Inquebrável escrita por Lola


Capítulo 7
Meu mundo


Notas iniciais do capítulo

Leitores, obrigado pelos comentários! Se alguém estiver disposto ou realmente gostar da história, deixe uma recomendação! Aproveitem a leitura :D



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Eu me sinto toda quebrada. Minha bochecha direita está colada ao asfalto, e sinto minha perna doendo.Ah, não é para menos, ela está virada em um ângulo muito estranho. Algumas pessoas param na rua ao me ver caída, e vejo Ethan correndo em minha direção.

Acho que quando você sabe que nada de ruim irá acontecer com você, se sente mais segura e fica descuidada.

–Lexie, fique quieta, vou chamar uma ambulância. - Ele diz, alcançando seu celular.

Eu não posso ir para o hospital! Qualquer exame irá mostrar que eu não sou normal, e não vão simplesmente engolir o fato que eu me curei sozinha. Me lembro de Jared falando sobre como podem ter colocado meus dados em bancos de sangue, e que qualquer movimento errado podem os levar até mim.

Mas também não me posso me recusar a ir para o hospital. Todos podem ver que quebrei minha perna, se não meu braço também.

–Ethan, me leve no meu carro. -consigo dizer, percebendo que é o melhor a se fazer. - Está aqui, em frente ao teatro.

Ele pega minhas chaves na minha bolsa e pede ajuda para alguns homens. Eles me levantam e eu cerro meus dentes com a dor. Tenho menos de dois minutos, sei disso. É melhor que Ethan descubra que sou uma aberração do que o mundo inteiro.

Eles me deitam no banco de trás do carro, e ouço alguém dizer:

–Liguei para o hospital e avisei que uma vítima de acidente de carro está chegando.

Ethan dá a partida no meu carro. Sinto um baque quando minhas costas batem na poltrona.

–Lex, você vai ficar bem, ok? - Ele diz, parecendo nervoso.

Então começa.

Eu sinto a pele do meu rosto voltar ao lugar e o meu osso começar a se mover. Eu grito, não consigo evitar. Dói muito.

–Lexie, você está bem? - Ethan pergunta.

Ele se vira, e seus olhos se mostram surpresos quando ele percebe que meu rosto já não tem machucados.

Ah, eu sinto muito Ethan, penso, quando meu osso da perna começa a voltar para o lugar . Escuto um "pop" quando minha perna retorna ao ângulo correto.

–O que está acontecendo? -ele pergunta.

Nós chegamos ao hospital. Ethan para o carro em frente a entrada de emergência e uma enfermeira abre a porta da trás. Quando me puxam para fora, vejo de relance o rosto assustado de Ethan, e fecho meus olhos. Não quero olhar para ele, sou muito covarde para isso.

–Bom, falaram que você quebrou a perna, mas parece bem. - a moça fala, me colocando em uma cadeira de rodas.

Nós entramos para dentro do hospital e me colocam em uma maca, na enfermaria. Me conectam a um aparelho cardíaco e soro. A mesma mulher tira o meu sangue e eu quero me xingar, porque sei que a partir de agora nada será o mesmo.

–Preciso do meu celular. - digo para Ethan.

Ele me olha como se eu fosse de outro mundo.

–Meu celular, Ethan! - repito, mais alto.

Ele me entrega, e disco o número de Jared. Como sempre, ouço sua voz logo depois da primeira chamada.

–Jar, algo ruim aconteceu. - sussurro. A enfermeira agora foi embora, mas não quero que Ethan escute alguma coisa. Ele já foi traumatizada demais por um dia. -Me atropelaram, e estou no hospital. Meu sangue...

Ouço algo cair do outro lado da linha. Ou talvez tenha sido o barulho de um murro.

–Droga, Lexie! -Jared grita. -Agora é questão de tempo para te acharem.

Eu observo ao redor. Pessoas passando mal, sangrando e conectadas a fios e outros aparelhos. Sim, é apenas uma questão de tempo para perceberem que sou saudável e perfeita.

–Para onde levaram seu sangue?

–Não sei. - respondo. - Vão analisar, acho, para ver se encontram algo.

–E irão encontrar, Lexie. Algo muito incomum.

Ethan está andando de um lado para o outro na minha frente, passando as mãos no cabelo.

–Provavelmente vão colocar seu DNA no sistema, e Sara irá te achar. -Jared diz.

Sim, Sara Tyler. A sua ex-chefe e a dona da companhia que fazia os experimentos. A mulher loira que vejo nos meus pesadelos e devaneios.

–O que eu faço? -pergunto.

–Saia daí. - Jared diz e desliga o telefone.

A enfermeira volta, agora acompanhada de dois médicos. Ela tem uma prancheta na mão, e abre um sorriso quando me vê.

–Nós não encontramos nada maléfico em seu sangue, mas gostaríamos de fazer alguns testes. -Ela diz, enquanto os homens me analisam atentamente. - Nos disseram que você quebrou o braço e perna, e tinha escoriações no rosto.

–Bom, eles exageraram. Estou bem. - retruco.

Um dos homens da um passo para frente.

–Sim, bem demais. - ele murmura.

Eu concordo em fazer mais exames, mas só porque quero os tirar dali por alguns instantes. Quando eles saem, me sento na cama e tiro as agulhas do meu braço.

Ethan ergue a sobrancelhas, mas não me diz nada.

–Temos que ir, Ethan. - digo, me levantando. - Juro que irei te explicar tudo depois, mas agora precisamos sair daqui.

Ele pega minha bolsa e olha o corredor. Alguns pacientes da enfermaria me observam. Meu vestido branco está manchado de sangue e minha pele também. Ethan coloca o paletó por cima dos meus ombros e nós começamos a andar.

Não sei quanto tempo tenho até que achem meu DNA no sistema. Talvez um dia, talvez alguma horas. E aí, vão me encontrar. Eu sabia que não devia ter me envolvido com Ethan. E logo no primeiro encontro tudo dá errado.

Nós saímos pela recepção e quase não nos notam. Meu carro ainda está no mesmo lugar, portanto em entro no lugar do motorista e o ligo. Ethan parece abalado, mas não tanto.

Quando saímos da área do hospital, ele fala:

–O que diabos foi aquilo?

Seu tom é frio, mas sinto o desespero em sua voz.

–Olha, Ethan, é uma longa história. -murmuro, concentrando minha atenção na estrada.

–Longa história? -ele quase grita, dando um murro no painel do carro. - Você simplesmente se curou na minha frente, receio que terá que encurtar a história.

Eu cerro meus dentes. Ele está irritado, e tem razão. Acabamos de fugir de um hospital.

–Eu não preciso de médicos, pontos, comer, dormir ou fazer qualquer coisa normal, Ethan. -digo, cuidadosamente.

–Você é... humana? - ele pergunta, me encarando.

Ele é lindo mesmo irritado.

–Depende do que você chama de humano. -respondo. - Eu sou modificada geneticamente, fiz parte de um programa doentio quando era apenas uma criança. Mas eu fugi, e agora, vão me encontrar.

Paro em frente a minha casa. Ethan joga a cabeça para trás e fecha os olhos. Eu sei, consegui destruir sua vida em menos de um dia.

–E agora? - ele sussurra.

–Agora você entrou de cabeça no meu mundo ferrado. - respondo, vendo Jared sair da casa segurando uma arma.


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