Jily - The stars will cheer escrita por ChrisGranger


Capítulo 8
Artes das Trevas carregadas nas estrelas


Notas iniciais do capítulo

Amores, sinto muito mais uma vez... eu sei que tenho demorado muito a postar e agradeço imensamente por sua paciência incrível... vocês são os melhores leitores que eu poderia pedir!! Aqui está o capítulo com um pequeno erro... sim! Eu aparentemente apaguei metade do capítulo anterior quando fui postar, então sua continuação está aqui! Ainda nas memórias de Helga!! Espero que gostem e sua surpresa está lá embaixo!! :))



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– Costumo dormir ali – respondeu ela, honestamente.

O homem pareceu um tanto desconcertado, e espremeu os olhos na direção do lugar, tentando entender o motivo da garota viver no meio das ruas de Londres.

– Mesmo? Por quê? – questionou ele, sem um pingo de vergonha.

Helga levantou os olhos claros na direção dele e pareceu indecisa sobre o que dizer.

– Sinto muito, não posso lhe dizer. E não vou lhe contar uma história cheia de mentiras então… - ela se encolheu ainda mais quando uma das bolas de neve de um grupo de crianças brincando de guerrinha, foi parar bem no seu rosto trêmulo. O homem pareceu impressionado e, num movimento surpreendente, tocou levemente no ombro de Helga. Parecia sério e ao mesmo tempo, pensativo.

– O que acha de vir morar comigo, srta.Hufflepuff? – perguntou ele, naturalmente.

O queixo de Helga caiu, surpresa demais para dizer qualquer coisa.

– O que quer dizer, sr.? – perguntou ela. – Não haveria espaço para mim…

– Mas é claro que haveria. Sabe… a minha casa é… grande.

– Grande de que tamanho? – questionou ela, desconfiada.

– Grande como uma mansão.

Helga gelou e o encarou com uma expressão mortificada.

– Mas… eu nem mesmo sei o seu nome, senhor – replicou ela, consternada.

O jovem riu e retirou seu gigantesco casaco escuro, entregando-o à Helga.

– Pode me chamar de Godric.

No momento em que Tiago ouviu o nome ecoando pelos seus ouvidos, seu corpo inteiro tremeu de emoção.

– Alguém tem pergaminho e pena? – balbuciou ele, enquanto a cena mudava novamente.

Remus parecia petrificado e orgulhoso, Sirius, boquiaberto, e Pedro, não parecia entender muita coisa do que estava acontecendo.

Agora eles se encontravam exatamente onde os quatro garotos estavam naquele instante. Após tantos anos, estudos e planos, Tiago viu o exato momento em que Helga observava o castelo de Hogwarts, erguendo-se estrondosamente à sua frente, enquanto ria de felicidade. Godric Gryffindor estava ao seu lado. Parecia que seu sorriso se alargava cada vez mais, de tão feliz que contemplava o castelo. Ao lado dos dois, estavam uma mulher com um vestido longo e azul, cabelos escuros e postura esbelta e severa, e ao lado desta, um homem orgulhoso, com o rosto ranzinza e frio, apesar de naquele momento, parecer alegre. Os quatro eram ainda jovens, não aparentavam ter mais de quarenta anos.

Tiago observou com um arrepio percorrendo todo o seu corpo, as torres, os jardins, as estufas, os corredores abertos. Cada parte singular de Hogwarts. Cada parte única. Parecia, até mesmo, que o castelo estava sorrindo para eles. Tudo naquele lugar indicava o quão perfeito aquelas quatro pessoas paradas em frente às portas de entrada, construíram Hogwarts.

No segundo seguinte, eles estavam nos jardins de Hogwarts, numa noite estrelada e de lua cheia. O vento batia contra os cabelos longos de Helga, enquanto Godric corria em sua direção, vindo do castelo. Ele carregava uma caixa nas mãos, a mesma caixa que Tiago havia encontrado há pouco na estufa. Bastante curiosos, os quatro aproximaram-se ainda mais quando Godric alcançou a estrutura majestosa de Helga.

– Olá Godric – disse ela, tentando disfarçar sua expressão triste, encarando a floresta proibida de modo fissurado.

