Fantasmas do passado escrita por Bookaholic


Capítulo 4
Meu perdão tem gosto de Frapuccino de café com chocolate


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam gostando! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/570119/chapter/4

Thalia bufou enquanto dirigia seu carro. Por que ele precisava chegar justamente naquele momento? Por quê? Ela não achava que sua vida era um mar de rosas, claro que não. A última vez que se apaixonara fora na Goode High School, depois disso ela desistiu de tal ato, não acreditava mais em toda essa porcaria sobre amor e paixão. A morena ficara distante de sua família desde que seu irmão sumira de sua vida, ela não tinha nada de realmente especial em sua vida. Nada que valesse apena lutar, exceto sua amiga.

Ela só queria que Jackson se esquecesse dela. O que ele pensava? Iria voltar a ser seu irmão preferido? Se ele realmente pensava em tal coisa, estava completamente enganado. Thalia carregava uma mágoa gigantesca em seu peito e que guardava somente para si mesma. Ela a escondia muito bem. Só que o precioso filho de ouro resolve aparecer e fazer com que toda a mágoa e tristeza reaparecessem.

A morena se recusava a fazer suas lágrimas contidas descerem por seu rosto. Percy Jackson estava indo para sua casa e ela estava a ponto de enlouquecer. Thalia não fazia ideia de qual seria sua reação ao reencontrar o moreno depois de tanto anos. Ela só sabia que Jackson não tinha o seu perdão.

Suas mãos estavam tremendo enquanto entrava na rua de sua casa. Ela respirou fundo e parou no Starbucks. Ficou na fila por uns bons dez minutos. Ela olhou para o relógio acima do balcão. 02h30min. Ela pediu um frappuccino de café com chocolate e voltou para o carro. Ela respirou fundo novamente, colocou o frappuccino no porta-copo e acelerou.

Ficou mais trinta minutos em um engarrafamento e deu graças aos deuses quando pode estacionar na garagem de sua casa. Olhou para o celular. 03h00min. 2 mensagens novas. Entrou no elevador enquanto lia as mensagens. Uma era de Annie.

Você sabe que não consigo ficar brava com você, Cara de Pinheiro. Eu vou cobrar o táxi, melhor, vou mandar o motorista dar cinco voltas e depois te cobrar uma fortuna. Te odeio. Já estou voltando para casa.

Da sua amiga com coração e com raiva,

Annabeth Chase ( 02h00min )

Thalia riu com a mensagem de amiga. Pelo menos algo para me alegrar. Então algo veio a sua mente. A loira praticamente não tinha a menor ideia da existência do seu ex-irmão. Quando Annabeth e Thalia viraram melhores amigas, o moreno já havia se distanciado da família e dos seus verdadeiros amigos. E depois seu irmão viajou. Na mesma época, as duas compraram a cobertura onde moravam e a morena fingiu que o irmão nunca tinha existido. Isso ia ser uma surpresa para Annie.

Ela bufou novamente pensando no estrago que Jackson iria fazer na sua vida. Então foi para a próxima mensagem. Era de Sally.

Querida, o vôo do seu irmão foi adiantado. Percy deve chegar de madrugada. Espero que você consiga desculpá-lo. Ele realmente sente muito. Eu te amo. Boa noite.

P.S: Me liga amanhã de manhã. Preciso falar com você.

Sally Jackson ( 22h30min )

Ótimo. Tortura adiantada. Ela abriu a porta de casa e foi direto para o seu quarto. Colocou um pijama composto por um pequeno short preto e uma blusa do Guns N' Roses. Ela pegou novamente o frapuccino, sentou-se no sofá da grande sala e ligou a tevê. Ela ficou ali mais uma hora vendo Friendsaté que foi interrompida pela campainha.

Ela olhou para o relógio. 04h00min. Deve ser Annie. Na verdade, ela devia ter chegado há duas horas. O que ela estava fazendo? Thalia levantou e foi até a porta. Mas quando abriu não era uma loira de olhos acinzentados que estava lá. Na sua frente, estava um moreno de olhos verdes carregando uma mala, uma mochila e uma pequena sacola.

