Coliseu escrita por Bela Escritora


Capítulo 14
14 - Reyna Avila Ramirez-Arelleno


Notas iniciais do capítulo

E eu voltei!

Não. Eu não esqueci de vocês e nem da história, mas sabe como é, né? Ano de vestibular, escola arrancando o seu couro para fazer poltronas para a sala dos professores e aquele amigo fiel chamado Bloqueio Criativo fazem parte da minha vida.

Bom, cá estou eu com o novo capítulo! Trouxe uma Reyna enfurecida para vocês. Espero que gostem de sangue.

Dito isso: Boa leitura!



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Octavian. Aquele bastardo desonrava o nome de Apolo e da sua família entregando seus irmãos de armas para os seus superiores por cultuarem mais de um deus. Por cultuarem seus próprios pais.

Ódio queimava nas minhas veias enquanto eu esperava, silenciosamente, pela abertura das portas que me levariam para a arena do Coliseu. Eu sempre odiara aqueles jogos.

No meu caminho para cá eu vira Jason. Ele me olhara, surpreso e assustado, mas em seus olhos eu vi compreensão. Ele sabia quem tinha feito isso. Olhando aquelas pesadas portas de madeira, eu tinha certeza de uma coisa. Eu ia sair viva dali de dentro. Não importasse quantas bestas e gladiadores o imperador jogasse para cima de mim. Eu sairia viva dali.

Eu tentara fugir. Eu ouvira Octavian me denunciando e tentara fugir. Nada digno, eu sei, mas não me importava. Minha carreira militar estaria acabada de um jeito ou de outro. Eu conseguira deixar o acampamento, mas pouco tempo depois a guarda me alcançou. Eles mataram o meu cavalo. Aqueles brutamontes a serviço de Octavian mataram o meu garanhão e tomaram os meus dois cães. Depois eles me apagaram e me trouxeram para cá. Eu teria a cabeça deles por aquilo.

Agora eu estava ali, encarando os portões que haviam levado tanta gente para a morte certa. “Comigo será diferente” eu pensei “Por todos aqueles que morreram, eu vou sobreviver.”

As portas se abriram e os guardas me forçaram para dentro, com ambas as mãos ainda presas por grilhões. Sabia que eles iriam tentar dificultar a minha sobrevivência o máximo possível. Mas não importava. Como filha de Belona, a minha determinação em uma batalha era o que selava o meu destino nela.

O sol e as vaias ensurdecedoras da platéia me deixaram desorientada momentaneamente, mas como alguém acostumada a campos de batalha, não demorou muito para que eu me sentisse em casa. Voltei meu rosto para o imperador e, apesar do sol, foquei meus olhos nele. Queria que ele sentisse o meu ódio por ele e por aqueles jogos estúpidos antes que eu transformasse aquele lugar em um cemitério.

Um alçapão se abriu aos meus pés e mal tive tempo de reagir. Um leão pulou sobre mim e me derrubou no chão. Usei a corrente dos grilhões para manter sua cabeça afastada de mim. Seu hálito fedia a carne podre e eu virei o rosto para o lado para evitar que sua baba caísse sobre meus olhos. Era um animal tão lindo... Mas minha vida estava em jogo.

Foquei no animal sobre mim e, ao invés de lutar, extraí sua determinação para mim. Era uma atitude estúpida. Tirar a motivação de um ser humano era uma coisa. Agora a de um animal? Eles eram puro instinto e, no caso do leão que tentava me matar, ódio. Assim que eu fizesse aquilo, me tornaria uma máquina de matar com sede quase insaciável de sangue. Não que eu me importasse muito. O imperador queria um show de horrores naquela arena? Bom... Era isso que ele tinha acabado de conseguir me colocando ali dentro.

Em pouco tempo a fera estava fraca, cansada e se afastou com o rabo entre as pernas. Mas era só uma questão de tempo até ele recuperar as suas energias. Assim que ele virou de costas para mim, eu pulei em seu lombo e envolvi seu pescoço com a corrente, puxando-o comigo quando me deitei no chão de lado, sempre fazendo pressão na corrente para bloquear sua respiração. O leão rugiu e se contorceu, mas a pouca força que lhe restava não foi suficiente para libertá-lo. Ele cedeu em poucos minutos. Eu me levantei do chão, espanando a poeira da minha roupa sob milhares de vaias enquanto a besta permaneceu inerte no chão.

