Liceu de Artes W.L escrita por Nandarazzi, RukeNoKokoro


Capítulo 4
1º TRIMESTRE - Capítulo 4: Clube do Grafite


Notas iniciais do capítulo

~ IMAGENS de REFERÊNCIA ~

— Planta arquitetônica do Liceu de Artes:
http://fc01.deviantart.net/fs70/f/2015/023/f/0/tzd14pa_by_nanaramos-d8f30yl.jpg

— Planta arquitetônica dos quartos: http://th04.deviantart.net/fs71/PRE/i/2015/023/4/7/quarto_liceu_by_nanaramos-d8f318n.jpg




~ GALERIA de PERSONAGENS ~

http://nanaramos.deviantart.com/gallery/52775462/Liceu-de-Artes-W-L



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A manhã seguinte chegou mais cedo para os veteranos do Liceu de Artes. Os dois pátios do prédio principal estavam repletos de estandes, variados em tipos e adornos, preparados pelos alunos dos clubes para promover suas atividades, e principalmente, recrutar novos membros com a nova reemersa de calouros.

Havia garoado na noite anterior, mas apenas o bastante para que o dia seguinte raiasse mais timidamente, com uma atmosfera amena trazida céu nublado. Com o clima ao seu favor, Daniel e Zezinho procuraram usar trajes mais casuais como blusas e bermudas, passeando pelas avenidas à procura de algo que lhe despertasse a atenção. Já levavam consigo os panfletos de alguns clubes – alguns preparados com maior esmero do que outros –, e pretendiam não apenas renovar a inscrição de Zezinho em um dos estandes, mas também visitar Davi no do clube de RPG e Cardgames, para ver se ele estaria precisando de ajuda com seus novos amigos.

– Quem diria! Ele fez amizades bem mais rápido que eu... – comentou Daniel, com uma pontinha de malícia.

– O episódio de ontem não te tornou muito popular – Zezinho lhe sorriu – Na verdade, Davi já tinha alguns amigos do Liceu antes de começar a estudar aqui. Mas pra ser franco, os nerds daqui sabem reconhecer uma carne fresca, e é fácil para eles se amigarem rapidamente pelos gostos em comum.

Havia três estandes naquela direção, e um deles estava cheio de pacotes de jogos de cartas, tabuleiros coloridos com dados multifacetados e miniaturas de guerreiros medievais... Aquele era o estande que eles procuravam. Davi arrumava as miniaturas com capricho, observando-as como um joalheiro admira seus diamantes, enquanto um rapaz alto e magro sorriu largamente para os dois transeuntes. Solícito, Daniel foi apresentado a Giovane por Zezinho, que cumprimentou os dois educadamente:

– Você se interessa por cardgames, Daniel? – perguntou o rapaz, intimidando o calouro com seu sorriso gengival e suas acnes em evidência.

– Erm, alguns membros da minha família tem um histórico de serem viciados em jogos e apostas, então meio que evitamos esse tema... – Daniel desviou o olhar ao imediato contato visual. Só foi um tanto difícil, pois o rapaz era alto a ponto de dobrar-se sobre Daniel para falar-lhe.

– Ah, entendi! Eu sinto muito.

Ao desviar o olhar, Daniel percebeu algo interessante no estande ao lado.

– Eu vim renovar a minha inscrição no clube... – disse Zezinho.

– Que ótimo! – Giovane exultou, sequer dando ao pequeno o tempo de terminar sua sentença – É só assinar aqui, caro amigo!

– Renovando a sua inscrição, você ganha dois boosters de Magic, fornecido pelo nosso patrocinador! – Davi cercou Zezinho com uma penca de pacotes coloridos.

– Os de Magic não, Davi! Só os de Yugi-oh!

– Mas ainda não acabaram! Faltam, pelos menos, uns quatro ou seis...

– Eu te falei pra guardar isso! – Giovane o olhou bastante apreensivo, pegando-lhe a mão e querendo tomar os brindes – Não tem mais nenhum booster de Magic, lembra-se? – quis persuadi-lo.

