Jily - The stars will cheer escrita por ChrisGranger


Capítulo 13
Uma antiga hamster


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores!!! :)) Como vocês estão? Acabaram as provas da escola!!!! Uhul! Eu realmente espero que vocês gostem do capítulo!!! Esse foi difícil... acho que vocês vão entender melhor quando lerem!! Boa leitura!



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– Saia da minha frente! – gritou Lílian, levantando-se e puxando a coberta vermelha de Tiago consigo. – Eu não acredito que você fez isso comigo, Potter! De todas as coisas… me transformar num animal de estimação? Qual o seu problema?

Tiago ainda estava chocado demais para dizer qualquer coisa. Nunca pensara que ficaria aliviado de ouvir Lílian Evans gritar com ele. Mas, aparentemente, esse dia chegou.

– Não foi por querer! – defendeu-se Tiago, recuperando a consciência quando Lílian começara a fuçar em sua mochila surrada, ainda segurando seu cobertor como se dele dependesse sua vida. – O que está fazendo mexendo na minha mochila?

– Eu preciso das minhas roupas! – gritou ela, seu rosto tão vermelho que Tiago começou a preocupar-se com a possibilidade de Lílian entrar em combustão.

O garoto ergueu as sobrancelhas, não entendendo nada por um momento. Mas, no segundo seguinte, ele se lembrou vagamente de ter guardado as roupas da menina em sua mochila quando esta se transformara em um hamster.

Tiago se dirigiu ao seu armário, ainda um pouco zonzo. Parte por estar ainda com o sono pesando em cada músculo de seu corpo e parte por Lílian ter voltado a ser humana. Ele não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Quer dizer que quando Zac a tocara no dia anterior, algo aconteceu? Ou será que foi somente uma coincidência após quatro dias sendo um animal?

Catou as roupas da garota jogadas de qualquer jeito no armário e estendeu em sua direção, tentando concentrar-se somente no rosto da menina. Lílian deu um muxoxo de agradecimento e arrancou as roupas de suas mãos.

– Evans, espera! – ele chamou quando ela já estava se direcionando para o banheiro dos meninos. Espera… onde estavam Sirius, Pedro e Remus? Nenhum deles estava no dormitório e ainda devia ser bastante cedo, visto que o Sol havia começado a aparecer há poucos minutos.

A garota trancou a porta ao entrar no banheiro e ele bateu o rosto no momento em que ela o fizera.

– Eu só queria te dizer que não queria que tudo isso tivesse acontecido… – ele começou, esfregando o nariz dolorido. – mas eu fui bem legal, certo? Te dei comida, deixei você bastante confortável nos últimos dias... só a parte da higiene pessoal que não sei muito bem e…

– Potter, eu queria chocolate! Bolos, tortas! Você me dava cenouras para comer! Além disso, o que estava pensando quando decidiu jogar aquele jogo? Decidiu dar umas voltinhas para eu passar mal? Você nem sequer contou a Belle e a Abbey sobre o que tinha acontecido! Imagina como ficaram preocupadas, Potter! – rosnava ela, do outro lado da porta. – Além disso, ainda tive que te ouvir paquerar garotas! Meu Deus… tenho tanta pena de cada uma delas...

Tiago deu um suspiro cansado. Aquele definitivamente seria um longo dia.

Lílian abriu a porta do banheiro, marchando decidida até a porta do quarto. Quando Tiago se aproximou mais uma vez, ela lhe entregou seu cobertor vermelho com uma careta, como se tivesse acabado de se lembrar de como acordara naquela manhã.

– Evans, eu só… tentei cuidar o máximo possível de você e…

Lílian o encarou, séria. Agora que Tiago conseguia vê-la novamente, tentava reparar em cada detalhe, mesmo tendo certeza de que ela era a mesma. A garota era um pouco mais baixa que ele e seus cabelos ruivos eram bastante longos. Ele não queria admitir que havia visto, mas quando ela estava somente coberta por sua manta vermelha, ele percebera que ela tinha algumas sardas nas costas. E seus olhos continuavam do mesmo jeito. Mesmo quando a garota estava brava, eles ainda brilhavam.

– Obrigada por ter procurado curas e por ter cuidado de mim – disse ela, dura como uma pedra. –, mas ainda não consigo acreditar que você fez isso comigo. Não achei que iria tão longe.

E, com mais um olhar petrificante, Lílian saiu porta afora.

