Nico

Fui acordado por alguém me beijando, abri os olhos e encarei aquela imensidão azul e aquele sorriso, ser acordado desse jeito faz até valer a pena acordar cedo.

– Bom Dia! – Diz Will com muita animação.

– Posso dormir mais? – Pergunto já sabendo a resposta.

– Não, é hora do café e você precisa dar uma resposta ao Quiron – Will diz se levantando.

– Fala para ele que vou levar você, o que faz muito sentido já que é meu namorado – Digo puxando meu cobertor e fechando os olhos.

– E quem mais? – Ele pergunta puxando meu cobertor.

– James e Drew – Respondo – Confio nele e acho que você confia nela.

– Nico, já pensou que ao me escolher para a missão está se assumindo para todo mundo? – Ele pergunta um pouco nervoso.

– Não – Digo me sentando na cama e olhando para ele – Quer saber não me importo com o que as pessoas possam dizer, enfrentei o tártaro sozinho então eu posso enfrentar as pessoas com você.

Will sorri para mim e me da um beijo rápido. Trocamo-nos rapidamente e fomos para o café. Saímos do meu chalé de mãos dadas, senti que todas as pessoas olhavam para nós.

– Não sei se as pessoas estão com essa cara de quem viu um fantasma pela minha volta ou pela sua opção sexual – Diz Leo se sentando à mesa de Hades com Calipso – Sabe Nico você ainda não me apresentou o raio de sol direito.

– Raio de sol?- Pergunta Will olhando para mim.

– Ele gosta de dar apelidos para todo mundo – Respondo – Leo esse é Willian Solace. Will esse é Leo Valdez.

Logo todos os meus amigos chegaram, a volta de Leo fez tudo ficar mais animado. Como tudo que é bom dura pouco, eu ainda tinha uma deusa para salvar. Falei para todos quem eu decidi que iria comigo.

Arrumei tudo que eu iria levar comigo e fui para o topo da colina esperar meus amigos. Quando todos chegaram Drew sugeriu que fossemos para o centro Nova Iorque, pois seria um bom lugar para começar.

Aquela aglomeração de pessoas pelas ruas da cidade me deixava nervoso de uma forma desmoderada.

– Relaxa – Disse Will segurando a minha mão.

– O que vamos fazer? – Pergunta James.

– Podemos perguntar se alguém viu minha mãe por aqui nos últimos dias – Drew sugere.

– Vamos fazer isso e procurar um lugar para passar a noite para que consigamos organizar as ideias e fazer um plano, todos de acordo? – Pergunto.

– Sim – Responde Will – Para onde vamos primeiro?

– Quinta avenida – Responde Drew rapidamente – Tiffany’s!

– Essa Tiffany sabe onde a Vênus está? – Pergunta James.

Realmente não entendi a animação da Drew com a tal moça, fiquei realmente aliviado quando James fez a pergunta que eu queria fazer. Me senti completamente confuso quando Will e Drew começaram a rir excessivamente.

– Tiffany’s é a loja mais perfeita de joias em minha opinião - Explicou Drew.

– Isso me lembra Audrey Hepburn em Breakfast at Tiffany's, gosto tanto desse filme – Will diz empolgado.

– Isso foi uma das coisas mais gays que já ouvi – Diz Drew.

– Eu sou gay, ou acha que namoro o Nico por alguma outra razão inexplicável? – Will diz rindo.

– Vamos logo porque não sou obrigado – Digo.

Fomos até a loja e conversamos com uma atendente, depois de muito tempo e um incentivo em dinheiro feito por Drew, ela respondeu as nossas perguntas. A atendente nos informou que Afrodite tinha passado lá alguns dias atrás dizendo que precisava estar impecável para ganhar a competição.

A grande questão era: que competição? Não sabíamos nem por onde começar a procurar. Vida de semideus não é fácil, temos que impedir guerras e procurar deuses desaparecidos.

– Vamos para a minha casa – Sugere Drew.

– Vamos – Aceito a sugestão – É muito longe?

– Nem um pouco, é nessa rua mesmo – Drew explica – Afinal não é só Blair Waldorf que mora no Upper East Side.

Aquela casa era um dos lugares mais lindos que já estive com toda certeza. Nos sentamos na sala e começamos a conversar sobre a missão. James começou a anotar as coisas que já sabíamos – quase nada- fiquei quando ele anotou que tínhamos 7 dias para a missão, ao lado ele anotou a data de hoje, isso me fez lembrar que dia realmente era.

Parei de prestar atenção em tudo ao meu redor, não acredito que esqueci como eu pude? Queria gritar, chorar e correr, tudo ao mesmo tempo. Todas as lembranças daquele dia me vieram à mente, senti medo, raiva, tristeza, tudo isso tomou conta de mim naquele momento.

