Jily - The stars will cheer escrita por ChrisGranger


Capítulo 9
E o coração trancado


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!!! Eu deixo, podem dizer, podem falar mal de mim, podem reclamar porque eu mesma estou quase me batendo aqui!! Gente, que demora absurda para postar!!! Eu nem tenho desculpas suficientes, mas podem ter certeza que a escola não está pegando leve esse ano... Ensino médio é difícil, hein? Mas não se preocupem!!! Porque se depender de mim eu nunca irei abandoná-los!! Mesmo que eu demore anos para postar (aí não né?? Haha) !!! Mesmo assim, vocês são umas doçuras por perdoarem a bocó aqui, então obrigada leitores lindos e maravilhosos que estão no meu coração :)) !!! Espero que gostem!! Terceira surpresa lá embaixo!! Ou será que dessa vez é mais de uma??



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Lílian e os quatro garotos adentraram a sala comunal suados, sangrando e cansados. A noite já se avançava e o salão comunal estava vazio quanto um deserto.

– O que aconteceu com vocês? – perguntou Lílian, após ter se segurado por meia hora desde que acordara e se deparara com o rosto de Tiago sangrando, as calças rasgadas de Sirius e a terra cobrindo suas faces.

– Como? – perguntou Remus, tentando disfarçar o máximo possível seu desconforto.

– Bem, vocês sumiram completamente do mapa – disse Abbey, surgindo bem na frente do grupo, vestindo um roupão branco com bolinhas rosas e pantufas de coelho. Sirius gargalhou no mesmo momento em que a viu. Abbey se virou para ele, seus olhos percorrendo todo o seu corpo. – Muito engraçado, calças rasgadas.

O garoto catou rapidamente uma almofada deixada largada em uma das poltronas e se cobriu, vermelho como um pimentão.

– Abbey, ainda está acordada? – questionou Lílian, indignada.

– Não, você só está me imaginando. Abbey está provavelmente dormindo tranquilamente e sonhando com doces. – ironizou a garota, analisando-os de perto. – O que aconteceu?

– Fomos à Floresta. Remus acha que a Casa dos Gritos está começando a cair aos pedaços e decidimos... verificar – respondeu Tiago, limpando a garganta levemente.

Abbey ergueu as sobrancelhas, de modo indagador. Lílian fitou-os desconfiada, seus olhos esmeralda parecendo faróis detectores da verdade.

– Eu esperava que uma casa dedicada à segurança de um lobisomem e dos bruxos próximos a ele fosse um pouco mais forte... – murmurou Abbey, dando de ombros e voltando seus olhos para Lílian. – por que você foi com eles?

– Eu não fui – replicou ela, mordendo o lábio inferior -, eles me encontraram.

Abbey encarou o grupo, completamente calado e sem graça pela situação. Tiago se espreguiçou, esfregando os olhos cansados e apontou para o dormitório.

– Você pode até querer explicar tudo pimenta, mas a minha cama me chama – murmurou ele, arrastando os pés em direção às escadas. Porém, antes de subi-las, ele se virou para a garota com um sorrisinho. -, de nada por acaso.

Lílian franziu as sobrancelhas e cruzou os braços.

– Desculpe?

Tiago lhe deu uma pisadela sonolenta, mas mesmo assim, maliciosa.

– Por você ter acordado e visto alguém como eu. – Tiago terminou de subir o resto das escadas, porém Lílian poderia jurar que o ouviu dizer “mais uma vez”.

***

Após uma semana cheia de trabalhos e de detenções, pele fato de terem sido pegos andando pelos corredores durante as últimas noites procurando por mais passagens secretas, Tiago, Sirius, Remus e Pedro ainda não haviam tocado na caixa de Helga Hufflepuff. A caixinha contendo a pulseira da verdade dada por Gryffindor, ainda estava enfiada no meio de um amontoado de roupas, meias e cuecas de Tiago.

Além disso, os quatro puderam garantir que Lílian não havia entrado em perigo durante aqueles últimos dias. Todas as manhãs, um deles a perguntava se algum “incidente” ocorrera nas noites passadas. Com um revirar de olhos e um muxoxo irritado, a garota sempre respondia da mesma maneira: “não”.

