Liceu de Artes W.L escrita por Nandarazzi, RukeNoKokoro


Capítulo 9
1º TRIMESTRE - Capítulo 9: Teias


Notas iniciais do capítulo

~ IMAGENS de REFERÊNCIA ~

— Planta arquitetônica do Liceu de Artes:
http://fc01.deviantart.net/fs70/f/2015/023/f/0/tzd14pa_by_nanaramos-d8f30yl.jpg

— Planta arquitetônica dos quartos: http://th04.deviantart.net/fs71/PRE/i/2015/023/4/7/quarto_liceu_by_nanaramos-d8f318n.jpg




~ GALERIA de PERSONAGENS ~

http://nanaramos.deviantart.com/gallery/52775462/Liceu-de-Artes-W-L



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O clima festivo embalou o lanche daquela tarde, tornando o evento um grande sucesso. Cerca de cinquenta a sessenta alunos haviam comparecido, e todas as mesas haviam sido ocupadas. O amplo salão estava sendo limpo e varrido pelos membros do clube, as mesas e o farto buffet livre eram desmontadas, e guardavam cuidadosamente os ornamentos florais e cortinas brancas nas janelas – estes últimos eram caprichos do presidente do clube, um rapaz sensível e com um enorme desejo de agradar.

Amparado por Cairo, um dos veteranos amigos de Sariel, William conseguia realizar os trabalhos braçais que estavam além do seu modesto porte físico. Apesar do medo que ele impunha sobre os outros alunos com suas tatuagens agressivas, músculos fortes e cara de poucos amigos, William o via como um ótimo cozinheiro e bom companheiro... Calado, mas bom companheiro. Quem diria que um homenzarrão daqueles teria tanto talento na cozinha?

– Seu talento pra cozinhar é sem igual, Cairo! – William o elogiou, e dada a diferença de estatura entre os dois, precisava erguer seu pescoço para falar ao gigante – Já pensou em começar a fazer Gastronomia? – e sorriu insinuante, mas sem malícia.

– Acho que... – a voz grave tremia, e as palavras fugiam ao falar com o rapazinho diante dele – Minha habilidade com escultura ajuda...

– Tem razão. É necessária uma delicadeza com as mãos, muita dedicação e uma atenção minuciosa com os detalhes pra se fazer boas esculturas... Assim como bons pratos e drinks – e virou as costas, carregando alguns pratos sobre uma mesa que estava por perto – Você é bom em tudo o que faz, Cairo! Por que tudo o que você faz é de coração – e sorriu gostoso.

Ah, William... Porquê você era assim? Tão gentil e bondoso, mesmo com aqueles que eram rejeitados e julgados por (quase) todos... Não foi à toa que conquistara, mesmo sem saber, o coração do gigante do Liceu bem detrás dele. Honestamente, nem mesmo Cairo parecia acreditar que estava apaixonado... Nunca antes havia sentido algo assim por rapaz nenhum, então só porque um bonitinho lhe tratava bem num lugar onde todos lhe eram hostis, era motivo forte o bastante para sentir-se atraído por ele? Cairo preferia se enganar, se iludir a crer que não sentia nada por William – ao invés de assumir que gostava de outro homem, e ainda mais: um que estava fora do seu alcance.

É verdade... Não bastasse serem dois homens, e duas pessoas de personalidades totalmente diferentes, ainda havia a casta social. Apesar de amigo de alunos considerados as “ovelhas negras” do Liceu de Artes, William ainda tinha sangue azul, e um irmão de influência na elite do internato. Mas Cairo? Considerava-se um reles bolsista que malmente tinha amigos. Um relacionamento amoroso entre os dois era impossível, portanto, seu amor também deveria ser... Não é?

– Cairo? – perguntou William, trazendo-o de volta à realidade – Tá tudo bem?

– N-não... Não é nada, Will. Só ando um pouco distraído – e começou a ajudar William a carregar as pilhas de prato. Se o menor conseguia carregar até dez pratos, Cairo levava vinte numa bandeja com razoável facilidade.

– Isso eu já notei – William sorriu – Cairo, você... Não quer me acompanhar até meu dormitório? – o maior o olhou com interesse – É que está ficando escuro, e todos já estão indo embora. Não gosto de voltar pro meu quarto sozinho...

