The Last Taste - Season 2 escrita por Henry Petrov


Capítulo 19
The Sun Also Rises


Notas iniciais do capítulo

Ok, eu vou deixar as mensagens de obrigado e adeus até março pro epílogo. O que é que eu posso dizer sobre esse capítulo...? Bom, primeiro de tudo, temos o retorno de dois personagens da primeira temporada e cada um vai interferir da sua própria maneira. Um deles, vai trazer uma notícia alegre para Aslyn. Outro, vai estragar um dia lindo. Além disso, pra quem não notou no capítulo passado, está explícita nesse capítulo outra revelação da segunda temporada, que pra quem notou, nem foi tão impactante assim. Bom, era só isso. Espero que gostem. Boa Leitura (:



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–Ok, ok, pessoal... Vamos todos nos acalmar! – disse Sophie, em meio aos risos.

–Cuidado que eles podem jogar pedras porque acabamos com a bebedeira! – sussurrei em seu ouvido.

Ela riu alto. Vou confessar. Estávamos bêbados.

Mas com razão, né? Afinal, finalmente, tínhamos vencido Lúcifer e Miguel. Toda aquela confusão, havia cessado. Estávamos felizes. Principalmente, depois de Wayland ser “reconstruída” com a morte de Lúcifer. Sophie segurava em uma mão um copo de Scotch pela metade, pois já derrubara meio copo no meio da festa. As pessoas, ainda rindo, se aproximaram do pátio, tentando fazer silêncio. Quando toda a multidão se acalmou, Sophie pôde começar.

–Ok. Bom, como todos sabem, hoje estamos comemorando a vitória de Aslyn... – a multidão gritou vivas. – Mas não foi tudo um mar de rosas. Afinal, muita gente morreu, se perdeu na...

Ela estalou os dedos diversas vezes, tentando lembrar do nome.

–Neve. – completei.

–Neve! – exclamou ela. – Muita gente se perdeu na neve, então essa vitória também foi pra elas. Além disso, aqueles desgraçados, doidos por poder, fizeram um feitiço que os ligavam a todo seu exército e a uma das dimensões-cidade. Logo, com a morte dos dois, Kraktus e Anakyse foram, definitivamente, destruídas. Não sobrou nada, nem mesmo uma terra devastada. Não existe mais.

Um “ah!” uníssono veio da multidão.

–MAS..! – continuou Sophie. – Wayland, a cidade onde tudo começou, foi reconstruída com a morte de Lúcifer! Bom, os registros ainda não existem mais, mas, com uma barreira de proteção, poderemos viver aqui para todo o sempre sem perturbar os humanos!

Ela sorriu e ergueu seu copo, fazendo todos dar vivas.

–Claro que não é só por isso, também porque Graham disse que não quer ver mais nossas caras na Terra e que se ele souber que ainda estamos por perto, ele esfola a gente vivo, então... – murmurou. – Mas de qualquer jeito, vamos fazer eleições para escolher um prefeito pra cidade e...

–Ah, todos sabemos que não tem essa história de prefeito.

Uma voz surgiu na multidão. O povo abriu alas para uma menina no meio de todos. Ela usava um longo vestido branco. Seus cabelos negros e lisos repousavam em seus ombros. Sua pele era branca como a neve e seus lábios eram carnudos, com uma tonalidade rosa. Seus olhos eram castanhos e, no ângulo da luz, pareciam castanhos.

–Ameriel? – chamou Sophie.

Ameriel sorriu.

–Ameriel...? – tentei lembrar.

–A guardiã da tábua dos selos! – exclamou Sophie, descendo do bloco e correndo para cumprimentá-la. – Lembra? Aquela que quase matou a gente?

Foi aí que me lembrei. Fora há quase três anos. Os selos haviam sido guardados em uma tábua, escondidos em uma tumba em Anakyse. Lucy, uma nephirim (cruza de anjo e humano) amiga da mãe de Hanna, nos levara lá para encontrar a tábua, para saber os selos a serem quebrados. Porém, ao chegar lá, nos deparamos com Ameriel, uma garota, que aparentava cerca de dezoito anos, mas que se quisesse, poderia tomar a forma de uma menina de oito, ou então a de uma raposa gigante. Ela nos atacou, pois seu trabalho era proteger a tábua, mas após revelarmos que Deus morrera e que estávamos lá para, indiretamente, libertá-lo, ela decidiu nos ajudar.

–Você foi embora dizendo que tinha uma última vontade a cumprir. – lembrei. – Você conseguiu?

