Sobreviva Ao Seu Destino escrita por Ytsay


Capítulo 24
Um estouro.


Notas iniciais do capítulo

Hey.
Espero que a história esteja sendo um bom entretenimento. Esta sendo divertido escrever os capítulos nessas férias (Ah! Como Realmente Amo fazer isso! Narrar essa realidade e etc).
Desculpe não dar muito tempo entre os capítulos. Mas acho que o fim da suposta primeira parte por ser daqui a pouco, ou agora. hehehe.
Sem mais enrolação, respirem fundo, e vamos ao “câmera, ação!”.



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Eles correram e se separam. Aqueles que se perdiam chamavam os nomes de algum amigo e logo se reagrupavam. Ninguém queria acabar sozinho. Mas Yuki era um que não tinha alguém que queria verdadeira ter por perto, apenas seguiu a garota mais próxima, e no caso era Aurora.

O capim alto não ajudava Piper, e ela também não era tão alta, foi por isso que ela se perdeu facilmente de Alice, Ross, Henry e Rose. Ela parou por um segundo quando se viu sozinha, mas logo Sean esbarrou nela a encontrando - os dedos da mão esquerda entrelaçado com os da mais nova que ele ainda arrastava. A ruiva os seguiu quando ele a chamou, e mesmo no meio da confusão a razão dele ter se unido a mais frágil chegava aos pensamentos de Piper, distraindo-a da confusão.

Tae e Cheryl foram rápidos, não esperaram ninguém, e tomaram um rumo em uma boa logica transversal de fuga, saindo da rota dos animais, mas não completamente certos de que fosse funcionar. Atrás deles Pietra corria com seu arco no ombro e mochila, seguida pela Charlotte, que se incomodava com os capins que batiam em seu rosto e pareciam imensos, pois iam centímetros acima de sua cabeça.

Joy se assustou de como todos foram rápidos para saírem correndo e sumirem. No começo ele seguiu Tae, mas depois se perdeu, localizou o rapaz loiro e alto correndo e foi na mesma direção, mas o perdeu de vista com tantas voltas e desvios súbitos dos troncos que surgiam em sua frente. Não demorou para ele desistir de ir atrás de alguém e seguir uma rota particular, ouvindo os galopes a sua volta que dispararam seu coração. Seu instinto não avisou da aproximação de uma das criaturas e ele parou abruptamente quando a lateral escura do animal surgiu, mas não foi suficiente e ele se chocou com a criatura, que passou veloz e distribuindo alguns coices que por pouco não o acertou. Ele caiu no chão atordoado e então foi pisado. Joy achou que estava morto e esmagado, e em breve sentiria a dor terrível de seu fim, mas rapidamente percebeu que era apenas um garoto que tropeçou nele.

— Joy! — gritou Richard aliviado em achar alguém e ainda com os pés sobre o outro, e os dois no chão. — Achei que tinha me perdido de todo mundo! O que você...

— Só fica de pé e corre! — ele empurrou o garoto e conseguiu levantar antes, ajudando Rick ao coloca-lo de pé, e correu.

Os animais já estavam ao lado deles. Alguns passavam tentando chifra-los ou dar coices, quando os notava surgindo no meio do capim, outros apenas passavam correndo e mugindo.

Para Joy havia algum alivio em ter alguém com ele, mas quando o som dos passos do garotinho sumiu, ele olhou para trás novamente preocupado. Havias trilhas de capim amassado pelos corpos dos animais, o que lhe deu uma visão melhor em um raio de alguns metros, mas não havia sinal de Richard. Logo ele ouviu novos mugidos e a movimentação de um segundo bando se aproximando, e decidiu continuar andando. Quando olhou a frente, atrás de um caminho, viu um vulto confuso parado com as mãos na cabeça, pálido e girando em seus calcanhares enquanto hesitava em escolher qualquer direção. Então Joy correu na direção dele.