– Não acredito! Você quer ficar com os boosters só pra você, seu pilantra! – o gordinho pareceu zangar-se. Detestava atitudes desonestas.

– Que absurdo, é claro que não é nada disso! – Giovani fez uma careta de raiva, e seu rosto ficou tão vermelho que suas acnes começaram a pulsar.

– Mas gente, eu nem jogo Magic! – exclamou Zezinho, entre o fogo cruzado.

Deixando a discussão de lado, Daniel visitou o estande vizinho. Havia uma mesa central, cercada de quatro cavaletes carregados de desenhos coloridos e criativos. Alguns de traço discreto e delicado, amadores ou profissionais, outros de linhas e temas agressivos ou extravagantes... Em meio a tanta variedade, era possível enxergar o artista em cada um dos desenhos. Sendo pintor, aquele material agarrou seu interesse. Quando se aproximou, à procura do responsável pelo estande, um vulto magro e de cabelo colorido surge subitamente de baixo da mesa:

– Posso ajudar?

– Aah! – Daniel recuou um pouco com o susto. Não esperava por aquilo: os alunos do Liceu de Artes não deixavam de surpreende-lo!

O jovem oriental achou graça. Ergueu-se e viu que Daniel ainda estava um tanto espantado, provavelmente por conta do seu visual “arrojado”. O rapaz tinha densos cabelos morenos, escovados na altura do peito, com uma franja cheia tingida de azul lhe caindo na lateral do rosto, com várias outras mechas menores brancas e cor de rosa. Daniel nunca vira um corte de cabelo scene, ou algo parecido, antes – então continuou encarando o rapaz ainda tentando entender o que via.

– Você não costuma esconder seu espanto, não é mesmo? – o oriental disse com um sorriso e as mãos nos quadris, trazendo Daniel de volta à realidade.

– Ah, mil perdões – suspirou Daniel – Mas você apareceu assim, tão de repente! É que eu não sou da cidade, então continuo me surpreendendo com algumas escolhas de estilo dos alunos do Liceu...

– Ha ha, tudo bem, lindo! – ele sorriu, um tanto afetado – O que achou do estande? Está interessado em entrar pro Clube de Desenho?

– Bom, eu acho que sim – ele sorriu sem graça, passando as mãos nos cabelos. O elogio foi bem vindo, apesar de inesperado – Gostei dos trabalhos, e queria muito fazer amizades com gostos em comum.

– É só assinar aqui, e colocar o seu número de matrícula – ofereceu a Daniel um caderno de assinaturas e uma caneta, arqueando o tronco e empinando o bumbum para trás – As reuniões são segunda, quarta e sexta-feira, às quatro horas, na sala cinco do departamento dos clubes!

– Eita, calma aí, moço! – Daniel assinou o caderno e complementou com seu número de matrícula.

O rapaz se pôs a olhar o nome de Daniel como quem lia um hieróglifo. Não que a letra do calouro fosse assim tão difícil de ler, mas fora tomado por uma estranha sensação de déjà-vu.

– Seu nome é Daniel, né? – ele perguntou, enrolando os cabelos entre os dedos finos, e Daniel meneou a cabeça – Você está no dormitório com o Sariel? – Daniel, novamente, fez que sim – Ah, bom! Ele me falou muito bem de você. Somos muito amigos, sabe? Ninguém acredita!

“Não mesmo”, Daniel disse a si mesmo. Até o que aparentava, o oriental e Sariel teriam pouco, senão nada em comum.

Ele apresentou-se: chamava-se Daisuke, e era o líder do Clube de Desenho. Ele e o irmão mais velho estudavam no Liceu há um ano, e aparentemente, eram muito influentes e conhecidos pelos alunos e o corpo docente... Bom, pelo menos Itsuke era. Daisuke sempre ficou à sua sombra, visto que preferia não ter as mesmas companhias do irmão, pois se rejeitavam mutuamente. Mas como já estava acostumado a ser ofuscado pelos talentos e conquistas de Itsuke, desde pequeno Daisuke aprendeu a brilhar à sua maneira, intimamente tentando compensar a si mesmo toda a atenção desviada ao primogênito... Fosse em sua aparência, fosse em seus trejeitos afeminados, porém espontâneos. Mas desde que fosse autêntico consigo mesmo, não se importava se estava agradando ou não.

