The Heir escrita por Ginny


Capítulo 11
Onze


Notas iniciais do capítulo

ALÔ GALERA!!!!!!1
SURPRESOS? EU TAMBÉM! E DESCULPEM PELO CAPS LOCK, EU BEBI MUITA (MUITA MUITA) CAFEÍNA E TÔ ANIMADA DEMAIS PRA ESSE CAPÍTULO.
Isso aí, queridas, eu decidi retomar a história. Depois de alguns comentários de vocês (suas lindas e maravilhosas), percebi que não fazia sentido reescrever The Heir. Vai ser maravilhoso e meio nostálgico começar da onde eu parei. Então... Aqui vai! E, para não perder o costume: desculpem pela demora ♥



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Alec

Certo, talvez — só talvez — eu estivesse mesmo apaixonado pela Eady. Droga, eu não havia pensado sobre essa possibilidade quando fiz minha inscrição para aquela maldita Seleção.

E o maior dos meus problemas agora era esse: eu não conseguia aceitar outra possibilidade, a de que eu poderia ser mandado embora. Eu não queria ir. Não depois da Eady ter ferrado com tudo ao cutucar impiedosamente os sentimentos de anos atrás, que eu havia protegido debaixo de um monte de personalidade babaca.

Boa sorte lidando com isso, disse para mim mesmo, bufando enquanto Harvey falava um monte de coisas sobre culinária.

— O Kaden gosta de caviar e a tia May morre pela oportunidade de comer um bom camarão — falei, interrompendo a estúpida discussão dos outros garotos sobre qual seria o prato principal do banquete para a família real. — Minha sugestão? Frutos do mar. A Eadlyn odeia ostras, mas adora lagosta. Então está aí. O maldito banquete.

Eu soara mais irritado do que gostaria, então abri um sorriso presunçoso para amenizar. Eles me olhavam como se eu houvesse acabado de ofender a mãe de alguém, mas eu já estava começando a me acostumar com isso. Eles estão apenas com inveja, pensei. Inveja porque eu conhecia a família real melhor do que eles. Era mesmo uma vantagem injusta para com os outros, agora que eu estava disposto a competir custando o que custasse.

— Certo — David falou primeiro, tentando amenizar a tensão com um sorriso forçadamente generoso. — Isso foi... ótimo. Obrigado pela ajuda, Alec.

Miguello, o chef que estava liderando o nosso grupo, bateu palmas. Com o sotaque italiano, vociferou:

— Muito bom! Frutos do mar serão, então. E pontos extras para Alex pela ideia, é claro!

Eu não mencionei o fato de que meu apelido era Alec, e não Alex, e fiz uma reverência dramática, agradecendo. E, certo, eu estava mesmo tentando irritar os outros. Era isso que eu fazia quando eu mesmo estava irritado ou incomodado com algo: alfinetava qualquer um que estivesse ao meu redor.

Roland, o cara latino de olhos bonitos, praticamente gritou em resposta:

— Isso não é justo! Ele conhece a família real muito antes de nós, estamos em desvantagem aqui!

Revirei os olhos.

— Se você tivesse pelo menos olhado a página da Wikipédia, Roland...

Ele não aceitou a provocação muito bem. Seus olhos verde-mar ficaram arregalados e assustadores em milésimos de segundos. Ele deu um passo na minha direção e eu fiz um esforço extra para não recuar.

— Roland, cara, se acalme — Harvey tentou, tentando puxar Roland pelo ombro, o que só o deixou mais irritado.

— Você acha que nos engana, não é, Alec? — Roland começou, dando mais um passo na minha direção. Mais uma vez não recuei, mas Deus sabe como eu queria dar um passo para trás diante dos músculos enormes do cara. — Acha que não sabemos que é tudo uma fachada? Que a coroa já é sua?

Engoli em seco. Aquilo não iria acabar bem.

— Ei, cara, você está atraindo atenção demais aqui, não é nada educado da sua parte — apontei em volta para todos os olhos focados em nós.

— Ora, cale a boca!

Ele deu o último passo fatal e agarrou o colarinho da minha blusa azul perfeitamente engomada. Muitas pessoas diziam para que ele recuasse, mas ninguém avançava para interromper, provavelmente ansiosos para o desenrolar daquilo. Ele parecia mesmo assustador, eu devo dizer. Mas não deixaria que alguém ferisse o meu precioso orgulho desse jeito.

— Você está amassando a minha blusa, Roland — falei. — Está no livro de regras que nenhuma agressão à moda será tolerada.

— Me dê um motivo para eu não te socar agora mesmo, Leger.

Ah. Agora ele havia ido além do limite. Eu não poderia recuar. Não quando um idiota de dois metros ameaça me socar agora mesmo.