–Vamos ver descobrir. – respondeu.

Ela estendeu uma chave para Sophie. Era antiga, quase reduzida a pó, mas parecia firme, apesar de enferrujada.

–O que é isso? – perguntei.

–Uma chave. A chave. – respondeu Ameriel.

Ergui uma sobrancelha, olhando para Sophie com desconfiança.

–Chave pra quê? – perguntou Sophie.

Ameriel riu.

–Pra quê...! Para o Éden, boba! – riu.

Sophie me olhou, assustada.

–O quê!?

Ameriel cruzou os braços.

–Antes de morrer, Deus me revelou que eu deveria entregar a chave para o verdadeiro Senhor de seu Reino. – explicou.

–E sou eu? – perguntou Sophie, abismada.

–“Um Arcanjo, nascido das cinzas, trará de volta à Terra o que há muito se perdeu. A Luz atravessará o mal com destreza e este será o verdeiro Senhor de Meu Reino.” – recitou.

A boca de Sophie se escancarou em choque.

–Um Arcanjo, nascido do inferno, trouxe de volta à Terra a paz. Sophie atravessou o coração de Lúcifer com destreza e ela é a verdadeira Senhora do Reino de meu Deus. – continuou.

Sophie tomou a chave em suas mãos, sorridente.

Corremos para uma das casas e ficamos de frente para a porta, ansiosos e animados. Todos vinham atrás de nós, inclusive Ameriel. Sophie colocou a chave na porta e girou-a. Uma luz dourada contornou a porta e sumiu.

–Abra! – riu Ameriel.

Sophie puxou a maçaneta, revelando algo um tanto frustrante.

Era uma sala. Uma sala gigante, dourada. Bom, sabíamos que não era dentro da casa, pois não caberia algo tão grande. Ameriel tomou a frente.

–Bem-vindos ao Grande Salão! – exclamou, brandindo os braços e dando uma leve rodopiada.

Sophie e eu adentramos o lugar.

–Aqui é o único lugar comum entre os mundos, onde todos se unem. – explicou Ameriel. – Aqui, é o Universo, onde fica a sua Terra.

Ela apontou para a porta de onde saímos.

–Ali é a Imaginação, uma porta que dá para outro corredor, cheio de portas que dão em mundos fantasiosos criados pelas pessoas que vivem no Universo. – continuou, apontando uma porta escura à direita. – E ali é o Sonho, onde há milhares de portas, que dão nas mentes de todas as pessoas do Universo.

Ela apontou para uma porta branca à esquerda.

–E esse aqui?

Sophie apontou para uma porta à frente. Era dupla e estava rodeada de plantas, vinhas que se enroscavam em volta do portal. As maçanetas tinham chamas entalhadas e a porta parecia ser uma rampa de água, como uma fonte.

–Esse aqui é a mina casa. Éden. – respondeu Ameriel.

Sophie se aproximou.

–Só você pode abri-la. – contou Ameriel. – E só agora que você tomou sua verdadeira forma.

Sophie puxou a maçaneta, sem se molhar. As portas se abriram, revelando outra sala.

Mas esta sala era diferente. De frente para a porta, haviam escadas, que davam em um pátio. No pátio, havia uma fonte que, por um instante, estava congelada. Não congelada, tipo, gelo. Congelada, parada, como se alguém tivesse dado pausa. Sophie aproximou sua mão e a água voltou a correr. De frente para a fonte, havia uma porta dupla estreita, com vidros redondos. Ao abrir, Sophie se deparou com uma sacada, rodeada por um balaústre. À medida que Sophie se aproximava, o vento soprava mais forte, até que se tornou uma confortável brisa. Sophie apoiou as mãos no balaústre e me aproximei para ver melhor.

Era a visão mais bonita que eu já vira.

Floresta para todo lado, com vários lagos e clareiras. Ao longe, uma praia cristalina, iluminada por um sol jovem e brilhante. Haviam três outros castelos espalhados pelo lugar.

–O de Gabriel, – apontou Ameriel. – o de Miguel e o de seu Pai, onde Rafael morava com ele.

–E aqui? – perguntei.

–Lúcifer. – respondeu. – Claro que foi destruído na guerra que expulsou Lúcifer daqui, mas ainda serve sim.

–Olha, Peter! – exclamou Sophie, apontando para o centro do Éden.

Havia um enorme buraco. Sim, um buraco. Largo e expanso, a única coisa que desentoava a beleza do lugar.

