“Você mostrou-se digno, Pac!” Disse a sombra!

“Te domino agora?”

A risada pesada retumbou novamente.

“Você ainda não me venceu, eu não desafio todos que encontro, apenas os dignos são desafiados e você é um deles!”

“Mas saiba que eu sou melhor!”

“É o que veremos.”

O local estava totalmente escuro, o que era óbvio já que eu estava no alçapão das sombras, mas eu conseguia ver uma silhueta mais escura que por conta de sua cor, se destacava.

A figura tinha um corpo como se estivesse coberto por um manto totalmente negro, mas se não tivesse o manto a figura tinha grandes chances de ser um humano.

Comecei a avançar devagar, tomando cuidado com cada passo, mas depois de mais ou menos cinco passos uma dor lancinante me invadiu, uma dor que percorreu meu corpo e chegou no meu cérebro, caí de joelhos com força, a visão começou a clarear e a mudar de imagem, agora eu estava sozinho numa noite fria, uma fraca brisa batia no meu rosto jogando meu cabelo castanho para trás, mas à minha frente estava uma pessoa, tinha uma camisa verde sem estampa nas costas, um cabelo castanho em topete, eu podia ver as hastes de seu óculos, ele andava devagar em direção a uma luz, sim, aquele era Mike!

Fui para a frente do meu amigo, mas ele parecia não me perceber, ele tinha saído de dentro do farol e agora vagava na direção da luz, mas quando ele chegou lá a luz aumentou, ouvi apenas um gemido de dor e Mike estava no chão com seu corpo sangrando e sobre uma poça de óleo.

A imagem me entristeceu profundamente, mas a cena se repetiu por mais vinte vezes! Voltei para a plataforma negra, olhei para a minha frente, a sombra ainda estava lá, parada e parecia me olhar. Consegui levantar-me e avançar mais alguns passos.

“Você não se cansa, Pac?” Indagou a sombra.

“Cansar-me do que? De ver cenas passadas?”

“Então vou piorar as coisas…”

Agora eu andava em escombros, a minha ilha inteira destruída.

A fábrica havia caído, a casa da fazenda, o farol, tudo estava destruído, em escombros e até mesmo a estação de petróleo estava totalmente acabada e a terra estava como se acabasse de haver um acidente natural. Vi os meus amigos que eu mais amava mortos, todos no chão com sangue em volta e aquele era meu maior medo depois da solidão: Não conseguir dizer adeus para aqueles que eu amo!

“Você acha isso ruim?” Perguntou a voz rouca de um homem velho.

Virei-me para trás, um homem idoso estava parado com uma pá na mão.

“Há algo pior?” Perguntei.

“Saber que você poderia ter impedido essa tragédia!” O idoso abriu um sorriso.

Fui para uma outra cena onde uma onda enorme ergueu-se ao lado da ilha.

“Abra a passagem, Pac!” Implorou Gutin segurando a mão de Carla.

Todos estavam na fábrica, presos, e eu estava do lado de fora lutando contra um homem que minha mente não conseguia definir direito sua imagem, mas eu não conseguia controlar meu corpo, ao meu lado havia uma alavanca.

“Ative a alavanca, Pac!” Pediu Gutin.

“Não posso” Falei.

A onda engoliu a ilha inteira e destruiu todas as estruturas!

A minha dor foi maior ainda, o fato de saber que eu poderia evitar a morte de todos em entristeceu muito mais, mas eu sabia que aquilo era apenas algo psicológico e não era real! Mas poderia ser?

Voltei novamente para a batalha contra a sombra, o ser encapuzado continuava na minha frente me encarando.

“E agora, Pac?”

“Esse é o seu máximo?”

“Quer mesmo saber?”

“Mande o que quiser!”

Meu coração parou completamente, uma freada brusca!