Abri o sorriso mais venenoso que eu consegui enquanto murmurava apenas para que ele ouvisse:

— Sabe o que mais eu sei sobre a família real? O primeiro beijo da Eady foi quando ela tinha treze anos. Mas não me soque ainda, tem mais uma coisa — fiz uma pausa para alargar o sorriso enquanto o rosto dele ficava vermelho de raiva. — Foi comigo.

O punho de Roland veio como uma bomba nuclear, e acertou o meu maxilar com força equivalente. Droga, aquele cara provavelmente era um lutador de UFC ou coisa assim. Foi só então que alguém — finalmente — decidiu chamar os guardas, mas, a esse ponto, ele já estava em cima de mim. Enquanto o arrastavam para longe do meu lindo corpo, eu permaneci no chão, encarando o teto completamente zonzo. Meu estômago estava dolorido bem onde ele socara, assim como o meu queixo e o lábio inferior que eu havia mordido sem querer. A única coisa que passava pela minha cabeça era "Au", mas eu consegui ouvir quando Roland gritou:

— Nós não somos idiotas, Alec! Diga isso à sua princesa!

Ah, eu diria.

Algumas pessoas chegaram para ver como eu estava. Felizmente, só havia sangue no meu queixo. Quero dizer, não tão felizmente, mas pelo menos eu não tinha um olho roxo — esses são péssimos para a publicidade.

— Você está bem? — era David, ajoelhado ao meu lado. — Os enfermeiros estão chegando.

— Eu estou legal — falei, me pondo de pé com dificuldade. Tive que me esforçar para não reclamar da dor na barriga. — Ah, foi uma experiência ótima! Eu nunca tinha levado um soco antes, faz você repensar sobre os seus princípios.

— Sério? — perguntou Winter, que havia surgido de algum lugar enquanto eu estava sendo amassado pelos punhos latinos de Roland. — Porque você é um idiota, é uma surpresa você nunca ter sido arrebentado antes.

— Tem razão — disse Cooper, que também estava lá. — Afinal, o que você disse para ele reagir assim?

Olhei para as portas por onde os guardas haviam levado Roland. Havia um monte de curiosos ao meu redor, então murmurei para que apenas eles três escutassem:

— A verdade. Eu só disse a verdade.

Eadlyn

Eu odiava Alec. Era oficial. Eu sequer conseguia olhar na maldita cara dele. E o pior de tudo? A culpa não era nem dele. Quero dizer, ele tinha uma porcentagem da culpa — sempre tinha, afinal, é de Alec que estamos falando — mas era eu a estúpida-mor daquela vez. Depois de tanto tempo reprimindo a Eadlyn de treze anos que gritava "Meu Deus, o Alec é tão demais!", eu havia deixado ela espreitar de volta. Droga, Eadlyn, sua idiota. Não era esse tipo de estupidez que se esperava de uma rainha. E eu ainda havia tentando beijar ele?

Arg. Eu sequer conseguia pensar direito. Sentia vontade de me encolher debaixo da cama para sempre, e era mais ou menos isso que eu andava fazendo. Usava formulários e contratos como desculpa para ficar trancada no quarto o dia inteiro, evitando as refeições formais e aparecendo o mínimo possível em qualquer lugar que fosse do outro lado da minha porta, mas eu sabia que uma hora teria de pôr a coroa e fazer o meu papel de Eadlyn Schreave.

Depois do anúncio no jantar de quarta-feira, tudo finalmente parecia estar de volta aos trilhos. Na quinta, eu acordei com um pouco da disposição que eu havia perdido. Arranjei coragem para encarar meus pais numa reunião particular em seu escritório. Levantei de manhã cedo, antes mesmo do café, e Lana me arranjou um vestido azul-escuro leve com um blazer preto. Eu comi algumas panquecas doces antes de deixar o quarto e fui à tal reunião.

— Você veio, Eadlyn — minha mãe suspirou aliviada quando eu entrei. — Você anda tão ausente nos últimos dias. Achei que não compareceria.

Corei.

— Sinto muito. Eu estava... cansada. Mas já estou melhor agora.

Minha mãe apertou os lábios e assentiu: a expressão que dizia que ela sabia que eu estava mentindo, mas que entendia o segredo. Eu me sentei numa das cadeiras estofadas ao redor da mesa de mogno depois de cumprimentar meu pai, que parecia cansado. Eu não o questionei, também. Ele estava sempre cansado por causa da guerra e da crise política no país. Tudo o que me restava para fazer o papel de boa filha era cumprir com as minhas obrigações e abraçá-lo de vez em quando.