Na realidade, Lílian também estava preocupada com certas coisas. O estranho comportamento de Alice e Frank poderia ser uma delas. Os dois, sempre trocando olhares tristes na sala comunal, separados por metros de distância. Alice estava a todo o momento com Caius, forçando sorrisinhos amarelos. Porém os dois andavam pálidos como cera e seus olhos inchados, completavam um total bastante suspeito para Lílian. Além disso, o que quer que estivesse acontecendo com Zac, a garota estava determinada a descobrir. Foi por isso que decidiu recorrer à Belle.

– Será que você pode perguntar se Thomas notou algo estranho no comportamento de Zac? – perguntou ela, numa noite de sexta-feira, alguns dias após ter avaliado as ideias a fundo e ter contado tudo o que vinha acontecendo a Belle.

– Claro. Mas o que você acha que é? Quero dizer, o que você acha que anda acontecendo? – questionou ela, seus olhos claros cheios de curiosidade.

Lílian balançou a cabeça tristemente e deu um muxoxo decepcionado.

– Não faço ideia.

***

Enquanto Lílian encontrava-se preocupada com suas diferentes hipóteses sobre o que Zac Tiffon poderia possivelmente estar passando, Tiago tentava encontrar uma maneira de utilizar a pulseira sem levantar suspeitas de nenhum aluno. Na manhã de uma sexta-feira, quase duas semanas após a descoberta da passagem secreta e apenas uma antes do grande jogo de Grifinória contra Corvinal, Tiago pulou da cama segurando a pulseira de Helga, determinado. Não conseguia mais esperar para fazer aquilo.

Todavia, deveria ter pensado melhor antes de sair do dormitório, pois assim que seus pés descalços alcançaram a sala comunal apinhada de alunos, os risos e cochichos ecoaram pelos seus ouvidos. Xingando a si mesmo pelos piores nomes possíveis, retornou ao dormitório e catou uma calça qualquer de dentro do armário.

– Apareceu só de cueca de novo? – perguntou Remus, deitado em sua cama. Tiago assentiu irritado e apertou os olhos em direção ao grosso livro contido nas mãos do amigo. “Qualidades de um lobisomem”.

– Esse não é o livro que te dei no Natal do ano passado? – perguntou ele, curioso.

Remus levantou a cabeça, confuso.

– Acredito que sim. Por que a surpresa?

Tiago deu de ombros e com um sorrisinho, respondeu:

– Não achava que realmente leria.

Naquele momento, Jane adentrou a porta do dormitório. Seus cabelos loiros soltos e brilhantes causando inveja em qualquer garota que passasse por perto. Mas para seu azar e para a sorte dos garotos, não havia nenhuma outra garota naquele quarto.

– Claro, você pode entrar – murmurou Pedro, sonolento.

Jane o ignorou completamente, dirigindo-se até Tiago. A relação dos dois poderia ser considerada engraçada por alguns alunos. Quando qualquer um deles sentia-se frustrado com o mundo ou consigo mesmo, eles simplesmente não davam a mínima para nada e se agarravam nos corredores. Muitos tinham raiva dos dois. Acreditavam que eram ambos jovens demais. Mas já tinham quase treze anos, pensava Tiago. E a sua vida era somente dele. Não ligava para o fato de falarem dele. Era até bom falarem. Assim ele se tornaria famoso mais cedo do que imaginava que pudesse se tornar.

– Tiago – disse ela, depositando um selinho nos lábios do rapaz. Tiago jogou os cabelos para o lado e deu um sorrisinho maroto. Uma ideia havia acabado de ocorrer-lhe. Tateou os bolsos a procura da pulseira de Helga e segurou o pulso de Jane.

A garota o encarou de modo indagador. Seus olhos claros eram como a água mais azulada do oceano. Porém nada disso chamava sua atenção. Tiago, particularmente, tinha preferência por olhos verdes.

– Posso fazer uma pequena experiência? – questionou ele, mostrando-lhe a pulseira.

Remus tossiu engasgado e se levantou da cama, ameaçando Tiago silenciosamente por trás de Jane. A garota, porém, só tinha olhos para a joia nas mãos de Tiago e esticou o pulso ansiosamente. Tiago prendeu a pulseira e levantou seu queixo para que ela olhasse diretamente para seus olhos castanhos.

– Você... – Tiago parou por um segundo, confuso. Não havia pensado numa boa pergunta. – hum... er... me ama?