– Como você está? – perguntou ele, virando seus olhos para as milhares de árvores que Helga observava.

– Bem – respondeu ela, simplesmente.

Godric riu e a olhou nos fundos dos olhos de Helga. Tiago se perguntou se os dois teriam algum relacionamento que fosse além da amizade. Porém, observando a dupla de amigos há tantos anos, que pareciam carregar tantas experiências em conjunto e planos para o futuro, ele só via a mais pura amizade verdadeira.

– Você preza a honestidade Helga, e é a pessoa mais honesta que já conheci. Mas por alguma razão, sinto que você não está sendo sincera agora – comentou ele, apertando a caixa ainda mais forte. – Você sempre foi misteriosa… mesmo sendo a pessoa mais simpática do mundo. Tem algo que te prende e você não… se deixa libertar. Pode me contar Helga. Estou aqui por você.

Helga sorriu e apertou o braço de Godric levemente, parecendo agradecer aos céus por existir alguém no mundo que a conhecesse verdadeiramente. Mas ao mesmo tempo, algo parecia segurá-la, impedí-la de contar-lhe o que quer que fosse. Uma hesitação gigantesca parecia dominá-la por completo.

– Antes de você me encontrar em Londres, eu costumava ter um lar. – começou ela, sua expressão parecendo viver novamente cada um dos momentos ao lado de seu irmão e de seus pais, naquela casa apertada e afastada do centro da cidade. – Não era o melhor dos lares. Mal tínhamos espaço para dormir e comer. Mas foi minha primeira casa. Minha única casa. Acho que sempre terei boas memórias de lá.

Godric a avaliava com um olhar penetrante, absorvendo cada palavra que Helga dizia.

"Contei ao meu irmão, Elliot, sobre meus poderes e eu nunca o havia visto tão animado quanto naquele dia. A partir de então, ele tentava de todas as maneiras conseguir realizar algo... bem, mágico. De qualquer jeito, um dia meus pais descobriram."

"Minha mãe aceitou, mesmo que estivesse um pouco assustada com tudo isso. Mas meu pai... Começou a me excluir de tudo. Começou a pensar que eu não era sua filha, mas sim, uma ameaça. À medida que meu irmão começou a crescer, ele também passou a me defender cada vez mais das repreensões e dos olhares desgostosos de meu pai."

"Certo dia, quando Ellie estava na rua, um acidente aconteceu. Eu estava conversando com minha mãe, e meu pai apareceu. Disse que eu podia machuca-lá e para manter distância da família. Eu lhe disse que nunca faria isso, nunca machucaria minha própria mãe. Então ele me puxou para longe dela, e quando eu tentei me livrar dele, os vasos de flores que minha mãe cuidava, simplesmente explodiram. Todos eles foram em direção à minha mãe. Meu pai me expulsou de casa após isso."

Godric prendeu a respiração e apertou a pequena mão de Helga, como se para ter certeza de que ela havia se libertado daquela dor.

– Não é lá uma história romântica. Mas termina com um final feliz – disse ela, sorrindo fracamente sob a luz da lua. –, afinal, eu te conheci.

Godric sorriu feliz e ergueu a pequena caixa para Helga.

– Conquistou o seu prêmio srta. Misteriosa.

Helga encarou o objeto pensativamente e segurou-o.

–O quê é isso? - perguntou ela.

– Me explique também - murmurou Tiago, já cansado de aguardar.

Mas claramente nenhum dos dois fundadores de Hogwats o haviam escutado. Godric fazia sinais de encorajamento para Helga, enquanto esta abria lentamente a caixinha.

No momento que ela o fez, sua respiração parou. Retirando cuidadosamente a mesma pulseira que Tiago havia segurado minutos atrás, ou daqui a centenas de anos, ela encarou as pedrinhas feitas de cristais incrustadas nos olhos do pingente de texugo.

– Godric… não acredito que fez isso – falou ela, balançando a cabeça embasbacada.

– Helga, quero que olhe nos meus olhos - pediu ele, ignorando a última frase da mulher.

