Inquebrável escrita por Lola


Capítulo 3
Ah, droga.


Notas iniciais do capítulo

Por favor, comentem!! Aproveitem a leitura. :D



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Eu saio da sala assim que o sinal toca.

Se eu corasse, minhas bochechas estariam escarletes. Fiquei encarando Ethan a aula toda, enquanto ele explicava como era ser músico e outras coisas que eu não prestei atenção. Eu só via seus lábios mexendo, não escutava som algum. Ele me olhava entre suas falas, sorrindo e explicando quem foi Claude Debussy.

–Oi, você! - Escuto alguém me chamar.

Me viro, logo ao sair da sala, e vejo Ethan olhando para mim.

Algumas garotas passam por nós e me lançam olhares odiosos, como se eu tivesse ganhado em um sorteio. Quero simplesmente berrar para elas que têm sorte de não ter ganhado o premio que ganhei.

–Sim? - respondo, a cabeça baixa.

Ethan acena para o professor e coloca sua mochila nas costas, vindo até mim. Seus olhos são tão azuis, penso, avoada.

–Fiquei impressionado de você ter reconhecido a música. - ele sorri, andando comigo pelos corredores.

Em quatro anos que estudo nesse colégio, essa é a primeira vez que converso com alguém. E é a primeira vez que esse alguém é tão bonito.

–Eu gosto de música clássica. Eles me colocavam para escutar quando eu era pequena. - sussurro, apertando a alça da minha bolsa com força.

–Eles? - Ethan pergunta, surpreso.

Ah, Lexie, burra.

–Meus pais. - digo, rápido demais.

Paro em frente ao meu armário e o abro, Ethan se escorando na parede ao meu lado. Guardo alguns cadernos e o olho. Ele ainda não foi embora.

Por que diabos ele cismou comigo?, imagino.

–Bom, tem um concerto de piano amanhã no teatro. - ele começa, sorrindo. -Você gostaria de ir?

Tenho vontade de dar um murro na porta do armário. É claro que quero ir. Mas não posso. Quero dizer, eu posso?

–Você costuma convidar suas alunas para encontros? - pergunto, de repente.

Ethan passa a mão pelos cabelos e esboça um sorriso esperto.

–Bom, eu só dei uma aula, e além disso, senti algo diferente em você. - ele responde, inclinando a cabeça para o lado, como se me analisasse.

Ah, você não tem ideia do quanto sou diferente. Um diferente que poderia te matar, não um diferente excitante.

Eu olho para minhas mãos. Sei que Jared irá praticamente me matar, mas estou cansada. Cansada de me esconder, de viver evitando tudo de bom que pode acontecer. Porque a verdade é que eu não posso me machucar, mas posso machucar as pessoas que eu gosto.

Então quando eu abro a boca, sei que irei fazer algo muito, muito insensato.

–Claro, quem irá tocar? - pergunto, rindo.

Ethan dá de ombros.

–Eu.

Concordo com a cabeça, e é aí que sinto algo errado. Meu corpo parece bambo, e minha cabeça dói. Não sei o que está acontecendo, pois nunca passei mal. Tudo ao meu redor gira.

–Então eu te encontro ás oito no teatro? - Ethan pergunta.

Eu olho para ele, me sentindo desnorteada. Meu Deus, o que está acontecendo?, penso, enquanto sinto nauseas.

–Sim. - respondo, vagamente.

Eu não posso passar mal. Meu corpo é programado para que isso não aconteça.

–Eu tenho que ir. - digo, me virando.

Entro no banheiro e coloco minhas mãos na pia. Eu me olho no espelho e me vejo embaçada. Eu posso estar tendo um ataque como todas as outras cobaias. Posso morrer em segundos.

Escorrego para o chão e pego meu celular dentro da bolsa, minhas mãos tremendo.Disco o número de Jared e ele atende na primeira chamada.

–Lexie? Algo errado? - ele pergunta, sua voz em alerta.

–Sim. Eu acho que tem algo errado com meu corpo. - respondo.

Ah, droga. Logo depois de eu marcar um encontro.


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