“Que tipo de pergunta era aquela?” Pensava Tiago, observando os mínimos detalhes da pulseira, esperando impaciente uma resposta. Ele já estava suspirando de alívio quando, de repente, os olhos do texugo brilharam e Tiago recuou um passo com a testa franzida e o coração a mil.

– Temos um problema – murmurou ele, quando Jane lançou-se em seus braços e o empurrou para o armário, beijando-o intensamente. Tiago foi pego em total surpresa e começou a tossir para disfarçar sua vergonha.

– Sempre, Tiago – disse ela, com os olhos apaixonados.

Uma careta formou-se em seu semblante enquanto ele se afastava cada vez mais, tateando a parede em busca da porta. Ele lhe mostrou um sorrisinho amarelo e acenou rapidamente.

– Ok. Eu tenho mesmo que... – antes que Jane pudesse dizer qualquer coisa, Tiago saiu porta afora, vermelho como parte da bandeira do Reino Unido.

Antes que descesse a escada, porém, retornou ao quarto, onde uma Jane petrificada encontrava-se. Ele esboçou mais um rápido sorrisinho e estendeu as mãos em direção à garota.

– É, eu vou precisar disso. – disse ele, arrancando a pulseira de seu pulso e correndo como se estivesse em uma maratona, em direção às escadas. Pela terceira vez naquela manhã.

Lílian, Abbey e Belle cochichavam num canto. Pareciam tensas sobre algo. Tiago encarou-as por um instante combatendo um conflito em sua mente quanto ao que estava prestes a fazer. Como ele era conhecido por Tiago Potter, sua voz sarcástica logo ecoou pela sala.

– Evans, aí está você – começou ele, aproximando-se das três com um olhar desafiador. Lílian o encarou impaciente, com os braços cruzados. Seus cabelos estavam presos numa trança feita de qualquer jeito, deixando-a com o ar ainda mais nervoso. –, então... precisamos conversar.

– Sobre...?

Os olhos castanhos de Tiago encaravam os verdes de Lílian e por um segundo ele não soube o que dizer.

– É... sobre o... – começou ele, não fazendo ideia sobre o que dizer. Então, perdendo a paciência, agarrou o pulso da garota. Lílian exclamou surpresa e com raiva enquanto ele a arrastava para longe de Belle e Abbey. – certo, eu preciso que você ponha isso aqui. – continuou ele retirando a pulseira do bolso.

Lílian encarou o objeto sem saber o que dizer, nem como começar uma simples frase. Era a joia mais linda que havia visto em toda a vida. Seus contornos brilhantes e os olhos de texugo intimidadores pareciam quase vivos. Após algum tempo, a garota forçou-se a se recompor e virou seus olhos para Tiago.

– Ok, onde conseguiu isso? – perguntou ela, arfando. – Não venha me dizer que seus pais são ricos ou algo assim, porque isso eu já sei.

Tiago deu de ombros, com um sorrisinho de desculpas formando-se em sua face.

– Você tem seus segredos, eu tenho os meus. – respondeu ele, fechando a pulseira em torno do braço fino da menina. – Se importa de me responder algumas perguntas?

Lílian suspirou profundamente, ainda desconfiada com o que estava acontecendo. Lembrou-se vagamente de quando era menor, seu pai segurando-a firmemente na bicicleta e ela o encarando, com o medo de que ele a soltasse. Mas ao mesmo tempo, não tinha medo. Lílian se lembrava de ter olhado para trás e visto o quão longe o sorriso do pai estava. E ela gargalhou. Gargalhou porque o medo não estava mais lá.

– Seja rápido – respondeu a Tiago, sem nem mesmo perceber as palavras saindo de seus lábios.

***

Sirius rebatia cada um dos balaços que seus colegas do time de quadribol o lançavam. Mais um treino antes do grande jogo. Ele realmente acreditava que Frank os mataria de exaustão. Mas pensando melhor, Sirius nunca o vira agindo tão estranho quanto nos últimos dias. Mesmo que Frank quase os matasse de cansaço todos os dias, ele parecia ainda mais cansado que todos os companheiros do time juntos. Seu rosto pálido e seus olhos escuros e tristes pareciam completamente estranhos para Sirius.