Ainda um tanto contrariada, os olhos claros de Helga encontraram os olhos escuros de Godric e, pronunciando cada sílaba vagarosamente, o fundador da Grifinória fez uma simples pergunta:

– Se você pudesse recomeçar sua vida e tivesse total controle sobre ela, retiraria seus poderes dela?

Nesse momento, Godric abaixou os olhos para a pulseira. Tiago não percebera nenhuma única mudança no objeto e, pelo o que parecia, tampouco havia Gryffindor. O homem sorriu feliz.

– Não faço ideia – respondeu ela, simplesmente.

– Faz sim. É só uma pergunta que você não quer admitir a resposta. – retrucou Godric, orgulhoso. Helga parecia cada vez mais confusa, e olhava alternadamente da pulseira para Godric. – Agora deixe-me fazer-lhe outra pergunta.

– Godric, eu…

– Só mais uma! O motivo… de você não querer recomeçar… tem a ver comigo?

Subitamente, os olhos cristalinos e tão delicados do pingente de texugo, começara a brilhar. Parecia algo que ia além da mágica, algo carregado de sonhos, memórias e pensamentos. Tiago encarou deslumbrado a cena, enquanto percebia o quão branco o rosto de Hufflepuff se tornou e o sorriso de Godric aumentou.

– O que é isso? – balbuciou ela, com os olhos vidrados.

– Eu chamo de pulseira da verdade - respondeu o homem, rindo.

– Muito original… – ironizou Helga, avaliando cada centímetro da fina pulseira. – quer dizer que qualquer coisa que você pergunte…

– Contanto que seja um sim ou um não…

– Se for um sim os olhos brilharão? – completou Helga, maravilhada. – Como você fez isso?

Godric esboçou uma careta, como se fosse novamente um jovem malandro tentando conquistar damas em estações.

– Os duendes podem servir para coisas além de contar galeões e construir espadas – comentou ele.

Helga sorriu e o abraçou agradecida.

– Por que fez isso?

– Para você deixar de ser a garota misteriosa – respondeu Godric, com um sorrisinho de lado.

Helga dissera algo em seguida, mas Tiago não foi capaz de escutá-la. Ele só conseguia observar os movimentos de seus lábios enquanto se afastava cada vez mais da cena. Escutou Remus ofegar assustado e Sirius rir de desdém, e no segundo seguinte, sentiu seu rosto retirar-se da bacia de pedra como se nunca tivesse estado lá. Ele olhou à sua volta. Não haviam fundadores ao seu redor, ou uma ruazinha miúda nas áreas mais pobres de Londres. Havia somente a mesma estufa que eles haviam estado há minutos antes. Antes de serem lançados para um universo cósmico de lembranças.

***

Lílian voltava apressada para o salão comunal, após ter cochilado mais do que deveria na biblioteca. Isso não era algo típico de Lílian Evans. Normalmente ela seria a primeira a chamar atenção de qualquer pessoa que dormisse num local tão maravilhoso, cheio de livros e mais livros. Todavia os dias que ela vinha tendo não eram, como ela mesma poderia chamar, considerados... normais.

Lílian acordara pelo menos três vezes na última semana no chão da sala comunal, de frente para a lareira. Pingando suor e com a varinha na mão. Além disso, seus trajes de dormir não eram lá muito adequados para que todos os alunos a vissem daquele jeito. Então sua humilhação e confusão vieram ao dobro.

Desde que esses incidentes começaram, Lílian vinha estando desatenta às aulas, silenciosa perto dos amigos e inquieta quando a noite chegava. Ela chegou a considerar a possibilidade de que tudo se conectava aos fatos recentes. Um gigante aparecendo nas proximidades de Hogwarts (o caso fora abafado pelo Ministério, que não desejava fazer alarde à população bruxa), a profecia de Miandra e a descoberta da traição de Frank e Alice não poderia ter mexido mais em seu comportamento.

Assim que a garota dobrou a curva de um dos corredores do sexto andar, deu de cara com a última pessoa que queria ver naquele momento: Zac.

De alguma forma ele parecia diferente para Lílian naquele ano. Parecia um pouco menos carinho e um pouco mais metido, com suas piscadelas e seu jeito de balançar os cabelos, como se realmente achasse que fosse superior a qualquer outro bruxo. Lílian sentia falta do antigo Zac.

