–Luke?

Ele sorriu e depois disse:

– Desculpa por ter derrubado o drink em você.

– O que você está fazendo aqui?

– Eu só queria me divertir antes de começar a trabalhar amanhã.

– Eu quis dizer em Nova York, loiro de farmácia!

Ele riu com o apelido que a loira havia lhe dado antes do começo do namoro e ela enrubesceu com as lembranças que tomaram conta de sua mente.

– Eu voltei da viagem que estava fazendo, voltei para o meu apartamento, vou trabalhar com meu pai...

– Trabalhar com seu pai?

– Eu sei que nós não nos entendemos muito bem, mas... Na verdade eu só estava precisando de um emprego.

– Agora faz sentido- ela murmurou para que ele não ouvisse

– Eu ia te procurar pela manhã, Annie. Mas parece que o destino quis adiantar nosso encontro.- Luke sorriu torto o que fez Annabeth paralisar.

O que ele pensa que está fazendo?

– Eu sei que nós não terminamos bem- ele disse segurando a mão da loira- Eu realmente sinto muito, Annie. Eu não esqueci de você. Dos seus olhos acinzentados. Dos seus cachos dourados. E da sua boca.

Ele passou as mãos pelos lábios de Annie, enquanto a mesma ficava paralisada olhando para as mãos de Luke.

– A pequena curva que se forma na sua boca quando você fica emburrada. Ou o sorriso que toma conta de seus lábios enquanto você lê. Mas, principalmente, aquele sorriso que você fazia depois... depois disso.

Ele a segurou pela cintura, se aproximou e a beijou lentamente. Annie não podia acreditar no que estava acontecendo. Eu devo estar sonhando. Talvez tenha sido por isso que ela tenha retribuído o beijo. Talvez tenha sido por isso que ela se segurou nos cabelos do loiro e se deixou levar. Talvez tenha sido por isso que ela transformou um beijo lento em um beijo desesperado de saudade. Ou talvez não. Talvez tenha sido por outra coisa.

Flashback on

Era um dia ensolarado na Goode High School. Luke Castellan, um veterano, estava jogando futebol com seus amigos enquanto algumas meninas de quinze anos os observavam.

Uma garota de olhos castanhos e cabelos da mesma cor suspirava vendo o loiro jogar.

– Silena, onde está o Charles?- Thalia implicou com a amiga sabendo que ela estava namorando há cinco meses com Beckendorf depois de muita enrolação por parte do garoto.

– Cala a boca, Thalia. Porque olhar não tira pedaço e não se faz de santinha não, eu sei que você também estava apreciando a vista.- Thalia fechou a boca, não antes de mostrar sua lingua para a amiga.

– Você vai realmente vai dizer que isso não é um deus grego?- perguntou Júniper, uma pequena ruiva de olhos verdes.

– Até eu digo que sim, Thalia.- Clarisse comentou mais falando para si mesma do que para a amiga.

–Katie, para de babar.- Thalia disse revirando os olhos para a morena, mas no fundo ela achava que Luke tinha algo de bonito com aqueles olhos azuis, cabelos loiros e um tanquinho muito definido. Claro, que nunca admitiria tal fato. O fato de que ela, de todas as meninas, era a que mais suspirava pelo loiro.

– Você realmente quer que eu pare de babar quando botam essa criatura jogando no time dos sem camisa?- Katie devolveu para a amiga enrolando seus cabelos negros com o dedo.

– Vocês podiam calar a boca? Eu estou realmente tentando ler aqui- Annabeth reclamou. Ela simplesmente não via o por quê das amigas acharem Castellan tão lindo assim.

– Você realmente prefere enfiar a cara em um livro do que assistir a esse divino jogo de futebol?- perguntou Silena incrédula.

– Aham.- respondeu a loira tentando voltar para a leitura

– Você está querendo dizer que não acha o Luke bonito? - foi a vez de Júniper perguntar.

Todas elas se viraram esperando a resposta da loira. Annie percebeu que elas não a deixariam em paz até que respondesse. Ela abaixou o livro e retrucou:

– Eu acho ele um simples loiro de fármacia.

– Não quero saber sobre o cabelo dele, Annie. Olha esse tanquinho, honey.- retrucou Katie.

Annabeth revirou os olhos e voltou para o seu livro.

– Então, preparem-se, porque o loiro de fármacia está vindo na nossa direção.- Thalia disse fingindo que seu coração não estava batendo mais rápido. Ela abaixou a cabeça enquanto o loiro se aproximava tentando esconder a vermelhidão que suas bochechas tinham criado.