Ouviu gritinhos na arquibancada e virou o rosto em direção a um grupo de meninas da Grifinória, sorrindo e acenando em sua direção. Sirius soltou um risinho, tendo soado quase sem som, devido ao forte vento de outono, batendo contra seus cabelos. Viu uma grande massa vindo em sua direção, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, o balaço já o havia acertado no meio da face.

–Black! – esganiçou Alice, brava como de costume. Alice. Era outra que vinha agindo de uma maneira bastante suspeita.

– Vocês estão de brincadeira? Eu acertei todos os balaços nos últimos dias e só porque eu errei um! – protestou ele, erguendo as sobrancelhas ao ver Abbey entrar no campo. Ele revirou os olhos e bufou. – Só faltava essa...

A garota gargalhava de Sirius. Seu próprio rosto começava a inchar e ele puxou o capuz de sua capa para que as meninas não vissem. Encarou Abbey fervorosamente e ouviu Frank apitar, decretando o fim da tortura que chamavam de treino.

Sirius aterrissou na grama, tacando a vassoura para o lado e marchando em direção à Abbey, seu rosto latejando de dor.

– Muito engraçada... – disse ele irritado, encarando a menina. Quem os visse de longe, acharia que eram de idades diferentes. Abbey era quase uma cabeça mais baixa que Sirius. Às vezes, ela precisava ficar nas pontas dos pés para que parecesse ameaçadora diante dele. Mas se Abbey se virasse, veriam que provavelmente a garota era muito mais madura do que Sirius. Seus olhos cor de mel, audaciosos e fortes, serviam como verdadeiras armas para a garota.

–Jura? Achei você mais engraçado. Levando um balaço – Abbey apontou para ele. -, no meio do rosto.

Sirius revirou os olhos, cruzando seus braços. Com exceção das garotas do primeiro ano nas arquibancadas (que encaravam Sirius e Abbey, seus olhos fervendo de raiva), a maior parte dos alunos já havia ido para suas respectivas salas comunais. Fim de tarde. Um banho quente e confortável entrou na imaginação de Sirius e logo após isso, um prato de comida do Salão Principal. Seu estômago roncou. Após ter entrado num transe profundo sobre essas coisas que o esperavam no castelo, foi acordado por uma Abbey chamando-o. Ele bufou mais uma vez.

– Tudo bem. – retrucou ele, abaixando-se para pegar a vassoura e depositando-a nos braços da garota. Um sorrisinho de desafio formou-se em seus lábios. –Faça melhor.

Abbey fitou-o por longos segundos e depois observou o objeto em suas mãos. Sirius ainda sorria, completamente convencido. A garota deu de ombros e subiu na vassoura. Suspirou profundamente e sentiu suas mãos suarem.

– Está com medo... – provocou Sirius, entretido com a situação.

– Não estou!

E com esse último protesto, Abbey deu um impulso e em poucos segundos, tornou-se mais alta que Sirius. Ela riu da expressão de choque no rosto do garoto enquanto sobrevoava sua cabeça. Não queria admitir para ele, mas suas mãos tremiam e seu coração estava a mil. Ao pensar em se distanciar cada vez mais do chão, a própria vassoura começou a tremer.

– Fique calma, Hastins – disse Sirius, suas sobrancelhas franzidas. Ele a acompanhava com o olhar, e apesar da posição indiferente a qual estava desde o começo, as juntas de seus dedos estavam brancas.

Abbey começou a tremer ainda mais e xingou baixinho. Aquela vassoura parecia rir dela. O suor de suas mãos pareceriam ter ido diretamente para suas têmporas e seu rosto todo começou a suar. Ela ouviu Sirius pedindo-a para descer, mas não precisava ter se preocupado com isso. Porque no segundo seguinte, sua cara foi para o chão. Ou melhor, não só sua cara, mas seu corpo todo. A vassoura rolou para o lado e ela se virou de barriga para cima, encarando um Sirius risonho observando-a de cima.

– Você ainda estaria rindo se eu tivesse caído de algum lugar mais alto? – perguntou ela entre arfadas, seu corpo todo dolorido.

Ele pareceu pensar por um instante e deu de ombros.

– Provavelmente. – ele estendeu a mão, fazendo parecer ser uma das tarefas mais entediantes de sua vida. Abbey a segurou contrariada e com um puxão rápido e forte, ela estava bem ao lado de Sirius.

