Escuridão. Isso seria o famoso lugar que você vai após a morte? Hahahaha. E eu esperava no mínimo uma pessoa com um manto negro e uma foice na sua mão esquerda ou direita. 

- Lembro de ter visto Ayano desistir da destruição da humanidade, isso é algo bom. Depois King disse algo sobre reviver, sentir dor. Mas qual era a dor?

Alguma coisa cruzou seu peito. Ardência, algo insistia em queimar no centro do seu corpo. Ao voltar sua visão podia ver Fogo sair do lugar onde se encontrava seu pulmão. Ar, precisava respirar, mas o mesmo não conseguia chegar até o lugar desejado pelo Elementalista. Peso, seus braços estavam sendo segurados, roçavam, sua visão entrou em pânico quando galhos de árvores seguravam suas pernas e braços, à mãe Terra estava o predendo e ele não fazia ideia do motivo. Seu corpo já estava quase perdendo a força quando algo molhado lhe tocou as pontas dos dedos. Água, nunca tinha se sentindo tão feliz por ela estar presente em algum momento, mas exatamente nesse, a tranquilidade caminhava junto à ela.

Mas suas dores começaram a aumentar, seu peito arder; seus pulmões não terem mais ar; seus membros perderem os movimentos causados pela pressão dos galhos; à água lhe cobrindo por um todo, como a escuridão cobre a luz.

Algo sussurrou em seu ouvido direito.

- Não desista agora, sobreviva pequeno Elementalista. Essa é sua função, seu destino.

Ele reconhecia a voz, era de King. Podia sentir a força de todos os Dragões cruzarem seus tendões, órgãos e pensamentos. Eram memórias deles sendo mortos, algo lhe fazia tremer naquela situação, ele podia ver claramente os Elementalistas do Mal, sugando o Eter, a vida de cada um de seus dragões e com ele seus poderes. Os gritos, as tristezas e ansiedades. Aquilo não eram seres humanos, eram animais, escrotos humanos que podiam cometer tais atos.

Mas a dor se fazia presente, querendo que ele lembra-se cada momento que aqueles seres magníficos passaram. Seu corpo não respondia mais aos estimulos que eram jogados nele. Mas com o passar do tempo e o conselho das vozes dos seus queridos companheiros a dor foi passando, o calor, dores e ansiedades sumindo. Podia mexer suas mãos livremente, ar tomava cada célula daquele corpo como nunca antes tinham tomado. Sentia braços ao seu redor, choro de pessoas, mas eram choros de alegria, felicidade. Aquela bendita fragrância que lhe tomava as narinas, ele reconhecia o perfume que sua amada usava, por instinto se agarrou aquele momento, aquele cheiro. E uma voz conhecida soou em seus pensamentos, era Shadow dizendo feliz.

- Abra seus olhos Elementalista.

E ele os abriu.