The Last Taste - Season 2 escrita por Henry Petrov


Capítulo 10
Tall Tales


Notas iniciais do capítulo

Ok, me matem. Eu escrevi esse capítulos há séculos, mas veja o que acontece: geralmente eu posto no spirit primeiro pra pegar o link da capa e colocar aqui. Mas entenda: eu superviso as visualizações pra ver se tem gente lendo e eu acabei saindo do link do capítulo. Logo, se eu entrasse de novo, seriam duas visualizações. Então, eu preferi esperar chegar por volta de 5 visualizações pra poder entrar no link sem problema. E finalmente chegou às quatro e eu vou postar aqui. Então, próximo capítulo só deve sair próximo ano. Isto é, próxima semana :3

Como vocês podem ver pela capa, centro do capítulo: Will.
QUE COMECEM OS SHIPPS
Enfim. Espero que vocês estejam gostando. Bom, confesso que esse capítulo ficou meio resumido, tentei manter as descrições mais limitadas pra não exceder muita coisa.
Enfim, era só isso. Boa Leitura (:

PS: Leiam as notas finais pra uma perguntinha



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/568604/chapter/10

Eu quase vi tudo ruir diante dos meus olhos.

Uma vez que Will estava de volta ao chão, todos correram para ajudá-lo. Felizmente, Miguel e seu exército já estavam bem longe àquela altura.

–Como ele fez isso? – as pessoas perguntavam, confusas.

Levaram-no para a enfermaria, onde ele repousou até o amanhecer. Apenas eu e os outros líderes, incluindo Rafael, fomos autorizados a permanecer lá. A enfermeira chefe, Sra. O'Hare, mãe de Delia, era uma mulher muito rígida e de pulso firme, não queria curiosos em sua Ala Hospitalar. Enquanto esperávamos ele acordar, ela levava compressas de gelo e frequentemente checava sua temperatura. Todos pareciam preocupados. Olsen martelava sua mente atrás de alguma coisa que explicasse o Poder de Will.

–É quase impossível uma manifestação de Poder involuntário. – ele pensava alto. – É mais fácil com Demônios, mas com Bruxos... Talvez um Morgan, mas sabemos que Kaitlyn é a última deles.

–Talvez ele seja alguma coisa que ainda não conhecemos. – disse Hanna. – A prole de duas espécies diferentes, talvez... Rafael? O que acha?

Rafael se mantinha concentrado.

–Eu não posso pensar nisso agora. – disse simplesmente.

–Está preocupado com o que Miguel disse, não é? – perguntou Paris.

Rafael não respondeu.

–Há muito tempo, quando meu pai ainda era vivo, ele nos disse que havia visto que um Anjo traria paz à Terra. – contou, encarando o chão. – Sabe, meu pai nunca foi capaz de fazer o futuro. Ele poderia alterar o passado e o presente, guiar as pessoas, mas o futuro era escrito toda vez que uma decisão era feita, não podia ser “escrito”. Meu pai só o via, o resultado do que fora feito no passado. E um dia, ele previu: “Um Arcanjo, nascido das cinzas, trará de volta à Terra o que há muito se perdeu. A Luz atravessará o mal com destreza e este será o verdeiro Senhor de Meu Reino.”

Ele suspirou.

–Miguel acredita ser ele o tal Arcanjo nascido das cinzas... “A Luz”, como ele gosta de se chamar. – continuou, ainda pensativo. – Mas não pode ser. Se for... Nosso futuro está entregue à sorte.

Um silêncio mortal tomou conta da sala. Hanna engoliu seco e começou a ofegar.

–Hanna, está bem? – perguntei, preocupado.

–Eu... – gaguejou. – Eu preciso... Eu já volto.

E saiu da sala, apressada e perturbada.

–O que deu nela? – perguntou Olsen.

Dei de ombros. Levantei para segui-la, mas algo me interrompeu: um grito sufocado.

Era Will. Ele estava sentado na cama, ofegante. Sra. O'Hare correu para o leito, com mais compressas.

–Acalme-se, menino! – exclamou, deitando-o novamente.

–Aconteceu de novo, não foi? – sua voz estava embargada, enquanto ele juntava as peças.

–Calma, Will. – pedi, mas ele empurrou a enfermeira e pulou da cama.

–Isso tem que parar! – exclamou, seus olhos marejados. – Quem eu matei dessa vez?

Cerrei os dentes.

–Um anjo. – respondeu Olsen. – Mas provavelmente ele já se reintegrou, então não está morto. Anjos só podem ser mortos por duas coisas nesse mundo: outro Anjo ou a Lâmina de Cain.