– Thalia!- ele abriu um sorriso que há muito tempo a morena não via- Não tinha porteiro lá embaixo então eu subi.

Thalia continuou paralisada enquanto o moreno falava com nervosismo.

– Eu trouxe umas coisas pra você. - ele disse fazendo com que Thalia abrisse o caminho para que ele pudesse entrar. Ele deixou as coisas na sala e se virou para a irmã novamente, a mesma que parecia um zumbi fechando a porta.

Assim que a morena se virou novamente para Percy, ele a abraçou. Um abraço que ele precisava há muito tempo, para saber que a morena o havia perdoado. Mas teve um porém. Ela continuou parada enquanto as lembranças que o moreno lhe proporcionou apareciam em sua mente.

Flashback on

Foi um dia antes do show do Guns N’ Roses.Ou como a morena gostava de chamar: o dia antes da doença que matara seu irmão ter inicio. Thalia tinha catorze anos e Percy quinze. O sol iluminava a mansão dos Jackson. A morena estava no telefone com Silena:

– Você vai, não é?

– Claro, Silena. Eu vou perder um show desses?

– Quem vai te levar? É que...

– Eu sei. Não tem mais espaço no carro. Percy me leva.

– Então ta. Annie vai, ok?

– Aham. Pelo menos uma pessoa legal entrou naquele colégio.

– Pois é. A gente se vê amanhã, Thals.

Thalia desligou o telefone e desceu as escadas rapidamente gritando o nome do irmão.

– O que foi? – ele respondeu

– Me leva no show do Guns amanhã! Se não eu faço você ficar aleijado, Peixinho.- ela disse com falsa raiva.

– Como a minha irmã é educada. Até me impressiono. - ele deu aquele sorriso que a morena adorava, mas claro que nunca falaria isso abertamente

– E aí, Peixinho? Estava fazendo o que?

– Você pode parar de me chamar disso?

– Deixa eu pensar.- ela parou um minuto com a mão no queixo- Não, Peixinho.

– Eu tinha seis anos- ele gritou indignado

– E o que eu tenho a ver com isso?

Ele bufou e resolveu responder a pergunta inicial da irmã.

– Eu ia jogar futebol lá fora. Mas pelo visto vai chover. Vai ver que foi sua presença maléfica que fez com que o sol fugisse.

– Cala a boca, Peixinho. Vou te mostrar que não sou eu e que você é horrível no futebol. - ela riu, pegou a bola que estava na mão de Percy e saiu correndo para o imenso jardim de sua casa.

Eles ficaram ali por somente cinco minutos já que a tempestade havia aumentado com direito a raios e trovões. Eles correram para dentro de casa. Percy alfinetou a irmã:

– Não disse? Minha irmã é um Pára-Raios.

– Cala a boca, Perseu. - ela o fulminou enquanto se aproximava.

– Ferrou- ele sussurrou enquanto sua irmão o socava e estapeava até que foi interrompida pela voz de Sally.

– O que está acontecendo aqui?- ela perguntou com um ar autoritário.

– É que a Pára-Raios aqui ficou irritadinha e resolveu jogar os raios em mim.

– Para- Raios?- ela perguntou confusa

– Repara não, mãe. É que ele ficou tanto na água que seu cérebro enrugou. - ela disse dando outro tapa no irmão.

– Os dois pro quarto agora.

– Sim, senhora. - eles disseram e subiram as escadas rindo.

– Eu vou para uma festa mais tarde com a Calypso e o resto da turma. A gente se vê amanhã.

– Você vai me levar no show, né?

– Claro, Pára-Raios.

– Eu te odeio, Peixinho.

– Também te amo.

Então ambos entraram em seus quartos com um sorriso no rosto.

...

Foi no dia seguinte que Thalia começou a perder o irmão, palavras da mesma. Ela acordou às 10:00 e logo foi tomar café. Quando desceu encontrou Sally e Poseidon sentados na mesa, mas nada de Peixinho.