– E aí, meninas?- ele perguntou com um meio sorriso no rosto

– Oi, Luke- disseram todas em unísono, com exceção de Annabeth e Thalia. Uma porque estava interessada em um certo bruxo da Grifinória e a outra estava ocupada demais em fingir que não ligava para a presença do loiro ali em pé.

– Annabeth?- ele perguntou mas ficou sem resposta- Annabeth?

Finalmente, a loira percebeu que não estava em Hogwarts e olhou para o garoto sem camisa que estava em sua frente:

– Ah, oi.

– Eu estava pensando...eu vi que você está aí só lendo um livro. Então, eu queria saber se você queria jogar vôlei com a gente.

– Primeiro, eu estava lendo um livro, que por sinal é muito bom, porque eu gosto. Segundo, você está me atrapalhando. Terceiro, não estou afim.- ela disse sem paciência.

Luke ficou surpreso com a resposta, afinal todas as garotas eram apaixonadas por ele. Porém, logo colocou um sorriso desafiador no rosto e falou:

– O que foi, Chase? Está amarelando?- ele retrucou

A loira bufou e fechou seu livro.

– Querido loiro de fármacia, eu nunca amarelo.

– Loiro de fármacia?- ele perguntou com um sorriso brincalhão.

Ela prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e disse:

– Esse jogo é pra hoje ou pra amanhã?

– Para hoje, madame- ele riu - Quer levar uma companheira? Eu vou jogar com o Chris.

– Clarisse?

– Tô dentro.- Clarisse nunca recusava um desafio assim como a loira que estava ao seu lado.

Elas jogaram até o sinal para o começo das aulas bater. 10 a 5. Para as garotas.

– Muito bem, Chase.- Luke se aproximou de Annie enquanto Clarisse se divertia falando com Chris.

– O que você quer, energumeno?

– Parece que você tem muitos apelidos para mim.

– Você deve ter percebido que nem um deles é bom. E, com licença, porque eu tenho que ir para a aula.

Ele se botou ao seu lado a seguindo, enquanto a loira andava rapidamente pelos corredores.

– Já que você ganhou... Você podia sair comigo.

– Se eu ganhei eu que devia te pedir uma coisa. E não, obrigado.

O loiro segurou sua mão. Chamou um garoto desconhecido e pediu uma caneta.

– Se você mudar de ideia, me liga.- ele começou a escrever seu número na mão de Annabeth e ela só ficou o olhando correndo pelo corredor com um cara de: Ele é maluco ou o que?

– Arrumou pra hoje, é?- Silena a puxou pela mão fazendo-a entrar na sala.

– Claro que não. Eu vou apagar essa porcaria.

– Não. Eu vou tirar uma foto.- ela disse já pegando o celular e tirando a tal foto.

– E eu vou contar para o Charles...

– Contar o que?- Beckendorf sentou na frente de Silena enquanto Thalia entrava na sala.

– Contar que a sua preciosa namorada estava apreciando a vista da quadra de futebol- Thalia implicou com a amiga.

– O que?- Charles perguntou irritado.

– Querido, você sabe que o melhor é você.- Silena reverteu a situação dando-lhe um selinho.- Eu te amo.

Ele enrusbeceu com essas três palavras mas repetiu:

– Eu te amo.

...

E assim se passou um mês. Todo o dia Luke,Chris, Clarisse e Annie jogavam vôlei na quadra principal do colégio. E todo o dia as meninas ganhavam. Todo o dia Luke pedia que a loira saisse com ele. E todo o dia ela dizia que não. Até que ele bolou um plano.

Em um dia nublado na Goode High School, os quatro estavam jogando enquanto seus amigos os observavam. Estavam 5-4 para as meninas, claro. Luke deu o sinal para os seus amigos.

Todos as mangueiras e esguichos que molhavam o jardim do colégio começaram a funcionar. E todos estavam apontando para duas garotas em específico: Clarisse e Annie.

As duas olharam uma para outra com o significado de que elas iam tentar, a qualquer custo, ganhar o jogo. Até mesmo, se estivessem encharcadas. Depois de uns bons cinco minutos, o jogo estava 10-10. Foi quando Clarisse escorregou na poça que havia se formado no chão da quadra. Chris correu em direção a amiga, quase namorada, enquanto Annie lançava um olhar mortífero para o loiro do outro lado da rede. Como quem dizesse: eu sei o que você fez, loiro de fármacia, mas não pense que você vai ganhar.

Annie fez de tudo para ganhar o jogo. Estava 21-20, para Luke. Ela ia fazer o ponto da vitória, quando a mesma escorregou e caiu no chão duro da quadra. Luke correu para ajudá-la.

A segurou pelo quadril, levantando-a e quando Chase percebeu que era o loiro de fármacia que estava a segurando, ela começou a se debater.