Abbey sorriu convencida e amarrou seus cabelos com tamanha agilidade numa faixa qualquer, que parecia estar preparando-se para uma corrida de trezentos metros.

– Eu queria falar algo com você – lembrou-se ele, percebendo, um pouco atrasado, que precisava urgentemente falar com Abbey. Na verdade, acordara pensando naquilo e havia esquecido completamente até aquele momento.

– O que foi?

Ele lhe mostrou um sorrisinho maroto e apontou para as arquibancadas. Lá, uma garota de cabelos claros batendo nos ombros estava sentada, rindo com duas amigas. Abbey se lembrava ligeiramente dela. Sophie Crown. Uma garota da Corvinal do mesmo ano que os dois.

– Preciso que me ajude com aquela ali. Difícil de conquistar, mas possível. – explicou ele, falando como se estivesse lhe dando instruções de como preparar um bolo.

Abbey abriu a boca numa expressão de descrença e riu. Parecia se divertir com a situação cada vez mais. Encarou a garota novamente e virou-se para Sirius.

– Jura?

O garoto assentiu, ainda com o mesmo sorrisinho estampado em seu rosto conquistador.

– Certo, o que fazemos? – questionou ela, os olhos brilhando de animação.

– Eu não sei! Você é menina, não é? Me ajude! – disse ele, suplicante.

Abbey parou por um instante e deu pulinhos de ansiedade. Seus olhos brilhavam ainda mais e ela parecia estar bolando um plano genial naquele exato segundo. Sirius franziu as sobrancelhas e deu um passo para trás.

Mas não adiantou. Pois naquele mesmo segundo, ela agarrou o seu braço e o depositou em sua cintura. Sirius arregalou os olhos e arquejou, sua mão direita sem saber o que fazer sob a cintura protegida pelo uniforme de Abbey.

O que está fazendo? – sibilou ele, enquanto ela o puxava para ainda mais perto, iniciando a caminhada em direção ao castelo.

Abbey revirou os olhos e apontou discretamente para a arquibancada. Sirius virou-se e percebeu que Sophie os encarava firmemente. Seus olhos cravados nos braços de Sirius abraçando Abbey.

Seu queixo caiu e um enorme sorriso formou-se em seu rosto.

– Funciona! – exclamou ele, baixinho.

Abbey riu e balançou a cabeça, como se tivesse acabado de perceber o quão lerdo Sirius era.

– Black, siga-me e você encontrará a felicidade – sussurrou ela, ainda observando Sophie. – Eu sempre sei o que faço.

Sirius revirou os olhos, sua mão um pouco mais segura na cintura da amiga.

– Sempre sabe o que faz ao montar em vassouras?

Abbey pisou seu pé, fazendo-o xingar de dor e encará-la com os olhos quentes como chamas acesas repentinamente.

– Pelo menos sempre sei o que fazer perto de garotos idiotas.

***

Os passos da garota pareciam pesados naquela fria noite de outono e sua capa arrastava-se pelo chão de mármore como fantasmas deslizando e sussurrando segredos de sua sofrida vida. Seus olhos claros percorriam todo o caminho de uma maneira pesarosa e percebeu que nunca havia se sentido tão insegura quanto a algo quanto naquele momento. Perguntou-se quando havia sido a última vez que comera. Esse fato lhe pareceu tão insignificante naquele instante que quase riu consigo mesma.

Esticou a mão e abriu a porta de uma das salas da masmorra. Nunca havia estado ali antes. O ambiente era escuro, iluminado somente por velas quase extintas. Olhos a encararam. Um par deles estava temeroso. O outro, satisfeito.

– Fico feliz que tenha vindo – disse Miandra, lentamente. – Frank já estava ficando ansioso.

Alice encarou o amigo com um vazio nos olhos, tão profundos quanto uma poça após um longo período de chuvas. O garoto a encarou de volta, levantando-se da cadeira sob a qual estava sentado. Alice sentiu um pequeno choque doloroso percorrendo seu corpo quando ele tentou se aproximar. Frank ofegou de dor e sentou-se novamente.

– Vejo que estão se divertindo com a nova situação – observou Miandra, rindo.

– O que você quer? – perguntou Alice, cansada demais para se importar com a provocação.

Miandra riu, seus olhos verdes escuros percorrendo todos os ângulos onde cada um ocupava.

