The Last Taste - Season 2 escrita por Henry Petrov


Capítulo 18
Fifty Shades Of White


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O.
Sinceramente, estou muito orgulhoso. Pra começo de conversa, esse capítulo tem uma pequena diferença. A primeira metade é narrada pelo Peter, como sempre, mas a segunda vai ser narrada pelo Narrador. "Por que?". Porque assim fica mais impactante.
De qualquer maneira, a primeira metade está repleta de emoções, respostas... Enfim, tudo o que eu tenho prometido desde a primeira temporada e finalmente posso dar.
A segunda metade, eu tentei fazer algo bem poético e bonito, acho que ficou legal. Eu espero que vocês gostem. Bom, era só isso. Boa Leitura (:

PS: Eu escrevi esse capítulo ouvindo NieR Soundtrack - Ancients/Devola. Acho que é de um jogo ou algo assim, mas foi o que eu encontrei pra me colocar no humor, então acho que vocês podem tentar ler o capítulo ouvindo.
PS²: Esse é o penúltimo capítulo antes do Epílogo, só pra constar. Depois do Epílogo, um hiatus de mais ou menos dois meses.



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P.O.V. – Peter Roman

As pessoas nascem. Elas crescem. E depois morrem. Era isso que meu pai costumava dizer. Só que não é tão fácil quanto parece. Existe um enorme abismo entre “nascem” e “morrem”. Elas vivem. Elas marcam nossas memórias, tocam nossos corações, mudam nossos conceitos de determinadas coisas na vida, nos fazem duvidar daquilo que acreditamos. Algumas, conseguem quebrar barreiras, se tornar um exemplo, uma inspiração para milhares de pessoas. Outras, só basta um único olhar e sua vida é colocada de pernas pro ar. E simples assim, de repente, essas pessoas somem. E temos que aceitar isso? Não é justo.

Coisas ruins acontecem às pessoas boas. A vida sempre vai nos jogar pedras e não importa o que façamos, ela sempre vai jogar pedras. Tudo o que nos resta, é continuar desviando, lutando contra as pedras até o fim.

Era isso que eu repetia em minha mente. Eu observava Sophie, deitada em uma cama no meio do nada. Lúcifer nos expulsara da Fortaleza e nossa única escolha era obedecer. Eu não sabia o que aconteceria se um pacto fosse quebrado, tampouco estava querendo descobrir. Nos instalamos em no meio do nada, a alguns quilômetros onde a batalha de Lúcifer e Miguel ocorreria no dia seguinte. Sophie tinha sido colocada em uma cama, no centro do acampamento, com uma pequena tenda aberta, como um velório. Pelo menos, era assim que todos viam. Eu pensava diferente.

–Peter?

Pela milésima vez, Kaitlyn veio falar comigo. Não respondi.

–Eu te fiz um sanduíche.

Ela estendeu uma bandeja de metal, onde o alimento estava colocado. Ao seu lado, um copo de vidro cheio de água. Não esbocei reação alguma. Ela pousou a bandeja em um banco e se sentou na cadeira, ao meu lado.

–Você não pode ficar sem comer. – insistiu.

–Não estou com fome. – minha voz saiu rouca, graças às horas seguidas sem falar.

Kaitlyn suspirou. Seu olhar pousou sobre minha mão, que segurava a de Sophie com cuidado.

–Eu te entendo, ok? Eu ouvi tudo o que você disse ontem. Ela ainda tem pulso, ela ainda respira, muito pouco. – continuou, apoiando sua mão em meu braço. – Você acha que ela está lutando contra a magia da Lâmina, mas Peter, tudo o que ela está fazendo é retardando o efeito. Ela vai morrer de qualquer maneira.

–Se não veio ajudar, é melhor ir embora. – disse, simplesmente.

Ela molhou os lábios, ofendida.

–O que faremos com Miguel e Lúcifer?

Lentamente, voltei meu rosto para Kaitlyn.

–O que podemos fazer?

Ela me olhou pensativa. Voltei meu olhar para Sophie, apertando sua mão. Por fim, levantou, e saiu da tenda. Suspirei e passei a segurar a mão de Sophie com minhas duas mãos.

–Eu não vou te deixar. – falei. – Não vou te soltar por um segundo. Vou ficar aqui, do seu lado.

–Peter?