***

Cinco dias se passaram. Lílian não havia realmente permanecido tanto tempo na forma de um animal, mas para ela, aqueles meros dias pareceram mais longos anos. Assim que ela adentrou seu dormitório na manhã em que voltara a ser uma humana, Belle e Abbey a abraçaram como nunca antes e Lílian teve a leve impressão de que até Jane e Heloisa haviam esboçado míseros sorrisos com o seu retorno.

Mas, além disso, ela não conseguia compreender a si mesma por ter hesitado tanto em contá-las de por onde esteve nos últimos dias. Ela não conseguia entender o porquê de ter parado para pensar sobre omitir o fato de que seus últimos dias foram baseados em cenouras, brócolis e um Tiago presente a cada segundo de sua vida.

– Então, por onde esteve? – perguntou Belle, assim que Lílian abraçou seus livros e os beijou emocionalmente.

Lílian parou por um momento, seus olhos se estreitando levemente. Ela pensou por um tempo e fez um gesto displicente com a mão.

– Ah, eu… – começou ela, nervosa. – estive na biblioteca na maior parte do tempo. Sabe, com os exames se aproximando…

– Líly, o Natal está se aproximando. Mas os exames… são só daqui a alguns meses. Daqui a vários meses! – retrucou Abbey, cruzando os braços. – Além disso, te procuramos centenas de vezes na biblioteca e, acredite, a não ser que eu esteja precisando de óculos muito bons, você não estava lá.

– Diga a verdade, Líly… – pediu Belle, suplicantemente.

Lílian suspirou derrotada.

– Potter me transformou em um hamster e ele… tomou conta de mim nos últimos quatro dias enquanto tentava buscar uma forma de me fazer voltar a ser humana – respondeu ela, evitando olhar para as amigas.

Depois disso, aconteceram explosões. Nos últimos cinco dias, Lílian ouvira Abbey e Belle gritarem tantas vezes com Tiago que ela nem teve que se esforçar para fazer seu costumeiro trabalho. Tiago tentou aproximar-se dela, mas todas as suas tentativas falharam quando uma de suas amigas o fuzilava. Ou a própria Lílian, cujo olhar era tão feroz que literalmente, causou explosões.

Severo mostrou-se aliviado. O amigo afastara-se tão repentina e brutalmente, que Lílian raras vezes podia conversar com ele. Mas quando isso acontecia, era como se eles nunca houvessem passado tanto tempo longe um do outro. Lílian simplesmente amava ter um amigo como Severo.

No sábado, ela andava sozinha pelo corredor do quinto andar, quando subitamente, ouviu vozes. Aquilo era definitivamente estranho. A maioria dos alunos estava visitando Hogsmead, e, em grande parte do dia, sua única companhia foram seus livros. Finalmente, ouviu uma voz alta e forte no corredor e ficou estranhamente feliz com isso, apesar da desconfiança.

– Zac vai hoje à noite ao encontro desses alunos. Comecei a prestar atenção e ele fica muito mais tenso nos dias em que ele simplesmente desaparece durante a noite. É como se ele quisesse e não quisesse ser parte disso… – falava, pelo que Lílian conseguiu distinguir, Miandra.

Lílian espremeu-se entre uma estátua e o próximo corredor e tentou enxergar com quem a garota falava. Mas tudo o que conseguia ver era a expressão de superioridade e os cabelos com mechas loiras de Miandra.

– Certo, mas você conseguiu fazer com que nos enturmássemos nesse grupinho de loucos? – perguntou a voz sarcástica de ninguém menos que Frank.

Lílian sentiu a cor de seu rosto sumir enquanto começava a suar frio. Tentou não fazer barulho mas foi quase impossível esconder seus ruídos de surpresa diante da situação.

– Não. – respondeu Mia, com simplicidade e com uma expressão maliciosa. – É por isso, que você irá roubar a capa de invisibilidade de seu querido amigo, Potter. Ele não precisa mesmo. Tudo o que ele faz é fugir no meio da noite para treinar quadribol. Depois, pode me dar de presente. Teria muito mais utilidade para mim.

– Não podemos fazer isso de jeito nenhum! – protestou Alice.

Lílian estava quase a ponto de desmaiar diante de tamanho choque. Miandra, Frank e Alice. Como aquilo acontecera? As últimas pessoas que Lílian pensaria que poderiam ajudar Miandra com o que quer que esta estivesse planejando, eram Frank e Alice.

