares por um momento, evidenciando tudo aquilo que não poderiam dizer uma a outra em voz alta.  

  ─ Iremos começar então.  É um jogo de perguntas adorável, tenho certeza que vai se sair bem. Nossos filhos farão perguntas obvias que toda mãe deve saber, aquela que acertar mais ganha. Viu, muito simples. Estão preparados? - mirou o filho e a nora. 

  ─ Eu não sei se é uma boa ideia - começou o primogênito Uchiha, apreensivo. 

  ─ Estou pronta – disse Washu – E quero começar - determinada, encarou a mulher que a gerou. 

  ─ Ótimo – devolveu a Nakamura, indiferente – O que quer saber? 

  ─ Espera, espera, meninas. Vocês precisam se sentar no chão uma de frente para a outra – acrescentou. 

Mãe e filha se sentaram no tapete, um pouco distantes.  

  ─ Mais alguma coisa, dona Mikoto? 

  ─ Sogra, querida. E sim – virou-se para o segurança – Pain, a tinta – pediu. Ele imediatamente foi buscar, minutos depois retornou e entregou a Uchiha. 

  ─ Para que isso, mãe? - Itachi perguntou o que todo restante apenas questionou mentalmente. 

  ─ Esta será a consequência para cada resposta errada, não é divertido? - observou a rival revirar os olhos, enquanto o marido da mesma demonstrava entusiasmo. 

  ─ Parece realmente muito divertido. Eu posso ajudar a responder? - perguntou o pai de Washu. 

  ─ Não! - foi Wakemi quem respondeu, determinada – Quero acabar com isso o quanto antes.  

  ─ Espero que esta pressa seja por conhecer sua filha tão bem quanto conheço o meu bebê - alfinetou – Amor, sente-se na frente da mamãe - ele fez o que lhe foi pedido, antes procurou os olhos de Washu, mas foi ignorado - E olhe aqui para mim, no momento ela é sua adversaria. Compreendeu?  

  ─ Minha mulher não é minha adversaria – revidou, inconformado, porém nada poderia fazer para mudar os planos de sua mãe.   

Foi inevitável esconder o sorriso, ele havia dito alto o suficiente para que ouvisse, pois sabia o efeito que suas palavras causariam, apesar de estar chateada, Washu tinha ternura no olhar.  

  ─ Tudo pronto? Minha nora, querida, pode fazer a pergunta à sua mãe - incentivou.  

  ─ Certo – ela cruzou as pernas e respirou fundo, limpou a garganta, antes de questionar – Quais foram as minhas primeiras palavras?  

Wakemi arqueou a sobrancelha, os lábios esticados em um sorriso zombeteiro, intrigou a filha.  

  ─ "Vovó" Você é opiniosa desta maneira, até mesmo em suas primeiras palavras. Qual é sua próxima dúvida? 

  ─ Está correto. Eu tenho algum tipo de alergia? - continuou.  

  ─ Sua saúde é perfeita, sem nenhuma alergia. 

  ─ Muito bem – suspirou, incomodada - Existe um dia importante para mim, todo ano vou visitar um certo lugar. Você sabe a razão? -  

  ─ Não tenho certeza – seu olhar suavizou, pensativa, demorou alguns minutos até prosseguir – Quando criança seu avô deu um cachorro a você, sempre esteve em companhia desse bicho, pra lá e pra cá. Sua avó dizia que era o seu melhor amigo. Eu sei que brincando próximo a um riacho, o cachorro pulou para pegar algo que você jogou e nunca mais voltou – encarou a filha com seriedade - Você se culpa, ainda hoje.  

  ─ Qual... o que eu... o que... Você sempre soube tudo sobre mim, mas se manteve quieta. Por que nunca foi a mãe que eu sempre precisei? Por que esteve ausente mesmo sabendo como me sinto... Por que... mãe? - a esta altura foi incapaz de segurar o choro, as lagrimas de magoas guardadas por tanto tempo gradativamente banharam o rosto e, quando não pode mais reprimir o soluço preso a garganta, alguém a envolveu nos braços e trouxe para o colo.  

Washu reconheceu o afago de Itachi, agarrando-se a camisa dele, abafou o choro escondendo o rosto em seu peito.  

  ─ Não, não, nós nunca a abandonamos, ursinha. Foram momentos difíceis. Sua mãe e eu éramos jovens demais quando a tivemos, ficamos desesperados, não havia como dar tudo que você merecia sem haver sacrifícios. Peço perdão, depois que seus irmãos nasceram, imaginei que você estaria melhor vivendo com seus avós. Sua mãe sempre quis que estivéssemos todos juntos, mas a nossa relação de pais e filha em algum momento se perdeu. Me desculpe, minha filha - acariciou o cabelo loiro com cuidado e carinho, o tom embargado em sua voz era nítido. Washu deslocou dos braços do namorado para os braços do pai - Me desculpe. Me desculpe. Me desculpe – ele sussurrou copiosamente sem cessar.  

