O anjo da Noite escrita por Amanda Yvina


Capítulo 10
Capitulo 10


Notas iniciais do capítulo

Bom dia.
Primeiramente obrigadão pelos comentários do outro capitulo, mas percebo que algumas pessoas me abandonaram, os comentários estão diminuindo :(
Enfim, bom final de semana e espero que gostem desse capitulo.
Ps: Tentem não me odiar.
:) Bjs e boa leitura.



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Um mês havia se passado desde aquele dia e decidir que não tocaria mais naquele assunto, estava decidido a me manter longe de qualquer duvida e tentar não sufocá-la, só queria que ela fosse feliz.
Numa manhã de chuva e muito frio acordei com o despertador: 06h50min... Dei um pulo da cama, estava atrasado, devia chegar ao laboratório as sete.

– Pra onde você vai? – Ouvi Stella perguntar, ela vinha saindo do banheiro.

Comecei vestir as calças apressado – Para o trabalho amor, estou atrasado! – respondi.

– Você esta de férias Mac! Já conversamos sobre isso – ela disse prendendo o cabelo no auto da cabeça e soltando alguns cachos.

– Stella... – falei praticamente implorando e ela sorriu.

– Não Mac Taylor! Como sua chefa eu proíbo você de voltar ao laboratório antes do dia certo.

– Que chefe proibi os funcionários de ir trabalhar?

– Eu! – falou fazendo cara de séria e dessa vez eu sorri.

– Bem... Que pena que você é só me minha chefa... Nem vou poder te abraçar e te beijar e te jogar na cama e fazer o que eu quiser... – falei chegando perto dela e passando minha mão por sua cintura enquanto lhe sussurrava no ouvido.

– Mac... Assim cometerei assédio – falou lentamente, o desejo estampado em sua voz.

A virei e a beijei intensamente, ferozmente e apaixonadamente, seu corpo pequeno e delicado se encaixava perfeitamente ao meu, soltei seu cabelo e mergulhei as mãos neles e com a outra mão segurei mais firme sua cintura.
Quando ambos já estávamos ficando sem ar paramos o beijo e continuamos abraçados, ela cheirava a hortelã como sempre, mas como já havia notado antes ela estava mais magra.

– Amor, esta se alimentando bem? – perguntei

Ela se endireitou e sorriu de leve – sim amor. – respondeu.

– Estou achando você mais magra – falei

– Toda mulher ama ouvir isso! – ela respondeu sorrindo e me dando um beijo na bochecha se afastou para prender o cabelo novamente.

Percebi que ela fugiu da minha pergunta, mas deixei pra lá e voltei a me deitar.

– Caleb vai chegar hoje? – perguntei, ele havia ido passar o final de semana na casa de um amigo da escola.

– Sim, lá pras três ele vem. – falou passando batom.

– O que farei o dia inteiro? – perguntei olhando ao redor.

– Descansar, dormir... Ficaria feliz se você pedisse comida mexicana...

Sorrimos e nos entreolhamos... Nunca vi mulher tão linda quanto ela.

– Vou ficar entediado...

– Mac Taylor pare de fazer a cara do cachorro que caiu do caminhão de mudança... – me repreendeu.

– Esta funcionando?

– Definitivamente não.

Ela ficou séria por um momento e depois caiu na gargalhada, eu amava aquele som, a risada é a lembrança mais forte que tenho, amava ver ela rindo até ficar sem ar.

– Você é bem cruel... – falei fingindo esta ofendido.

– tudo por um bem maior... – ela foi até a cama e me beijou de leve nos lábios – Eu te amo Mac.

– Também te amo Stella. – respondi e momentos depois ela havia indo embora.

Depois de meia hora sai e fiz algo que ah um tempo não fazia, eu contrário do que pensam eu não me esqueci das pessoas que por muito tempo foi minha família, praticamente todas as noites eu e Stella saímos pra deixar comida e bebida pra todos, mas não dar pra conversar então a muito tempo não converso com eles.
Uma das pessoas que eu sempre procurava quando precisava de um conselho ou algo do tipo era o Noah, ele era um senhor de quase noventa anos e vivia nas ruas a mais de meio século, tinha uma barraquinha e sempre lhe davam comida, ele havia ido parar nas ruas desde que veio do interior procurar trabalho, ele disse que não era triste nem desesperado e que a inveja nunca o atingiu, ele tinha tudo de que precisa e já tivera um amor verdadeiro, então não precisava mais de nada.
Quando cheguei em frente seu barraco me inclinei um pouco e o vi sentado num banquinho velho com um cigarro e um casado azul que ele sempre usava, sorriu para mim e fez um gesto para que eu entrasse.
Tive que me agachar um pouco para caber lá dentro, me sentei noutro banco velho e descascado enquanto ele me observava.

– Mac, muito bom te ver... – sua fala era arrastada, mas ao contrário de qualquer crença ele parecia muito saudável.

– Quanto tempo Noah. – falei

– Como vai a sua namorada? – ele não me olhava nos olhos, à catarata avançada já o havia tirado a visão do olho direito e o esquerdo estava comprometido.