–A Árvore da Vida. – lembrei. – Foi movida para Animus, o mundo dos mortos.

Ameriel assentiu.

–O Éden é lindo. – disse Sophie. – Vamos ficar aqui?

–Sim. – respondeu Ameriel. – O Éden é a sua casa. Agora, a nossa casa.

Sophie sorriu.

–Na verdade, agora se chamará Aslyn. – anunciou Sophie. – É. Bem-vindos à Aslyn!

Rimos, enquanto toda a população de Aslyn descia pelas escadas do castelo para explorar os bosques lá embaixo. As clareiras tinham ótima localização para espalhar vilarejos pelo lugar. Em alguns meses, seria um lugar maravilhoso para se viver., até mesmo para as matilhas de lobos de todo o mundo que vieram conosco, recrutadas por Sage.

Sophie sorria sem parar. Então, por um instante, podia jurar que ela parecia desapontada.

–O quê? – perguntei.

Sophie respirou fundo.

–Eu passei quinze anos da minha vida, sendo Rainha de Kraktus. – contou. – Parte de mim estava quase feliz por ter sido destruída. Outra pessoa tomaria o lugar e eu poderia finalmente ser só mais uma entre o povo. É um tanto frustrante ver que eu voltei à estaca zero.

Respirei fundo. “Coragem”, pensei.

–Bom, não vai voltar sozinha. – disse.

Me abaixei em um joelho e puxei do meu bolso um pacotinho escuro. De lá, tirei um anel prateado, enfeitado com uma bela esmeralda. Ergui o anel e disse, quase caindo em um só joelho:

–Você quer ser minha Rainha pra sempre?

Ok, eu sei que demorou. Cinco meses, quem sabe mais. Mas finalmente, tínhamos tudo preparado. Um belo altar feito de vinhas e mármore, cálices de água cristalina, um “padre” improvisado (mais conhecido como Olsen), centenas de doces e salgados... Uau. E claro, eu tinha que estar de terno e gravata. Mas desta vez, era por uma boa razão.

Eu nunca me imaginara naquele lugar. Casando. Quem diria? Se Bella me visse, diria que eu estava possuído ou algo assim. Mas eu não queria perder tempo. Sophie e eu havíamos passado por muita coisa. Não havia dúvidas. Era assim que tinha de ser.

Era um altar ao ar livre. Um portal de vinhas tinha sido formado e pegamos mármore de algumas cavernas da praia para fazer uma mesa, escadas e um bloco para o altar. Olsen estava de branco e não sabia nada de casamento, mas não queríamos nada muito santo. Afinal, eu era um demônio e eu me sentia extremamente desconfortável com crucifixos e coisas do gênero, então resolvemos deixar o mais civil possível. Ah, também dispensamos a música infernal. Colocamos alguns recrutas para tocar um violino suave e calmo. Eu me sentia ridículo, mas era um mal necessário.

–Lá vem ela. – murmurou Olsen.

E lá vinha ela mesmo. Só que, claro, ela ainda era Sophie Hough. Ela usava um longo vestido, com uma parte de cima tomara-que-caia. Da cintura para baixo, era um bolo redondo que ia até seus pés. Agora, você acha mesmo que ela iria de branco?

De cima até a cintura, o vestido era um vermelho sangue, tornando-se preto na base. Pelo som, ela usava saltos altos. Seu cabelo ondulado estava preso em um coque acima de sua cabeça, caindo como uma cachoeira em suas costas e ombros, com um único fio caindo em sua testa.

Ela sorriu para mim e parou no meio do caminho, cumprimentando-me ao estilo antigo. Curvei-me diante dela e passei minha mão na superfície de meu terno. Assim, ele se tornou preto, com as bordas vermelho-púrpura. Ela riu e se aproximou devagar, tomando minha mão. Subimos ao altar e olhamos para Olsen.

–Ah... – ele gaguejou. – Estamos aqui reunidos para...

–Ah! – exclamei. – Pula logo essa parte!

Olsen riu levemente e continuou.

–Sophie, você aceita Peter Roman como seu legítimo esposo, prometendo amá-lo na riqueza e na pobreza, etc., etc.? – disse, ainda rindo.

Sophie assentiu.

–Aceito. - respondeu, sem conseguir para de sorrir.

–Peter, você aceita Sophie Hough como sua legítima esposa, prometendo amá-lo na tristeza na riqueza e na pobreza, etc., etc.?

–Aceito. - respondi.

Todos deram vivas e beijei Sophie com intensidade. Ela sorriu.

