Meia hora andando sem rumo parei numa praça e me sentei num banco de cimento descascado, pessoas iam e vinham e nenhuma parecia se importar com nada a não ser com seus próprios problemas. Mas quem pode julgá-las? Eu também não consigo me importar com os problemas alheios.
Me peguei repassando várias e várias vezes a briga, e cada vez mais eu percebia o quanto fui egoísta e hipócrita.
Num ato impulsivo peguei o cartão que parecia queimar no bolso da jaqueta, o olhei e peguei o celular, quando comecei digitar o número uma mão pousou em meu ombro.

– Espero que esteja ligando pra mim, ficaria muito triste se você tivesse outro melhor amigo. – Me virei e dei de cara com Danny em pé, ele parecia exausto.

– Danny! – falei surpreso.

– Posso? – ele perguntou indicando o banco me afastei e dei espaço para ele sentar.

– Danny como me achou? – perguntei guardando o cartão discretamente.

– Sou detetive lembra?

– Essa deve ser a parte ruim de ter amigos detetives, não é?

Danny riu.

– Deve ser Mac.

– Danny eu não sei o que fazer... – confessei

– Mac a Stella ta arrasada, Lindsay ficou com ela no apartamento...

– Você acha que eu não sei?! Mas ela não me contou que já foi casada e sem contar outras coisas.

Danny se enrijeceu e me encarou.

– Como você soube sobre o casamento?

– Frank me contou... Acho que esse era o nome dele... – falei sem muita certeza.

– Maldito! – praguejou passando as mãos no cabelo.

– Você o conhece? – perguntei

– Claro! Todos conhecemos, aquele homem acabou com a vida da Stella.

– O que ele fez?

– Ele batia nela, aconteceram tantas coisas e ele acabou sendo preso, mas a família dele é muito importante para ele continuar preso ou algo do tipo.

Senti minhas mãos gelarem e meu coração acelerar, senti como se meu estomago tivesse encolhido.

– Por que ela não me contou isso?! – falei ainda surpreso.

– Por que ele é um psicopata! Mac ele é a pior pessoa que você irá conhecer. Ela devia estar tentando te proteger.

Passei as mãos pelo cabelo me sentindo ridículo e levantei.

– Danny eu não sei... Sinto-me a pessoa mais estúpida do mundo. – assumir.

Ouvi passos e logo ele estava ao meu lado.

– Bem, talvez a Stella goste de estúpidos! – seu tom irônico me fez rir e minutos depois estávamos voltando ao apartamento.

Quando chegamos em frente ao prédio meu coração batia descompassado e Danny me deu um tapa nas costas.

– Vai ficar tudo bem, no máximo você vai levar um vaso na cabeça assim que entrar!

Sorrir de nervosismo e assenti.

– Otimista da sua parte. – falei.

Quando cheguei à porta pensei em abrir de imediato, mas parei e respirei fundo, espero que ela me perdoe, pensei.
Danny havia ficado no saguão esperando por Lindsay.
Quando enfim entrei vi Stella sentada no sofá com uma caneca preta nas mãos e os olhos vermelhos, devia ter chorado, me senti ainda pior, quando ela me viu se endireitou e depois de um tempo desviou o olhar.
Vi Lindsay saindo do quarto com Lucy nos braços e Caleb ao seu lado, ele tinha uma mochila nas costas.

– Onde vão? – perguntei

– Pensei em levar caleb pra passar o fim de semana lá em casa se não se importar... – Lindsay explicou

– Posso Mac? – ele pediu, senti um pouco de tristeza em seu rosto e tom de voz, ele também deve ter chorado. Droga!

Apenas assenti com a cabeça me sentindo cada vez pior, quando eles passaram por mim em direção a porta pensei que caleb fosse me abraçar, mas ele desviou de mim e saiu de cabeça baixa.

– Não erre nunca mais com ela. Ela é a melhor pessoa que você vai conhecer. – Lindsay sussurrou perto do meu ouvido.

– Eu sei. – falei sem tirar os olhos de Stella.

Quando todos saíram e ficaram só eu e ela, tirei a jaqueta e a joguei no sofá, dei a volta e me ajoelhei aos seus pés. Agora podia ver seus olhos ainda mais vermelhos e os cabelos desgrenhados, sua expressão era séria e distante, senti que meu coração estava se quebrando e eu até podia ouvir os cacos caindo no chão.

– Desculpa... – comecei e ela tocou meus lábios com os dedos frios e trêmulos.

– Não diga nada. – pediu.

– Stella eu te amo. – falei pegando suas mãos e as envolvendo nas minhas.

– Eu também. – falou e algumas lágrimas caíram de seus olhos iluminados.

– Como pode ainda agir assim depois de tudo que eu disse? – perguntei sentindo der repente a urgência de seus toques.

Ela pensou um pouco e depois me puxou para um abraço forte e por fim falou em meu ouvido:

– Eu não sei... Deve ser por que eu te amo mais que tudo.
Não conseguia encará-la nos olhos e me contentei em olhar para a janela atrás dela, até que por fim seus dedos percorreram meu rosto e seus lábios doces e macios tocaram os meus, levemente acompanhei seu ritmo e logo após nossas línguas se enroscaram tornando-se uma só.
O Beijo de Stella era doce, seu toque era macio, seus cabelos pareciam sedas e seu corpo era quente e me aquecia até a alma. Minha vida era ela percebi naquele mesmo momento.