Julia entrou dentro da casa, Willie continuava tremendo, seguindo-a.
– M-mas você não estava morta? – Gaguejou Willie.

– Muito pelo o contrário. – Julia diz, desviando o seu olhar para toda a casa ao seu redor. – Estou mais viva do que nunca. Aonde está Barnabas? – Repetiu a pergunta.
– E-ele não pode falar com a senhorita agora. – Diz Willie. – Ele acabou de se deitar para dormir e...
Julia empurra-o para a parede, demonstrando tamanha força.

– Aonde ele está? – Ela aumenta o tom de voz. – Diga logo ou a próxima pessoa em que irei arrancar o pescoço será você. – Julia pessoalmente não gostava de intimidar ou ameaçar os outros, mas a cada momento que estava ali de pé, se lembrava de quando Barnabas tentou e achou que havia tirado lhe a vida, sem nenhum mais e sem nenhum menos. Sua falta de equilíbrio emocional estava ao ponto, fervendo, havia perdido o controle.
– Suba as escadas e é a primeira porta a esquerda- Willie diz em um sobressalto.
Julia largou de seus ombros e correu em direção das escadas, com Willie atrás dela, apavorado.
– Julia Hoffman! Não acredito que seja uma boa ideia... – Ele tentava dizer, mas Julia ignorava-o.
Ao chegar na frente da porta de Barnabas, abriu-a indelicadamente, fazendo Barnabas acordar sobre sua cama de casal alarmado, mas ainda com os olhos fechados.
– Por Mephistopheles, quem ousa me despertar do meu tão profundo sono?
Julia se aproxima, encarando fixamente o rosto de Barnabas, que mal sabia o que estava acontecendo diante de seu sono.
– A mesma pessoa que despertou quando se viu diante do profundo mar.

Barnabas arregala os olhos, dando um pulo para trás. Julia Hoffman estava ali, diante dele.
– Doutora Hoffman? – Ele questiona-se. – Como... como foi que...
Antes que pudesse completar, Julia agarra com suas mãos os pés da cama, jogando-a para cima. Barnabas cai da cama, esparramando-se no chão. Enquanto tentava raciocinar o acontecido, Julia pula em cima dele, agarrando-lhe pelo pescoço.
– Você tentou me matar! – Exclamava Julia. – Você tentou me matar e ainda me jogou no meio do nada!

Willie conseguiu afastar Julia de Barnabas, jogando seu corpo para trás. Elizabeth e Carolyn se puseram sobre a porta do quarto, despertadas pelo barulho.
– Julia? – Perguntou Elizabeth, esfregando seus olhos – É você?
Julia fixa seus olhos em Elizabeth. Ela era uma de suas únicas e melhores aliadas que já teve em toda sua existência. Um sentimento de felicidade desceu sobre sua garganta.
– Você mereceu tudo o que lhe fiz. – Ofegava Barnabas com dificuldade, enquanto Willie ajudava Barnabas a se levantar. – Você é uma sujeita pretenciosa, leviana, suja. Você tentou me enganar.

Julia volta o olhar a Barnabas, e a raiva toma conta de seu corpo novamente.
– Isso não questiona o motivo de sua tentativa de homicídio. – Responde. – Você é um verdadeiro monstro.
– Eu? Monstro? – Barnabas aumenta o tom de voz. – Pois bem minha querida, sinto lhe informar que você também foi transformada em um. Não era o que desejava? A beleza eterna? Eu lhe dei ela, você tem de me agradecer por isso.
– Certo. – Julia se aproximou. – Obrigada por ser um cuzão e depois de tentar assassinar a mim, me jogar sobre o mar! – Grita Julia. – Não sou a primeira nem a última vítima de seus homicídios. Louco!
– Você? Vítima? – Barnabas deixa soltar uma gargalhada.
–Sou uma vítima igual todas os outros que você conseguiu assassinar. Como qual era mesmo o nome dela? Josette? Posso não saber tanto dela, mas pelo o que já ouvi nessa casa, está morta por sua causa! Todos ao seu redor estão mortos por sua culpa!
A raiva consumiu todo o corpo de Barnabas, fazendo com que Willie o agarre para não pular em cima de Julia.
– Não ouse falar de Josette! – Ele exclama, enquanto Elizabeth puxa Julia para trás, que também tentava se confrontar com Barnabas.
– Se afastem! – Grita Elizabeth.
Os dois obedecem mas ainda se encaravam, com o olhar pegando fogo.
– Uau. – Carolyn deixa escapar de sua boca.
– Vocês dois já tem idade suficiente para ficarem batendo boca sobre o passado e ainda quererem pelejar um com o outro. – Elizabeth diz ao meio dos dois. – Não me interessa o que um fez o que, mas não quero saber de mais nada entre vocês. Julia virou da família como qualquer outro que está presente aqui, seja de sangue ou não, e os destas família não se usam contra os outros. É bom não tentarem fazer nada um contra o outro, ou quem vai fazer alguma coisa com vocês, irá ser eu. Deixei claro?
Tudo ficou em um grande silêncio, deixando a entender que escutaram tudo o que Elizabeth disse.
– Ótimo. Barnabas, você volte a fazer o que estava fazendo antes disso tudo. Julia, você vem comigo e com Carolyn.
Carolyn com delicadeza puxa o braço de Julia, que ainda encarava firmemente Barnabas, que sentava-se sobre sua cama, não perdendo-a de vista também.
Após saírem do quarto de Barnabas e fecharem a porta, Elizabeth se jogou em um forte abraço em Julia.
– Não sabe o quanto senti falta da minha médica alcóolatra predileta. – Diz Elizabeth, enquanto Julia respondia o abraço, agarrando-a fortemente. – Agora vai tomar um banho e trocar suas vestes, está fedendo a peixe podre. Depois conversaremos sobre tudo, servidas de uma grande garrafa de uísque.

Julia deixa um sorriso aparecer sobre seu rosto.
– Você me conhece inteiramente bem.