Coliseu escrita por Bela Escritora


Capítulo 15
15 - Percy Jackson


Notas iniciais do capítulo

Pessoinhas! Olha quem voltou?!

Finalmente né? Quanto tempo faz que eu postei o último capítulo? Já perdi a conta.

Enfim. A Fuvest passou - e deixou suas marcas - e eu já passei de ano, o que significa que eu vou ter mais tempo para escrever as minhas histórias, inclusive essa fanfic. Só vou estar realmente livre depois do dia 16/12 quando passar a Unifesp, então não esperem muito de mim nessas duas semanas.

Quanto a esse capítulo: Por algum motivo ele ficou mais poético do que os outros (qualquer coisa culpem a Fuvest. Eu escrevi ele ontem, depois da prova). Além disso, ele não tem ação e, com toda a certeza, é o capítulo mais pesado que eu já escrevi para essa história. Apesar disso tudo, espero que vocês gostem. ;)

Enfim, desejo a todos uma boa leitura!



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Ao meu redor, o mar rugia em fúria. Sentia seu ódio no âmago do meu peito, mas não sabia o que eu podia fazer para acalmá-lo. Estava sozinho em uma rocha perdida no meio do mar revolto. Sobre a minha cabeça, um céu tempestuoso de densas nuvens cinzas. As ondas que estouravam ao meu redor espirravam gotas de água salgada que, em minha pele, tinham a incomoda sensação de várias pedras arenosas sendo jogadas contra o meu corpo. O vento fustigava meu rosto, jogando sal em meus olhos. Pela primeira vez em minha vida tive medo do oceano.

— Pai! - gritei a plenos pulmões pela milionésima vez. - Pai, por favor, fale comigo!

Uma onda estourou diante de mim, me fazendo colocar o braço, instintivamente sobre os olhos, para protegê-los da água. Nada. Nenhuma resposta. O que era aquele sonho? E por que estavam fazendo isso comigo?

— Pai!

Outra onda, cinco vezes maior do que a anterior, estourou. Sua força me fez cair de joelhos na pedra áspera, cortando a pele nas cracas e mariscos nela encravadas. A água que entrara em minha boca me fez tossir, o sal queimando a minha garganta e os meus olhos como nunca acontecera antes. Ergui o rosto, tirando o cabelo molhado da testa, e me deparei com um enorme corcel branco. Estava parado ali, diante de mim, com a maior tranquilidade do mundo. Toda a revolta do mar não parecia afetá-lo. Pelo contrário, estava contida em seus grandes olhos vermelhos, brilhantes de fúria.

— Pai? - perguntei, erguendo a mão para o animal, buscando seu apoio.

O cavalo empinou, relinchando com raiva e fustigando o ar com seus enormes cascos que miravam a minha cabeça. Mais uma onda rebentou contra a rocha, dessa vez me carregando consigo para as profundezas do oceano. Rodopiei na correnteza, dando cambalhotas involuntárias enquanto tentava me libertar de suas garras. Tentei respirar, como eu sempre fizera no passado, mas a água me sufocava. Pânico me preencheu enquanto eu, filho de Poseidon, experimentava a pior sensação do mundo: Afogamento.

Meu corpo se chocou contra uma rocha e todo o ar que ainda restava em meus pulmões foi expelido com o impacto. A dor se espalhou por meus membros enquanto eu via o mundo se apagar.

— Por quê? - perguntei com as minhas últimas forças, vendo o rebuliço de água acima de mim se apagar.

Uma única frase ecoou em minha mente escura:

“Faça alguma coisa.”

~X~

Arquejei, sentando-me de supetão. O mundo girava ao meu redor. O que tinha acontecido? Suor frio molhava as minhas costas, fazendo algumas das minhas feridas ainda não completamente cicatrizadas arderem levemente. Minha cabeça doía. Olhei ao redor. Por que eu estava no chão?

— Levanta de uma vez, graecus! - bradou um soldado romano que, junto com o amigo dele, me ergueu pelos braços e me arrastou até o pátio central do liceu.