– Não sei se seria a melhor coisa se te vissem andando comigo por aí, à noite... – Cairo respondeu de forma amarga, preocupando o amigo.

– Cairo, também não precisa agir assim!... Já aconteceu há tanto tempo, que já nem...

– Não, William. Perdoe-me... Mas pra mim, é como se ainda fosse ontem...

Depois de arrumarem os pratos, Cairo apanhou sua mochila e saiu sem dizer mais nada. William o observava abrindo a porta do salão e sumindo no corredor a passos largos, magoado por achar que poderia tocar-lhe o coração – mas ainda não obtivera sucesso. Ao menos se pudesse voltar ao passado e consertar as coisas... Poderia, assim, impedir os eventos do dia que Cairo carregaria consigo por todo o seu período de estudos no Liceu de Artes.

Aconteceu no ano anterior. William e Cairo eram calouros, juntamente com Sariel, Daisuke, Carlos, Olivier, e tantos outros. Os dois pertenciam à mesma turma, e não demorou a trocarem olhares e conversas. Estudavam juntos, até visitavam os dormitórios um do outro – no mais, pareciam bons amigos. Todos podiam ver como se davam bem: aquela calorosa e estranha amizade entre o gigante e o príncipe encantado do Liceu de Artes.

Numa tarde, o celular de William desaparece e pairava a desconfiança de que o mesmo houvesse sido afanado – mas não havia suspeitos. Cairo, sem saber do desaparecimento do aparelho, recebe uma mensagem de William pedindo para encontra-lo nos fundos do museu do Liceu de Artes. Atraído pela proposta tentadora, Cairo seguiu as instruções da mensagem e quando lá chegou, deparou-se com um dos muros do museu completamente pichado.

Haviam rabiscos sem sentido por toda a extensão daquela parede: é como se, quem quer que tenha feito aquilo, não possuía o menor conhecimento de grafite. As latas ainda jaziam no chão, e para a surpresa de Cairo, também o celular de William... Sem o dono por perto. Quando começou a desconfiar da cena inusitada em que se encontrava, Cairo fora surpreendido por dois seguranças e um grupo de alunos. Havia sido acusado não apenas de pichar o muro do museu, mas também de ter roubado o celular de William.

O caso teve tamanha repercussão que parou no Jornal do Liceu, e se tornou tópico de muitas conversas e discussões até mesmo no LAWLBook. As opiniões estavam divididas em quem acreditava na inocência do calouro, e em quem não apenas acreditava que ele havia sido o responsável, mas também nunca confiara em bolsistas trazidos de regiões pobres das cidades. O incidente foi encarado como um alerta aos patronos da construção do Museu do Liceu de Artes W.L, que agora o consideravam um investimento arriscado: temiam que seu patrimônio estivesse “à mercê de depredações barbáricas”. Passou-se mais de um ano e a construção permanecia parada, sem previsão de conclusão.

Com o celular devolvido para seu respectivo dono, William e Cairo foram convidados a conversar com o reitor quanto às medidas a serem tomadas. Caso fosse comprovado o envolvimento de Cairo nas pichações e no roubo do celular, sua expulsão do Liceu de Artes seria imediata. O reitor ouviu os dois atentamente, e intimamente, acreditava na inocência do jovem bolsista tanto quanto William – mas precisava tomar uma decisão que favorecesse tanto os dois, quanto o resto do internato, visto que os rumores de vandalismo corriam soltos e comprometiam a imagem do Liceu de Artes.

Como sua culpa nem sua inocência foram comprovadas (mediante a ausência de outros suspeitos), eles combinaram que Cairo ajudaria a restaurar a pintura original do museu, além de cumprir cem horas extras no Clube de Culinária como exigência para sua graduação. Parecia razoável, para quem corria o perigo de ser expulso, então Cairo aceitou sem mais objeções.