Olhei para o imperador. A determinação da fera ainda me preenchendo.

— Quem é o próximo?! - gritei.

Ele não precisou responder. Do outro lado da arena, as portas se abriram e dois gladiadores entraram. Ótimo. Agora as coisas ficariam divertidas. Enquanto eles se aproximavam, analisei todas as minhas chances. Tinha que conseguir desarmar um deles. A minha arma? Uma corrente dos grilhões que uniam meus pulsos. Um sorriso maldoso surgiu no meu rosto enquanto os dois me cercavam, um de cada lado.

Não disseram nada, nem uma palavra. Eu também não fiz contato com eles. Não precisava da energia deles. Ainda.

A minha direita, o gladiador atacou. Ao invés de recuar, como eu sabia que eles esperavam que eu fizesse, usei a corrente para prender a espada e desarmá-lo. Vendo seu parceiro de luta em apuros, o outro gladiador veio para cima de mim, a lâmina em riste.

Rolei por debaixo das pernas do primeiro agressor, me esquivando do golpe. De pé, atrás dele, antes que qualquer um dos dois pudesse reagir, eu chutei a parte de traz do joelho do gladiador, fazendo-o desequilibrar e se abaixar. Com um movimento rápido, agarrei a sua cabeça e torci seu pescoço.

O corpo morto caiu sem vida sobre a areia da arena. O outro gladiador me olhou e pude sentir a fúria que emanava dele. Em outra ocasião eu teria sugado aquilo para mim, mas, no momento, meu sangue ainda fervia com o ódio do leão misturado ao meu próprio. Não precisava de outro combustível.

O homem avançou novamente, dessa vez com menos cautela do que antes. Parei o movimento em arco que ele descrevia com a espada com um dos braços e lhe dei uma joelhada entre as pernas.

O gladiador uivou, largando imediatamente a arma e arqueando as pernas e as costas com a dor. Ergui o visor de seu elmo e enfiei os polegares em seus olhos até que saísse sangue. Seu grito se intensificou enquanto eu o empurrava para trás e me afastava o suficiente apenas para pegar sua espada.

A arma mal balanceada parecia estranha entre meus dedos. O couro áspero que recobria a bainha estava gasto e mal cuidado. Registrei tudo isso nos instantes que levei para me colocar diante de sua cabeça, olhando-o de cima com desgosto. Ele não me viu. Até onde eu sabia, estava cego. Ouvi-o resmungar alguma coisa em latim. Provavelmente um palavrão. Acho que ele esperava que eu fosse uma presa fácil. Ledo engano. Eu não fora líder de uma legião à toa.

Desci a lâmina em sua garganta, sentindo o jato de sangue quente molhar o meu rosto e toga. Uma sensação com a qual eu me acostumara durante as várias guerras da qual participara em nome da pátria que, agora, me renegava e me deserdava como uma leprosa.

Puxei a espada da ferida com um som de sucção desagradável. Sentia-me mais calma agora. Mas isso não me impediu de decepar a cabeça do gladiador com um novo golpe, mais limpo e rápido do que o outro. Sacudi o elmo até que ele se soltasse, lançando-o longe, e ergui o meu troféu pelos cabelos. A platéia estava incrivelmente silenciosa.

— Satisfeito agora?! - berrei. - Era isso que vocês queriam ver?! Vocês são doentes! Cretinos miseráveis que se divertem com a desgraça alheia! Os deuses estão assistindo, imperador! Todos eles estão! E eles vão fazer você pagar por isso! Estão me ouvindo bem?! TODOS VOCÊS VÃO PAGAR!

Lancei a cabeça como se fosse uma lançadora de discos olímpica. Observei ela descrever um arco no ar e cair - para a minha alegria - dentro do espaço reservado para o imperador e sua coorte. Ri para mim mesma. Um riso seco e sem humor. Que ele tomasse aquilo como um aviso, porque, se dependesse de mim, eu marcharia com a minha legião por Roma tal qual Julio César. E, assim como Nero, faria a cidade queimar. Ela seria a pira funerária do imperador.


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoas?! Gostaram?! Espero que sim.

Não gostou? Achou algum erro? Quer dar alguma sugestão? Comentários são bem vindos sempre!

Nos vemos no próximo capítulo que, muito provavelmente, só vai sair no próximo século, depois da guerra nuclear entre EUA e Rússia e quando só restarem baratas para lerem fanfics. ;)



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