– Líly! – exclamou ele, um pouco embarassado, observando-a de perto.

A garota o encarou e sorriu quase que imperceptivelmente. Não queria admitir para si mesma, mas ouví-lo dizer seu nome soava como música para seus ouvidos. Mas sua expressão de seu sentimento, ao contrário, era dura como pedra.

– Zac – disse ela, observando um pouco confusa seu rosto branco como cera. – Você está bem?

– Hum… – ele pareceu confuso por alguns segundos e olhou para os lados como se estivesse tentando se lembrar da resposta. – Não… sim! Eu estou ótimo na verdade. Sabe, encontrei Mia há alguns minutos atrás. Ficamos, se é que você me entende, juntos, no armário de vassouras por quase uma hora.

Lílian sentiu uma pontada de decepção. Como ele pudera mudar tão de repente? O que diabos aconteceu para Zac ficar daquele jeito? Tão duro e grosseiro… quase como se ele não fosse ele mesmo.

Lílian percebeu sua pele mudando rapidamente de branco para vermelho, como se uma gripe tivesse acabado de se apoderar de todo o seu corpo.

– Zac, eu acho que você não está bem… – disse ela, segurando sua mão. Porém no minuto em que seus dedos se tocaram, ela sentiu uma tontura dominar todo o seu corpo. Sentiu sua visão embaçar e a voz de Zac longínqua retrucando algo. Ela sentiu suas mãos suarem e um brilho forte invadiu suas retinas enquanto seu corpo desabava no piso de mármore, e perdia a consciência sem nem mesmo poder perceber o que estava acontecendo.

***

– Eu nunca tive tantas perguntas na minha vida – murmurou Tiago, apoiando-se na mesa segundos após as lembranças de Helga terem chegado ao fim.

– Mas a maior de suas perguntas sempre será a de por quê Evans não gosta de você – provocou Sirius, tão tranquilo quanto antes de mergulhar sua cabeça na Penseira.

– Na verdade é a de por quê ela não quer admitir que gosta de mim – retrucou Tiago, encarando a caixinha de Helga em suas mãos, enquanto um sorriso se formava em seu rosto. – mas agora eu posso descobrir.

Remus o fitou com horror espalhando-se em seu rosto.

– Você não pode tirar isso daqui! – protestou ele, aproximando-se de Tiago.

Tiago escondeu a caixa debaixo do uniforme, erguendo uma mão na direção de Remus como proteçao.

– Claro que posso!

– E o que você irá dizer à Lílian? "Coloque essa pulseira que irá responder qualquer coisa que eu quiser. Por acaso, ela pertenceu a Helga Hufflepuff. Achamos um buraco no meio de Hogwats que nos levava até a estufa secreta dela. Também vimos as suas memórias. Então, qual foi o trabalho de poções mesmo? - ironizou Remus.

Tiago pareceu um tanto decepcionado, mas ainda segurava a caixa fortemente.

– Pessoal. A questão é que não é um buraco no meio de Hogwats. – disse Sirius, que já estava do outro lado da estufa, mexendo em alguns pergaminhos curioso.

– Como? – perguntou Remus, quase que voando para o lugar que Sirius estava.

– Olhem só isso.

Os quatro amontoaram-se sob um pergaminho, já quase desintegrado com o tempo.

Salazar passa tempo demasiado em seu projeto secreto. Já não sei o que pensar. Enquanto isso, parece que estamos tendo certo problema com os canos. Algo está acontecendo e não podemos fazer nada. Provavelmente é algo relacionado à estufa. Os canos me levam até a estufa. Esse constante atrito todos os dias está chamando atenção dos outros fundadores, acima de tudo pelo fato de tudo estar estruturado à terra, como se a estufa tivesse sido construída nas profundezas do castelo. Seu nível iguala-se às profundezas do Lago. Eu não poderia dizê-los nada. É o único lugar que posso me abrigar e me sentir segura. Sete passagens. Já são tantos mistérios no castelo que gerações futuras terão dificuldade em encontrá-las.

O queixo de Tiago caiu e os olhos de Remus arregalaram-se até não poder mais.

– Sete passagens?! – exclamou Tiago, pulando de animação enquanto Sirius o acompanhava.