A matriarca Nakamura ainda observava de longe, seu silencio prevaleceu durante todo o tempo que a filha chorou nos braços do pai, em momento algum fez menção de se aproximar, mesmo quando o marido a chamou para mais perto. De repente o rosto serio de Mikoto surgiu no campo de visão, despertando a primeira reação em Wakemi, desde que entrou em transe e perdeu-se em seus devaneios. 

  ─ Estou atrapalhando? Acho que nosso joguinho ainda não acabou, tenho algumas perguntas e espero que ás responda com sinceridade.  

  ─ O que quer saber? - apesar de parecer inabalável por fora, seu tom mostrou o oposto, não conseguiu esconder a frustração.  

Antes de questionar, a Uchiha olhou fundo nos olhos dela em busca de algo, como se vasculhasse a alma varrendo minuciosamente por cada canto. Sua voz soou de repente meiga e calma.  

  ─ Quero saber quando percebeu que não poderia ser mais egoísta, que o amor inigualável sufocado no peito havia direção, sem permissão, sem modéstia, você apenas sentia e sabia que seria perpetuo. Eu quero saber, como se sente a mãe aprisionada aí dentro, como ela conseguiu sobreviver por tanto tempo sem reclamar pelo carinho da filha. Como ela consegue enxergar a carência que suas atitudes causaram e ser tão desprezível a ponto de ignorar o que está acontecendo aqui e agora. Eu quero entender quais foram os motivos que não a fizeram recuar. Se não tentou recuperar o que perdeu com a sua primogênita, de alguma maneira fez mais do que estava ao seu alcance com seus meninos, mas não pode esconder as cicatrizes marcadas no seu coração. Você tem um, não tem? - a Nakamura somente maneou a cabeça em um sim mudo – Abra a boca e diga, ou não consegue, porque no instante que soltar a voz suas fraquezas virão átona. A mulher destemida cairá de uma vez por todas e está será a sua rendição. - segura de si, acolheu as mãos tremulas da mulher aos poucos via desmoronar - Se tudo o que eu disse for mentira, um equívoco absurdo. Me corrija, por favor.   

Wakemi fechou os olhos e travou o maxilar com força, trancafiou suas emoções na garganta, mas foi incapaz de impedir algumas lagrimas. 

  ─ Conte o que se passa com você - incitou, acreditando que estava quase conseguindo o que queria. 

Entretanto, ela se levantou, mantendo distância de todos, virou-se de frente para porta, e soltou o ar buscando equilíbrio mais uma vez. Com os sentimentos a flor da pele, ouviu a Uchiha provocar. 

  ─ Pare de agir como se fosse forte. Esse ressentimento vai acabar matando você, por ser tão rancorosa, cheia de magoas e ma- 

  ─ PARA! - sua suplica ecoou, calando Mikoto por um segundo – Para com isso, para! Eu não aguento mais ouvir suas verdades. Não aguento mais esse seu joguinho. Chega! Estou indo embora imediatamente, e não quero você atrás de mim – disse, olhando diretamente para filha, quando alcançou a bolsa visivelmente nervosa e rumou em direção a porta da frente.  

  ─ Dear! - Alexander a chamou, antes de vê-la sair às pressas, ele fez menção em segui-la, mas foi impedido. 

  ─ Deixe. Eu vou falar com ela - Washu enxugou o rosto, assim que se afastou.  

  ─ Tem certeza, filha? - perguntou, incerto se deveria ou não apoiar aquela decisão. 

Entretanto, ela titubeou, sem haver resposta alguma, Alexander prosseguiu. 

  ─ Acho que vocês duas precisam de tempo. Não se preocupe, as coisas com sua mãe sempre são um pouco difíceis. 

Ela esboçou um sorriso terno, afagou a face do pai com carinho e murmurou: 

  ─ Prometo que vai ficar tudo bem. Ela vai ter que falar comigo em algum momento. Eu só espero que seja antes de vocês voltarem a Londres – sua voz soou tristonha, magoada com a rejeição.  

Alexander percebeu e, mais uma vez abraçou a filha, transmitindo no acalento tudo o que não soube dizer em palavras. O momento fraterno durou até que ambos afastassem aos poucos, com um belo, porém genuíno sorriso.  

  ─ Me desculpe por essa noite... - começou ele, contudo a filha o cortou. 

  ─ Esqueça, pai. Você precisa ir logo ver como está minha mãe - ele assentiu, se despediu da família Uchiha e em seguida se foi. Ela continuou ali, parada, até que a voz do namorado despertasse de seus devaneios. 

  ─ Está tudo bem? - Itachi tocou no ombro dela. 

  ─ Não sei – respondeu sucinta. 