– Onde está o lerdo?- ela perguntou

– Bom dia pra você também, Thalia. - respondeu Poseidon

– Bom dia. Onde está o Percy?

– Ele ainda não voltou da festa.- respondeu sua mãe enquanto escrevia em seu pequeno caderno. Sally Jackson estava prestes a lançar seu primeiro livro e já começava a escrever o segundo.

– Ainda?

– Não se preocupe. Ele vai levá-la ao show. Vai descansar, tome um banho,mais tarde se arrume e ele já vai estar pronto para te levar.

Thalia assentiu, tomou seu café e fez exatamente o que sua mãe lhe propôs. Ela ligou seu computador, ouviu música e conversou com as amigas, que estavam tão animadas quanto ela para o show. Quando o relógio marcou 17h00min, a morena tomou banho e se arrumou. Ela colocou a sua blusa do Gun N’ Roses, uma jaqueta de couro preta, uma calça jeans escura e um coturno preto. Sorriu para a própria imagem no espelho e desceu. Olhou para o relógio novamente. 20:00.

Encontrou a mãe com o mesmo caderno sentada no sofá.

– Onde está Percy?

– Não chegou.

– O QUE?

–Tente ligar para ele antes de gritar, Thalia.

Ela bufou, mas fez o que a mãe lhe dissera. Na terceira tentativa Percy atendeu com uma voz embargada.

– Percy. Onde está você?

– Eu estou no paraíso.

– Você está bêbado, seu idiota. Você prometeu.

– Ninguém faz o que promete. Isso é um fato provado.

– Eu te odeio, Perseu.

– Dane-se. Eu nunca disse que gostava de você, pirralha.

Então, ele desligou e deixou uma morena de boca aberta e olhos marejados no outro lado da linha. Ela virou para mãe.

– Me leva. Por favor.

– Percy?

– Não pode vir.

– Ele deve estar se divertindo.

– Se eu fosse você eu acreditaria em coisas piores. - ela sussurrou para que a mãe não ouvisse.

– Está bem. Só vou botar um chinelo.

Thalia foi ao show que tanto queria. Mas não se divertiu nem um pouco. Ela só pensava em o que estava acontecendo com seu irmão. Ela foi embora mais cedo e quando chegou em casa, o moreno não estava lá. Ela bufou, se jogou em sua cama e pensou: Dane-se

Flashback off

Essa não era a pior lembrança que tinha da época em que seu irmão “morreu”. Mas ela se recusava em pensar no fato que a fez declarar Perseu Jackson morto. Ela se recusou a desabar na frente do moreno de olhos verdes.

Assim que ele a soltou do abraço, o moreno percebeu.

– Não. Você não pode estar falando sério. Thalia, passaram-se anos. Eu mudei. Eu sinto muito. Me perdoa.

Naquele momento, pareceu que Thalia ganhou vida.

– Perseu Jackson, você não tem o direito de dizer o tempo que eu fico chateada com você. Você não tem direito de aparecer aqui no meio do nada. Mas eu não posso fazer nada. Posso?

– Thalia.- ele disse com os olhos verdes marejados

– Thalia o que? Você realmente lembra daquilo? Porque eu me recuso a lembrar. Você é um idiota, Perseu.

– Por favor, Thalia. Me perdoa.

Ela olhou para o Frapuccino pela metade em cima da mesa de centro da sala. Ela o segurou e virou-se novamente para o irmão.

– Quer ver meu perdão, Perseu?

Ele olhou para ela com os olhos brilhando de esperança. A morena o olhou com os olhos fervendo de raiva e derrubou todo o Frappuccino que restara na cabeça do ex-irmão.

– O meu perdão tem gosto de Frappuccino de café com chocolate.- ela disse com as lágrimas contidas.

Ela saiu correndo até o seu quarto e fechou a porta com um enorme estrondo. Ela se encostou a uma das paredes e escorregou até sentar-se no chão. As lágrimas não paravam de descer. Por que, meus deuses? Por que vocês trouxeram a pessoa que eu mais odeio nesse mundo para dentro da minha casa?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fantasmas do passado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.