– Vamos encontrar todas! – disse Sirius, com um sorriso imenso estampado em seu rosto.

– Mesmo que encontremos todas não podemos dizer nada disso à ninguém. – decretou Remus, tentando manter a calma.

– Mas qual é a graça nisso? – perguntou Pedro, abraçando rapidamente o pergaminho como se este fosse sua salvação.

– Não podemos guiar alunos de todo o castelo para um turismo nas passagens secretas!
– Não, mas nós podemos levar a caixa conosco. A pulseira - disse Tiago, ainda contemplando a jóia em suas mãos.

– Ficará mais segura aqui, Tiago. Por que você quer tanto levar a caixa daqui? - perguntou Remus, cansado.

– Porque eu preciso disso! Vamos… me diga que nunca quis saber certas coisas, Remus? Eu vou tomar cuidado, prometo – retrucou Tiago, suplicante. – Pode ficar com um de nós toda semana. Podemos trocar. Mas seremos discretos. Ninguém saberá que isso pertenceu à Hufflepuff.

Remus pareceu um tanto relutante, mas após encarar Tiago e Sirius e seus semblantes esperançosos, cedeu com um suspiro.

– Certo. E qual será a história da pulseira, se alguém perguntar?

– Era da minha avó, que comprou num comércio barato na Travessa do Tranco quando era jovem. A pulseira acabou estragando, após anos de uso, e às vezes os olhos do texugo brilham sem motivo. – respondeu Tiago, prontamente. – Vovó acha que derrubaram suco de abóbora na pulseira.

Sirius e Pedro riram enquanto Remus dava de ombros.

– Temos problemas maiores para nos concentrar agora – disse ele, olhando em volta. – Como voltaremos para o castelo?

Tiago encarou Remus por alguns segundos e depois o imenso buraco escuro na estufa, de onde eles haviam vindo. Era somente uma passagem de descida, não havia maneiras de retornar.

– Esperem aí… o que é aquilo? – disse Sirius, dirigindo-se a uma parede coberta de ramos e plantas de todas as diversidades. Porém, após os quatro se aproximarem, perceberam que não era uma propriamente dita, parede. Sirius arrancou algumas folhas no caminho e eles pularam de susto, ao perceber que aquilo era uma barreira de vidro para o fundo do lago. Com um grande assombro, eles viram um tentáculo passar diante de seus olhos no pequeno espaço de vidro que tinham e, logo depois, desaparecer.

– Essa estufa está nas profundezas do Lago – murmurou Pedro.

– Como Hufflepuff escreveu – falou Tiago, ainda com a mão apoiada no vidro e suja de terra.

– Ótimo, não temos saída… – resmungou Sirius, chutando uma mesa qualquer.

– Pessoal! Encontrei! – exclamou Pedro, apontando para uma parede no fundo da estufa.

Os três viraram-se rapidamente, esperando ao máximo, que fosse uma maneira de sair daquele lugar. E para a sua grande surpresa, era. Mesmo que plantas tivessem aglomeradas ao redor, era possível ver grande parte de um quadro, onde havia um homem gordo acordado, com um sorriso maroto e a barriga de fora.

– Mas que diabos… – murmurou Tiago, dirigindo-se até lá e fechando os olhos, enojado diante do que estava prestes a fazer. Ele passou seus dedos sem nenhum prazer pela barriga do homem e, com uma risadinha por parte dele, o quadro abriu-se, revelando escadas de terra, já tão antigas que eles mal podiam imaginar como ainda não haviam sido destruídas.

– Certo... Vocês sabem que vamos subir essas escadas eternamente não é? – disse Sirius, com um muxoxo.

– Melhor do que ir por baixo d’água – retrucou Tiago, subindo as primeiras escadas feitas de terra.

***

– Eu... nunca mais... subo essas porcarias – Tiago arfava, e não conseguia sequer produzir uma frase completa sem interromper-se no meio do caminho. - de escadas.