  ─ Melhor encerrar a noite – a voz de Fugaku veio do outro sofá - Mikoto, deixe que Itachi e Washu voltem para casa.  

  ─ Sim, Acho que foi um dia bastante cansativo. Descansem crianças - sem acrescentar mais nada, ela apenas concordou em seguir o marido, causando estranhamento tanto no filho quanto a nora.  

O casal já subia as escadas para o segundo andar, quando Itachi chamou. 

  ─ Mãe, eu ainda não fiz a minha pergunta, pode responder a única dúvida que tenho? 

Ela se virou com um grande sorriso. 

  ─ Claro meu filho, pergunte o que quiser.  

  ─ Olhando nos meus olhos, diga, como eu estou me sentindo agora? 

A pergunta simples deixou a Uchiha empolgada, mesmo que ele não estivesse sorrindo e seus olhos escuros estivessem indecifráveis, ela, alegremente encheu o peito e respondeu com prontidão.  

  ─ Bem, eu com certeza o conheço e sei que está um pouquinho bravo com as minhas atitudes impulsivas, ou um tanto exageradas, mas como sabe exatamente a mãe que tem, irá me perdoar em instantes, por ter pressionado a Nakamura rabugenta e ter a feito dizer coisas que nem mesmo Washu sabia. Não estou certa? 

Ele foi em direção ao pote com tinta sobre a mesa de centro, depois aproximou da mãe, olhou diretamente em seus olhos com seriedade e, então pintou a pontinha do nariz dela, causando espanto a mesma. Itachi nada disse, suas ações respondiam por si só. Em seguida virou as costas, segurou Washu pela mão e puxou consigo para fora da mansão, deixando seus pais cientes do seu desagrado.  

  ─ Mas eu... O que eu disse de errado, Fugaku? Eu só quis que tudo se resolvesse, procurei ser gentil e compreensiva. Eu fiz com que houvesse o confronto entre mãe e filha, finalmente. Itachi deveria me agradecer. Então, onde está o meu erro? Onde?  - surpresa, questionou o marido. 

Antes de responder, Fugaku abraçou a esposa pelos ombros e a guiou até o quarto, a fez sentar na cama e retirou seus sapatos. Ela se manteve quieta o tempo todo. Ele ergueu os olhos, ainda de joelhos no chão, chamou a atenção dela quando lhe tocou o queixo.    

  ─ Nem sempre o que é bom para você será bom para todos. Ás vezes suas intenções inocentes são vistas com maus olhos e sua idolatria a união dificilmente pode ser compreendida. Se acredita que sua atitude hoje correspondeu ao que queria, é tudo o que importa. Deixe o tempo passar.  

  ─ Está admitindo que apoia minha loucura, mesmo que nosso filho esteja bravo comigo? - ela arqueou a sobrancelha, intimidando o marido com seu olhar astuto.  

  ─ Não, eu não concordo com o que fez, mas eu estou admitindo que reconheço a personalidade forte da mulher que escolhi compartilhar toda uma vida – ele se levantou e inclinou a cabeça selando seus lábios a testa dela, quando voltou a olhar em seus olhos novamente, a tristeza já havia deixando seu semblante – É hora de se render, Mikoto. Vamos descansar. 

oOo 

Após sair da mansão, Itachi prosseguiu na frente, arrastando a namorada consigo, mesmo sob os protestos dela, ele continuou seguindo obstinado sem emitir uma única palavra. De repente, ela puxou a mão com brutalidade acompanhado de um grito, alcançando, finalmente, a atenção dele.  

─ Onde pensa que está indo? Já estamos duas quadras longe de casa. Você está tão perdido com seus pensamentos que não percebe o que está fazendo! – Ela soltou em um único fôlego, respirou fundo e voltou a olhar o Uchiha nos olhos. – Quem deveria estar brava sou e não você. - vociferou. 

─ Me desculpe. - Itachi pediu, com a voz carregada de arrependimento. - Eu fiquei atordoado com o que minha mãe causou a sua família. Não quero vê-la triste, então eu... Eu só queria fazer você esquecer, de alguma maneira. - explicou sincero. 

─ Você acha que estou chateada por causa do jantar? - Franziu o cenho e em seguida riu sem humor, levando uma mão aos cachos rebeldes, bagunçando-os ainda mais. - Sério, Itachi, você é realmente incrível... Incrivelmente idiota! -despejou irada. As palavras antes entaladas, agora fluíam livremente, carregadas de fúria.  

─ O que? Espera aí! Idiota? - O Uchiha repetiu o insulto, atordoado.  

─ Eu não sei como nomear um namorado que fica calado diante toda família quando é perguntado se deseja se casar com a mulher com quem mora há meses. Me desculpe por este equívoco, eu sou a idiota. - Apontou para si mesma, deixando a mágoa transparecer nos olhos castanhos, a raiva dentro de si crescia, alimentada pela confusão de Itachi.  
 