Desta vez era Rafael. Ele puxou um banco e sentou ao meu lado, um tanto apreensivo.

–O que você quer? – perguntei.

Ele engoliu seco.

–Eu vim dizer que eu sinto muito pela sua...

–Se você dizer perda, vou te dar um soco. – interrompi.

Ele ficou sem fala.

–Achou alguma coisa? – perguntei.

–Nada. – respondeu. – Sinto muito, Peter, mas nada que eu encontrei pode parar o feitiço da Lâmina.

E com essas palavras, saiu da tenda. Sophie piorava a cada instante. Minhas esperanças se esgotavam a cada instante. Só havia uma última coisa a tentar.

De pé, entrelacei minhas mãos sobre o corpo de Sophie. Respirei fundo e comecei.

–Pai Nosso que estás no céu... – comecei. Eu sabei que o Pai não estaria lá para ouvir, mas eu precisava tentar. – ...todo o mal.

Suspirei.

–Amém.

Fechei os olhos e esperei algo. Nada veio.

De repente, ouvi um som atrás de mim.Voltei meu olhar sobre o ombro. De pé, com as mãos unidas sob o colo, estava um homem que eu não conhecia.

Seus cabelos eram castanhos e um tanto longos, mas não chegavam ao pescoço. Seus olhos eram escuros e ele tinha um bigode ralo, como se esquecera de se barbear. Ele usava uma jaqueta marrom e uma calça jeans.

–Triste, não? – disse, se aproximando de Sophie. Sua voz era calma e tranquila, mas carregada de poder. – Triste o que a guerra pode causar a uma pessoa.

–D-Deus? – chamei.

Ele se voltou para mim com um leve sorriso.

–Quem dera, menino. Quem dera. – respondeu. – Meu nome, é Gabriel, O Arcanjo. O mais velho dos quatro, vale ressaltar.

Cumprimentei-o com o leve aceno da cabeça.

–Achei que estivesse morto.

Ele resmungou.

–Minha alma foi despedaçada, sim. – explicou. – Mas, eventualmente, os pedaços se reencontram. O mesmo aconteceu com Rafael.

–O que está fazendo aqui?

–Após a morte de meu Pai, tomei suas responsabilidades. Entre elas, atender às preces. – contou, sério. – E não é fácil, acredite. Mas quando ouvi sua oração, era simplesmente impossível para mim, imaginar que, um demônio tivesse a ousadia de... Orar.

Engoli seco.

–Você ficaria surpreso do que eu seria capaz num momento desses. – retruquei.

–Oh, não estou o julgando, não! – riu. – Pelo contrário, sua atitude é o que me trouxe aqui. Veja, meus irmãos criaram energias distintas e muito poderosas, a Graça e o Poder.

Ele tomou o ar com orgulho.

–Mas a energia mais poderosa de todas, é a Humanidade. Ela não sai da sua mão ou é criada a partir de palavras. Ela nasce com a gente. É a magia mais imprevisível, misteriosa e poderosa de todas que você pode imaginar.

–Está exagerando. – disse.

Ele negou silenciosamente.

–Se eu estivesse exagerando, você se tornaria pó assim que pronunciou “Pai Nosso”. Seu desespero, seu carinho pela mulher que ama, anulou completamente qualquer obstáculo no caminho de sua salvação. – explicou. – Como eu disse, a mais imprevisível, misteriosa e poderosa de todas. Nunca subestime a Humanidade, Peter, pois sem seus sentimentos, você não teria passado por metade do que já viveu.

Ele voltou seu olhar para Sophie.

–Sinceramente, desejei que nunca mais tivesse que vê-la.

Ergui uma sobrancelha.

–Você conhece ela? – perguntei, confuso.

–Desde que nasceu. – continuou. – Pequena Sophie nasceu com um problema. Um buraco em sua alma, um enorme espaço em branco que deveria ser preenchido por Poder, mas por uma deficiência, ela nasceu sem. Acho que lembra do que aconteceu com sua meia-irmã ao chegar em Kraktus, Peter.

Assenti.

–Ela era humana e humanos não podem viver em Kraktus. Ela começou a sufocar. – lembrei.

–O mesmo acontecia com Sophie. Ela não tinha Poder o bastante para viver em Kraktus.