– Respostas. – respondeu ela, seu sorriso escondendo-se numa expressão sombria. – Alice, Frank, provavelmente devem ter notado o estranho comportamento de Zac nos últimos meses. Bem, ele não é o único que tem agido de maneira singular.

Frank e Alice se entreolharam, claramente confusos com a escolha do assunto. Pensando melhor, Alice começou a lembrar-se de pequenos momentos nas últimas semanas. Zac aparecendo trêmulo ou pálido nos corredores. Muitas vezes seu olhar era traiçoeiro, ameaçador. Em outros, ele parecia quase que com medo de algo. Com medo de todos ao seu redor.

– O que quer dizer? – perguntou Frank, parecendo ter pensado algo próximo do que Alice pensou.

Ela encarou uma das velas da sala, seus olhos parecendo hipnotizados pela pequena chama de luz.

– Vocês se lembram da noite em que Tom Riddle veio roubar a espada de Gryffindor?

Frank e Alice assentiram. Não haviam participado do momento em que o medo dominava cada célula dos corpos de seus amigos naquela noite, mas haviam ouvido toda a história.

– Acontece que, aparentemente, seus amigos são bastante desatentos. Eles nunca se perguntaram o que eu, Zac e Thomas estávamos fazendo naquela noite? Os três, andando separadamente pelos corredores onde acidentalmente eles nos encontraram? – questionou ela, fazendo com que ambos estremecessem. – Existe um pacto. Algo cujo alguns alunos do sétimo ano estão envolvidos. Eles tem andado estranhos desde o último ano. Tenho motivos para acreditar que estejam convivendo com pessoas as quais mal podemos imaginar.

–Como assim? – sussurrou Frank, prestando atenção em cada detalhe do que a garota dizia.

– Artes das trevas. Forças que estão crescendo cada vez mais mundo afora. ­– Seus olhos voltaram-se para os dois e Frank poderia jurar que, naquele momento, Miandra parecia ter medo. Ter medo de o que quer que estivesse tentando conta-los. – Não percebem? O roubo da espada. Fenrir Greyback atacando-nos quase como se estivesse brincando conosco. Gigantes aparecendo nas dependências próximas a Hogwarts. A profecia que eu mesma criei. Está tudo ligado. Tudo conectado. É só uma questão de tempo até descobrirmos com quem verdadeiramente estamos lidando. E não é nada bom.

“Esses grupo de alunos, grande parte da Sonserina, tem realizado reuniões, desde o ano anterior. Zac e eu percebemos logo o que estava acontecendo. Um dos amigos de Zac faz parte do que quer que esteja acontecendo. Mas não sabemos de mais nada. Nada, além disso. Por isso, naquela noite, ambos fomos tentar descobrir mais, quem sabe até nos infiltrar.”

–Thomas os seguiu – completou Alice, seguindo o raciocínio de Mia.

Miandra assentiu lentamente, rodando uma mecha clara de seu cabelo em seu dedo indicador. Parecia viver cada momento daquela noite novamente, como se eles tivessem voltado no tempo. Frank poderia jurar que ouvira o uivo de Greyback naquele instante.

–Thomas é esperto. Mas não fazia ideia no que estava se metendo. Como vocês sabem, nenhum de nós três chegou a reunião. Não sabemos nem mesmo se aconteceu esse encontro. Mas de algo eu tenho certeza. Zac naquela noite se transformou completamente. Do menino doce ao...

–Estranho para todos – completou Frank.

–Nos separamos naquela noite. Não faço ideia de como ele encontrou Potter e Lupin. Do que pode ter acontecido antes disso.

Frank se lembrou de Tiago contando-o que acharam Zac naquela noite. “Aquele cara idiota, metido a apanhador” disse ele, enquanto Frank ria.

– Então, você basicamente acha que eles podem tê-lo encontrado antes e feito... o que quer que tenham feito com ele. – disse Alice.

Miandra assentiu e sorriu.

–Por isso, vocês dois vão se juntar a esse grupo de alunos. Vão tentar se infiltrar e descobrir o máximo que puderem. Quero que estejam completamente por dentro de tudo que acontecer nesses encontros.

Frank riu desgostoso. Seus olhos estavam dominados de fervor e as juntas de seus dedos, brancas de tanto apertar suas próprias mãos.