– Podem e vão. Vão descobrir o que estes alunos estão tramando esta noite e me contar. Me contar o que está acontecendo com Zac e como ele pode voltar ao normal. – decretou a garota, teimosamente.

Lílian não pôde ver a expressão dos amigos naquele momento, mas ela poderia jurar que os dois pareciam bastante abalados.

– Que bom que concordamos com tudo – disse Mia, satisfeita, começando a caminhar na direção contrária de Lílian, o que a fez suspirar de alívio.

Mas, antes que a garota pudesse sumir, ela se virou para os dois novamente. Mal ela sabia que estava, na verdade, virando-se para três pessoas.

– Mais uma coisa… Frank, vai continuar saindo com Andressa. Devem partir já para Hogsmead, acho que ainda dá tempo. Alice… ainda irei pensar sobre a questão, mas acho que estar com o pobre Caius já é punição suficiente para você, não é? – disse ela, sorrindo. – Quem sabe no final do mês eu os livro de tudo isso se continuarem agindo tão bem quanto estão?

E assim, Miandra saiu do corredor. Lílian estava congelada, sua boca entreaberta diante do fato que acabara de presenciar. Tantas perguntas surgiam em sua cabeça mas, ao mesmo tempo, tudo o que ela conseguia pensar naquele momento era em como Alice e Frank poderiam estar metidos naquilo.

Ela observou quando Alice desabou no chão, com lágrimas caindo como água de uma cachoeira. Frank abaixou-se ao seu lado e parecia tentar desesperadamente pensar em algo para dizer ou fazer. Lílian imaginava que ele iria abraça-la, consolá-la. Mas, ao invés disso, ele só ficou ao seu lado, sem nem ao menos tocá-la.

– Por favor Alice, não chore. – pediu ele, suplicante. Parecia estar passando por um sofrimento muito maior que o da garota.

Alice sorriu em meio às lágrimas. Ela abaixou a cabeça para o chão e observou a mão de Frank próxima ao seu joelho direito. Com o choro controlado, ela arrastou a própria mão na direção da dele. E assim ficaram eles. Parados, se olhando. Enquanto suas mãos encontravam-se a míseros centímetros de distância.

Lílian não havia percebido o quanto sua garganta estava apertada. Só percebeu quando uma pequena lágrima, escorreu pelo seu olho esquerdo.

***

Tiago fazia seu trabalho de Poções penosamente. Tudo o que ele mais queria era ter uma longa noite de sono. Sirius, a todo o momento, bocejava ao seu lado, enquanto Pedro, já há muito havia dormido. Remus, naquela noite, enfrentava seu pequeno “probleminha peludo”, então tudo o que os garotos podiam fazer pelo amigo é esperar o amanhecer que determinava a volta do garoto.

Havia alguns dias já que Sirius só falava em uma passagem secreta que ele tinha certeza ter descoberto. No mesmo dia em que Lílian voltara a ser humana, Tiago percebeu que nenhum dos três estava no dormitório. Mais tarde, Sirius o explicou que a razão do ocorrido era porque eles haviam passado a noite tentando descobrir o mistério de uma estátua. A qual eles tinham absoluta certeza ser aquela que os levaria a uma nova passagem secreta.

– Não vê, Tiago? Definitivamente essa vai nos levar para um lugar muito mais incrível que a outra! – exclamava Sirius, empolgado.

Tiago estava pronto para analisar logo o que os três tanto queriam lhe mostrar, mas estava tão exausto devido aos últimos dias cuidando de uma hamster e, agora, tentando redimir-se para uma antiga hamster, que decidiu deixar para mais tarde. Além disso, os professores passavam cada vez mais trabalhos com a proximidade do Natal e eles se cansavam cada vez mais à medida que tudo isso piorava.

– Potter – chamou Lílian, trazendo Tiago de volta à consciência. Ele franziu o cenho ao se deparar com a garota sentando-se ao seu lado no sofá, ainda que com uma careta de raiva. –, precisamos conversar.

Tiago assentiu, pousando seu trabalho de até então duas linhas sob a mesa. Sirius levantou o olhar curioso, mas, no segundo seguinte, sua cabeça desabou para o lado e eles puderam ouvir o primeiro ronco do garoto. Tiago se voltou para Lílian um tanto risonho, mas ainda confuso.