Acho que fiquei fora do ar por tempo demais, porém eu não conseguia voltar de volta à realidade, minha mente estava uma bagunça, meus sentimentos estavam uma bagunça, tudo que eu queria era me achar em meio a isso tudo.

– Nico!! – Ouço James gritar – Estamos falando com você.

– Eu preciso de ar – Digo me levantando.

– Não temos tempo – Will diz – Isso é mais importante.

– Não é – Respondo irritado.

– Será que você consegue agir como o líder dessa missão? Precisamos de você e da sua atenção, não da para você ficar parado com essa cara de que alguém morreu, tem que nos ajudar...

– Cala a boca! – Grito com raiva – Você não sabe de nada! Eu vou sair antes que eu perca o controle Solace.

Sai de lá e fui em direção ao elevador, minha cabeça parecia estar cada vez mais rápida, como eu pude esquecer o aniversário de morte da minha irmã, Bianca ficaria triste comigo. Não sabia se estava mais culpado por Bianca ou com raiva de Will. Entrei no elevador e me surpreendi ao ver quem estava lá.

– Não se culpe tanto – Ele disse – E não fique com tanta raiva dele também.

Eu reconheceria aqueles olhos vermelhos em qualquer lugar. Ele podia estar sem as armas e as asas, mas eu conseguia identifica-lo. Ele estava mais bonito, se é que isso é possível.

– Cupido – digo – O que faz aqui?

– Ajudando um velho amigo – Ele responde olhando para mim – Venha comigo que achará algumas respostas.

– Não sou seu amigo – Falo – E não confio em você.

Ele segura o meu braço e de repente sinto que fui sugado por um buraco. Abro meus olhos e reconheço o lugar para onde ele me levou, o cemitério onde minha mãe e Bianca estão enterradas na teoria.

– Achei que iria se sentir um pouco melhor se te trouxesse aqui - Cupido diz – Lembra o que eu te disse da ultima vez que nos vimos?

– É um dia que eu realmente tento esquecer – Respondo.

– Você tem que desculpar o filho de Apolo – Cupido diz serio.

– Ele não podia falar daquele jeito, não hoje – Digo irritado ao lembrar a cena de alguns minutos atrás.

– Ele não sabe que dia é hoje, lembre-se disso. Você não contou – Ele diz calmamente – O amor não é brincadeira, exige tudo de você. Já te disse isso, precisa ter paciência, precisa confiar nele e contar como se sente e o que houve.

– Por que está dizendo isso? – Questiono.

– Quero te ajudar, você é um garoto intrigante, gosto de você apesar dos nossos mal entendidos – Ele explica – Converse com ele, confie, isso é muito importante. O amor pode machucar, mas também pode curar, você escolhe o que vai querer. Feche os olhos.

Obedeço, quando abro meus olhos estou de volta ao elevador. Cupido com certeza é um dos deuses mais estranhos que já conheci, mas o amor é assim afinal. Por incrível que pareça eu gostei da conversa.

– Você vai precisar disso – Ele diz me entregando uma rosa branca.

– Para? – Pergunto segurando a rosa.

– Você precisa provar o seu amor, a rosa ira te ajudar. Ela vai começar a ficar vermelha cada vez que acertar no caminho para comprovar o amor que há entre você e o filho de Apolo – Cupido esclareceu – Alias minha mãe adora participar de concursos de beleza, sabia? Como se houvesse a possibilidade dela perder.

Ele foi embora e me deixou sabendo exatamente o que fazer, primeiro conversar com o Will, depois buscar Afrodite. Entrei no apartamento de Drew e Will veio correndo me abraçar.

– Desculpe! Eu não sabia – Will disse – James me contou, sinto muito.

– Não precisa pedir desculpa você não sabia. Eu devia ter te contado – Falo – Eu te devo desculpas por não te contar, vou te falar tudo a partir de agora afinal você é meu namorado.

– Você não sabe o quanto isso é importante para mim – Diz Will sorrindo e me dando um beijo rápido.

– Drew sabe onde está tendo um concurso de beleza atualmente? – Pergunto me direcionando aos meus amigos que estavam no sofá.

– Tem o miss Estados Unidos em Miami – Ela responde.

– Então vamos para lá agora se possível – Digo.

Começamos a arrumar tudo que levaríamos comida, primeiros socorros e etc. Confiro minha mochila para saber se tudo está em ordem, coloco a rosa que o cupido me deu, vejo que algumas pétalas estão vermelhas, o cupido tinha razão sinceridade e confiança eram o primeiro passo.