Seu lábio tremia, apreensivo.

–Eu... Eu... – não conseguiu terminar.

Ele desabou no chão e começou a chorar. Soluçava alto, segurando o rosto com as mãos. Rafael foi até ele e se agachou à sua frente.

–Calma... – sussurrou.

–Não me toca! – ele levantou, recuando para a parede oposta.

As lágrimas corriam à solta. Ele levou as mãos à cabeça, conturbado. Então, Will se voltou para mim. Ao ver minha expressão, sua raiva aumentou.

–Você sabe o que tem de errado comigo, não sabe? – perguntou, a tristeza agora se tornando ira. – Você sabe da verdade. Eu machuco as pessoas do nada! Eu preciso saber! O que eu tenho, como eu...!

Ele hesitou. Seu olhar caiu para o chão, assustado.

–Rose... – sua boca se escancarou. – Eu matei Rose!

Ele começou a ofegar ainda mais. As luzes em volta piscaram e uma ventania correu pela janela. Sra. O'Hare observava a cena com apreensão. Corri até Will.

–Não, não foi você! – exclamei, segurando seu pescoço e erguendo seu rosto para mim. – Olha pra mim, hey, olha pra mim...

Ele tentou me empurrar. Continuei a segurá-lo.

–Olha pra mim, Will! – exclamei.

–Me deixa em paz! – gritou de volta

–Calma, Will...

Ele continuou a me empurrar, se afastando cada vez mais.

Slap.

–OLHA PRA MIM! – vociferei, finalmente conseguindo sua completa atenção.

Virei seu rosto para mim, sua bochecha ainda vermelha.

–Olha. Pra. Mim.

Seu olhar se fixou no meu. Segurei sua nuca.

–Você não matou Rose. – repeti cada palavra lentamente.

Ele respirou fundo. A ventania cessou e as luzes pararam de piscar. Sua expressão suavizou.

–Agora vá descansar. – mandei.

Ele suspirou.

–Eu posso lhe dizer o que você tem, Will. – disse Rafael. – Nós Arcanjos temos o dom de olhar dentro da alma das pessoas. Posso descobrir de onde vem seu Poder, ver suas raízes, suas origens. Vem.

Ele estendeu as mãos. Will se aproximou, mais calmo. Ele pousou sua palma sobre a de Rafael. Este fechou os olhos, concentrados. Mordi um lábio. Rafael abriu os olhos, assustado. Seu olhar caiu sobre mim, apreensivo. Mantive a mesma expressão de calmaria.

–Você é uma espécie rara, Will. – disse, sem tirar os olhos de mim.

Will pendurou a cabeça, confuso.

–É muito incomum, mas não é impossível. – continuou Rafael, um pouco mais suave. – Devo eu dizer?

Ele finalizou olhando pra mim. Dei um passo a frente, impedindo Rafael de continuar.

–Will... – comecei. – Você é adotado.

–O quê? – ele perguntou, estreitando os olhos. – De onde você tirou isso?

Suspirei.

–Nós Demônios e Bruxos temos a habilidade de cura acelerada. – continuei, sem encará-lo no olho. – Se seus pais também fossem bruxos, se sua família fosse... Sua, eles teriam sobrevivido sem problema. Rose teria sobrevivido.

Hesitei. Não tinha certeza se deveria contar tudo.

–Kaitlyn e eu notamos isso quando te descobrimos. – resolvi continuar, com as mãos nos bolsos, sentindo a adrenalina tomar conta de mim. – Então, fomos atrás de descobrir mais sobre você e descobrimos uma adoção confidencial. Durante um naufrágio, os Tanner foram um dos únicos sobreviventes e um bebê foi encontrado à deriva. Rose pegou o bebê. Apesar da desaprovação da família, ela não se importou. Tinha apenas doze, treze anos na época, mas fez tudo ao seu alcance para que aquela criança se tornasse uma Tanner tanto quanto ela. Mas quando o menino se mostrou... Diferente, os problemas começaram. E o resto você já sabe.

Will sentou na cama, abismado.

–Então o que eu sou? – perguntou. – Vocês chegaram a saber quem eram meus pais verdadeiros?

Minha boca se abriu, mas não soube o que dizer.

–Não. – foi tudo o que disse.

–Mas eu sei o que eles eram. – anunciou Rafael. – Um demônio e um bruxo.

Will se voltou para o Arcanjo.

–Como é? – perguntou, um tanto risonho.