Os quatro haviam acabado de chegar ao mesmo lugar de onde haviam vindo. Como aquele túnel de descida poderia ser o mesmo que os das escadas, eles nunca saberiam. Pois eles saíram exatamente do mesmo lugar que haviam entrado: pelo quadro do homem de barriga para fora. Talvez fosse mais um dos inúmeros mistérios mágicos. Ou, pensou Tiago, talvez eles somente fossem realmente estúpidos para não perceber algo. Ele apostava com todos os desejos na primeira opção.

– Estão vendo um vulto ali? – perguntou Sirius, apontando para uma massa caída no chão gelado. Os cabelos da pessoa pareciam espalhar-se por todo o chão e seu braço direito estava afastado do restante do corpo.

Os quatro se entreolharam assombrados e correram para checar quem estava desmaiado no meio do corredor do sexto andar, lugar onde não havia nenhuma das salas comunais de Hogwarts e era completamente deserto.

Tiago chegou antes que os outros. Ele se agachou ao lado da pessoa e virou levemente sua cabeça em sua direção. Com um engasgo, ele sentiu o ar de seus pulmões sumir, desaparecer completamente do seu corpo. Sentiu-se tremer e suas mãos apertaram com mais força o rosto de Lílian Evans, entrando cada vez mais em pânico. Ele viu os três amigos chegando logo ao seu lado e abaixando-se também. Ouviu sua própria voz saindo de sua garganta, mas parecia distante, quase como um eco de outra galáxia, a milhares de quilômetros de distância.

– O que aconteceu com ela? Quem fez isso? Como...

– Tiago se acalme. – ele ouviu a voz de um dos três amigos, mas não conseguia identificar qual deles era. Seus olhos só estavam focados no rosto pálido de Lílian e suas mãos ocupavam-se em segurá-la em seus braços.

– Ela está viva?

A mão direita de Tiago deslizou até o pescoço de Lílian. Aquele movimento foi uma das coisas mais difíceis que tivera de fazer na vida. Descobrir se Lílian estava viva. E com um suspiro de alívio, ele ouviu um fraco batimento, tão lento e tão baixinho que ele teve de apertar a garganta da garota um pouco mais para encontrar o leve som de seu coração.

– Está – respondeu ele.

– Líly, acorda – disse Remus, balançando levemente os ombros da garota. Tiago se levantou, dando-o espaço para acordá-la.

Acabara de se lembrar que Lílian considerava Remus muito mais seu amigo do que ele. Provavelmente se ele a acordasse, Lílian voltaria a desmaiar para não ter de lidar com Tiago. Mesmo com esse pensamento, o garoto continuou observando os amigos à volta de Lílian, sentindo cada célula de seu corpo tremer com a tensão.

De repente, a garota começou a tossir e a se remexer no lugar. Ela gemeu por alguns segundos, parecendo estar vivendo seu pior pesadelo. Tiago cruzou os braços, numa tentativa de se segurar no lugar, ao invés de tentar tirá-la daquilo logo. E no segundo seguinte, ela se levantou. Remus e Sirius empurraram-na para que ela não se levantasse por completo e ficasse somente sentada.

– Remus… Sirius… – disse ela, respirando tão rápido que eles não poderiam descrever. Ela virou sua cabeça para o lado e viu Tiago encostado na parede, observando a cena. Ele acenou para ela, com um sorrisinho maroto estampado no rosto, como se tudo fosse um entreterimento para ele.

– Pelas barbas de Merlin, o que aconteceu Líly? – perguntou Remus, ansioso.

A garota demorou alguns segundos a mais, tendo posto os cabelos suados por trás da orelha antes de começar a falar.

– Zac. Tem alguma coisa acontecendo com ele – disse ela, mais para si mesma do que para os quatro.

– Aparentemente com você também – retrucou Tiago, desdenhoso. –, quando vou parar de te encontrar desmaiada em corredores? Primeiro você é petrificada por Mia, depois, jogada contra a parede por Tom Riddle e agora… indefinido. Ainda.

Ele parecia um pouco alterado. Irritado de certa forma. Lílian o fitou confusa apor alguns segundos e se levantou com certa dificuldade, apoiando-se na parede.

– Eu… não te devo satisfações, Potter – resmungou ela, recomeçando seu caminho de volta à sala comunal e ignorando-os completamente.