─ Ah, é por isso. - Suspirou. - Amor, não foi minha intenção. É óbvio que eu quero me casar com você, mas naquele momento eu... travei. - Admitiu, envergonhado. 

─ Não me chame de amor. Você poderia ter travado quando perguntassem sobre filhos, sobre trabalharmos na mesma empresa, qualquer coisa, Itachi. Mas não sobre o que eu mais desejo na vida e sempre deixei claro. - Sentiu a voz embargar, mas se controlou, não queria chorar e demonstrar sua fraqueza.  

─ Não diz isso, por favor. Eu te amo, Washu. - tentou tomá-la num abraço, mas ela se afastou bruscamente mais uma vez. 

─ Você recuou, Itachi. Caramba! Você ficou com medo de dizer que me quer como sua esposa. Sabe como estou me sentindo? Uma trouxa! -  exclamou, entregue ao seu temor, virando-se para o lado afim de evitar o olhar intenso que a desarmava a todo instante. 

─ Não, não, o que eu mais quero é ser seu marido, meu amor. Dizer a você é tudo o que me importa, é contigo que eu vou formar a minha família. É contigo que vou passar o resto dos meus dias. Eu sei que você quer que o mundo saiba. Peço desculpas. Meu mundo é você, isso é tudo o que importa. Tudo. Se você quiser podemos nos casar agora. - Declarou mais uma vez seu amor, e colocou a mão no ombro dela, trazendo aos poucos o corpo diminuto próximo a si novamente. 

─ Agora? - Arqueou a sobrancelha, desconfiada mediante à tal proposta. 

─ Sim, neste momento. Só precisamos de alguém que concretize nossa união, agora. - reafirmou. 

─ Faria isso mesmo? Se casaria sem dizer a mais ninguém? Itachi, aqui não é Las Vegas. - tentou argumentar. 

─ Eu me caso com você onde for, até mesmo em Las vegas. Basta dizer sim. - Pediu por fim, tentando controlar a ansiedade que crescia dentro de si, nervoso pela única resposta que faria sua vida completa. 

─ Você é maluco. Sim. eu quero cometer essa loucura, aceito ser sua esposa. -convencida pelos olhar, que jamais poderia desmentir tais palavras, ela abandonou qualquer resquício de irritação ou mágoa que pudesse ainda estar em seu peito e se jogou sobre o único homem que havia lhe tirado a sanidade desde o primeiro momento em que o viu. Não havia medo ou hesitação, para estar com aquele a quem se entregou de corpo e alma, cometeria toda e qualquer loucura que ele propusesse. 

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    Após a manhã intensa, o casal se deslocou até a cozinha entre beijos e carícias. Sasuke a fez se sentar na ilha que dividia o espaço, enquanto ele mostrava de maneira habilidosa sua arte culinária. 

  ─ Posso fazer qualquer coisa, é só pedir - se gabou - Então, o que gostaria de comer?  

  ─ Hmm… Que tal waffles?  O que você faz são os meus preferidos - confessou, seus olhos se fecharam imaginando o sabor que sentiu a tanto tempo, mas que sua memória resgatou, trazendo a doce sensação de nostalgia. Quando voltou a focar no Uchiha, o encontrou debruçado sobre o mármore, a observando como uma criança - Quero comê-las hoje, mais uma vez.  

  ─ Tenho uma sugestão melhor; que tal comer todos os dias a partir de agora? - ela piscou os olhos, aturdida. Sasuke rumou a geladeira tirando alguns ovos e tudo que fosse utilizar.  

  ─ Isso é um pedido para morarmos juntos? E-eu sei que fui impulsiva com o casamento, mas… Olha, eu… Eu adoraria, claro que sim. Só que, Sasuke, nós não estamos sendo precipitados?  Eu tenho minha faculdade para terminar. Você está prestes a se formar e ingressar em um estágio importante da sua carreira. Há um caminho tão longo que eu… Eu não sei.  

  Confusa, Sakura encolheu os ombros, enrolando o dedo a ponta do cabelo. A frustração e o temor em fazer as escolhas erradas, ainda a assombram.  

  Percebendo o desconforto dela, Sasuke esticou a mão tocando o queixo, ganhando novamente a atenção da Haruno.  

  ─ É bom saber que também quer isso. Antes do meu trabalho, antes de tudo vem você. Se me disser para esperar, eu farei.  Mas também existe uma outra questão que quero discutir - primeiro, veio o alívio, ele a queria ao seu lado, o faria o mais rápido que pudesse. Por fim, a tensão retornou a pairar no tom de voz.  

  ─ Podemos pensar com calma. Temos muito tempo ainda, não é preciso ter pressa. Mas então, sobre o que quer discutir?  