Frederico estava de pé, apavorado após se perder e ser atingido por um dos animais. O rapaz teve sorte, ganhando apenas uma corte na testa e uma dor nas costelas, podendo ficar de pé logo. Mas a parada obrigatória o fez não querer continuar correndo a esmo pelo lugar, porém um oposto dentro dele gritava para ele correr. A batalha dentro de sua mente era equilibrada, então ele dava voltas em si, procurando algo que desequilibrasse os pensamentos e o fizesse lutar pela sua vida. E seu desejo foi atendido quando se virou para a esquerda: o sinal foi uma massa castanha e preta, diversos chifres, faces e olhos brilhantes, unidas em uma risca disforme de alguns metros no horizonte logo atrás de Joy, que sabia bem daquilo e por isso estava determinado em manter a corrida. Mas Fritz não teve o resultado esperado. O pavor explodiu desequilibrando seus instintos para ficar congelado, sem planos na mente, sem pensamentos e sem controle de si.

Foi uma surpresa para Joy vê-lo encarar os animais e não decidir correr. Com certeza, Fritz conseguiria escapar daquele bando por estar à frente se fugisse logo, mas os metros entre eles diminuíram rápido e Joy quase o desequilibrou quando o segurou pela roupa e o arrastou a força.

Em alguns passos o garoto logo estava pesando, não corria direito e tinha um equilíbrio e agilidade pouco aceitável para a situação, mesmo assim Joy o segurava pelas golas da blusa e da jaqueta para ficarem juntos, não se perderem e para ficar mais fácil de levanta-lo quando ele caia. Quando Fritz caiu pela decima primeira vez, Joy deu uma olhada rápida para trás e teve certeza que o bando estava se aproximando muito rápido, galopando sobre o capim e entre as árvores, e eles não teriam chance naquele ritmo.

Frederico se sentia mal com a dor na costela o incomodando, o sangue escorrendo pela lateral do rosto, a sede, a falta de ar, o coração alojado na garganta pronto para sair fora e a incapacidade de pensar logicamente. Não tinha muito controle de suas pernas ou de onde estava indo. Joy o olhava e parecia saber que ele era um caso que seria melhor abandonar, mas ainda o arrastava. O que prendia aquele estranho a ele? Não se conheciam e mal tinha conseguido cumprimentar Joy quando ficaram juntos. Ele podia ter dito qualquer coisa em resposta naquela noite, antes de Piper aparecer e roubar a atenção do rapaz desconhecido. Algo como seu nome e um comentário qualquer sobre o dia já teria quebrado o gelo e dado um motivo pra Joy fazer amizade com ele – como Fritz imaginou nos dias que se passaram e não teve outra oportunidade de conversarem, de forma que o permitisse conhecer Joy diretamente. Mas não havia acontecido nada, e mesmo assim o moreno correndo a frente não desistia.

De repente, segurando o pulso de Joy para ter equilíbrio, o moreno o segurou firme, o girou e o empurrou contra o tronco de uma árvore. O impacto na costa fez Fritz perder o ar e fechar os olhos com a dissipação da dor pelo corpo já cansado, mas se sentiu aquecido depois. Joy estava em sua frente, com o rosto centímetros acima de sua cabeça, e protegendo os dois com seus braços. A respiração deles continuava alterada pela corrida enquanto ouviam os galopes e grunhidos ao redor deles muito próximos.

Galhos, torrões de terra e alguns talos de capim, atingiam o corpo de Joy por trás e pelos lados, mas ele permanecia imóvel, tenso demais pela quase morte. Se não tivessem encontrado aquela arvore grossa suficiente para suportar cabeçadas e empurrões das criaturas, eles só teriam o destino de serem pisoteados. E foi um retorno á realidade quando ele sentiu o impacto e mugido de um dos animais cabeceando a costas da árvore. Quando abaixou o olhar para o garoto que tinha salvado, os olhos estranhos, de bordas verdes e centro caramelo, o observava fixamente.

— Nos quase morremos — ele comentou levemente divertido.

— V-você me salvou... — Fritz conseguiu dizer com gaguejo, depois engoliu em seco, ainda tremendo pelo som dos animais que começava a diminuir. Joy sorriu, chamando olhar dele.

— Talvez.

Então Joy se afastou um pouco do garoto, mas o menor o surpreendeu ao segurar seu rosto com as mãos, fazendo-o olha-lo, e ele não entendeu a ação. Fritz ainda estava com a adrenalina correndo sob a pele e sabia vagamente o que estava fazendo. Mas quando seus olhos encontraram os azuis claros e confusos de Joy, ele se avermelhou por toca-lo e então o soltou desviando o olhar para o espaço entre eles, focando o chão.