Itsuke podia ser sério e respeitável, um modelo para todos e a palavra final em qualquer debate, ocupando um cargo de poder máximo entre os estudantes do Liceu como líder do Conselho Estudantil – mas era o japonês de cabelo colorido e levado da breca, de trajes alegres e espalhafatosos que roubava a cena onde quer que chegasse, e ainda tinha a prerrogativa de ser nada mais, nada menos do que ele mesmo – sem ter que se preocupar se estava sendo um bom exemplo ou não para os demais estudantes.

– Escuta, Daniel... – ele sussurrou um pouco mais furtivo, apoiando-se na mesa. As alças de sua regata verde-limão eram tão finas que Daniel pensou ter visto um mamilo em dado momento – Você quer se enturmar, não é? Com uma galera integrada, de visões em comum com a sua... Não quer?

– Quero sim, vai ser difícil achar alguém assim, a esmo. Mas... Por que esse mistério, todo? – Daniel ergueu uma das sobrancelhas com desconfiança.

– Gostaria de participar do Clube do Grafite? – convidou-o com um sorriso.

– Mas... Eu não acabei de me inscrever no? Ué... Eu não tô entendendo nada!

– Eu explico: todas as decisões sobre o que diz respeito à comunidade dos alunos são tomadas no Conselho Estudantil. Meu irmão, Itsuke, e mais alguns maurícios fazem parte do conselho, formado por representantes das turmas do Liceu.

O Conselho debatia pautas e requerimentos, e procurava resoluções para conflitos dos alunos do Liceu de Artes. As decisões eram levadas ao reitor, cujo aval executava os requerimentos do Conselho, como a criação de um novo clube ou de um evento. Infelizmente, um grupo muito seleto de alunos com opiniões similares dominavam as cadeiras do Conselho, e muitas decisões que fugiam das suas normas de moral e conduta não eram aprovadas.

– Ou seja, o Clube do Grafite não existe... Por que eles tem preconceito com a arte? – Daniel quis confirmar.

– Com a arte, e com quem a faz. Nos taxam de “os rebeldes”, ou coisa pior, e fazem de tudo pra nos tornar impopulares... Tentam nos calar a todo custo! Sariel é o líder do grupo, e o mais influente de todos nós. Seus pontos de vista radicais contrariam muito os desejos de “ordem e progresso” do Conselho... – Daisuke disse com certo desgosto, cruzando os braços – Não que isso nos impeça de nos encontrar todas as sextas! Então, você está dentro?

– Eu não sei... Eu sou novo, não tenho certeza se gostaria de me envolver com esse tipo de coisa ilícita antes mesmo de começar as aulas! Apesar de estar bem curioso... – e sorriu de maneira enigmática, um tanto sensual.

– Ótimo! Sariel te dirá o que fazer. Basta esperar o toque de recolher, e seguir as instruções dele.

A quem queria enganar? Daniel estava todo empolgado, louco por um pouco de adrenalina a lhe correr pelas veias. A ideia de encontrar-se na escuridão, aliar-se a rebeldes e debater sobre o sistema não estava nem em suas fantasias colegiais mais insanas. Sua tia ficaria chocada se soubesse... Daniel, um insurgente! Que orgulho!

Ficou o resto da manhã fazendo companhia a Daisuke, conversando sobre o Clube de Desenho e com transeuntes interessados em fazer parte do grupo. Daisuke era bastante conhecido no Liceu, e apontando discretamente para os responsáveis pelos demais estandes, seja com risadinhas coradas ou expressões de desdém, deixou Daniel por dentro dos assuntos que dizem respeito às maiores personalidades do Liceu, já que eles eram fortes formadores de opinião e alguns eram modelos seguidos por muitos – fosse por seu talento, charme, popularidade ou a ausência dela.