 Sasuke terminou os waffles colocou em um prato e depositou diante dela com geleia ao lado.  

  ─ Eu te amo - soprou, criando um sorriso radiante no rosto dela - Quero assegurar que saiba com convicção que eu a amo - ela desceu do banquinho, deu a volta no balcão se sentou no colo dele e o beijou, tomando seu rosto entre as mãos.  

  ─ Eu sei. Eu também o amo - correspondeu com a mesma intensidade e brandura.  

  ─ Escute, eu nunca quis ser dependente da empresa do meu pai, isso significaria estar sob suas críticas todos os dias, não teria outra opção senão ser o melhor, sempre. Era uma ideia absurda. Mas, hoje, descobri que pode haver outras perspectivas. Trabalhar ao lado da minha família não soa de maneira tão assustadora. Na verdade, tive a oportunidade de conhecer o lado oposto de duas pessoas que estive julgando, sem realmente saber o que faziam. É estranho pensar que, eu posso me sentar entre eles, conversar, compreender e expor minha opinião, serei ouvido, o que penso será relevante. Portanto, decidi oferecer tudo de mim a um único objetivo que dará orgulho a eles. Sakura, até agora eu não tinha a menor noção do que faria, como começaria a minha vida profissional ou de onde partiria. Eu estava perdido e você me encontrou, foi minha guia, minha luz este tempo todo.  

  Sasuke baixou a cabeça escondendo o rosto no pescoço e inspirou o perfume suave dos fios róseos. Ela o aninhou com carinho, afagou seu cabelo, enquanto esperava ele prosseguir.  

  ─ Vou fazer o que for preciso para trabalhar em conjunto com meu pai e meu irmão. É o que eu quero, mas... 

  ─ Mas...? - incitou. 

Ele ergueu a cabeça, com olhar apreensivo.  

  ─ Meu pai ofereceu uma oportunidade para passar 4 meses em uma filial, em Londres. Eu disse que falaria com você antes de me decidir.  

Por um momento ela apenas encarou o namorado, sem nada dizer, ou esboçar qualquer reação. Quando ele começou a demonstrar preocupação, Sakura murmurou. 

  ─ Nossa. 4 meses? Você me pegou de surpresa. Hã, quando... pretende ir?  

  ─ Será na semana que vem. Mas se você me disser para ficar, não pensarei duas vezes. Eu não me importo com mais nada além de você - gentilmente ele segurou o rosto dela com ambas as mãos, precisava fazer com que ela entendesse que estaria acima de tudo - Basta me dizer 

  ─ Não! - ela saltou do colo dele, aflita - Seria egoísmo meu impedir que dê um passo tão importante na sua vida. É claro que deve ir. Acredito que vai ser o ponto alto para nós. Mesmo que eu não saiba como é passar mais do que um fim de semana sem você - ela deu uma pausa, para recuperar o folego, só então prosseguiu - Acho que podemos tentar.  

  ─ Você sabe que não foi nem um pouco convincente, não é? - ele riu, e a trouxe de volta para os seus braços. 

  ─ Eu só quero que pense mais no seu futuro. Tudo que te faça feliz vai me fazer feliz também - admitiu.  

  Mesmo que a insegurança estivesse nítida na face de ambos, com medo do que poderia esperá-los durante está longa jornada, mais um passo imprescindível seria necessário. No momento que ele abraçou a dona das suas indecisões, tudo fez sentido. 

   ─ Vamos deixar que o tempo cuide de tudo. Enquanto isso devoramos estes waffles com cheiro maravilhoso. Que tal? - sugeriu ela, não demorando a atacar e deliciar-se – Isso aqui está muito bom – gemeu. 

  ─ É mesmo? - arqueou a sobrancelha, curioso. 

  ─ Abra a boca. Agora vou alimentar você, Sasuke-kun – disse ela, quando espetou o garfo em um pedaço com geleia de morango.  

  Obediente, ele comeu, e Sakura o beijo assim que um pouco da geleia sujou os lábios dele. 

  ─ Agora estou vendo a vantagem em comer também - murmurou, assim que ela afastou a cabeça. 

  Sorrindo, o casal continuou compartilhando do café da manhã, entre provocações, caricias e beijos. No fim da tarde, acabaram enroscados no sofá, assistindo um filme qualquer. Em algum instante Sakura adormeceu sobre ele, agarrada a sua camisa, como se pudesse perder suas mais recentes memórias. Entretanto, o que ela não sabia era que Sasuke estaria pronto para recomeçar, seja hoje, amanhã ou a qualquer instante que as lembranças ousassem desaparecer. Ele faria tudo de novo.  

  ─ Sasuke... - balbuciou ela, adormecida.  

  ─ Sim, sou seu – sussurrou fascinado, enquanto acariciava os cabelos de coloração exótica.  

