Inquebrável escrita por Lola


Capítulo 10
Vivos


Notas iniciais do capítulo

Curtinho, cena de ação, espero que gostem!



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–Então? -Ethan pergunta, se posicionando á minha frente, do outro lado da porta.

Olho para o quintal dos fundos. Meu carro está lá, pois Jared teve que o carregar com nossas coisas, então nós só precisamos chegar até ele. Infelizmente, os homens já estão a uns três metros da porta da frente, portanto não tem como alcançar a picape antes de levar um tiro na nuca. Isso não seria tão grave, pensando bem...

–Eu tenho uma idéia. -murmuro.

Agarro um pedaço de madeira flamejante, de dentro da lareira, e coloco nas cortinas da sala. Um assobio seguido de estalos, e chamas. O fogo se espalha e eu e Ethan recuamos alguns passos. Logo, as chamas atingem as paredes e a porta de entrada, no instante em que ela se abre.

Um homem para no portas, com o braço á frente do rosto, se protegendo do fogo.

–Nós podemos resolver isso, 50. - ele diz, me encarando.

50. Me lembro de quando morava no laboratório e só nos chamavam por números. Cobaia de número 50.

Franzo a testa e digo, com raiva:

–Vai se ferrar.

–Deem a volta, vão! - alguém grita, quando corremos para o fundo.

Eu abro a porta de vidro, e começamos a atirar. A mira de Ethan é muito boa, e ele acerta a mão de alguém e quase a cabeça de outro. Seus olhos estão focados e concentrados. Mas uma coisa que ele não sabe: ele está protegendo a si mesmo, porque eu... bem, não preciso de guarda costas.

Sinto o cheiro de fumaça, e uma viga da casa, queimando, cai ás nossas costas.

Eu corro. Ouço e sinto as balas passarem por mim, em todas as direções, como insetos. Corro porque preciso alcançar o carro e tirar a gente dali. Sinto uma pontada quando atingem meu calcanhar, mas continuo mancando até o carro. Ethan conseguiu os pressionar e impedir seu avanço pelo quintal, e agora ele está deitado na varanda.

Entro na picape e giro a chave na ingnição. O carro não pega. Giro de novo e o motor acorda, como uma velha no inverno. Enquanto faço uma manobra, escutando as balas acertarem a lataria, penso em como Jared adorava aquela grama. Bom, sinto muito, Jared.

Paro perto de Ethan e ele pula para dentro do compartimento de trás, se encolhendo. Agarro o revólver e dirijo com uma mão, atirando com a outra para abrir caminho. Destruo uma cerca, e a caixa de correspondência do nosso vizinho. Os pneus da picape cantam quando chego na rua, deixando para trás um bando de homens de terno que ainda tentam nos parar.

Bom, os vizinhos definitivamente acordaram.

Observo pelo retrovisor a casa queimando.

–Eles estão nos seguindo? -grito pela janela.

–Não! - ouço a resposta.

Analizo minha perna e vejo sangue escorrendo do buraco que surgiu. Dói, sim, mas não é nada demais. Em doi segundos tudo estará certo.

–Você está bem? - berro novamente.

–Defina bem.

–Inteiro. -digo, sorrindo.

–Então, sim, estou bem. - Ethan diz, parecendo cansado.

Dirijo por algum tempo, dando voltas, antes de parar o carro em uma rua deserta. Está amanhecendo, e o Sol surge por entre algumas árvores. Precisamos de um esconderijo, porque é difícil esconder um carro crivado de balas.

Ethan passa para a cabine do motorista, e ele parece que comeu o pão que o Diabo amassou. Seu rosto está sujo, e seu cabelo, cheio de cinzas. Ele sorri para mim.

–Nós estamos vivos.

Não me contenho. Jogo a cabeça para trás e gargalho, alto e descontroladamente.

–Eu não tenho a opção de não estar, Ethan. - digo, rindo.


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