Clap. Clap.

–Que fofo.

Eu simplesmente não conseguia acreditar em meus olhos.

De pé, com a mão sob uma bengala, estava um homem que demorei para reconhecer. Ele usava um terno cinza, com uma grava vermelha. Seus cabelos, antes duros e espichados, agora eram majestosos cabelos grisalhos, caídos em seu rosto. Sua aparência de cadáver, agora era uma pele branca e limpa.

–Wendell. – disse Paris, em meio à multidão.

–Ousado você vir aqui, não? – perguntei. – Da última vez, você matou um de nossos amigos enquanto passávamos pela sua floresta.

–Bom, eu era o protetor da Floresta de Lilith em Kraktus, não era?

Paris o olhou com nojo.

–Pra mim, era mais um cachorro do mato. – xingou.

–Está com os outros quatro dedos intactos, Paris? – indagou Wendell, irônico.

Paris parecia que ia socá-lo, mas não quis estragar o momento, acredito.

–O que você quer? – perguntou Sophie, irritada.

–Eu quero o que todo mundo quer.

Ele sorriu.

–Voltar pra casa.

Sophie me olhou com apreensão.

–Como ousa? – outra voz surgiu atrás de Wendell.

Era Ameriel. Seus olhos olhavam para o homem com nojo. Não, não era nojo. Dor. Como se fosse pena ou como se lembrasse de um momento doloroso.

–Ameriel. – cumprimentou Wendell. – Como vai?

–Não seja hipócrita. – replicou Ameriel. – É culpa sua que tudo isso começou.

–Bom, mas eu ainda tenho meu lugar aqui.

–Do que estão falando? – perguntei, descendo do altar.

–Vocês o conhecem como Wendell. – respondeu Ameriel. – Eu o conheço como Gadreel, o Anjo que deixou Lilith entrar no Éden e persuadir Adão e Eva.

O povo soltou altos murmúrios e exclamações.

–Bom, claro que meu Pai lhe deu um bom castigo. – continuou Ameriel. – Amaldiçoando-o a viver pra sempre, atormentado pelo futuro, presente e passado, sendo obrigado a viver escondido em uma floresta e viver como um parasita da natureza.

–Mas agora o Éden foi aberto. – continuou Gadreel. – E eu posso voltar pra casa. Voltar a ser quem eu sou. Bom, não sou mais aquele bicho da floresta, então suas dívidas foram quitadas comigo, Srta... Digo, Sra. Roman.

Sophie correu para mim e se escondeu em meu abraço.

–Vai embora. – ordenei.

–Não antes de deixar meu presente aos noivos, hã? – disse, com aquele seu sorriso impertinente. – Meu presente... É uma observação. Um fato.

–Gadreel... – avisou Ameriel.

–Poucas coisas duram pra sempre, Sr. Roman. – começou Gadreel, apoiando a outra mão na bengala. – E sua felicidade com certeza não será uma delas. Nem tudo é o...

–Meninos! – exclamou Ameriel, interrompendo Gadreel.

Ele desapareceu em uma fumaça branca. Atrás dele, se revelaram quatro rapazes, segurando enormes lanças prateadas.

–Atingiu? – perguntou um deles.

–Acho que não. – disse o outro.

–Peter, olhe.

Sophie apontou para o mais alto deles. Era ele. O Querubim que levara Hanna.

–Jason? – chamei.

Ele ergueu seu olhar para mim.

–Peter. Sophie. – cumprimentou.

Eles se alinharam em fila, um ao lado do outro. Ameriel se posicionou à frente dos quatro.

–Você... – gaguejei.

Suspirei.

–Você a líder dos Querubins. – conclui.

Ameriel assentiu.

–Sempre fui. Os Querubins são os patrulheiros do Éden desde a partida de Adão e Eva. – contou ela. – Depois de Gadreel ser expulso do Jardim, eu fui designada como Guardiã do Paraíso. E meus meninos estiveram do meu lado desde o início, com o mesmo objetivo. Proteger o paraíso. E nas horas livres, cuidamos da regulação da vida na Terra.

Ela olhou para seus discípulos com apreensão.

–Gadreel pode ter morado com os demônios por vários séculos, mas uma coisa pode ter certeza: ele não mente. – disse Ameriel. – Eu sinto muito. Aproveitem este momento de felicidade.

Ela se aproximou dos querubins e os cinco brilharam.

–Pode ser o último. – disse, antes de desaparecer em um feixe de luz branco.


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Notas finais do capítulo

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