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 Levantou-se do futon com um suspiro impaciente. Havia se deitado naquela noite crendo que logo dormiria o sono dos justos, descansando plenamente como há muito tempo não fazia, ou melhor, não conseguia fazer. No entanto, mesmo após todos os acontecimentos, as preocupações ainda não deixavam sua mente, agora, o bem de sua filha era o que a apertava o peito em ansiedade. 

Andou pelos corredores pouco iluminado do Dojo, encontrou alguns guardas no caminho, que não ousaram dirigir uma palavra, apenas um leve cumprimento em respeito. Em poucos minutos alcançou o jardim extenso e inspirou fundo, enchendo os pulmões com o ar puro da noite e o aroma das damas da noite que exalavam seu doce perfume. 

Caminhou com calma por entre os caminhos de pedra, perdendo-se entre os pensamentos que a levaram ao passado distante, mas que ainda permanecia vivo em sua memória. Interrompeu os passos ao chegar na pequena ponte e fitou melancólica a lua refletida no lago de carpas. 

  ─ Nunca baixe sua guarda. - a voz de alguém soou vinda de trás das costas dela. Rapidamente, virou-se no mesmo instante alcançando a adaga presa ao laço do kimono - Esta foi a primeira lição que eu e Hizashi a ensinamos, esqueceu-se dela depois de tantos anos, Kurenai? - ela cerrou os olhos e crispou os lábios, indignada. 

  ─ Eu não baixei. Eu nunca baixo a guarda, Hiashi. Sabia que estava me seguindo desde que saí do meu quarto, você é quem se tornou barulhento demais depois de velho, qualquer um ouviria seus passos a quilômetros de distância. - tornou a esconder a adaga no laço.  

  ─ Não qualquer um, apenas você, sempre teve os sentidos aguçados, como um lince. - Disse brando, virando os orbes peroladas em direção ao lago. - Você sempre gostou desse lago, perdia horas observando as carpas. Afinal, certos hábitos nunca mudam. 

  ─ Sim. Como o seu em me seguir onde quer que eu vá, feito uma sombra. - Bufou. - Não tinha um só momento de paz sem ter o herdeiro Hyuuga no meu encalço. - Murmurou. 

  ─ Apenas gostava de observá-la, Kurenai… - Levou os olhos à face feminina que mantinha o cenho franzido. - Ainda aprecio, para ser sincero. 

  ─ Ora, que conversa é essa Hiashi? Também ficou bobo depois de velho? - devolveu irritadiça. - Não me venha com galanteios à esta altura da vida, tenho coisas muito mais importantes para me preocupar no momento, não preciso de mais uma.  

Ele riu.  

  ─ Eu sei que está preocupada com ela, mas não perca o sono por isso. Hinata já a ama, com o tempo ela aprenderá associar sua imagem à de uma mãe. Não tenha medo. - Hesitante, envolveu a mão dela com a sua, oferecendo o apoio e o carinho de que ela precisava para dissipar suas preocupações.  

  ─ Deixe de me preocupar com isso há anos. Eu não sou mãe. Não pude ser. Minha função sobre a vida dela é como mestra, apenas - confessou, irremediável na tomada de sua decisão, nem mesmo Hiashi ousou contradizer. Ela suspirou, voltando a fitar o lago, esboçou um sorriso ameno - Desejo que Hinata construa sua felicidade onde quer que decida ficar, seja aqui, como líder do clã, ou em Tóquio. Seus desejos e sonhos devem ser prioridade. É o suficiente para mim.  

O Hyuuga levou a mão ao rosto dela afagando a bochecha com carinho e plantou um beijo casto sobre a testa.  

  ─ Por tudo que causaram a você. Seu sofrimento, a dor irremediável e a perda. Peço perdão - iniciou ele, sincero, quando foi interrompido.  

  ─ Pare! Minhas cicatrizes não irão desaparecer da minha pele, só porque sente remorso. Este tempo passou, onde eu o culpava apenas por ter a má sorte de carregar o sobrenome Hyuuga - ela o cortou ríspida, afastando-se do toque gentil dele - Preciso retornar - virou-se para seguir, porém ele a segurou pelo antebraço, impedindo que pudesse dar um passo a mais - Hiashi - exclamou brava, tentando puxar o braço do agarre, isso só o fez fortalecer o aperto, trazendo a mulher contra seu peito.  