O sol mal havia nascido e a luz rosa da aurora iluminava as nuvens no céu. O ar tinha o cheiro fresco de orvalho recém caído e dezenas de andorinhas voavam sobre o local, cantando, cheias de alegria, a nova manhã que nascia. Ironicamente, esse era o cenário de uma execução. Compreendi isso no momento em que fui colocado de joelhos ao lado de Thalia e diante de três garotos acorrentados. Lee Fletcher, Michael Yew e Ethan Nakamura. Os dois primeiros traziam apenas ferimentos leves, como arranhões e hematomas, mas o terceiro, por sua vez, trazia o olho esquerdo estourado, e sangue, somado a uma substância transparente de aparência viscosa, escorria por seu rosto de expressão dura e determinada.

— Estão todos aqui? - perguntou o capitão de guarda do liceu, aquele que fora apelidado de Quíron por algum idiota. Diante da afirmativa de um dos soldados, ele deu continuidade à fala. - Ótimo. Acho que todos vocês sabem muito bem o que vai acontecer aqui agora. Esses três criminosos, que, ao se provarem na arena receberam do imperador o direito de permanecerem vivos com a condição de que lutassem no coliseu sempre que requisitados, se mostraram ratos ingratos. Criaturas repugnantes que, no meio da noite, tentaram fugir do liceu, desprezando a benevolência do imperador.

— Se isso é benevolência, me entregue para as fúrias. - murmurou Michael olhando para o lado. Como resposta ao seu comentário, um soldado que estava prostrado atrás dele o acertou nas costelas com o cabo da lança. O garoto soltou um palavrão e caiu de lado no chão.

— Seus crimes são imperdoáveis - o capitão continuou - e, por isso, pagarão com a própria vida. - Ele se virou para os soldados ao seu lado. - Tragam as cruzes.

Michael se levantou com o cotovelo e lançou um olhar de ódio para todos nós, ajoelhados diante deles. Submissos. Mudos.

— Vocês vão ficar aí parados?! - ele bradou, os olhos brilhando de raiva. - Não vão fazer nada para nos ajudar?! O que há de errado com vocês?! Onde foi parar a nossa amizade?!

— Michael... - ouvi Lee sussurrar e percebi, com o sol nascente, que ele chorava.

— Não, Lee! Eles têm que ouvir isso! - o outro retrucou. - Vocês têm que fazer alguma coisa! Não podem... Não podem simplesmente ficar parados aí sem fazer nada! Onde estão os seus poderes?! Thalia?! Percy?! Leo?! O que está errado com vocês?! O que este impedindo vocês de nos ajudar?! - Os soldados voltaram, carregando nos ombros três cruzes maciças de madeira, que colocaram deitadas atrás de cada um dos garotos e o olhar de Michael mudou de ódio para pânico. - Vamos! Façam alguma coisa! Não nos deixe morrer quando podem nos salvar!

Dois guardas o agarraram e o arrastaram para trás, ainda grilhonado. Seus olhos, porém, continuaram grudados em nós.

— Por favor! Façam alguma coisa!

Ele foi jogado contra a cruz e contido pelo peito por um soldado com o dobro de seu tamanho, que o prendeu sob seu joelho enquanto removia as correntes de seus pulsos. De ímpeto, tentei me levantar, mas Thalia agarrou meu braço e me manteve no lugar.

— Não posso deixar eles fazerem isso - falei entredentes, observando agoniado, o braço de Michael ser forçado na direção do braço da cruz. - Eu preciso fazer alguma coisa.

— Não há nada que você possa fazer - ela respondeu enquanto um terceiro soldado se aproximava com um pino e um martelo. - Não é hora de heroísmo.

— Você quer que eu fique aqui e assista eles crucificarem os meus amigos?! - perguntei e, logo em seguida, um grito de dor lacerante dominou o liceu. Involuntariamente, eu me encolhi, como se pudesse sentir a dor dele em minha pele.

— Por favor - ele falou no que foi uma mistura de choro e gemido de dor.

Lee e Ethan começaram a ser arrastados para suas respectivas cruzes enquanto os soldados prendiam a segunda mão de Michael. Seus gritos de dor faziam eu me sentir a pior pessoa do mundo.