–Bom, não é muito comum, mas é possível. – ele contou. – É tão comum quanto um Rei se casar com uma plebeia. E esse tipo de relação não é muito respeitada aos olhos infernais. Mas é possível. Acho que você é um desses casos raros. Sabe, Bruxos tem sua alma com a Humanidade e o Poder mesclados. Seu Poder se revela a partir de palavras. Já os Demônios são só Poder, ou no caso de Peter e de outros demônios em Aslyn, metade Humanidade, metade Poder. Os Demônios revelam seu Poder através do combate, que é uma forma de expressar suas emoções, seus desejos. Os Bruxos revelam seu Poder através de palavras, encantamentos, feitiços.

Ele hesitou.

–Você é como um meio a meio. Seu Poder, sua magia, se manifesta de acordo com suas emoções, com seus desejos. Dois em um.

Will resmungou um “ah”.

–Tem como eu parar isso? – perguntou. – Tem algum jeito de controlar?

Sentei em um banquinho.

–Aí é com você. – respondi. – Controle suas emoções, controle seu Poder.

Ele assentiu.

–Agora, se vocês me derem licença, é hora desse menino descansar. – reclamou Sra. O'Hare. – Como viram, ele está exausto, por favor.

–Sim, senhora. – dissemos, quase em uníssono.

Pois é, eu não dormi nada naquela noite. Já era quase de manhã quando saí da enfermaria.

Na verdade, à tarde, o navio atracou na cidade de Tokyo, no Japão. Eu nunca estivera no Japão, ou mesmo em Tokyo, mas já estivera em Nova York, o que era bem parecido. Altos arranha-céus, asfaltos, carros, ônibus, trens... Era tudo uma confusão. Gente andando de um lado para o outro, apressados. Estava um tanto frio. Foi um pouco difícil de explicar como um navio aleatório, sendo dirigido por um piloto automático, chegara à Tokyo sem aviso-prévio, mas Rafael salvou o dia. Aliás, ele disse que quase não conseguia embaralhar a mente dos funcionários. Estávamos cada vez mais perto do Monte Everest e até eu estava sentindo as diferenças. Eu acreditava que não seria afetado por isso, mas vi que era impossível. Na minha cabeça, a zona anti-magia era o mesmo tipo de feitiço que nos impedia de usar magia quando os selos estavam erguidos. Mas quando chegamos em Tokyo, percebi que não. Senti meu Poder cinco vezes mais fraco do que estava em Sacramento.

–Mil vezes melhor do que a fazenda que eu cresci. – comentou Delia, impressionada.

Sorri. Era uma cidade muito bonita, de fato. Seria linda, se não tivéssemos que sair dali em cerca de duas horas.

Rafael arranjara uma balsa que nos levaria para a China. Sinceramente, perguntei se não seria mais fácil pegar um avião para o Nepal. Ele discordou. Disse que no céu, Miguel estava mais poderoso, por motivos óbvios. Então a probabilidade de um “acidente” aumentava significantemente, então era melhor por Terra, a uma velocidade menor, do que pelo Céu, cheio de imprevistos. Não prolonguei muito o assunto.

Enfim. De qualquer maneira, pegamos um trem de Tóquio para uma cidade ao sudoeste do Japão, Satsumasendai. Rafael fez toda a conversa. De algum jeito, ele foi capaz de falar Japonês em todos os dialetos existentes. Os Anjos, os completos, são o chamado Espírito Santo vivo, isso lhes dá a habilidade das Línguas, a capacidade de falar em Línguas que eles não conhecem. Logo, podem se comunicar com qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo, Rafael me explicou.

Foi uma viagem de trem rapidinha, apenas sete horas. Eu sei que pra você pode parecer muito, mas pra quem passou duas semanas num navio, nove horas em um avião, pra mim sete eram um paraíso.

Quando chegamos em Satsumasendai, pegamos a balsa para a China. Bom, isso era o que eu esperava. E o que é que me acontece?

Outro navio.

Rafael era um filho da mãe sem um pingo de noção de distância ou tamanho.

Pelo menos este foi bem menos cansativo, pois passamos cerca de quarenta horas a bordo, antes de chegar no porto de Shangai, na China.

Foram dois dias bem calmos também. Depois de ser salva por Will, Sarah começou a ajudá-lo a controlar seu Poder. Eles tinham longas seções de controle emocional. Não era nenhuma consulta psicológica, era um momento em que Will focalizava seus sentimentos e canalizava tudo isso para o seu Poder, aprendendo a controlá-lo, mesmo que estivesse fora de controle.

