Cinco dias se passaram desde tudo que descobrir, e não direi que esta sendo fácil e nem que tento ser otimista o suficiente para sorrir e responder "estou bem, obrigado” Nem me imagino dizendo isso, se Stella não esta bem eu também não estou bem.
Nesses dias tento ser forte para ampará-la quando o medo invade seus olhos e ela pensa na morte inevitável, nesses momentos a abraço forte e não digo nada, afinal nada que eu dissesse mudaria o fato de o que ela pensava era verdade.
Mas depois, assim que me tranco no banheiro com a desculpa de ir tomar banho ou lavar as mãos para o jantar me pego chorando e chego a ficar aos soluços como uma criança, me encolho no canto da parede e penso que nada seria capaz de estancar minhas lágrimas, não são só meus olhos que choram, mas minha alma também.
Desde que descobrir tentei entender tudo, Stella me contou que sua mãe era portadora do vírus e que a deixara num orfanato quando ela nascera e que ninguém nunca havia mencionado a possibilidade dela ter o vírus também, mas ao fazer um exame de rotina descobriu que nada estava bem, ela procurou especialistas mas a única coisa que diziam era que os remédios a deixariam sob controle e que se ela se prevenisse nunca contaminaria ninguém e tudo ficaria bem. Mas não ficou.
Os remédios tem efeitos colaterais, ela se via feliz e depois irritada, enjoava e sentia tonturas, era horrível, mas ela queria viver.
Ah um ano atrás ela decidiu parar de tomá-los, e então começou a contagem para o fim.
Perguntei por que ela havia parado, por que se deixara vencer, e ela apenas enxugou uma lágrima que teimara em cair e sorrindo triste falou:
– Eu não aguento mais Mac.
A abracei e naquela noite tive minha primeira sessão de pesadelos.
Desde que descobrir tudo venho tendo pesadelos constantes em que Stella esta caindo e não consigo segura-la, é como um precipício e ela gritam para que eu a salve, mas eu nunca consigo e então acordo suado e tremendo, olho e a vejo ao meu lado serena e calma dormindo, a abraço e durmo, rumo a outro pesadelo.
Só contamos a Lindsay e Danny e a Jessica e Flack também, choramos todos juntos e por fim vieram as palavras de apoio. Não queria ouvir nada daquilo.
Agora estamos Stella e eu de frente para Caleb, está na hora de ele saber, ele nos encara confuso e eu não sei o que dizer me ajeito no sofá e pigarreio.

– O que esta acontecendo? – ele pergunta aparentemente impaciente.

Stella me olha e passa as mãos nos cabelo e depois diz:

– É complicado meu amor... É difícil...

– É sobre você esta morrendo, não é? – ele falou procurando nosso olhar.

Stella olhou para mim boquiaberta e dei de ombros como se dissesse: “Não falei nada pra ele, estou tão surpreso quanto você”, ela voltou a olhar para ele e falou:

– você sabia?

Ele assentiu.

– Eu sabia. Ouvi vocês conversando quando estavam sentados a mesa, mas pensei que vocês iriam querer me contar, então esperei. – falou e abaixou o olhar.

– Então você entende? – Perguntei por fim

– Não, na verdade não. Não quero perder mais ninguém Mac. – Falou elevando a voz estava quase chorando.

Stella se ajoelhou a sua frente e envolveu as mãos dele nas dela.

– Me desculpe. – pediu e ele a abraçou.

– Você é um anjo, acho que Deus precisa de você. – Foi só o que ele disse e depois começamos a chorar de novo.

Naquela mesma noite, estava sentado em frente ao computador como fazia ah dias, estava procurando algo, qualquer coisa, eu só queria salva-la.

– O que esta fazendo? – ela perguntou entrando na sala, tinha ido por Caleb para dormir.

– Tem que haver uma saída, qualquer coisa... – falei sem tirar os olhos do computador.

– Mac...

– Não posso aceitar isso Stella... – ergui os olhos pra ela e ela me olhava seriamente – Preciso de você. – falei.

Ela se aproximou de mim e deixei que ela se sentasse em meu colo, ela passou os braços pelo meu pescoço e me deu um beijo de leve nos lábios.

– Eu também preciso de você. – falou com a voz suave.

– Então me deixe achar uma maneira de te salvar... – apontei para a tela do computador.

– Mac – ela segurou meu rosto nas mãos fazendo com que eu a encarasse – Eu não quero ser salva, já conversamos sobre isso, eu não agüento mais.

– Me perdoe se estou sendo egoísta, mas não sei o que fazer... – encostei a cabeça em sua barriga e deixei as lágrimas rolarem.

–Não se preocupe, você esta fazendo tudo direitinho. – falou alisando meu cabelo.

Levantei a cabeça e com o rosto todo molhado das lágrimas perguntei:

– Esta com medo?

Ela sorriu de leve e me beijo, por fim respondeu:

– Sim, mas como já disse: Você está fazendo tudo direitinho. – deu uma piscadela e continuou – Você esta me mantendo longe de qualquer medo.

A abracei e depois fomos para a cama, nos abraços e dormimos, mas uma coisa não saiu da minha mente: “Deus estava mesmo precisando do meu anjo da noite?”...
Nas noites que se seguiram orei todas às vezes antes de dormir, suplicando que Deus entendesse que eu a amava e perguntando se ele poderia da mais um tempo para nós.
Afinal ainda tínhamos que nos casar.