– ME SOLTA, SEU IDIOTA! ENERGUMENO! RIDICULO! FALSO! LADRÃO! LOIRO DE FARMÁCIA!

– Calma, Chase. Não importa se você acha que eu sou ladrão ou loiro de farmácia. O que importa é que eu ganhei e você me deve um encontro.

Annabeth bufou sabendo que ele estava certo. Ela podia ser bem competitiva, mas sempre seguia as regras, fossem como fossem.

– Tanto faz, loiro de farmácia. Me solta.- ela disse pela primeira vez olhando nos olhos azuis de Luke e, por um só momento, ficou paralisada com a imensidão dos mesmos.

Mas o momento não durou muito. Ela logo saiu marchando.

– Espera! O seu telefone!- ele gritou

– Arranja!- ela gritou de volta

– Você fica linda bravinha! Ainda mais toda molhada, Chase!

– Vai se ferrar, Castellan!

Annie só ouviu Silena dar seu telefone para ele e sair correndo em sua direção com todo o resto das suas amigas.

– Então, você vai mesmo sair com o Castellan?- perguntou Thalia duvidosa e com uma pitada de inveja. Já que nenhum de seus namoros dava certo. Na última vez, fora Ethan Nakamura. Ele acabou se transformando no maior bêbado drogado da escola. Assim como outra pessoa que ela tentava esquecer da existência.

– Qual é outra opção que eu tenho?

– Nenhuma- disse Silena com o maior sorriso do mundo- Nossa melhor amiga vai sair com o garoto mais bonito da escola!

Todas elas olharam para Silena com um olhar de reprovação.

– Tá. Segundo mais bonito. O meu Charles é melhor.

Todas elas riram, menos Annabeth. Ela estava pensando em um certo loiro de fármacia. E como ela queria dar um soco naquela cara cínica dele. Sim, os olhos dele eram profundos, na opinião da loira. Mas isso não a impedia de ficar com raiva do " garoto mais bonito da escola"

....

– Tá. Perfeito!- Silena disse antes de terminar minha maquiagem.

– Precisa de tudo isso?

– Sim. Precisa. Agora vai lá se olhar no espelho. E me diz se eu não eu faço milagre.

Annabeth foi até o espelho e se maravilhou com a imagem. A única coisa que não havia mudado fora seu cabelo, que a loira pediu que ficasse solto, caindo por seus ombros.

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– Uau. Silena. Ficou perfeito. Mas eu não quero ir.- Annie implorou para a amiga.

– Para de ser boba.- disse Sil no mesmo momento que uma buzina ecoou na casa de Afrodite, mãe da mesma.

– O que? Você pediu que ele viesse até aqui?

– Sim. Anda logo. E boa sorte.

Annabeth se despediu da amiga e desceu os lances de escadas da casa de sua tia Afrodite. Assim que ela abriu a porta, encontrou Luke encostado no carro. Usava uma camisa branca, uma jaqueta de couro, uma calça jeans e um tênis preto. E só para si mesma Annabeth pensou: ele está divino. Mas logo fez com que o pensameto voasse para longe. Afinal, ele ainda era Luke Castellan.

– Você está deslumbrante, Chase- ele disse com a boca aberta.

Ela enrubesceu com o elogio e logo depois disse:

– Não me elogie. Elogie a Silena. Eu não tenho nada a ver com isso aqui- ela apontou para a sua roupa.

– Eu suspeitei. Nunca pensaria que você iria se arrumar tanto para sair com alguém que você odeia.

– Eu não te odeio. Só te acho metido demais. É simples.

– Então, hoje eu vou tentar mudar o seu conceito sobre mim.

– Isso vai ser dificil.

Ele sorriu e abriu a porta da sua Ferrari:

– Madame.

A loira revirou os olhos e entrou no carro. Logo, Luke fez o mesmo e acelerou.

– Só não sei se essa roupa vai servir para a segunda coisa que iremos fazer hoje.

– Segunda coisa?

– Sim, segunda coisa.- ele disse parando o carro.

Ela ia fazer mais uma pergunta, mas parou quando viu onde estavam. Uma casa de cinco andares, totalmente iluminada, algo como um daqueles teatros antigos durante a noite.

– Uau. O que é isso?

– Isso é uma surpresa.- ele pegou uma faixa e colocou nos olhos da loira.

– Eu odeio surpresas.- ela disse entre dentes.

– Eu tenho certeza que dessa você vai gostar.

Ele a guiou por várias escadarias e corredores, até chegar em uma certa sala.

– Agora, você pode tirar isso dos meus olhos?

– Claro, madame.

Assim que Annie pode ver onde estava, ela simplesmente abriu a boca e arregalou os olhos. Na sua frente estavam centenas, ou melhor, milhares de livros.