–Ela me contou essa história. A mãe dela se sacrificou para que ela vivesse, né? – lembrei. Ele ergueu uma sobrancelha. – Mas depois de um feitiço, ela teve uma visão diferente. Quem salvava ela era um...

Gabriel sorriu.

–Homem... – completei. – Era você?

Ele assentiu.

–Miranda era uma bruxa. Teve sorte em se casar com Duncan, demônio e Rei de Kraktus. Ao ver que sua filha estava em seu leito de morte, ela fez o mesmo que você, Peter. Esqueceu tudo o que ela era, tudo o que ela cresceu acreditando, e rezou, esperançosa. E eu sou o mais sábio de meus irmãos, Peter, pra mim, não existe preto e branco. Existe algo no meio. Dos três, eu sou o único que carrega o verdadeiro legado de meu Pai: faça o bem, sem ver a quem. E isso me rendeu o maior erro de minha vida, apesar de que eu nunca me arrependi.

Troquei o peso de uma perna para a outra, atento.

–Uma única vez, eu cometi o erro de me apaixonar. Veja, Peter, eu criei a Humanidade e acoplei-a para mim. – contou, encarando Sophie. – Junto com ela, passei a amar. Pena que não vi logo de cara que a mulher por quem me apaixonei: uma bruxa. Apesar de cortar relações com Judy, prometi a ela que sempre estaria do seu lado, mesmo após a morte. Isso incluiu todas as gerações futuras. Miranda, conhecia esta lenda que um Anjo estava comprometido a proteger sua família. E assim, ela rezou. E assim, eu apareci e salvei sua filha.

–Eu sei o que acontece, ok? – interrompi. – Já sei como você a salvou antes. Quero que as salve agora.

Ele respirou fundo.

–Ah, você não sabe o que acontece. - suspirou. – Bom, eu não tenha nenhum poder sobre... Poder, então não poderia preencher o espaço vazio.

Meu coração começou a bater loucamente.

–O que você fez?

–Três gotas. – respondeu. – Três gotas em seu sangue e tudo estava resolvido. Três gotas de Graça. Da minha Graça.

–Mas se Sophie tinha Graça em seu sangue... – minha cabeça pipocava de perguntas. – O que isso fazia dela? Um Anjo-Demônio?

–Um demônio com todas as vantagens de um anjo. – respondeu.

Foi como se uma avalanche de perguntas e respostas me atacasse.

–Hanna... Hanna não voltou porque foi morta por Sophie. – lembrei. – Porque Sophie tinha sangue de Anjo. Além da Lâmina, apenas um Anjo pode matar outro Anjo.

–E Janel Malahatch... – começou Gabriel.

–Ela bebeu o sangue de Sophie achando que quebraria a maldição dos Malahatch, mas assim que ela bebeu o sangue, ela virou pó!

–Sangue de Anjo é tóxico.

–Ela disse que tentou quebrar o quinto selo com Patrick, um anjo de Anakyse...

–Mas não quebrou, porque para quebrar o quinto selo, um Anjo e um Demônio deveriam ser um só. E Sophie tinha sangue de Anjo, por isso não quebrou.

–Em Redmont, quando ela fez o feitiço e parecia que não ia conseguir, ela brilhou... Brilhou com uma luz branca.

–Aquele feitiço abusou muito dela. Teve que recorrer à Graça em seu sangue.

Escondi meu rosto em minhas mãos por alguns instantes.

–Eu não acredito nisso. – murmurei.

–Mas é a mais pura verdade. – disse Gabriel. – Agora, vamos resolver o problema que ela tem atualmente. Lâmina de Cain, certo?

Assenti, ainda me recuperando do choque.

Ele tocou sua testa levemente.

–Hum... - resmungou. – Ela está quase destruída. Sua Graça é a única coisa que ainda a mantém viva, mas logo vai cessar.

–O que você pode fazer?

Ele suspirou.

–Eu posso salvá-la sim. – respondeu. – Mas veja, da última vez que impedi um evento da natureza, a morte, houve consequências. A menina cresceu sem a mãe, que morreu como sacrifício, e sem o pai, que morreu de tristeza. A natureza vai revidar novamente. Além disso, o futuro será diferente do que devia, logo eu precisarei de algo para mantê-lo nos trilhos. Logo, você terá que pagar duplamente. Tem certeza do que quer?