– Praticamente minha esposa... Vou pedi-la em casamento. – Era verdade, eu realmente vou pedi-la em casamento.

– Isso é muito bom! O amor verdadeiro não vê diferenças nem problemas...

– Tenho medo de estar me precipitando... – Falei por fim.

– Você a ama? – ele perguntou dando uma tragada no cigarro.

– Mais que tudo.

– Então vá em frente, não a coisa pior do que pensar naquilo que deveria ter sido feito. Em relação ao amor tudo é incerto, e é uma aventura incrível viver essa incerteza.

– Você tem razão! – falei decidido soltando o ar que nem sabia que estava prendendo.

– Sou apenas a parte sensata da sua consciência falando. – ele sorriu e virou-se para o outro lado.

– Noah? – chamei

Ele se virou para mim como se nunca tivesse me visto antes e eu já sabia o que esperar.

– Quem é você? – ele perguntou estreitando os olhos.

– Sou o Mac. – respondi como sempre fazia.

– Nos conhecemos? – falou inclinando a cabeça um pouco pro lado e sentindo um dor no peito respirei fundo e lhe expliquei tudo do começo.


Uma hora e meia depois voltei ao apartamento com os ensinamentos de Noah na cabeça, olhei a hora e decidir que iria almoçar no restaurante perto do laboratório, se desse sorte encontraria Stella.
Tomei banho e troquei de roupa, uma camisa branca, calça jeans e um casaco bem grosso, cachecol, luvas e botas, pronto.
Quando procurava minha carteira na cômoda vi algumas folhas e decidi que Noah tinha razão, pedi-la em casamento seria a coisa certa a fazer, eu a amava e quem se ama faz tudo dar certo, pensei um pouco e decidir escrever algo para ela, uma carta de amor, só pra demonstrar um pouco quanto a amo, na volta do restaurante compraria um presente.
Comecei procurar por uma caneta ou um lápis, não achei de imediato e lembrei que vi Stella guardar as canetas numa caixinha dentro de uma gaveta, mas qual? Qual gaveta? Procurei, procurei e procurei, só faltava uma gaveta a última da cômoda, me agachei e a abri, vasculhei um pouco e antes de achar a caneta achei uma chave, pequenina o suficiente para passar despercebida, mas algo dentro de mim deu um click, era a chave do armário do banheiro.

– Não posso fazer isso... – falei me levantando com a chave na mão, sentia que ela queimava, talvez fosse só impressão, mas parecia que ela pesava mais do que parecia.

Depois de alguns minutos de duvida fiz algo que me arrependeria pro resto da vida, lentamente fui até o banheiro, olhei para os lados e virei o pequeno cadeado, procurei onde encaixar a chave e com o pequeno barulho ele se abriu, a curiosidade humana, devo dizer, é o que nos coloca em situações boas e outras horríveis, situações que às vezes poderiam ser evitadas.
Quando abri o armário fiquei estático, mudo e sem entender nada, havia uma infinidade de remédios e alguns papéis, eram... Exames.
Peguei o primeiro frasco de remédio li a discrição, os componentes... Os exames... Fui até o computador e digitei algumas coisas e logo cheguei à triste conclusão, me levantei praticamente me arrastando, era impossível raciocinar, meu mundo estava desabando, minhas mãos tremiam e os papeis dos exames estavam espalhados pelo quarto.
Desnorteado... Zonzo... Perdido... Tudo girando... O mundo desabando lá fora e o quarto sendo iluminado pelos relâmpagos... Eu desabando no chão... A Porta abrindo... Stella entrando no quarto e ficando parada na porta com as mãos na boca abafando um grito... Eu chorando a encarando... A dor...

– Mac por que você fez isso? – a ouvi perguntar ao longe, sua voz era nada mais que um sussurro rouco e sufocado pelo barulho estridente em minha mente praticamente insana.

Me levantei apoiando na cama, demorei um pouco para me estabilizar e olhando para ela por cima das lágrimas falei:

– É verdade?

Ela soluçava e me encarava com algo como desapontamento e dor nos olhos.

– É. – respondeu.

– Não pode ser... – falei segurando na parede para não cair.

– Mac, eu... – as palavras ficaram suspensas no ar.

– Stella você tem AIDS... – terminei pra ela com amargura na voz e mãos tremulas.

– É Mac, nasci com o vírus e a doença evoluiu... – ela veio até mim e senti seus braços me envolvendo – estou morrendo Mac... – sua voz era nada mais que um sussurro.

Estava estático e vi pela janela um passarinho nos olhando enquanto os relâmpagos iluminavam o quarto e o céu desabava em chuva e trovões, quem de longe nos via no quarto presenciou uma cena mórbida e triste.
Um homem encostado a parede com os olhos vermelhos e uma linda mulher soluçando com o rosto enterrado nas costas do homem, ambos tentando estancar a maré de dor.


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Notas finais do capítulo

Até os comentários ♥