Inquebrável escrita por Lola


Capítulo 5
Desejo de morte


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo que posto no dia! Também pequenininho, porque quero deixar os momentos de Lexie bem separados e impactantes. Espero que gostem e postem reviews!



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Eu acho que preciso de um pisicólogo, ou melhor, pisiquiatra. Porque não tem jeito de eu ser normal. Bom, fisicamente eu já tenho comprovado que sou mais anormal, mas mentalmente ainda preciso de um atestado. Porque ninguem em sã consciencia ficaria parada em frente a uma arma, carregada e engatilhada, apontada diretamente para seu peito.

Meu desejo de morte deve ser muito, muito forte. Ou sou apenas estúpida?

Jared está nervoso. Sinto isso pelo jeito que a arma treme em sua mão, e como ele sua. Decidimos por tentar balas porque já me queimei, cortei e quase me afoguei e nada aconteceu. Quero dizer, não aconteceu do jeito que deveria.

Ah, também teve o episódio com o remédio quando eu tinha treze anos, quando tomei um monte de comprimidos e e meu corpo vomitou todos em menos de trinta segundos.

–Tá tudo bem, Jar. - murmuro.

Estamos no quintal da nossa casa. Espero que os vizinhos não nos ouçam, ou simplesmente ignorem. Não tenho muito certeza quanto o quê irá acontecer, então vesti meu top e shorts, para não sujar minhas roupas de sangue. Acredite em mim, as manchas não saem.

–Atire, Jared.- comando, respirando rápido.

Tem alguns fios ligados a mim e ao aparelho cardíaco portátil nosso. Sim, nossa casa é pior que um hospital. E o "bip" que ele faz me deixa louca.

–Não consigo. - ele diz, olhando assustado para mim.

Meu Deus, eu vou ter que pagar um tratamento pisiquiatrico para mim e para Jared.

Sobre o que vou falar no meu encontro amanhã?

"Oi, Ethan, como foi seu dia? Ontem eu fiz meu guardião atirar em mim só por diversão."

Que coisa doentia, penso, distraída. Talvez seja melhor eu falar sobre o tempo.

–Atire, Jared, pelo amor de Deus! - grito. - É só puxar o gatilho.

Jared separa suas pernas e mira melhor. Ótimo, agora vai. Eu não fecho meus olhos.

–Atira, Jared! - repito.

E ele atira.

A pólvora voa ao seu redor, e um barulho ensurescedor enche meu ouvido. Sinto um impulso me empurrar para trás e uma dor no meu peito, indescritível. Cambaleio, e vejo Jared vindo correndo. Quando caio de joelhos na grama do jardim, ele me ampara. Sangue escorre pela minha pele, pingando no chão. Coloco a mão por cima do ferimento.

–Tudo bem , estou contando, Lexie. - Jared diz, ligando o cronômetro.

Eu sinto a dor, tão forte que eu preciso fechar meus olhos e repetir milhões de vezes para mim mesma que isso vai acabar.

Vejo imagens da minha infância na minha mente. Pessoas de jaleco branco me analisando, uma professora nos ensinando a ler e escrever...Uma mulher loira e bonita, com uma cicatriz na bochecha, conversando comigo e dizendo que eu vou ser especial. Ouço meus gritos quando me levam mais uma vez para uma sala de cirurgia.

Parece que a agonia dura anos, mas eu sinto quando meu corpo expulsa a bala. O sangue começa a correr com menos rapidez e eu respiro melhor.

–Está fechando, Lexie. -Jared diz, quase feliz.- Você pode riscar balas da sua lista.

Eu sorrio e me sento. O ferimento se fecha. Estou suja de sangue, terra e com grama no cabelo.

–Quarenta segundos. - Jared diz, olhando para o seu relógio. - E seu coração não se alterou.

Me levanto e pego a bala. No banheiro, coloco-a em um pote de vidro e tiro minhas roupas para tomar banho. Entro debaixo da água quente e observo a água, tingida e vermelho e marrom, escorrer pelo ralo.

Encosto minha testa no vidro e fecho os olhos, cansada.


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