Sobreviva Ao Seu Destino escrita por Ytsay


Capítulo 31
A Cidade Fantasma.


Notas iniciais do capítulo

Oie, mais um capitulo!
Boa leitura!
E parece-me que é o penúltimo capítulo!
Desculpem-me os erros.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/569710/chapter/31

A orientação de uma direção se perdia com o nevoeiro que teimava em ocupar a paisagem. Yuki e Aurora estavam sozinhos, como não estiveram até aquele momento. Eles andaram até que o sol se escondesse e o nevoeiro ficasse mais baixo, apesar de denso, e acima da cabeça deles o céu azul escuro surgia em breves brechas. A garota morena não perdeu a esperança em encontrar mais alguém, e seu instinto a levou a encontrar uma antiguíssima estrada asfaltada polvilha de tufos de grama. Ela era inteligente e entendeu rápido o que era, apesar de ser estranho. Logo a rua poderia lhe levar para um abrigo seguro para passar a noite e depois lhe daria uma direção para eles seguirem. Assim ela e Yuki seguiram a direção da estrada, passaram por velhas casas, que eram apenas vigas cravas no solo, e, em alguns pontos do caminho, puderam definir um ou outro automóvel arruinado pelo tempo em meio a árvores que tomaram espaço na rua ou no arredor dela.

Com a noite sobre eles e em meio a uma floresta de arvores bem espaçadas e grama, Aurora resolveu montar um acampamento para aquela noite já que não encontrou lugar melhor. Os sons das folhas e de animais eram muito mais súbitos e assustadores do que quando estava com um grupo grande. Foi nesse momento que ela se relembrou das meninas que sempre estavam conversando, fazendo aquele banimento não parecer tão ruim como era. Olhando sua única companhia acomodada diante dela encostado a uma árvore e silencioso demais, Aurora notava a verdade de se estar sobrevivendo: estavam à mercê dos perigos selvagens e da possibilidade de não ter o que comer ou beber; eles teriam poucos dias de alimento, depois as possibilidades diminuíram pelo fato de serem apenas dois para caçar ou fazer qualquer coisa, e tinha a perda de energia constante, depois, principalmente, existia a loucura que a solidão e medo poderia trazer em um lugar como aquele.

Yuki não tinha falado mais nada. A situação parecia a mesma para ele, muitos daquele grupo não gostavam dele, e ainda não pode entender, exatamente, o que os fez tomarem essa posição a respeito dele. Seria o fato de acertar a flecha em alguém uma vez? De ser solitário? Silencioso? Ou seria o seu passado? Mas isso não devia significar muito naquele lugar. Todos estavam sobrevivendo da forma que podiam, e ninguém sabia a história de ninguém. Yuki só precisava de um tempo para definir cada um daqueles jovens com que conviveu e achar uma razão significativa para a vida deles. Mas, enfim, estar sozinho não era ruim, pois viveu até os dezessete anos assim. E ter a companhia de Aurora era uma coisa boa, ele sabia que ela era esperta e também já tinham o ajudado algumas vezes, o que os outros não fizeram. O rapaz só pode concluir que Aurora era a melhor das opções para lhe fazer companhia, apesar dela parecer ter um receio dele de vez em quando.

Aurora revirou a mochila e buscou seu último pacote de carne desidratada - era uma coisa borrachuda e sem gosto, mas a proteína lhe cairia bem para o próximo dia. Enquanto abria o pacote notou que o rapaz olhava seus movimentos, mas bem antes disso ele já a encarava. Ela não podia pensar em si e usufruir o único bem que ambos possuíam naquele lugar, além da espada de Yuki, então Auri’s engatinhou para o lado dele e compartilhou o suprimento em silêncio. Logo a noite estava com eles e a névoa refletia o brilho que haveria no céu noturno, deixando o ambiente levemente claro. Apesar de ser um lugar selvagem a garota conseguiu fechar os olhos para descansar.

//

— DE PÉ! VAMOS! O DIA JÁ COMEÇOU!

Alguns se assustaram com a voz que gritou. Outros despertaram confusos e não sabendo se ouviram alguém chamar ou não de verdade. Mas ao verem a silhueta de Clarke, de pé e os encaram, acreditaram que a hora de dormir tinha acabado.