  ─ Kurenai, me ouça - pediu, a olhando no fundo dos olhos - Eu não fui forte o suficiente. Não me arrependo das escolhas que fiz. Chegamos onde deveríamos. Alcançamos o que almejamos por anos. Portanto, é hora de descansar, acalme seu coração. Mesmo que nunca sejamos digno do seu perdão. Eu estou pedindo, não como um Hyuuga, mas como o homem que lhe prometeu paz e sacrificou tudo por amá-la - segundos depois de dizer a última frase, percebeu que disse mais do que deveria. Hiashi abriu os olhos espantado, mas não viu surpresa estampar no semblante da Yuhi, pelo contrário, o rosto sereno contribuiu com o nervosismo e falta de controle dele - O que eu quis dizer é  qu- 

  ─ Eu sei o que quis dizer. Não vou condenar você por isso, seria hipocrisia. - disse ela, em seguida mordeu o lábio inferior, desviou o olhar - Quando pretende me soltar?  Assim que um dos guardas nos ver?  

  ─ Continue falando alto, todo clã ouvirá, não os culpe se nos virem juntos e tirarem conclusões que somos um casal - provocou, ainda segurando próxima a seu corpo. 

  ─ Não me tire do sério - enfim soltou-se - Aliás, somos tão improváveis quanto um javali e um lince. Não imagine coisas, Hyuuga - o sorriso zombeteiro iluminou seu rosto, ela se divertia enquanto se afastava. 

Para Hiashi, era como vencer uma guerra longa, exaustiva, mas que valeu a pena pelo simples fato de chegar ali, onde poderia contemplar aquele sorriso outra vez.  

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 O entardecer se aproximava através das árvores ao longe, tingindo o céu de cores quentes vibrantes entre as nuvens. O vento soprou trazendo o leve frescor adocicado, ela fechou os olhos, debruçada na janela, inspirou profundamente para esboçar um sorriso de felicidade. Era inevitável. Então contou baixinho até cinco, quando, enfim, ouviu alguém bater com firmeza. Seus pés agiram sozinhos, o coração guiou até o dono dos grandes olhos azuis parado em sua porta.  

Assim que o viu abriu um grande sorriso, foi como se o sol estivesse nascendo novamente naquele dia.  

  ─ Ah, cada vez que a vejo está ainda mais bela, Hina-chan. O que devo fazer? Será que é preciso lutar contra todos estes Samurais, sem deixar que um só homem sobreviva e, por fim, tomar a líder em meus braços como minha doce esposa? - suspirou, deslumbrado em vê-la se envergonhar, tentando reprimir o sorriso a todo custo.  

A passos curtos, ele circulou a cintura dela com uma das mãos, a outra alcançou o rosto coberto parcialmente pela franja, afastou alguns fios e então ergueu o queixo delicadamente selando seus lábios, sanando seus anseios mais íntimos. Juntos, esqueceram da existência de regras, cumprindo apenas o desejo solene de vivenciar aquele amor. 

Os olhos perolados abriram, tomando coragem para encarar o homem audacioso que arriscou a própria vida perambulando pelos corredores cheio de guardas, somente para estar com ela.   

  ─ Que bom que veio - soprou, repousando a cabeça sobre o peito dele. 

  ─ Por que eu não viria? Se nem mesmo Neji foi capaz, ninguém mais pode comigo -  vangloriou sua habilidade incontestável em conseguir agir sorrateiro - Quando meu motivo é encontrá-la, não existe nada que possa me impedir - garantiu. 

  ─ Eu não duvido - ela sorriu feliz.  

  ─ Vamos entrar, então? Tenho algo importante para dizer - sugeriu, observando ao redor para confirmar se ninguém havia visto.  

Hinata acompanhou os olhos dele, também preocupada. Ainda que tenha autoridade e o clã inteiro saiba que estão juntos, o fato de um homem estar no quarto de uma mulher solteira, para os membros, seria visto como um ato de desrespeito.  

Rapidamente o trouxe para dentro do quarto, fechou a porta e a janela em seguida, voltou a observar o loiro. Vestido em um kimono de cor escura, a pele bronzeada destacou-se, e os cabelos espetados como um sol radiante mantém harmonia com os olhos azul claros. Meticulosa, avaliou durante alguns segundos o homem por quem se apaixonou, levando seus pensamentos a alusão de que estivesse vivenciando um sonho muito bom. Acreditando que poderia acordar a qualquer segundo em seu quarto, ainda na cidade de Tóquio e tudo tenha sido projetado por sua imaginação.  

  ─ Vem cá - estendeu os braços chamando por ela, assim que se sentou no pequeno sofá no canto do cômodo - Quero abraçar você - seu pedido soou sincero, sem segunda intenções. 

O sonho dissipou quando a voz grave dele a trouxe de volta. Sem hesitar, Hinata  aconchegou em seu peito, ele a embalou com cuidado oferecendo seu calor e carinho.  

  ─ Eu gosto de sentir você nos meus braços. Sua pele parece seda. Tudo em você é lindo. É doce seu cheiro - Naruto baixou a cabeça e beijou suavemente o cabelo dela -  Minha Hinata é forte e tão adorável - disse, quando ela inclinou a cabeça para olhá-lo.  

  ─ Obrigada por me querer – murmurou, ela. 