–Você quer que nos arrisquemos para que você possa receber todas as informações e manter sua pele brilhante e intocável. Está praticamente nos oferecendo de isca. Covarde. É isso que você é.

Miandra riu e se aproximou de Frank e, sem mais nem menos, beijou-o intensamente. Alice sentiu sua garganta queimar de raiva e, se fosse um trem, tinha certeza que estaria em estado de combustão, enquanto fumaça espalhava-se ao seu redor. Isso durou somente um segundo, pois no segundo seguinte, Frank empurrou-a indelicadamente, seu rosto, uma fúria incontrolável.

–Ora, não querem voltar às suas vidas normais? Façam isso e poderão. – retrucou Mia, entretida. – Até lá... sempre tive uma simpatia por você Frank.

–Eu nunca conheci alguém tão covarde e maldosa quanto você. Seu coração está repleto de escuridão. Guarde minhas palavras: você vai viver com isso e vai sofrer. – disse Alice, seus dentes trincados e sua garganta apertada. – Talvez seja por isso que está tão obcecada com as ações desses alunos. Artes das Trevas, não é? Às vezes apostar nos erros dos outros só nos impede de enxergar nossas próprias sombras. Você tem muitas, Miandra.

Por um instante, Miandra pareceu sem fala. Seus olhos desviaram-se de Alice e fitaram a mesma vela, da qual vinha prestando demasiada atenção. Por um momento único, Alice pôde ver o reflexo de tristeza estampado naqueles olhos. Mas no segundo seguinte, Miandra virou-se para os dois amigos, seu sorriso de desdém tendo desaparecido durante aquele meio-termo.

– Para isso que pessoas como vocês dois existem. Não são da Grifinória? Não têm o coração puro e corajoso? Então é melhor fazerem isso, ou os próximos que irão sofrer serão vocês, não eu.

–Só estará adiando o inevitável – replicou Alice.

–O inevitável é algo com o qual eu consigo lidar. – respondeu Miandra, retirando sua capa escura e revelando uma blusa extremamente decotada e uma saia curta. – Já vocês, não tenho certeza. Feche a porta quando sair Alice. Frank e eu temos assuntos pendentes a discutir.

Frank parecia estar passando bastante mal diante da situação. Seus olhos encontraram os de Alice e a garota percebeu. Percebeu o quanto ele sofria com tudo aquilo. Talvez até mais do que ela. “Só sei que… eu quero ficar com você. Quero minha melhor amiga de volta, mas dessa vez não só ela, mas seu coração também.” Essas palavras, as quais Frank havia lhe dito no começo do ano, ecoaram na mente de Alice. Lágrimas escorreram de seus olhos sem que nem mesmo percebesse. Ela segurou a maçaneta da porta enquanto Frank somente a encarava, seus olhos tristes percorrendo cada parte de seu rosto.

– Eu te amo – disse ela, abrindo a porta e fechando-a, mas não sem antes ver a sombra das mãos de Miandra puxando o rosto de Frank para si.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?? :))
Então, devido a demora incrivelmente demorada da Chris aqui, hoje eu irei revelar dois personagens do meu DreamCast!! À pedido de Joy, irei lhes revelar quem é Thomas e a pedido de Gih, irei revelar Lílian Evans!!
Bem, primeiramente, como vocês sabem, normalmente os atores são de séries que eu simplesmente sou apaixonada. Então... Thomas na minha imaginação é ninguém menos que Bradley James, Arthur Pendragon na série Merlin!
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Já a Líly... vou contar para vocês... Os personagens que eu tenho mais dificuldade para imaginar são a própria Líly e o Tiago!! Vê se pode?? Mas o Tiago eu já resolvi há algumas semanas :)) !!! Mas acredito que a Lílian seja uma mistura de Karen Gillan com os cabelos da própria atriz do filme, a menininha sabem? Eu não assisto Doctor Who, mas é um dos meus objetivos começar a assistir!! Então, vocês provavelmente a conhecem mas aqui está uma imagem da Karen:
http://cdn.fstatic.com/public/artists/avatar/2013/07/thumbs/karen-gillan_a191069_1_jpg_640x480_upscale_q90.jpg

Uma última coisa!! Se vocês imaginam outros atores como os personagens me falem!! Eu irei adorar saber quem vocês imaginam cada um!!! Beijinhos pessoal, até o próximo!



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