Sariel e Daisuke ainda insistiram para que seu amigo protestasse, mas a situação era controversa e Cairo desistira de enfrenta-los – e seus amigos tiveram que entende-lo. Cairo identificava-se com Sariel e seu grupo por sentir a pressão social sobre suas costas – e após o incidente no museu, esta pressão mais que dobrou... Quantas vezes teve vontade de abrir mão do curso, de finalmente desistir? Até havia perdido a conta. Mas com apoio de Sariel, Daisuke e os demais, encontrou no grafite uma forma de expressar seus sentimentos mais agressivos, e no seu companheirismo, as forças que tanto necessitava para continuar perseguindo seu sonho de tornar-se escultor – especialmente depois daquele dia... Daquele tão difícil dia.

Mas no final das contas, não era algo tão ruim ter que passar cem horas na companhia do seu melhor amigo. Ou seria mais do que isso? Após o incidente, a amizade dos dois nunca mais fora a mesma. Apesar do que, William tinha plena convicção de que Cairo não afanara seu celular, pelo contrário: ambos tinham certeza de que se tratava de uma armadilha. Mas por que alguém gostaria de prejudicar Cairo, que nunca havia feito mal à ninguém? Essa incógnita permanecia sem solução, mesmo quase um ano depois do incidente...

Quem estivesse presente nas últimas reuniões de clubes do dia, tinha permissão para chegar em seus dormitórios até as nove horas – e ainda faltando meia hora para o badalar dos sinos, Cairo deixou o prédio sem a menor pressa. O jovem abre seu smartphone e acessa seu LAWLBook para verificar suas horas cumpridas no Clube de Culinária: noventa e duas. Faltavam poucos dias para completar suas horas, e poderia enfim se dedicar a outras coisas. Já sentia saudades de passar a tarde preparando formas, batendo massas, cortando e cozinhando ingredientes, servindo bandejas e principalmente, provando os quitutes deliciosos preparados com carinho pelo seu querido amigo, William...

Mal concluíra suas horas, e já sentia saudades... Afinal, que sentimento era aquele, meu deus? Que sentimento é esse que gladia a razão com a emoção, tira o sono e lhe corrói a alma? Que sentimento é esse que abranda o coração, nos leva às nuvens e só nos dá prazer em estar com a pessoa tão almejada? Estava perdidamente apaixonado, e era tão incapaz de esconder isso que tinha raiva de si mesmo.

Cairo rangeu os dentes, percebendo-se sozinho nas avenidas noturnas do Liceu de Artes. Apertou a camisa sobre o peito, como que querendo arrancar seu coração para fora. Já estava prestes a desistir de resistir... Já não sabia por quanto tempo poderia continuar se iludindo, mentindo para si a acreditar que aquilo não era nada. Era alguma coisa, e alguma coisa forte. O que mais o impedia de tomar uma atitude era o medo da rejeição... Da família, dos amigos, da sociedade, mas principalmente, do seu amado William. Precisava falar com Sariel, Daniel, qualquer um dos rapazes que tivessem mais experiência nisso... Sim. Estava determinado a fazer exatamente isto: ou levava seu sentimento adiante, ou continuava a sofrer calado!

Recuperando-se de seu mal-estar e mais decidido, Cairo segue a passos firmes em direção do prédio principal. Mal sabia, no entanto, que era observado por um vulto oculto nas sombras. Pacientemente, o silencioso aluno aguarda seu momento de agir, deixando seu esconderijo assim que Cairo sumira de vista. Zidane caminhou rapidamente em direção do Centro Educacional, onde estavam localizadas as salas de aula, salas e dormitórios dos professores, além das salas dos clubes e centros de mídia.

A questão era: as reuniões do Clube de Publicidade são às segundas, terças e quartas. A redação do Jornal do Liceu se reunia apenas aos sábados.

Com a sagacidade de um ladinho, Zidane procurou não ser avistado por nenhum estudante ou trabalhador do Liceu em seu trajeto. Por vezes precisou ocultar-se por trás de pilastras e armários para não ser avistado por alguns poucos transeuntes. Seu objetivo estava no segundo andar do prédio: a ala dos clubes do Liceu de Artes, onde sua presença era aguardada no Clube do Rock. Não foi difícil encontrar a sala onde havia acontecido a reunião: seus membros ainda estavam cantando à todo vapor, fazendo as paredes balançarem com as vibrações da música pesada... Não era à toa que ficavam no final do corredor.