Tiago porém, foi mais rápido. No segundo seguinte, ele já estava à sua frente, bloqueando completamente sua passagem. A garota tentou se desvencilhar com protestos, mas Tiago era tão ágil que era quase uma missão impossível sair de perto dele.

– O que você quer? – questionou ela, vermelha de raiva.

– O que diabos aconteceu aqui, Evans? – perguntou ele, tão baixo e parecendo tão irritado que Lílian se assustara com seu tom. Ele parecia quase que ameaçador.

Remus, Sirius e Pedro murmuravam para Tiago manter a calma, mas seus olhos estavam focados somente em Lílian. A garota revirou os olhos e os contou resumidamente tudo que acontecera. Desde o momento que vira Zac, até a tonteira, seguida pela luz forte e o desmaio.

– Eu nem tive tempo de entender o que estava acontecendo – disse ela, hipnotizada.

Os quatro a observavam, tão assombrados com o que haviam acabado de escutar, que até mesmo Pedro prestava a mais completa atenção. A expressão de Tiago suviazou-se aos poucos, demonstrando um pouco mais de compreenção pelo que Lílian passava.

– Tem mais alguma coisa que você queira nos dizer? – perguntou Remus, de modo solidário.

Lílian pareceu um pouco indecisa, tendo parado por um momento para pensar. Ela mordeu seu lábio inferior, enquanto Tiago sentia-se ficar cada vez mais angustiado com o suspense.

– Tem uma coisa – começou ela, com a voz apertada. –, algo anda acontecendo. Comigo.

Ela parou por mais alguns segundos, segurando o choro. Tiago aproximou-se mais da garota e a fitou nos olhos.

– Qualquer que seja eu farei parar. Nós faremos parar. – disse ele, a voz tão confiante e tão forte que conseguiu fazer com que Lílian se acalmasse.

– Minha mágica. Está forte demais. Eu não consigo controlar. – continuou ela, ainda rouca. – Estou acordando todos os dias em lugares diferentes, normalmente de frente para a lareira da sala comunal. Minha varinha sempre está na minha mão. E eu estou suando tanto que parece que acabei de correr uma maratona.

– Uma o quê? – sussurrou Pedro, no ouvido de Sirius.

– De qualquer jeito, é horrível. Não sei o que fazer nem o que está acontecendo. Hoje somente ao tocar em Zac, fiquei tonta e desmaiei. Eu…

Tiago assentia com a cabeça, tentando parecer o mais compreensivo possível, apesar de o que ele mais querer fazer naquele momento era dar um soco dos fortes naquele rosto nojento de Tiffon.

– Entendo – disse ele, apoiando a mão no ombro de Lílian, que recuou um passo. Tiago revirou os olhos. –, até em situações como essas eu não posso me aproximar de você? Jura?

– Têm certas coisas que nunca mudam – retrucou ela, erguendo as sobrancelhas.

Tiago nesse momento, sentiu a caixinha de Helga Hufflepuff em seu bolso. Ele sorriu levemente e fitou os olhos verde esmeraldas da garota.

– Nem me diga.

***

A noite estrelada havia influenciado tanto Frank quanto Alice a irem direto para o campo de quadribol, treinarem escondidos alguns passes do jogo. Aquele tempo juntos, também os fizera ter uma boa conversa sobre o que aconteceria a seguir. O que os dois fariam quanto ao relacionamento escondido que estavam em meio.

– O que estamos fazendo é errado – disse Frank, quando voltavam de mãos dadas para o castelo.

– Eu sei. Mas não estou preparada para dizer à Caius. O que irei dizer? Já fazem semanas que estamos… assim - retrucou Alice, apertando a mão do garoto levemente.

– Então temos que parar com isso.

Alice encarou Frank por alguns segundos e um sorrisinho fraco e doloroso apareceu no canto de seus lábios.

– Também não estou pronta para isso.

Os dois se fitaram apaixonados, tendo chegado no terceiro andar do castelo sem nem mesmo perceber. Os dois se aproximaram, trocando um leve beijo e sorriram ao se abraçarem.

– Eu até acharia maravilhoso esse relacionamento – disse uma voz, surgindo por trás dos dois. Eles se viraram, brancos como cera e se depararam com a última pessoa que iriam querer ver naquele momento: Mia. –, se eu não fosse eu.