– Evans... não conseguiu resistir ficar por muito tempo longe de mim, não é?

A garota bufou e revirou os olhos indignada.

– Não tenho tempo para gracinhas, Potter. – respondeu ela, tão dura quanto uma pedra. – Frank e Alice estão encrencados. Preciso te avisar de alguma coisa que pode acontecer essa noite…

Tiago ergueu as sobrancelhas e procurou instintivamente Frank e Alice por todo o canto da sala comunal. Nenhum dos dois estava lá.

– O que aconteceu?

– Bem… eu estava andando pelo corredor mais cedo, quando ouvi Miandra conversando com os dois. Me escondi e, pelo que entendi, eles têm sido chantageados esse tempo todo por ela. Ela quer descobrir o que tem de errado com Zac, então acho que podemos cortar o plano de Sirius descobrir a partir dela. Nem Miandra sabe o que é. Quero dizer, ela sabe mas também não sabe…

– Espera, pimenta. Está me dizendo que a completamente lunática, Miandra Gorlois, não sabe o que está acontecendo? Céus, isso deve doer nela. – ironizou Tiago enquanto Lílian segurava sua imensa vontade de rir e mantinha-se séria. – Calma… Alice e Frank estão sendo chantageados? Como isso aconteceu?

– Não faço ideia. Mas sabemos que Alice está traindo Caius… talvez Miandra tenha descoberto – sugeriu Lílian, observando Caius conversar com alguns amigos do outro lado da sala. De repente, a garota pareceu ficar estranhamente tensa. – Ela com certeza descobriu. Miandra disse que… disse que continuar namorando Caius já era punição suficiente para Alice.

Tiago ficou calado por algum tempo, tentando recapitular tudo o que a garota havia acabado de dizer. Era realmente impressionante o que certas pessoas estavam dispostas a fazer somente para alcançar o poder. Miandra estava brincando com Frank e Alice, provavelmente tornando suas vidas cada vez mais miseráveis.

– E você acha que essa noite os dois vão descobrir o que está acontecendo com Tiffon?

Lílian assentiu, abraçando os próprios joelhos no sofá e encarando Tiago de relance.

– Mia disse para pegarem sua capa de invisibilidade. Eles não conseguiram descobrir quem está comandando esse grupo que provavelmente fez algo com Zac, mas acho que Mia sabe o lugar onde o que quer que seja, acontece. E acho que eles irão roubar sua capa e tentar descobrir esse mistério de uma vez por todas.

Tiago estava em choque. Cada molécula de seu corpo parecia estar indignada pelo fato de que um de seus melhores amigos (mesmo que ele estivesse sob o controle de Miandra) poderia tentar roubar sua capa de invisibilidade. Mas, ao mesmo tempo, ele sentia como se finalmente tudo estivesse começando a fazer sentido. As peças, aos poucos se conectando, as pessoas envolvidas surgindo e a ânsia de poder saber o que estava acontecendo durante todo aquele tempo com Zac Tiffon. Tiago inclusive chegou a pensar na ideia de que talvez eles pudessem descobrir algo sobre a própria Lílian.

– Temos que ir com eles – declarou Tiago com tamanha convicção, que até ele mesmo se assustou com a certeza que tomara naqueles poucos segundos.

Lílian ergueu as sobrancelhas, acompanhando Tiago levantar-se e dirigir-se ao seu dormitório. O garoto começou a subir as escadas com Lílian em seu encalço.

– Espera, vamos simplesmente ir? Sem avisar ninguém? Acho que deveríamos falar com Belle ou Remus… – retrucou Lílian, parando na porta do dormitório do garoto enquanto este inclinava-se para sua mala.

O garoto congelou de repente. Virou-se para Lílian com a boca entreaberta de surpresa e choque.

– Eles já foram – murmurou ele.–, a capa não está aqui.

***

– Shh! Pirraça! – sibilou Lílian, apontando para cima.

Tiago voltou seus olhos para onde a garota estava apontando e escondeu-se logo atrás de uma estátua de uma mulher que guerreou uma Guerra de Duendes contra Trolls. Nem mesmo Tiago sabia o porquê de ele saber aquela informação. Lílian escondeu-se do outro lado do corredor, enquanto esperavam o poltergeist passar murmurando coisas sem nenhum nexo.

Tiago assentiu para Lílian e os dois retomaram a caminhada, procurando incansavelmente algum sinal de duas pessoas que naquele momento estavam invisíveis.