Pietra sentou-se deixando o corpo despertar. Ao olhar o lugar e depois para a saída, onde Stan estava parado olhando o lado de fora, notou que não havia dia ainda, apenas a alvorada começando a clarear as coisas. Henry foi um dos que percebeu que era cedo demais, mas se aconchegou novamente próximo de Rose e Joy, pronto para ter mais alguns minutos de sono que lhe dava um alívio na dor de cabeça. Cheryl apertou os cadarços da bota e obedeceu o homem ficando de pé, o que fez Joy fazer a mesma coisa. Sean não tinha uma boa cara para acordar, mas estava se esforçando enquanto Piper acordava Judie.

Então, quando Clarke foi para a saída determinado e Stan o percebendo saindo na frente, eles entenderam que iam ser deixados lá. Rose teve que empurrar Henry para ele notar os acontecimentos e o risco de ser abandonado, então seguiu os outros que cambaleavam sonolentos atrás dos guias.

Era como andar de cara com uma parede branca a quatro metros à frente. Os pés dos banidos se moviam, mas a parede continuava ao redor deles. Algumas árvores mais robustas e antigas apareceram brotando do asfalto em que andavam ou nos cimentos das velhas calçadas que os seguiam na lateral. Por vezes os ramos de algum arbusto vasavam de alguma janela dos prédios pelo qual passavam.

Ao fim de uma rua pararam diante de um amontoado de rochas de mais de vinte metros, um prédio demolido. Clarke encarou a encosta sério, avaliando-a e refletindo.

— Eu tentei dizer que devíamos ter virado numa das esquinas mais atrás — Stan falou neutro.

O mais velho o encarou, sua expressão já indicava uma impaciência.

— Então, quando voltamos, ganhe o titulo de mapeador e vou te ouvir se tivermos outra missão juntos.

Por alguma razão Stan ficou sério e irritado com aquilo, e sustentou o olhar de Clarke até que este se moveu e atravessou o grupo de jovens, retornando o percurso que fizeram.

— Está tudo bem? — Piper questionou Stan ao vê-lo seguir os outros como um dos últimos.

— Sim. — E os olhos azuis gelo dele encararam sério por alguns segundos. — Clarke sabe que nunca vou conseguir o titulo, apesar de ser melhor que ele.

— Titulo? Que titulo?

— Titulo de Mapeador. Além da boa memória tem que ter habilidade de desenho e escrita.

A ruiva ficou refletiva.

— Então por que você não pode? — Henry se intrigou. — Não sabe desenhar, por acaso?

Stan seguiu andando e olhando a frente, então assentiu devagar, fazendo Henry se chocar um pouco e depois rir daquilo. Mas não era só isso, Stan também não tinha a outra habilidade.

— Para onde estão no levando? Já pode contar? — Piper mudou o assunto. — Pois acho que daqui não podemos mais voltar sozinhos. Já passamos por muita coisa que não vamos querer passar de novo e já demos confiança demais para vocês. Está mais que na hora de confiar em nós e esclarecer tudo.

— Certo — um sorriso fino e rápido de Stan surgiu para os argumentos de Piper. — Chamam este lugar de Cidade Fantasma, é o primeiro ponto que devíamos chegar. Depois daqui vamos próximo do fim do nevoeiro, no coração da cidade... — o tom da voz dele se tornou neutra. — Lá terão tudo o que precisam.

O homem ficou em silêncio, já cercado pelos outros que ficaram curiosos com a breve narrativa do destino deles.

— Quer dizer que encontraremos uma colônia? — Rose quis esclarecer, e o outro estranhou a última palavra pouco conhecida para ele. — Uma colônia, um vilarejo ou coisa assim, com água, comida e abrigo para todos nós, para que não precisemos mais ficar vagando por esses lugares.

Stan assentiu ao fim do esclarecimento dela. Então encarou as costas de Clarke, caminhando solitário á frente.

— Tenho um conselho para vocês, — com essa fala fria Stan obteve a atenção de todos — quando estiverem lá, lutem por vocês, evitem terem compaixão de alguém, não confiem neles e nem tente ser gentil demais. Façam isso pelo menos até que conseguirem uma classe estável que lhe garantam algum respeito.

Uma confusão se fez na mente deles. Esse conselho parecia sincero, mas ao mesmo tempo era um prenúncio de que aonde iam a coisa não era tão boa como poderiam imaginar.

Clarke percebeu a distância que o grupo estava dele e parou os vendo ao redor de Stan, que o olhou de volta sério, então mandou seu companheiro caminhar ao seu lado e que os outros continuassem.

