Acordes Perdidos escrita por Gabriel Galvão


Capítulo 19
Vermelho lá vai violeta


Notas iniciais do capítulo

Acorde encontrado na província de Siracusa, Itália:



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Talvez um pote de ouro fosse a solução ingênua que uma criança visse para a situação. Crianças sonham alto, como ilhas flutuantes, e criam a ponte de escape mais perfeita da realidade. Pode-se dizer que o sonho é a única coisa perfeita nessa realidade. Irônico, não? Os jovens são mais sujeitos às respostas simples. É como contar os meses nos punhos, uma pura mnemônica para se lembrar de tudo que precisa, e esquecer tudo que fica do outro lado do arco-íris, o lado que nunca para de chover.

Filtros.

Contando os planetas enquanto murmura, tudo é um motivo para se lembrar, para transformar as recordações em felicidade, para ter tudo te abraçando. Mas a ventania do tempo que anuncia um temporal é mais forte e te arranca as contas. Você já nem mais lembra a ordem das cores do arco-íris não é? Você nem sequer lembra se mora do lado da chuva ou do Sol.

Sim, um pote de ouro é a solução. O fim do arco-íris, longe do gotejar incessante das almas que imploram pelo fim ao mesmo tempo que lamentam a morte. O gotejar que ao divisar a luz na atmosfera, cria a refração luminosa que encobre o céu. O outro lado do oceano não é tão ruim assim então... Ele não nos ajuda? Nós não precisamos uns dos outros para sermos felizes? Isso é apenas um pensamento de criança?

Só crianças gastam suas falas com interrogações. Adultos não tem esse direito, eles só se permitem exclamar. Dúvidas são algozes.

Vamos, cante comigo... Mesmo que você seja maior que eu, mesmo que não, somos ambos seres humanos? Não importa de que ângulo vemos as sete cores, a ordem nunca muda: Vermelho, Laranja, Amarelo, Verde, Azul, Índigo e Violeta... É como uma música! Cante comigo, Vermelho lá vai violeta...

Mas porque o violeta já se vai?! Eu... Porque eu disse isso? Ele nunca se vai... Num passar de barco entre os dois lados da luz, acabei esquecendo se sou criança ou adulto. Não posso nem duvidar e nem afirmar nada, afinal, nem lembro mais quem eu sou.

Mas mesmo assim, ainda me resta simplesmente admirar. Eu não preciso saber quem eu sou para apreciar o mundo. Apreciar o céu. Afinal, as cores nunca mudam... Prometo que disso, eu não esquecerei. Seja lá quem você for. Ou quem eu sou.


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