Ela estava em uma biblioteca imensa. Havia estantes para todos os lados, três andares e era repleta de mesas. Eu estou no paraíso. Foi o que a loira pensou. Ela se abaixou e começou a desabotoar os sapatos. O loiro que estava ao seu lado olhou-a tentando descobrir o que ela iria a fazer.

– O que você está fazendo?- ele perguntou

– Não dá para correr com saltos agulha.- ela sorriu e correu.

Subiu os lances de escadas passando as mãos por todos os livros. Um sorriso gigante tomava conta de seu rosto.

– Pelo visto, não vamos jantar hoje, madame.- Luke disse com um olhar brincalhão.

– O que?- ela perguntou para o loiro que estava no fim das escadas, como se acabasse de sair de um transe.

– Eu fico feliz que você gostou.

– Como você sabia que...

– Eu te observava todo o dia. E você sempre estava com um livro.

– Aposto que faz isso com todas.- ela disse ainda observando os livros.

– Não, Annabeth Chase.- ele disse fazendo-a o olhar nos olhos- Eu não faço isso com todas. Na verdade eu nunca fiz isso com nenhuma. Na verdade, eu só fiz isso com você. A senhorita despertou algo em mim. Algo que eu não sentia há muito tempo.

Foram essas palavras que fizeram Annie perceber realmente o loiro que estava ali. Seus cabelos loiros estavam bagunçados por causa do nervosismo, a loira percebeu que quando estava nervoso ele começava a mexer no cabelo, ele tinha uma cicatriz em um lado do rosto que o fazia ficar realmente bonito, sua boca estava curvada em um sorriso genuíno e seus olhos. Ah, foram esses olhos que fizeram a loira acreditar no loiro pela primeira vez. Seus olhos tinham um brilho, um brilho de admiração, foi aí que a loira resolveu dar uma chance a Luke.

Ela percebeu que havia ficado algus minutos o observando, então ela abaixou a cabeça tentando esconder o rubor. Ela desceu lentamente as escadas com um sorriso no rosto.

– Então, o que nós vamos fazer?- ela perguntou assim que o calor nas suas bochechas parou.

– Jantar.

– Aonde?

– Aqui mesmo.- ele apontou para uma das mesas que estava coberta com uma toalha de mesa branca, dois pratos e um cordeiro com alguns acompanhamentos.

–Agora você me surpreendeu- ela disse sentando-se em uma das cadeiras.

– Isso é um grande avanço- ele sorriu

– Não pense que isso vá fazer que eu goste de você, loiro de fármacia.

– Claro. Enciclopédia.

– O que?

– Pensa que eu não percebi? Você sabe respostas de tudo!

– Tudo? Isso é impossível. Eu só gosto de estar informada.

E assim seguiu por mais duas horas. Eles riam, contavam história e brigavam, é claro.

– Agora está na hora da segunda parte.

– Segunda parte?

– É.

Ele pegou a mão da loira e a levou a uma porta no andar de baixo.

– O que é isso, loiro de fármacia?

Ele abriu a porta. Ali estava uma varanda com uma abertura e abaixo, uma grande piscina. Annie foi até a abertura e se voltou para o loiro que estava bem atras dela, fazendo com que eles estivessem separados apenas por um centimetro.

– O que você espera que eu faça?- ela perguntou com uma respiração falha.

– Eu espero que você se segure em mim.

– O que?

Mas antes que ela pudesse se dar conta do que Luke estava falando, ele pegou os braços da loira e botou em volta de seu pescoço.

– Segura em mim.- ele sussurou em seu ouvido.

Ele pulou, fazendo a loira realmente segurar nele com os olhos fechados. Eles se chocaram contra a água e a loira continuou nos braços de Luke com os olhos fechados.

Assim que eles emergiram Luke falou:

– Está tudo bem, loirinha. Estamos vivos.- ele sorriu enquanto a loira abria os olhos lentamente.

Ele segurou o rosto de Annie e foi se aproximando. E ela deixou. Um beijo lento foi se formando entre os dois. Talvez Annie tenha deixado isso acontecer por causa da magia dos livros. Ou talvez tenha sido pelo esforço do garoto. Talvez. Só talvez. Tenha sido por causa dos olhares e sorrisos verdadeiros. Talvez isso tenha lhe dado as esperanças de que Luke Castellan era algo a mais do que um loiro de fármacia.

Flashback off

Talvez tenha sido por essa lembranças que Annabeth Chase deixou o seu antigo amor lhe dar tantos olhares e sorrisos. Aqueles que tanto faziam falta. Talvez tenha sido por isso que ela esqueceu todo o mal que ele havia feito para ela. É, deve ter sido por isso que ela deixou Luke Castellan levá-la até o seu carro.