Frank revirou os olhos, bufando levemente.

– Escuta aqui, Gorlois. Só porque você acha que pode ameaçar alguns de nossos amigos não quer dizer que você tenha o direito de fazer a mesma coisa conosco. Se acha que temos medo de você, está tremendamente enganada.

Mia riu, ignorando Frank completamente e tocando o ombro de Alice.

– Caius está ciente dessas pequenas saídas que vocês dois têm feito recentemente? - perguntou ela, desdenhosa.

Alice a encarava de modo desafiador, porém por mais que seus olhos estivessem cheios de coragem, Frank podia sentí-la tremer ao seu lado.

– Não é da sua conta - respondeu ela.

Miandra revirou os olhos, apertando mais fortemente o ombro de Alice, que se negava a tirar sua mão dali. Não iria dar a Miandra aquele gostinho.

– Mas é claro que é, Alice. – retrucou ela, avaliando-os ainda mais de perto. – Agora vocês terão de se preocupar se eu irei ou não dizer à Caius o que eu acabei de ver. Então é melhor colocar para fora, se quiser guardar seu segredinho.

Frank a fitou com raiva e retirou sua mão do ombro de Alice.

– Estamos nos vendo desse jeito há mais de um mês e Caius não sabe. Estamos esperando o momento certo para contá-lo – disse ele, sua garganta fervendo de ódio a cada palavra.

O rosto de Miandra iluminou-se, quase como se ela tivesse acordado na manhã de Natal e se deparado com uma dezena de presentes ao pé de sua cama.

– Vamos realizar tantos feitos juntos. Nós três - disse ela, satisfeita.

– Não vamos fazer nada com você. Iremos contar hoje mesmo ao Caius e… – antes que Alice pudesse terminar de dizer algo, a varinha de Miandra voou para a garganta dos dois e ela murmurou um feitiço, sussurrando o nome de Caius no final dele. Alice sentiu sua garganta queimar e calou-se no mesmo instante.

– O que você fez conosco? - indagou ele, apertando sua própria garganta.

– Vocês não poderão dizer nada sobre Caius e essa situação para ninguém, nem mesmo para si mesmos. Poderão falar com ele, mas nunca mais poderão falar com ninguém sobre esse assunto. Mesmo se alguém souber sobre isso, vocês nunca poderão confessar ou desabafar. Nem mesmo entre vocês.

Alice e Frank se entreolharam horrorizados e a mão do garoto se entrelaçou na da menina, mas no mesmo momento, o garoto foi lançado na parede, enquanto sua mão queimava como brasas.

Mas por que você fez isso?– perguntou Alice, correndo até Frank com os olhos marejados.

– Isso só pode ser desfeito por quem fez o feitiço. Se vocês não fizerem o que eu solicitar, sinto muito, mas as pessoas que vocês amam e mesmo vocês, sofrerão as consequências. Se daqui a alguns meses tudo sair perfeitamente bem, estarão livres. Mas até lá… vocês não poderão dizer nada disso a ninguém. E o melhor: não poderão se beijar sem que eu autorize. Não poderão se tocar sem que eu diga.

– Você irá pagar por tudo isso – murmurou Frank, suas palavras saindo como fogo de seus lábios.

– Pode ser. Assim como vocês estão pagando por o que fizeram com o pobre Caius. – replicou ela, rindo. – É incrível como Artes das Trevas nos fazem tão bem…

E, dando meia-volta no corredor, a garota se afastou dos dois, deixando ambos no mais completo desespero.


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram?? :)) Bom... a pedido da leitora Belle, irei revelá-los Sirius Black... agora, vocês podem me achar estranha, mas eu simplesmente não consigo imaginar o Sirius de cabelos batendo nos ombros!! No fundo da minha mente, ele é na verdade mais um personagem de One Tree Hill (série maravilhosa), que não tem cabelo comprido, acreditam?? Mas o nosso querido príncipe Caspian também o representa muito bem!!
Aqui está nosso querido Sirius Black :) !
http://wddci.pbworks.com/f/nathan.jpg

Beijinhos!
Chris



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