– Quem é aquele moreno? – os olhos de Daniel brilharam ao pousar sobre um belo rapaz no estande do rádio da escola. Percebeu a orientação sexual de Daisuke, e não se intimidou em mostrar seu interesse por homens.

– Hhmmmmm, chamou sua atenção, foi? – Daisuke o olhou com o rabo dos olhos amendoados, sorrindo sagaz. Daniel reagiu com um sorriso sem graça – O nome dele é Paulo, mas todos chamam ele de Mineiro. Ele é considerado um dos mais gatos do Liceu... Graças a isso, é também um dos mais aceitos entre os bolsistas.

– Como assim, aceitos?

– Podemos falar sobre isso “mais tarde”, se é que me entende... Sim? – e pousou o dedo no nariz de Daniel como quem pressionava um botão, piscando um dos olhos – Agora disfarce e sorria, por que ele percebeu que estamos falando dele.

Sorriram e acenaram mecanicamente para o belo moreno, que retribuiu da mesma forma, mas de maneira sincera. Que sorrisão aquele mulato tinha! Não bastasse sua pele bronzeada, seus olhos claros e a face esculpida, os seus cabelos pretos baixos e cacheados eram adoráveis. Sua silhueta de tônus atlético, marcada pela blusa polo e as calças jeans skinny, deixava bastante espaço para a imaginação fluir... Mal sabia Daniel que aquele rapaz seria, mais tarde, essencial para a concretização do Clube do Grafite.

O tempo demorou a passar. Após o almoço, Daniel pôs-se a esperar Sariel no dormitório – e foi quando percebeu que o jovem progressista era como um gato de párea, que nunca tem horário para chegar ou para sair. Aproveitou a seguiu as dicas de Zezinho e criou sua conta no LAWLBook: um aplicativo de celular disponível para os alunos do Liceu de Artes, desenvolvido e gerenciado pelo Clube de Publicidade, em parceria com uma escola técnica. Usando o número de matrícula do ID de estudante, era possível criar uma conta usando as informações do cartão e ter acesso à rede social particular do Liceu.

Ao estilo Facebook, o LAWLBook permitia publicação de imagens, vídeos, textos e a possibilidade de receber comentários, curtir ou compartilhar este conteúdo. Todo tipo de notícia e fofocas eram repassadas entre alunos, além de tornar possível o acesso às informações de outros estudantes e ao conteúdo postado por eles. O layout era limpo e intuitivo, e Daniel não percebeu quando o tempo passou de tão vidrado que ficara em seu smartphone... Já no final da tarde, quando Sariel chegou, Daniel demonstrou seu interesse em participar do Clube do Grafite, e o rebelde esboçou um sorriso de satisfação.

– Fico feliz que esteja interessado – disse Sariel, começando a despir-se, tirando sua roupa e revelando o tórax um tanto quanto pálido – Eu pretendia te chamar pessoalmente, mas acho que você já recebeu um convite...

– Daisuke o recomendou muito bem – havia um tom inconsciente de flerte na voz de Daniel. A ideia de ver Sariel seminu, ou completamente desnudo em sua frente, o animou mais do que deveria.

Sariel percebeu isso de imediato, e quis saber a extensão da curiosidade do seu colega. Virou-se de costas, abrindo o armário à procura das roupas que usaria naquela noite, e percebeu que o olhar de Daniel o seguia. O calouro ficou silencioso de repente, pois agora seus olhos percorriam as pernas do veterano, cada vez mais expostas conforme Sariel tirava suas calças e revelava uma cueca preta que estava em demasiada evidência, em contraste com sua pele branca. Zezinho viu aquela situação, mas rapidamente desviou o olhar de volta para seu deck de Pokémon, ligeiramente corado... Era um rapaz tímido acima de tudo, e sempre trocava suas roupas dentro do banheiro.