Sem cerimônia, o jovem veterano foi entrando sem se fazer notar. Sentiu-se atingido em cheio pelas ondas sonoras: era como se levasse um tapa em toda a extensão do seu corpo. Fechou a porta atrás de si o quanto antes, sentindo seus tímpanos, nada acostumado com volumes altos, ressoarem ao ponto de quase atordoa-lo. Sua reação causou risos em alguns membros do grupo, que agiam e se vestiam de maneira tão distinta com suas correntes, acessórios de couro, piercings, tatuagens e trajes pretos como a noite.

– Onde está o Cícero? – Zidane perguntou a um dos roqueiros, falando alto mas olhando-o com certo desdém.

– Tá lá nos fundos... – o jovem respondera com o mesmo interesse com que lhe fora direcionado.

Seguindo as instruções que lhe foram dadas, Zidane entrou numa sala separada por paredes montadas de maneira um tanto quanto improvisada, encontrado o rapaz que procurava sentado no canto com um amigo. Ao avistar Zidane, Cícero pediu com um gesto que o colega se afastasse, que passou pelo socialite como se ele nem estivesse ali. Zidane sentia-se indignado com a atitude daqueles reacionários abusados! Aquela atitude muito lhe lembrava a corja de Sariel – na verdade, muitos o conheciam alguns ali e até o admiravam. Vai entender.

– É bom que tenha um excelente motivo pra me trazer aqui nessa pocilga, que você chama de “Clube do Rock” – fez aquelas aspas com as mãos, mostrando todo o seu desprezo pelo ambiente e seus frequentadores.

– Que bom que você veio, cara... Já estava começando a ficar impaciente – Cícero ergue-se de sua cadeira, lembrando Zidane do quanto era forte e intimidador.

– Depois de você ameaçar de me procurar pessoalmente, o que esperava que eu fizesse? Eu é que não quero ser visto do seu lado... – virou-se de costas. Quanto menos olhasse para a cara daquele cafajeste, melhor.

– Você me fez uma promessa, Zidane – o louro sentiu uma firmeza naquele tom de voz que muito o incomodara. Sente o outro aproximar-se, e percebeu-se amedrontado com a situação – E eu não estou vendo resultados.

– Não está tentando o bastante...

– Você me prometeu que o William seria meu! – e agarrou Zidane pelos ombros, girando facilmente seu corpo em direção do seu, forçando-o a encarar o seus olhos embebidos em raiva.

– Prometi que deixaria seu caminho livre para ele! – Zidane tentou não mostrar fraqueza – Acontece que nosso plano falhou. Precisa aprender a lidar com suas frustrações, Cícero!

– Se eu quisesse continuar ouvindo “nãos”, nem teria recorrido à você, seu mauricinho de merda! – Cícero rosnava entre os dentes – Você me prometeu que expulsariam o Cairo! Aí, quando vejo, ele está no Clube de Culinária cumprindo cem horas ao lado do William!

– Que culpa tenho eu se o reitor quis assim?! – Zidane já arregalava seus olhos verdes, temendo que o outro o agredisse. Cícero não era um rapaz pequeno, pelo contrário: ele e seus colegas passavam boa parte do tempo malhando no centro desportivo do Liceu de Artes. Zidane e seus amigos os chamavam de “ratos de academia”.

– Seu zé buceta! Seu plano idiota acabou por deixar eles mais próximos do que nunca! – Cícero solta-o, suspirando longamente e procurando recuperar o equilíbrio, para evitar encher aquele baitola de porrada – Fizemos um serviço pra vocês, Zidane. E até agora, não recebemos nosso pagamento. Vai querer que eu reclame-o por conta própria?

– Você não faria isso!... – Zidane o ameaçou de volta, com uma fúria que lhe era desconhecida até então. Cícero podia ser um canalha, mas jamais teria coragem de tocar num fio de cabelo de William... Ou será que teria?

– Entenda, Zidane, eu realmente gostaria de te ajudar... Mas pra isso, você precisa nos ajudar, compreende? – Cícero sorria cinicamente, gesticulando com as duas mãos juntas uma na outra – Acontece que eu e os rapazes corremos um risco muito grande pichando aquele muro, e eu estou sendo pressionado a reclamar o nosso pagamento por este pequeno favor...