–Como sabe como o futuro será? – perguntei.

–Fui o único a herdar o dom de meu Pai. – respondeu, ríspido. – Você aceita esses termos?

Olhei para Sophie, pensativo.

–Ela ficará bem? – perguntei.

Ele assentiu.

–Mas não tenho certeza se posso dizer o mesmo de você. – concluiu.

Suspirei e voltei meu olhar para ele.

–É o bastante pra mim. – murmurei. – O que você quer?

–O Poder dos Morgan.

Ergui uma sobrancelha.

–Como isso vai ajudar em alguma coisa? – perguntei.

–Você aceita ou não?

Balancei uma perna, nervoso.

–Aceito. – respondi, enfim.

Ele piscou.

–Está feito. – disse, simplesmente. – O Poder dos Morgan está agora em minhas mãos.

Ele suspendeu suas duas mãos sob o corpo de Sophie e fechou os olhos, se concentrando.

–O que vai fazer?

Ele demorou um pouco, mas respondeu.

–Gotinhas de Graça não a salvarão desta vez. – explicou. – Só há uma única coisa que eu posso fazer: uma transformação total.

–Transformação em quê?

–Em um de nós.

Por um momento, perdi a respiração.

–Um Arcanjo.

P.O.V. – Narrador

Lúcifer não conseguia se acalmar. Seu corpo todo estremecia com ansiedade. Miguel não esboçava emoção alguma. Ele estava certo de que ele tinha tudo necessário. Afinal, estava escrito, ele venceria Lúcifer.

A trombeta soou. Lúcifer desembainhou sua espada, brilhante à penumbra da luz do Sol. Miguel puxou a sua, resplandecente. Ambos respiraram fundo, com determinação. Eles ergueram suas espadas, decididos, e correram um em direção ao outro, preparando-se para a batalha. Eles esperavam por aquele momento desde que Lúcifer caiu do céu. Foram brutalmente interrompidos da primeira vez e finalmente poderiam acabar com tudo aquilo. Era um dia decisivo.

Porém, uma visão os ofuscou.

Vindos do leste, um tanto longe, duas forças andavam lado a lado. De um lado, um buraco sombrio, negro, pairava sobre a neve. A tristeza, a dor e a agonia o seguia. Do outro, uma esfera de luz, brilhante, andava debaixo do céu laranja. Atrás dela, a felicidade, a alegria e a esperança andavam. Ambos se aproximaram do campo de batalha.

Miguel e Lúcifer estavam estupefatos. Lúcifer estava certo que tinha destruído a Luz, mas ali ela estava. Viva e forte. A Luz puxou seu bastão, que reluziu em ouro aos poucos raios Solares. A Escuridão exibiu sua espada, forjada em prata. Miguel e Lúcifer recuaram devagar, assustados. Então, as coisas tomaram um rumo inesperado. A Escuridão tomou a mão da Luz e ambos andaram como um só, se tornando esta energia mais poderosa do que qualquer coisa que aquele mundo já vira. E assim, eles empunharam suas lâminas, investindo contra seus dois inimigos. A Luz atacou Lúcifer sem misericórdia, dançando sua espada contra a dele. A Escuridão investiu contra Miguel. O Arcanjo não conseguia acreditar o quão forte a Escuridão se tornara. Afinal, ambas Luz e Escuridão estavam mais fortes do que nunca. Sozinhos, eles eram bem e mal. Juntos, eles eram a vida. Eles eram Deus.

Afinal, eles eram feitos de puro Amor.

E assim, Lúcifer e Miguel se encontraram caídos no chão, suas espadas distantes, fora de seu alcance. Ambas Luz e Escuridão ergueram suas lâminas e atravessaram os corações de seus inimigos ao mesmo momento. Eles sentiram a carga de poder se unindo à sua energia. Eles sentiram se tornando, finalmente, capazes de viver os dias melhores que esperavam à sua frente.

Luz e Escuridão...

Peter e Sophie seguraram suas mãos, enquanto seus inimigos, em volta do campo, caíam, mortos pela sua própria crueldade. Eles olharam um para o outro, sentindo a felicidade reinar ao seu lado.

–Eu te amo, Sophie.

–Eu te amo, Peter.

E juntos, seguiram de mãos dadas, em direção à verdadeira Paz.


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Notas finais do capítulo

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