O salão se iluminou com tochas.

“Comida?!” Perguntei apavorado “Como assim? Eu não sou o garoto da profecia?”

Um homem que estava no fundo do salão riu.

Ali, todos as pessoas eram como Joilson: Ossudos, carecas, curvados como macacos e com olhos esbugalhados e secos. A minha promessa deveria ser comprida: Eu iria matar o rei deles. Olhei para o homem no fundo do salão, ele parecia estar em um trono de pedra, não era magro e sim forte e alto, era um pouco gordinho, tinha muitos fios de cabelo e estava animado.

“Bom trabalho, Joilson! Porém tente trazer alguém mais gordinho da próxima vez!”

Os homens começaram a se juntar ao meu redor com expressões bravas e famintas, eles queriam me matar e me devorar. Saquei a espada Chumei, mas eu não tinha coragem de mata-los, eu sentia dó só de pensar que eu teria de mata-los para não ser morto, mas essa é a lei da selva, certo? Ou mata ou morre.

Uma ideia nova brilhou na minha mente!

Avancei na direção do rei dos homens-animais. Alguns tentavam me atacar pulando na minha direção, mas eu desviava.

“Matem esse moleque, seus ridículos!”

Aquele comentário apenas aumentou a minha raiva do rei, mas continuei avançando. Percebi que ele se sentia encurralado e nervoso, ele estava desesperado, uma gota de suor escorreu de sua testa até a ponta de seu nariz, depois caiu em seu colo. O homem pegou um arco que estava no braço direito de seu trono e uma flecha no braço esquerdo e atirou. Meu movimento foi divino: Parei de correr e ergui a espada na altura do meu rosto, a lâmina virada para a flecha que vinha na direção do meu nariz. FSSST! A flecha foi cortada ao meio simetricamente.

Continuei correndo sem dar conta do que acabara de acontecer. Cheguei bem perto do rei, pronto para atacar, um homem-animal lançou-se no chão na minha direção, consegui pular, mas fui respondido por um soco na mandíbula! Caí no chão com a visão avermelhada, a espada escapou da minha mão, ouvi os passos mortos dos amigos de Joilson, me levantei e aproximei-me do rei, ele riu da minha cara e me empurrou, apenas recuei e não caí no chão, olhei para trás, minha espada estava no chão de pedra do salão.

“Saiam do caminho!” Ordenei.

“Obrigue-os.” Falou o rei “Eu, Gland, sou o único que posso comanda-los!”

“Mas os deuses também podem!”

“Deuses? Que deus vai obriga-los?”

“CHUMEI!”

Água explodiu do chão criando um escudo na minha espada e afastando todos os homens-animais. Peguei a minha espada e avancei na direção de Gland.

Um único golpe de espada!

A cabeça de Gland, o rei assassinado, caiu no chão.

“Joilson está livre!” Disse Joilson ao ver o que acabara de acontecer.