Ele colocou o dedo indicador sobre os lábios dela, interrompendo, desaprovou o que havia dito.  

  ─ Não diga isso!  

  ─ Me desculpe, eu só quero que saiba que não conseguiria ser o que sou sem você - tentou explicar, mas ele permaneceu irredutível.  

  ─ Isso nunca iria acontecer. Não importa como, com ou sem a ajuda do Neji, eu estaria aqui hoje, provando que não está sozinha - acariciou o rosto delicado, gentilmente, contornando algumas linhas de expressões evidentes - Não diga coisas sem sentido - murmurou, deixando um beijinho sobre a ponta do nariz. Ela sorriu por um momento, contudo a rigidez voltou a nublar seu olhar.  

  ─ Naruto, seus objetivos estiveram relacionados a mim esse tempo todo, eu nem mesmo fui capaz de perguntar o que realmente deseja. O que quer fazer daqui pra frente. Em que gostaria de dedicar seu tempo. Eu apenas deixei ser levada pelo sentimento egoísta de te ter sempre ao meu lado, enfrentando tudo e a todos. E agora que não existe mais conselho ou qualquer mal reprimindo os membros e a mim, vejo com clareza o quanto me apoiei em você. Me desculpe por ter sido uma péssima companheira. Me desculpe Naru- 

Antes que ela pudesse prosseguir o Uzumaki segurou seu rosto entre as mãos e uniu seus lábios com um beijo apaixonado, que logo tornou intenso, aflito. De repente ele a ergueu em seus braços e a carregou para cama, afundando ali com ela no colo.  

Hinata ofegou, cessando o beijo por um instante. 

  ─ Naruto, e- 

  ─ Fica comigo, Hinata. Diga que nenhum conselho, regras ou qualquer cara metido a besta nunca irá tirar você de mim. Me prometa. Não, não! Jure por tudo que acredita! - sussurrou, desesperado, excitado. Naruto implorava ao mesmo tempo que impunha ordem - Você nunca foi egoísta. É a segunda mulher mais forte que já conheci em toda minha vida, só perde para Kurenai, aquela mulher merece meu respeito - riu, suavizando a expressão em seu rosto - Só me prometa que não vai mais fugir, que sempre será minha.  

  ─ Bobo. Eu juro que não vou a lugar algum - disse, rindo - Posso me satisfazer com o segundo lugar, desde que seja a primeira no seu coração - declarou, elevou suas mãos sobre as dele em seu rosto, depositou um beijo em cada palma, carinhosamente.  

Ele fechou os olhos, por um instante, desfrutando gracioso toque.  

  ─ Sempre será a única - soprou,  em resposta.  

  ─ E se eu disser que não poderei ser a única? - sugeriu.  

  ─ Claro que é! - ele a encarou, confuso - Sou eu quem mando no meu coração, Hina-chan - disse, bravo.   

O sorriso que brotou nos lábios dela, logo tornando-se uma gargalhada gostosa, quase perdendo o fôlego, foi o ápice. Hinata respirou fundo, cessando aos poucos. Enfim voltou a observar os olhos azul oceano.   

O Uzumaki franziu o cenho, ainda mais intrigado com o súbito ataque de risos dela.  

  ─ Você está me assustando.  

  ─ Desculpe. Sua inocência é tão encantadora. Eu o amo assim, desse jeitinho - aproximou sua testa a dele, roçando a pontinha dos seus narizes - Naruto, o que sinto por você é infinito e tão belo que nos gerou fruto - baixinho, contou a ele – A prova de que o nosso amor será eterno está bem aqui - gentilmente, ela segurou uma das mãos dele e levou ao ventre.  

  ─ O que você... Você está dizendo que… Que tem um bebê meu aqui? Bem aqui? - questionou, abolhado. O sorriso crescia a cada segundo, se estendendo as orelhas, tamanha era sua felicidade - Hinata… Hime, eu… - o tom embargado o denunciou, não conseguiria mais segurar as lágrimas. Suavemente, Naruto abraçou a barriga dela, escondendo seu rosto, abafando os soluços incontidos - Eu te amo, Te amo tanto, tanto. Obrigado – ele murmurou copiosamente, ora depositando beijos a barriga plana - Eu prometo que cuidarei de vocês. Vou tornar sua mãe minha esposa e nós teremos nossa casa. Será nosso começo... Eu juro – ele ergueu os olhos para fitar o rosto sorridente de sua amada. 

  ─ Ninguém irá tirar mais nada de nós... Eu juro - sussurrou, desafiando o destino.   


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Notas finais do capítulo

Se chegou até aqui, não deixe de comentar, sua opinião é muitíssimo importante.
Obrigada leitores. Desculpa a demora, realmente foram meses difíceis, mas estamos ai. Segue o baile o/

Música de hoje: Perfect - Ed Sheeran



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