– Se tivesse me feito um favor, não estariam me cobrando nada... – Zidane cerrava os punhos. Recuperou sua postura e cruzou os braços, em tom de desafio – Pois diga. Já que meu irmão não te deu bola este tempo todo, como querem receber seu pagamento?

– Eu sei muito bem que tem muito mais coisas em jogo nesse esquema... – Cícero aproximou-se, quase colando o corpo dele ao de Zidane, sussurrando-lhe no ouvido – Sei que tem um dedo do Itsuke, e aquele almofadinha do Eduardo nisso.

– O que está querendo insinuar?...

– Que vocês queriam atingir dois coelhos com uma cajadada só... Seus amiguinhos viram que você queria se livrar de um bolsista inútil, e aproveitaram a oportunidade para foder com o pessoal do Clube do Grafite também... Acha que não sei que, até hoje, é graças a esse incidente que vocês conseguem impedir que o Clube do Grafite seja aprovado no Conselho Estudantil?

– Talvez você esteja certo. Mas e aí? O que você quer, envolvendo eles nisso?

– Quero nosso pagamento em licor – Cícero lhe sorriu, cheio de cobiça – Vou fazer uma lista, e vocês vão conseguir uma garrafa de cada bebida que meus colegas pedirem. Vou adiantando que eu vou querer um Absolut Vodka...

– Isso é um absurdo! Sabe que não permitem bebidas alcóolicas no Liceu!

– Pois deem o jeito de vocês. Oportunidades não faltam – ele caminhou de volta pro seu canto, sentando-se numa cadeira de rodinhas – Vocês são espertos o bastante pra bolar um plano elaborado como aquele... São espertos o bastante pra encontrar uma solução. Só espero que não falhem nisso, também...

O que fazer? A segurança de William estava em jogo. Só de imaginar Cícero e seu grupo de amigos abordando o irmão mais novo, e obrigando-o a fazer coisas terríveis... Zidane se arrepiava só de pensar! No entanto, até que a proposta de Cícero era bem razoável: o que eram algumas garrafas de bebida, comparadas ao bem-estar de um ente querido? Além do mais, Itsuke e Eduardo lhe deviam essa... O incidente muito colaborou para que tivessem Sariel e seu grupinho malvistos por muitos, e os mantivessem sobre controle. Eles não se negariam a ajudar um amigo em apuros, e tampouco, a arriscar perder seu poder e prestígio sobre os demais alunos do Liceu de Artes (caso seu segredo viesse à público).

– Prometo que vou falar com eles – disse Zidane, sentindo-se derrotado – Pode começar a fazer a lista hoje. No sábado, lhe arranjaremos as bebidas.

– Excelente! Foi ótimo fazer negócio com você, Zidane.

O louro não lhe deu a menor moral. Virou as costas e saiu cabisbaixo da sala do clube, e já nem se importava mais com os roqueiros cheirando à suor, ou a música lhe estourando os ouvidos. Mas tinha esperanças de que, em breve, tudo isso estaria acabado e sua dívida estaria paga. Só rezava para que a saúde de seu querido irmão permanecesse preservada, afinal, foi por causa dele que se metera naquilo, para começo de conversa!

Não suportaria vê-lo envolvendo-se com um bolsista pé-rapado, ainda mais um aliado de Sariel... Já era ruim o bastante que Cairo fosse seu amigo – e Zidane não permitiria que esse sentimento evoluísse e William se apaixonasse por um daqueles bárbaros. O amor de Cairo por seu irmão era muito óbvio para quem convivia com os dois, e se fez necessário tomar uma atitude drástica para que este amor não fosse consumado. Só temia estar se envolvendo numa dívida sem fim caso Cícero começasse a ameaça-lo mais, exigindo mais regalias em troca de seu silêncio e enrolando Zidane numa bola de neve cada vez maior e impossível de parar.

Mas nem todos viam deste jeito. Afinal, a época de vacas gordas estava apenas começando para alguns. Isolado em seu canto, Cícero deliciou-se por dentro: o sabor da vitória lhe era o melhor de todos... Sabor de Absolut Vodka.


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