— Não temos outra opção - ela retrucou.

— Óbvio que temos - respondi, virando o rosto quando o martelo desceu sobre o pino na mão de Lee. - Podemos atacá-los. Nós temos poderes e estamos em maior número. Podemos salvá-los.

— Estamos em maior número agora - Thalia respondeu me olhando de soslaio. - Quando a notícia de que o liceu do imperador se rebelou se espalhar, nos veremos cercados de soldados antes mesmo que consigamos colocar nossos pés fora do Coliseu. - Outra martelada. Dessa vez foi Ethan quem gritou. - E não se esqueça, Percy. - Ela me olhou com os olhos marejados. - Eles são meus amigos também.

Trinquei os dentes e desviei o olhar. Ela estava certa. Não havia nada que pudéssemos fazer para ajudar. Salvaríamos a vida deles agora, para morrermos todos mais tarde. Meu coração pesava e eu senti o mesmo pânico do sonho que eu tivera me invadir enquanto eu lutava contra as lágrimas.

Ouvi Lee implorar ao pai por ajuda. Apolo, deus da cura, por que não ajudava seus filhos? Nos olhos do garoto, vi que o silêncio do deus era mais doloroso que as feridas em suas mãos e pés. Os soldados riam, zombando dele e de seu pai, mas Lee se mantinha em silêncio, olhando para o céu e para o sol nascente com lágrimas nos olhos.

Cessados os gritos de dor, fez-se silêncio enquanto os guardas cavavam os buracos para erguerem as cruzes. Silêncio esse que foi quebrado por Ethan, murmurando uma oração em grego. Os romanos pareceram não se importar com as palavras de um moribundo, e não interromperam a sua fala.

— Nêmessis, deusa da Vingança, senhora da justiça e da retribuição, vinga teu filho. Faça com que se abatam sobre os romanos todos os infortúnios e desgraças que eles merecem. Peço-te, mãe, em meu último suspiro, que faça tua a minha vontade: vingue todos os semideuses que o imperador mandou derramar o sangue e puna todos aqueles que não levantaram um dedo para impedir tal massacre.

Silêncio. As últimas palavras de Ethan doeram tanto quanto as chicotadas que eu levara. Lentamente, as cruzes foram erguidas e todos foram obrigados a passar uma hora inteira observando eles sofrerem até que o capitão da guarda ordenasse que eles fossem mortos. Os soldados os feriram com lanças, enterrando a lâmina entre as costelas e afundando o cabo até chegar ao coração. Na mesma ausência de som sepulcral, observamos cada um deles morrer, com a consciência de que, apesar de seus espíritos terem partido, seus corpos ficariam expostos por três dias, para que ninguém se sentisse estimulado a tentar fugir.

Sobre nós, uma águia piou tristemente, quase um grito de dor e perda. Observei-a voar silenciosa no céu, descrevendo um círculo sobre nossas cabeças, como um abutre sobre a carcaça.

— Eles vão pagar - eu sussurrei, fixando meu olhar no animal. - Juro pelo rio Estige.

Pisquei e a ave tinha desaparecido. Minha palavra estava dada. Agora eu só precisava cumpri-la.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Deixem suas opiniões nos comentários, para que eu possa melhorar cada vez mais a minha escrita.

Algumas notas sobre esse capítulo:
O liceu é um lugar para onde os semideuses com poderes são enviados. Mas nem sempre os semideuses se revelam na arena ou têm poderes a serem revelados. Por isso, na história, o Império busca, entre os politeístas, aqueles que se destacam em combate, que é o caso do Ethan Nakamura. Lee Fletcher e Michael Yew, por outro lado, demonstraram habilidade no arco e, por isso, também foram selecionados.

Sobre a história:
Ela está chegando no fim (O choro é livre), mas eu não vou parar de postar fanfis de mundo paralelo com Percy Jackson. É incrível como essa história é versátil e cabe em diversos cenários. Eu já tenho mais 3 sendo trabalhadas, por isso fiquem de olho.

Dito tudo isso, até a próxima!!



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