//

O sono tinha sido perturbador, Aurora não costumava ter pesadelos por sempre estar cansada demais depois do banimento, mas, naquela primeira noite só, ela sonhou com uma coleção de coisas assustadoras: as serpentes perseguindo seu irmão mais novo, com quem ela trocou de lugar no banimento e estava seguro dentro da colônia, e sonhou que os humanoides os encontrando naquele lugar, capturando ela e Yuki facilmente, e ela assistiu o despedaçamento do loiro diante de seus olhos depois seria a sua vez dela. Foi ai que ela escapou do pesadelo com o canto de um pássaro, se sentou rápido e com o coração disparado até notar que fora apenas um sonho.

Auri’s se acalmou e aos poucos notou que estava sozinha em meio á floresta. Onde Yuki devia estar não havia ninguém e nem sinal dele no arredor. Ela se pôs de pé e a primeira idéia que teve foi que fora abandonada friamente depois de ser salva. Então percebeu que sua mochila ainda estava com ela e se perguntou se o rapaz tinha se perdido e o chamou, não teve resposta. Chamou mais alto, caso ele estivesse um pouco longe, e nada novamente. Aurora admitiu que ficou preocupada, sua natureza de cuidado com um terceiro ainda estava presente, mesmo que este não fosse seu irmãozinho. Ela vestiu a mochila, deixou uma marca na casca de uma arvore com a ajuda de uma pedrinha e seguiu uma direção insistindo em chama-lo mais uma ou duas vezes enquanto caminhava devagar.

O nevoeiro foi a engolindo junto com as árvores que surgiam aqui e ali, onde ela deixava uma marca. A paisagem parecia muito mais opressora quando caminhava sozinha e em direção á um desconhecido, fazia-a dar passos hesitantes e lentos, incerta em seguir ou não. Então Aurora parou, dando um grito quando uma ave grande voou de um arbusto em direção ao céu acima do nevoeiro subitamente. Auri’s olhou para trás, ainda com o coração acelerado, e viu o assustador nada e o nenhum ponto de referência, e nas laterais tudo parecia a mesma coisa. Não soube mais para onde estava indo ou de onde viera. Sem querer começou a se desesperar. Os sons do silêncio e os sussurros das folhas e insetos pareciam aumentar o volume na solidão. Ela ficava cada vez mais confusa, sem conseguir pensar direito, precisava de alguém que a visse ali, para que não se sentisse um fantasma vagando só em um mundo do além. Precisa ter uma companhia para seguirem juntos e se ajudando, de forma que a mente não se perdesse na solidão e silencio... Mas, ela estava sozinha e perdida, sem saber onde achar a ajuda.

De repente, Aurora ouviu um trotar crescente vindo em sua direção e se escondeu atrás de uma árvore. Logo um tipo de cervo de patas magras e alto passou correndo, sem qualquer interesse nela. Quando começava a se acalmar novamente ouviu outro som: de passos mais pesados correndo. Dessa vez ela se agachou e torceu para não ser notada, pois não teria arma para se defender. Minutos depois ele passou correndo por ela. E no susto Aurora o chamou, ficou de pé e foi até ele correndo. Yuki parou atordoado e olhando o nevoeiro ao ser chamado, e antes que a definisse, a menina o abraçou forte e apertou seu pescoço. Em uma situação rara em sua vida, ele apenas esperou incerto de com agir.

— Porque você fez isso?! — Auri’s perguntou se ainda agarrada a ele, quase no mesmo tom que diria ao irmão se ele se perdesse.

—Você que é louca e me deixou pra trás!

— Eu te chamei várias vezes — ela o soltou e o encarou indignada, agora uma pouco irritada. Ele apenas desviou o olhar.

— Desculpa. — ele sussurrou tão baixo que ela não teria ouvido se não estivem naquele lugar vazio.

— Você não me respondeu de proposito! Era só dizer algo, seu idiota branquelo, aí eu te esperaria! — ele a encarou, mas continuou em silêncio. — Da próxima vez, vê se responde quando eu chamar. Só estamos nos dois aqui, pode gritar ou falar quando precisar. E... não me deixe sozinha nesse lugar de novo... Por favor, Ok?

Aurora o encarou com seus olhos castanhos claros e esperou uma resposta. O rapaz já estava avermelhado pela corrida, pelo abraço e agora por ela o encarar, então assentiu, e ela exigiu firmemente que ele falasse.

— O.K. — respondeu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Deixe um comentário! Obrigada por ler.
Nós vemos no ultimo capitulo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sobreviva Ao Seu Destino" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.