Devo dizer que estava uma coisa bem mais do que apenas ajuda. Delia disse que eles eram fofos juntos, isso até Sarah ouvir, o que a deixou muito irritada. Eu achava que um relacionamento entre os dois seria ótimo. Sarah era muito durona, rígida, bad-girl, merecia algo bom como Will na sua vida. Bom, eu tenho certeza que seria mais fofo se Will fosse o bad-boy, mas a vida nem sempre é fofa. Desta vez, Will era quem trazia o lado bom de Sarah. Posso jurar que a vi rindo, sim, rindo ao ouvir uma de suas piadas idiotas. E para constar, Fay estava bem tranquilo com a forte ligação que os dois estavam tendo. Acho que ele acreditava ser só amizade. Eu sabia que tinha mais, mas mantive meus pensamentos para mim mesmo. Eu tinha nojo de quem se metia na minha vida amorosa, detestaria fazer o mesmo com outra pessoa.

Voltando a viagem, Shangai foi uma paradinha um tanto divertida. Esta era uma cidade mais calma. Tivemos algum tempo para explorar a cidade. Olsen, que já estivera lá em sua missão de Recrutamento, quis nos levar para alguns pontos turísticos e lugares interessantes na cidade, mas Rafael não quis nos dispersar muito. Estava sendo um tanto difícil manter os cinco mil recrutas juntos, pois demorava bastante para se deslocar. Imagina uma multidão no meio da rua, abrindo espaço entre os nativos? Não muito normal. Então, resolvemos parar em alguns shoppings e coisas do tipo, só para passar o tempo.

Ao fim do dia, pegamos um trem para a cidade de Kathmandu, no centro do Nepal. Claro que não havia maneira alguma de um trem em Shangai ir diretamente à Kathmandu, então Rafael fez uma das suas improvisações e conseguiu que o trem fosse magicamente expandido para abrigar os cinco mil recrutas e, ao mesmo tempo, impedir que mortais conseguissem entrar. Logo, mais uma vez, tínhamos um veículo todo para nós, um veículo que nos daria tudo o que precisássemos no percurso até Kathmandu.

E olha que maravilhoso: tinha camas!

Sim, Rafael, aquele filho duma mãe rico, conseguiu, não me pergunte como, enfiar camas nos vagões. Foi uma coisa maravilhosa, pois agora eu tinha o que fazer além de ficar chutando a poltrona da frente. Logo, eu passei por uma espécie de hibernação, quase um mês deitado em uma cama, simplesmente esperando a hora de levantar.

Mas não foi essa calmaria toda. Delia e eu tivemos mais algumas brigas por causa de Sophie e algumas por causa de comida (nada a dizer sobre isso).

–...e aí eu pensei, “ele me ama”, né? E adivinha: ele tinha uma pasta cheia de vídeos pornôs no celular dele.

–Que sorte. – ri.

–E ele ainda veio discutir comigo!

Delia contava alegremente sobre seu namorado anterior. Estávamos no vagão-restaurante, o número cinco (havia mais de sete), almoçando normalmente. Foi aí que fomos brutalmente interrompidos por gritos vindo do vagão vizinho, o depósito da cozinha.

Ergui minha mão, pedindo licença à Delia para ver o que está acontecendo.

Levantei e coloquei a toalha-guardanapo sobre a mesa. Atravessei o restaurante até a porta. Todos viraram suas cabeças para ver o que acontecia. Empurrei a maçaneta e quase fui acertado por uma faca. O objeto zuniu acima de mim e parou do outro lado, quase perfurando a porta do outro vagão.

–Eu salvei sua vida!

Will exclamava, irritado, do outro lado do vagão.

–Eu sei, muito obrigada por isso!

Sarah retrucou, a cerca de um metro a minha frente.

–Ei, ei, vamos nos acalmar, certo? – pedi.

Sarah se virou para mim e cruzou os braços.

–O que está acontecendo? – perguntei.

–Ele tá tendo um chilique, é isso que está acontecendo. – respondeu Sarah, quase instantaneamente, encarando a parede direita, irritada.

Ergui uma sobrancelha.

–É a terceira vez que você me dá o bolo! – exclamou Will

–Eu te disse porque eu te dei bolo! – retrucou Sarah, impaciente.

–Disse? E-eu devo estar com amnésia ou algo assim, porque eu não me lembro disso! – contestou Will, se irritando ainda mais.

O trem começou a sacudir.

–Ok, Will, calma... – pedi.

–Cala a boca! – vociferou.

Com uma torcida de sua mão, voei para a parede do vagão, meu corpo colado no metal. Tentei sair, mas algo me empurrou de volta.

–Will, calma... – tentou Sarah, esquecendo a briga.