***

Mais a frente, Aurora ainda corria, parecia que estava na direção certa, sem que nenhum bicho passasse por ela. Mas o destino queria brincar com sua vida, uma menina que estava determinada a sobreviver e escolheu a pior opção que ele deu, merecia alguns testes. Auri’s percebeu a movimentação à frente e desejou estar errada até ter que parar ao confirmar. Yuki seguiu o movimento dela, estranhando a parada. Aurora ignorou a expressão dele, “É culpa daquela franja, por isso ele está cego e não conseguiu ver”, ela pensou rapidamente ao observar atrás, de onde outro grupo de animais vinha na direção deles. Eles estavam entre dois pequenos bandos, um de cada lado, animais suficientes para acabar com os corpos dos dois humanos quando as rotas se encontrassem mais ou menos onde estavam parados. Então o loiro, de exata altura, pensou mais rápido e a pegou pela cintura, a empurrando para cima. Aurora se assustou com o toque, e podia ter apostado que ele só conseguiria planejar pegar a espada e esperar o confronto, mas quando ela se viu passar pelas folhas e galhos mais finos de uma árvore baixa, entendeu a intensão dele. Com o impulso ela alcançou um galho que a suportava e se içou. Assim que arrumou um lugar seguro estendeu a mão para ajudar Yuki, que ia dar um jeito de subir, mesmo com os galhos baixos se quebrando com o peso dele. Ela podia deixar o mister mistério para trás, mas ajudar outro fazia parte dela, e ele havia a ajudado.

***

Richard estava correndo sozinho, atento aos sons e para onde estava indo. Tinha uma leve esperança de ver Joy na sua frente, mas isso morria aos poucos. Ele tinha conseguido se afastar dos animais, estava em um território silencioso, o capim alto tinha quase desaparecido - sendo apenas tufos aqui e ali- e agora havia arbustos e alguns espaços sob árvores, cujos primeiros galhos cresciam a mais de dois metros e meio do chão. Então ele ouviu alguns correndo e a conhecida voz de Piper, e correu até eles feliz de encontrar alguém e não estar sozinho. Mas ele se distraiu e mal deu cinco passos, inesperadamente caiu do alto uma rede de cordas grossas sobre ele, as pesadas pedras nas quatro pontas atingindo o chão com um baque e o deixando preso sob a rede esticada. Ele gritou com o susto, e som das folhas quando a armadilha caiu chamou atenção de Sean, Judie e Piper.

A ruiva trocou um olhar com o rapaz antes de querer se aproximar da fonte do som, que era a mais de dez metros de distancia, em um lugar que eles ainda não enxergavam pelos arbustos e capim no caminho. Eles cobriram alguns metros e logo pararam abruptamente ao verem a segunda parte da armadilha cair do alto: uma estrutura de madeira, com estacas grandes voltadas para o solo, exatamente sobre sua vitima, que podia ser uma criatura bem maior e não o amável e gentil Richard.

Piper olhou para Sean ao lado dela, tinha medo de ir lá e ver o que imaginava, mas também tinha esperança de que o garoto, que havia reconhecido pela voz, tivesse se salvado ou no mínimo estava levemente ferido. Deu um passo para continuarem, mas o mais velho não se moveu.

— Ele pode estar vivo — ela argumentou.

Sean a olhou sem expressão, o choque sumindo para uma face mais séria. Ele havia conhecido Richard pouco antes de serem banidos e desde ai o acompanhou.

— Ele pode estar morto — respondeu ele sério e convicto, então desviou o olhar do de Piper.

— Ele pode estar vivo, Sean.— Judie disse para ele, com esperança infantil que quase soava como verdade.

— Você não vai querer ir ver isso... Eu não quero — foi a resposta dele.

— Mas precisamos confirmar antes de abandona-lo — Piper o encarou pondo as mãos nos ombros dele, um sinal de apoio e estimulo que seu irmão usava com ela algumas vezes. — Vamos Sean, só... respire fundo, e vamos ver se podemos fazer alguma coisa.