O corredor estava iluminado e o vento passava pelas janelas, determinando perfeitamente aquele fim de novembro e o começo de um dezembro frio e aconchegante. Tiago esperava que nevasse. Bastante.

Ele ajeitou seus óculos que quase caiam por seu nariz e encarou o vazio enquanto sentia a presença inquieta de Lílian ao seu lado.

– Acha que eles foram para as masmorras? – sugeriu ele, tentando lembrar-se de algum lugar horrível o bastante para Miandra ter escolhido a dedo. Ou alguém ainda pior que Miandra ter escolhido.

– É uma ideia interessante – ponderou Lílian, pegando como atalho uma curva que terminava em uma escada. Eles começaram a descer em direção aos andares subterrâneos de Hogwarts.

Tiago observou a garota estremecer quando uma rajada de vento passou. Ela começou a bater os dentes, mas seu passo continuava firme.

– Por que está sentindo tanto frio? Nem está forte… – disse ele, olhando-a de relance.

Lílian revirou os olhos e acelerou mais o passo.

– Bem… eu não costumava sentir tanto frio antes. Mas acho que você pode adivinhar como isso aconteceu. Ou a partir de quando começou a acontecer – retrucou ela.

Tiago teve um estalo de repente enquanto eles chegavam ao primeiro andar e se dirigiam para as escadas que desembocariam nas masmorras.

– Você era um hamster… e tinha muitos pelos – disse ele, rindo com a situação. – então, sem pelo…

– Eu fiquei mal acostumada e sinto mais frio que outras pessoas – concluiu Lílian, seca.

Tiago sufocou o riso enquanto a garota assumia o passo à sua frente, penetrando cada vez mais fundo nos corredores escuros das masmorras.

– Eu até ofereceria meu casaco. Mas não estou usando um… quer um abraço? – sugeriu ele, baixinho.

Lílian deu um muxoxo de impaciência e soltou um gritinho quando esbarrou em algo e caiu de cara no chão. Tiago fez uma careta e deu um passo em sua direção, mas no mesmo instante, ele também sentiu algo esbarrando nele e caiu logo ao lado da garota, tentando pensar em alguma explicação para algo tão sem sentido ter ocorrido.

No momento seguinte, os dois ouviram gritos de dor e Tiago pôde ver de relance Frank ser atirado contra a parede daquele corredor apertado, enquanto Alice caía no chão com murmúrios agonizantes.

– O que acabou de acontecer? – esganiçou ele, o rosto horrorizado.

Lílian levantou em um salto, seguida por Tiago. Logo que o fizeram, Tiago dirigiu-se aos dois. Recolheu sua capa caída no chão e fixou os olhos castanhos em Frank e Alice.

Os dois estavam escarlate e suas expressões eram somente de culpa.

– Como puderam…? – começou Tiago, sem palavras.

Lílian deu um passo à frente, seus olhos um pouquinho marejados.

– Eu sei que machuca e sei que é difícil – começou ela, segurando a mão de Alice e, em seguida, a mão de Frank.

Frank e Alice entreolharam-se e seus ombros caíram. Alice estava prestes a chorar e Frank olhava para o chão desolado. Tiago observava a cena em um silêncio absurdo para seus próprios níveis.

– Eu não queria… – começou Frank, encarando Tiago suplicantemente.

– Sabemos que não é culpa de vocês dois – afirmou Lílian. –, mas vocês não podem fazer isso. Não podem arriscar-se desse jeito porque Miandra está os obrigando a fazê-lo.

– Ela disse que machucaria nossos amigos. E Caius… não posso deixá-lo descobrir desse jeito – retrucou Alice.

Os quatro se entreolharam. Tiago agachou-se no chão ao lado de Lílian enquanto um silêncio perturbador invadia a conversa.

– Quando Mia realmente fez alguma dessas coisas? – replicou Tiago, tentando amenizar as coisas. – Ela sempre nos ameaça mas…

– Mas ela já fez, sim. Abbey e Belle, não se lembra? Thomas também… ela machuca todos que estão a sua volta. – disse Lílian antes que o garoto pudesse terminar de concluir sua própria frase. Ela se virou para Frank e Alice. A distância entre os dois nunca parecera tão grande apesar de estarem separados por menos de um metro naquele apertado corredor. – E agora vocês dois.

– Você não entende… – sussurrou Alice, esfregando os olhos. – não podemos nos tocar.