— Então, sobre o que é a nossa pequena reunião de hoje? — perguntei, tentando não deixar transparecer o quanto eu não me importava. Sei que é egoísta, mas tudo o que me passava pela cabeça eram os meus próprios problemas.

— A guerra — meu pai falou num tom sombrio, fazendo um arrepio irromper em meu estômago. — Precisamos tomar alguma providência para tentar amenizá-la, e sua mãe imaginou que a Seleção tem a audiência perfeita para isso. Muitos jovens na Nova Ásia assistem.

— E vocês já decidiram o que eu terei de fazer quanto a isso? — falei, um pouco de má vontade.

— Sim — foi minha mãe quem respondeu. — Você e os outros Selecionados farão uma viagem para uma zona segura na Nova Ásia, um lugar onde há paz entre as duas nações, para que possam participar de uma comemoração do Tratado de Paz que fizemos quatro anos atrás. É claro que tomaremos todas as providências para que seja uma viagem livre de inesperados... mas há um problema.

Ergui uma sobrancelha. Lá vinha.

— Qual problema?

Minha mãe hesitou. Ela tamborilou os dedos sobre a mesa, indecisa.

— Você terá que mandar sete Selecionados embora até o final da semana que vem, baseando-se no banquete que daremos para sua tia, sua avó e seus irmãos, certo? — assenti para ela. Eu já soubera daquilo no dia anterior. — A viagem será daqui um mês, e você terá de se esforçar para manter os vinte restantes no palácio até lá. Apenas expulsões em casos extremos. Na semana da viagem à Nova Ásia, terá que selecionar somente dez para levar com você para a zona pacífica, e...

— E os outros dez serão mandados para casa — murmurei, já sabendo o que estaria por vir.

Minha mãe assentiu. Eu engoli em seco. Aquilo estava indo terrivelmente rápido demais para mim. Eu queria protestar. A Seleção não deveria ser sobre o que eu queria? E agora, com a cabeça tão confusa, eu não fazia ideia do que queria para a minha vida. Como poderia mandar dezessete pessoas embora em apenas um mês? Como eu poderia saber, se nem mesmo os conhecia direito?

— Isso está indo rápido demais para mim — falei, balançando a cabeça. — Eu não sei se posso lidar com isso agora.

— Pense pelo nosso lado, Eadlyn — meu pai disse, usando aquele tom exausto enquanto esfregava o rosto impacientemente. — Manter a Seleção é algo difícil em tempos de guerra. Muitas pessoas estão questionando nossas prioridades: um evento chique ou a situação do país. Achamos que esse grande evento, a sua Seleção, traria paz à Illéa, mas a verdade é que eles querem algo novo. Querem que a herdeira tome o poder. Querem mudança... Querem você.

Engoli em seco. Meu coração estava apertado com toda a dor na voz do meu pai. Tive vontade de irromper em lágrimas, mais enfiei as unhas nas palmas das mãos e inclinei a cabeça, prestes a concordar, mas não sem antes dizer o quanto ele era um rei incrível.

Foi quando ouvimos a batida na porta. Era forte e apressada. Urgente.

— Entre — meu pai falou, se levantando e assumindo a pose de rei.

— Majestade, Alteza — um guarda cumprimentou, inclinando-se numa reverência cheia de pressa. Virando-se para mim, informou: — Desculpe interromper. Tivemos uma complicação entre os Selecionados. Dois deles tiveram um desentendimento, e um acabou partindo para a violência. A sentença final da princesa é solicitada imediatamente.

Droga, Alec.

Eu sabia que ele estava envolvido. Não que ele fosse capaz de agredir alguém — era um idiota, mas doce como mel estragado —, porém Alec era perfeitamente capaz de irritar alguém à ponto de levar uns socos. Era incrível que houvesse demorado tanto tempo para alguém socar aquela cara dele.

— Com licença, mãe, pai — inclinei a cabeça enquanto me levantava, suspirando com impaciência. — Eu tenho um Selecionado para mandar para casa.


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Notas finais do capítulo

Teve um pouco de ação, eu acho... Realmente, são cinco da manhã e eu estou com sono, mas espero que tenham gostado!
Senti tantas saudades de vocês, meus amores. Eu excluí o capítulo em que eu explicava a demora para atualizar a fic, mas, se alguém não tiver lido, é só me perguntar (por MP ou aqui mesmo, nos reviews, pois responderei todos). Enfim, muito obrigada por ter lido e por não ter desistido de mim e da fic. Vocês são demais!
Deixem o famoso review! Vou postar o próximo cap muito em breve (férias são infinitamente chatas -q), então não se preocupem.
Beijos, obrigada (mais uma vez, e principalmente às leitoras que comentaram me incentivando a continuar) e até o próximo :)