Ele fez o que ela disse e chegaram mais perto. Os dois resolveram deixar Judie um pouco mais afastada da armadilha recém-acionada, longe suficiente para ela não definir a situação ensanguentada que estava sob os espinhos. De má sorte, Rick podia ter ficado entre um dos espinhos grossos que chegavam a meio metro de comprimento, e ia ficar bem, mas o destino o tirou do jogo, sendo acertado bem no centro do corpo, sem chances até de chamar por ajuda. E tudo que os três puderam fazer depois foi se afastar, com a certeza de que o garoto legal tinha ido para um lugar melhor.

***

Em um canto não tão afastado deles, Pietra estava junto com Tae e Cheryl. Os três em silêncio e pensativos. Henry os encontrou cumprimentando seus conhecidos e, com um leve aceno de cabeça, Pietra.

— E os humanos prevalecem! — disse o rapaz sorrindo e esticando um pouco as costas, enquanto Ross, Alice e Rose, chegavam.

Rose notou e estranhou os três, não pareciam estar apenas cansados da corrida.

— O que aconteceu com vocês? — ela perguntou para Pietra, que a observou com os olhos azuis escuro, desanimada em responder.

— Lembra de uma garotinha de cabelos claros, baixinha e meio séria? — Foi Tae que falou.

— A segunda colocada dos mais novos? — Henry disse ainda sem entender a conversa ou aonde ela ia. E Tae concordou.

— A Charlotte entrou na frente de um dos animais — Pietra liberou sua voz, brincando com um galho fino do chão. A menor estava logo atrás dela quando aconteceu. — Por pouco podia ser eu. O animal surgiu pela lateral da trilha por onde corríamos, pouco segundos depois de mim. Não deu para perceber a aproximação com o mato por todo lado.

Eles ficarem em silencio, não exatamente por que sentiam a falta de Charli, mas por que não tinham mais o que falar.

— Vocês não foram ajuda-la? — Rose perguntou, sendo observada de volta. — Ela podia ter alguma chance e estar com vida.

Tae se pôs de pé, encarando Rose um pouco soberbo.

— A menina foi atropelada por um daqueles bichos. Que chances acha que ela teria com aquele tamanho?

Talvez tenha sido uma esperança sem fundos a de Rose, mas ela encarou Tae de volta, não se intimidando facilmente, como fazia quando valentões queriam folgar sobre ela.

— Que seja. — A voz fria de Ross surpreendeu Rose. — É melhor assim, aquela garota era devagar demais — e ele bebeu um gole de sua água como se não tivesse falado nada.

Mais distante do que antes, a trombeta abafada soou longamente. Irrompendo no ambiente e se sobrepondo ao mugido de poucos animais que caíram em armadilhas e estavam vivos. Pelo menos tinham se distanciado dessa ameaça. Mas talvez não fosse o suficiente.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler.
Não sei o que achou, mas eu acho que estou voltando a conseguir me ligar com a situação e os personagens para narrar, também ando pensando nos próximos passos mais claramente. Culpa dos estudos, fica me distraindo dessa magica de contar historia.
Queria dar uma chance de demonstrar algo da ficha dos personagens fardo. Dois o destino já decidiu eliminar, eram cartas claramente marcadas, nem se comentasse que deveriam ficar vivos eu ia deixar. Fazer o quê, eu tento ser gentil e paciente. Mas tem uns personagens... :T não sei, fico sobre um muro e os dou mais estrelinhas de vida só por simpatizar ou achar que serão uteis. Talvez me ajudem com seu poder telepático se falar da pessoa certa no feedback.
A seguir, no próximo episodio de SASD:
Mesmo depois de sobreviverem do estouro desgovernado dessas criaturas que parecem bois e armadilhas no caminho, que poucos caíram, a situação ainda não acabou. Uma ameaça ainda esta próxima, sendo alguém, algo ou alienígenas (vai se saber), eles ainda correm risco e temem o desconhecido (como qualquer sobrevivente deve ser). Será que estão novamente em paz? Será que o perigo passou? Alguns ainda estão separados, será que voltarão a ser um grupo?
Agradeço por ler, até o próximo.
Com amor, uma amiga.



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