Tiago fez uma careta confusa enquanto Lílian franzia o cenho.

– Mia está cada vez mais inclinada a ser uma bruxa que tem grande especialidade em Artes das Trevas. – explicou Frank, dando de ombros. – Ela nos amaldiçoou. Não podemos nem nos encostar. É como se todo o nosso corpo queimasse quando tentássemos. Isso também acontece quando tentamos procurar qualquer um para contar a verdade. Acontece quando Alice procura Caius para contá-lo a verdade.

Lílian sentiu seu rosto empalidecer. Uma das velas do corredor começou a queimar inteira à medida que a garota sentia cada molécula de seu corpo arder. Tiago pousou uma das mãos em seu ombro.

– Você vai causar um incêndio se não se acalmar. Sua magia não está muito… controlável no momento. – disse ele.

Aos poucos, a luz incandesceste da vela queimando, começou a apagar. A vela voltou a ser exatamente como era antes daquela situação ter acontecido, antes de Frank e Alice terem lhes contado o que Miandra vinha fazendo.

– Não vê que isso tudo está conectado, Líly? Zac. É provavelmente a única pessoa com a qual Mia se importa de verdade. E por que ela quer nos atingir tanto? – disse Frank, fitando Lílian com melancolia.

– Por causa de mim – respondeu ela, baixinho.

– Isso não é verdade. Não é culpa dela – protestou Tiago.

– Não estamos dizendo que seja – começou Alice apertando a mão da amiga. –, mas estamos dizendo que, mesmo que eu e Frank estejamos passando por maus bocados agora, no final do dia quem sofre é você. E você sabe disso.

– Você tem que enfrentá-la, Lílian – disse Frank, balançando a cabeça com uma expressão solidária no rosto.

– É, mas ela não fará isso sozinha – completou Tiago.

Lílian observou as expressões de seus amigos, sentindo o mundo diante de si girar. Sentiu seu corpo tremer enquanto permitia que o impacto das palavras de Frank e Alice a atingissem em cheio. A culpa era dela. E quem mais sofria por causa da situação era ela. A magnitude daquilo a assustava, à medida que se dava conta de que nada daquilo era mentira.

– Temos que ir – disse Tiago, levantando-se.

Os três voltaram seus olhares para o garoto.

– Eu vou descobrir o que está acontecendo nessa escola e vocês… vão voltar para a sala comunal – explicou Tiago, vestindo sua capa de invisibilidade até só sobrar sua cabeça flutuante os encarando. Seria uma cena bastante engraçada, se não fossem as atuais circunstâncias.

Lílian riu como se aquela situação fosse simplesmente cômica e balançou a cabeça.

– Eu também vou, Potter.

Frank e Alice levantaram-se prontamente.

– Sabemos onde eles estão. Mas não conseguiremos todos nos esconder na sua capa, Tiago. – disse Frank.

– Me digam onde eles estão e eu vou sozinho.

Lílian, Alice e Frank protestaram, tratando de fazê-lo o mais baixo possível. Apesar de estarem nas masmorras, onde poucas pessoas poderiam vê-los, eles ainda estavam quebrando as regras permanecendo nos corredores até tarde da noite.

– Certo, certo… vamos todos juntos. Onde é? Aqui nas masmorras, certo? – questionou Tiago, impacientemente.

Frank e Alice se entreolharam.

– Miandra disse que eles mudam de lugar todas as vezes em que decidem se encontrar, para não correrem o risco de serem pegos. – começou Frank, olhando para os lados. – Ela também disse que essa noite eles vão para Hogsmeade.

Hogsmeade? – indagou Lílian, um pouco mais alto do que pretendia.

Frank pareceu um pouco hesitante ao revelar-lhes o fato, mas deu de ombros e completou com a pior notícia que eles poderiam receber naquela noite.

– Na Casa dos Gritos.


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram?? :))
Então... hoje, a pedido da Joy, irei lhes mostrar como eu penso que é a Alice. Espero mesmo que gostem!! Eu imagino a Alice como a Aria de Pretty Little Liars! Acho que a Lucy Hale a interpretaria incrivelmente bem!!
Aqui está uma imagem dela:
http://media.tumblr.com/tumblr_m41cayQk6W1r7ifqv.gif
Espero que tenham gostado e me falem qual personagem vocês gostariam que eu revelasse!!
Beijinhos!
Chris



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