Os olhos de Will pareciam oscilar entre o castanho natural e o verde-tô-ficando-doido. Ele mantinha sua mão erguida, me prendendo à parede. Ele olhou para Sarah uma última vez antes do tom verde preencher sua íris por completo. Sua expressão suavizou. Ele fechou o punho. Senti algo escorrer em meu rosto.

Sangue.

Sarah correu para ele e segurou suas mãos.

–Olha pra mim! Will, olha pra mim!

Ele grunhiu, mas não tirou seu olhar de mim. Ela puxou sua cabeça e obrigou-o a encará-la.

–Controle. Não sinta. Bloqueie. – pronunciou Sarah, devagar. – Controle.

Seus olhares se fixaram. Ela molhou o lábio. Ele observou o movimento.

–Controle. – repetiu, Will atento a cada movimento de seu lábio.

Seus olhos voltaram ao normal. Eu cai da parede, tossindo sangue. Sarah o segurava pelo rosto. Ele respirou fundo, como se acordasse de um pesadelo.

–Controle. – ele repetiu.

Ela deu um leve sorriso.

–Isso. – ela assentiu.

Então ele me viu.

–Peter! – exclamou, correndo até mim.

Ele me ajudou a levantar.

–Estou bem, tudo bem. – falei, cambaleando um pouco. Então, um pensamento me ocorreu. – Você não desmaiou.

Will franziu o cenho.

–É... Verdade. – assentiu.

Então, ele se voltou para Sarah.

–Tá vendo? – ela se mexeu, inquieta. – Eu preciso de você. Ou então eu machuco as pessoas.

Ela engoliu seco.

–Dá licença. – murmurou, saindo do vagão.

Observei-a sair, inquieta. Gesticulei para que Will permanecesse ali e segui-a.

Ela atravessou os outros vagões com determinação. Ela não parecia querer falar com ninguém. Delia tentou perguntar o que acontecera, mas murmurei um “depois” e segui em frente, atrás de Sarah. Finalmente, alcancei-a quando chegamos a um dos vagões-dormitórios, que estava vazio por questões óbvias.

–Sarah, espera! – chamei, puxando seu braço.

–O que você quer?! – exclamou, irritada, puxando os cabelos para trás.

Suspirei.

–O que aconteceu? – perguntei.

–Desculpa, Vossa Majestade Líder, mas não é da sua conta. – retrucou me dando as costas.

–Não quero saber da sua vida. – dei de ombros. – Só quero saber o que diabos está acontecendo. Olha, Kaitlyn foi levada por Lúcifer. Somos um grupo limitado e não podemos nos dar o luxo de ficar brigando entre nós. E isso é da minha conta.

Ele suspirou, voltando-se para mim, segurando sua jaqueta pela trilha do zíper.

–Como deve saber, eu estou ajudando Will a usar seu descontrole de Poder pra melhorar sua magia. – explicou, com um leve tom de impaciência. – Mas há algumas semanas, eu tenho tido alguns problemas e eu percebi que não tem mais porque continuar. Ele pode se controlar sozinho.

Ergui uma sobrancelha.

–Tá, é só porque eu estou ocupada. Não posso mais ajudar ele. – disse, irritada.

E me contornou, voltando ao vagão anterior.

–Ocupada? – perguntei, irônico.

Ela parou no meio do caminho, a cabeça baixa. Sua respiração estava pesada.

–Sarah, porque você não pode mais ajudar ele? – perguntei

–Eu simplesmente não... – ela começou, quase gritando, ainda de costas. – Posso.

–Sarah...? O que está acontecendo de verdade? – preocupado, insisti.

–Eu acho que... – gaguejou, virando-se para mim. – Talvez eu...

Minha mente se iluminou. Soltei um leve “ah”.

–Eu sei. – foi tudo o que disse.

Ela suspirou, como se aquelas duas palavrinhas a salvassem de um sério sacrifício.

–Eu não vou me meter nisso. – conclui. – Mas só vou lhe dizer uma coisa: não espere muito. Você tem muito tempo, mas antes que perceba...

Suspirei, sentindo a ironia tomar conta do momento.

–Ele se foi.

Ela assentiu e saiu do vagão, me deixando sozinho. Então, a porta se escancarou, revelando um Rafael extremamente preocupado.

–Chegamos. – anunciou.

Sorri.

–Que ótimo! – ri.

Ele engoliu seco.

–Não? – meu sorriso sumiu, ao notar que ele não sorrira junto.

Ele molhou os lábios.

–Chegamos.

–Isso não ótimo? – perguntei.

–Seria. Se Lúcifer não tivesse chegado primeiro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem vocês acham que é o Arcanjo da Profecia de Deus??



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Last Taste - Season 2" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.