– Fique atento, calouro – alertou Sariel, propositalmente despertando-o de seu transe hipnótico – A reunião é às dez da noite. E nada de sair por aí nesse horário, por que você já sabe...

– Às dez? – Daniel ficou confuso – Mas às oito já tem um monitor no corredor, não é mesmo?

– Meu turno só começa às duas da madrugada – Zezinho anunciou – Quem começa o primeiro turno de hoje é o Miles, um veterano do terceiro período.

– E tem como passar despercebido? Ou vai me dizer que ele aceita propina?

– Ha! Naquele ali, não precisamos gastar um tostão... – Sariel riu sarcástico, terminando de arrumar-se – Já estamos prontos. Só precisamos agora esperar pelo “sinal”.

Quanto mistério! Daniel estava cada vez mais empolgado, mal podia conter-se. Uma simples ida a um clube se transformou numa aventura! Logo cai a noite, com a lua brilhando alto no céu feito uma imensa bola de cristal. Arrumado e perfumado, Daniel quis causar uma boa impressão, e esse cuidado todo não passou despercebido por Sariel... Estavam naquele momento em que começavam a trocar olhares cheios de significado um para o outro, com sorrisos safados complementando a paquera.

– Quanto zelo! – Sariel disse, levando a mão ao queixo – Vai deixar os membros do grupo bem impressionados. Talvez um deles até queira sair com você...

“Como você, Sariel?” pensou Daniel, que não era nada sonso. Zezinho e Davi, que jogavam cartas no assoalho, apenas observavam a química entre os dois estava começando a reagir. Só não via quem não queria... Ou, no caso de Davi, quem não podia. Zezinho tinha noção dessas coisas, já vira muito disso no Liceu – mas o gordinho era inocente demais nesses assuntos.

Então, chegam as oito horas. Ao badalar do relógio, o jovem Miles terminava de apagar as luzes do corredor, embebendo-se cada vez mais na escuridão. Acendeu sua lanterna, e dirigiu-se para o começo do corredor à beira das escadas, onde seu banquinho o aguardava logo abaixo da janela, para mais uma noite de vigia. Era um rapaz de personalidade forte e severa, mas seu tônus magro não fazia jus aos seus desejos ambiciosos – na verdade, seu corpo e feições delicados em muito contribuíam para que Miles não fosse levado a sério, alimentando nele a vontade de impor-se.

Não era um jovem maldoso, ou mesmo sádico. Era apenas muito metódico e arraigado às regras e a moral, pois só as regras e a moral poderiam protege-lo de quem quisesse feri-lo... Mais do que fisicamente. Mas Miles também tinha suas brechas, suas fraquezas. Era impossível que toda muralha erguida ao redor de um coração não apresentasse a menor fenda que não pudesse ser burlada. E a barreira de Miles, erguida em suas inseguranças, escondia sentimentos preciosos em seu interior: e em algum momento, eles precisariam vazar.

Eu não tenho culpa de comer quietinho

No meu cantinho boto pra quebrar

Levo a minha vida, bem do meu jeitinho

Sou de fazer, não sou de falar

Miles virou os calcanhares na direção daquele som. Quando reconheceu o barulho como uma música, proveniente de um dos quartos, caminhou naquela direção já fechando o cenho e preparando-se para o confronto. O pagode, já bem conhecido, estava tão alto que podia ser ouvido dos outros quartos! Inclusive do dormitório de Daniel.

– É esse o “sinal”? – perguntou o jovem do campo, incrédulo, com o ouvido encostado na parede.

– Garoto esperto – foi a resposta de Sariel.

Miles bateu na porta daquele dormitório, localizado no final do corredor. Percebeu que o volume da música diminuiu de dentro do quarto, então empertigou-se todo e arrumou os óculos a deslizar pelo seu nariz afilado, já com a bronca na ponta da língua para ser disparada assim que a porta abrisse:

– Com licença, mas vocês estão violan-AH céus! – virou a cabeça para o outro lado. Não esperava ver o que tinha visto!


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