O cheiro de mofo rodeia o ar, abro os olhos e deparo com Daniel me encarando friamente. Não sei onde estamos, mas pelo que parece é uma casa velha e abandonada no meio de uma floresta. Estou amarrada e com uma mordaça na boca. Tento expelir o ar dos meus pulmões, mas a mordaça impede isso e tenho a sensação de estar sendo sufocada.

Passam se minutos que mais se parecem horas e minha aflição só aumenta, será que meus pais não vão perceber que sumi? evaporei? desapareci?

Passei a noite fora e nem perceberam, ou talvez perceberam e nem ligaram. Tento parar de pensar nisso, porque sei que isso é o que minha mente quer que eu pense, pelo simples fato do tempo não estar passando e eu estar aflita por isso.

De repente Daniel me puxa pelo braço, abre um armário velho e empoeirado e me empurra para dentro, fechando a porta. Tudo está escuro, mas mesmo assim consigo ver vestidos antigos e também algumas fotos. Ouço gritos e batidas, chutes e barulho de tiros, começo a chorar desesperadamente.E se meus pais lembraram de mim, vieram, brigaram com ele, ou Janneth e agora esses barulhos, tiros e gritos, choro muito, apesar de saber que ninguém pode me ouvir.

Ouço passos, chegando mais perto, e mais perto. Seguro o choro e começo a me adentrar no armário, como se ele não ouvesse fim, me espremo em meio as roupas e me empurro em suas portas como se assim desaparecesse em meio a escuridão.

Uma luz invade o pequeno cúbiculo e meus olhos ardem. O que vejo não parece real, mas sim algo da minha imaginação, algo que minha mente criou para me afastar desta triste realidade. Aquela voz, aquele cheiro, tudo parece irreal, sim, era ele, Rich.