A menina de olhos tristes escrita por Angel Black


Capítulo 5
A rainha das Trevas


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões. Tive um bloqueio criativo. Não conseguia escrever mais... espero que esse período de ócio tenha acabado... vivo de palavras...



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– O que? – disse a menina, numa voz quase inaudível.

– Um bruxo – repetiu Malfoy - Aprendi a arte da magia e bruxaria em Hogwarts que é o lugar para onde vamos agora.

A menina sorriu nervosamente. Malfoy não pôde deixar de sorrir também. Colocou a mão nos ombros dela que se retraiu automaticamente.

– Fique calma, Alice. Iremos até um lugar onde há pessoas especiais como nós e eu tenho certeza de que eles poderão te ajudar.

– Ninguém pode me ajudar... – disse Alice, enxugando as lágrimas. – O Senhor vai ver. No fim, vai se arrepender do dia em que me conheceu...

O caminho até Hogwarts foi feito em silêncio. Somente quando passaram por Hogsmeade é que Alice emitiu sons de entusiasmo ao ver a bela paisagem.

– No inverno, Hogsmeade é ainda mais bela. – disse Malfoy, achando graça dos olhos arregalados de Alice. – Veja, aquela é a casa dos gritos, é um lugar que sempre adorei explorar quando menino... – disse ele, apontando para o velho casarão.

– Nem sabia que havia um vilarejo por aqui. – disse Alice, impressionada.

– Trouxas não conseguem vê-la. Isso só me diz que você é uma bruxa. Que é como eu.

– Bruxa? Eu? – falou Alice, desconcertada.

– Sim, Alice... eu acho que você é uma bruxa e com algum treinamento, aprenderá a controlar seus poderes.

– Meus poderes? – perguntou ela, abismada.

– Sim... eu sei o que parece, Alice. Mas você tem poderes... Eu senti na própria carne o seu poder.

Alice se encolheu ainda mais no seu assento.

– Eu sinto, Sr. Malfoy...

– Não se preocupe, menina. Mas eu quero que aprenda a controlar seus poderes.

– Se o senhor acha que é possível... – disse ela, ainda duvidando.

Era óbvio que a menina já tivera falsas esperanças antes e não queria esperar muito dessa vez. Imaginava o quanto ela havia sofrido até agora. Agora sabia o porque daquela tristeza em seus olhos.

O carro parou diante dos portões de Hogwarts.

– Teremos que ir a pé. Hogwarts é guarnecida por uma série de feitiços, não poderemos ultrapassar esse trajeto usando magia. – falou Malfoy saindo rapidamente e dando a volta para abrir a porta do carona.

Malfoy estendeu a mão para Alice e, meio titubeante, ela aceitou, tocando-o de leve.

– Você disse que sou imune, porque evita em me tocar? – perguntou Malfoy

– Bem... é que... não sei... acho que é hábito. – disse ela, ruborizando. Malfoy sorriu com o jeito doce da menina. Ela não tinha tido muita companhia até o momento e com certeza, não havia tido uma companhia masculina. Por isso, sentia-se tão constrangida.

Malfoy não conseguiu deixar de sentir que a menina era uma presa fácil para qualquer predador. O que ela não sabia é que ele era um desses predadores e em outra circunstancia, ela não ficaria imune a ele.

– Meu Deus, é a coisa mais bela que já vi! – disse Alice quando a imponência de Hogwarts apareceu diante deles.

– Foi meu lar durante muitos anos. – explicou Malfoy, olhando para as torres que se destacavam ao longe.

– Deve ter sido muito feliz aqui – disse Alice, aproximando-se, tocado de leve suas mãos. Envolvendo seus dedos nos dele, inconsciente do que aquilo poderia causar num homem como ele. Mas Malfoy entrou na brincadeira e enlaçou sua mão com a dela.

– Eu fui muito feliz nos primeiros anos. Nos últimos anos, nem tanto.

– Por quê? – perguntou Alice, curiosa.

– É uma história para outra hora – respondeu ele, sucintamente. Porque naquele instante, uma sombra surgiu no meio da estrada, quando estavam próximos da entrada do castelo.

– O que você faz aqui, fuinha loiro? - falou o meio-gigante.

– Olá para você também, Hagrid – respondeu Malfoy, tentando aparentar bom humor.

– Vai dando marcha-ré! – disse Hagrid, dando dois passos na direção de Malfoy. Draco não se mexeu do lugar, mas assustada com o tamanho de Hagrid, Alice se escondeu nas costas de Malfoy, agarrando seu manto assustada.

– Hagrid, preciso falar com Neville! E precisa ser agora, é urgente! – explicou Malfoy, sem muita paciência.

– O DIRETOR Longbottom não vai atendê-lo, seu bandido... – disse Hagrid.

– O que está acontecendo aqui? – disse uma voz conhecida. Dessa vez, Malfoy deu um passo para trás instintivamente. Era Hermione. Draco não conseguia esquecer que Hermione fora responsável pela sua prisão. Agora ela era chefe do Departamento de Aurores e o braço direito de Harry, o ministro da magia.

– Eu soube que você ganhou a liberdade de Azkaban. Infelizmente, não consegui juntar muitas provas contra você, Malfoy. Só não imaginei que retornaria à Hogwarts. Veio rir da minha cara? - disse Hermione, visivelmente despeitada.

– Não, Granger. Vim porque necessito da sua ajuda.

– Minha ajuda? – perguntou Hermione, franzindo o cenho. Só então ela percebeu a presença de Alice, encolhida atrás de Malfoy. – Malfoy, quem é essa menina? O que fez a ela?

– Ele não fez nada comigo! É meu amigo e quer me ajudar – respondeu Alice, com uma voz trêmula. Malfoy até teve orgulho da menina, enfrentando seus medos para defendê-lo.

– De fato, não fiz mal a ela, Hermione. Acho que foi o inverso, mas não foi culpa dela. – disse Malfoy, segurando uma das mãos de Alice. - É por ela que estou aqui.

Hermione ficou pensativa por alguns instantes, depois deu um muxoxo, aborrecida.

– Deixe-o passar, Hagrid, vou leva-lo até Longbottom.

– Se ele se atrever a fazer qualquer coisa, pode me chamar, Hermione... vou arrancar cada fio de cabelo loiro desse fuinha.

– Não será necessário, Hagrid – falou Hermione. – Malfoy sabe que eu posso me defender muito bem sozinha. Venham... sigam-me...

Hermione subiu as escadas do saguão de entrada, mas quando Malfoy tentou segui-la, Alice segurou sua mão:

– Sr. Malfoy... talvez devêssemos ir embora... – disse ela, com os olhos marejados.

– Eles podem te ajudar, Alice... – respondeu Malfoy, num tom baixo para que Hagrid não escutasse.

– Eles o tratam mal... tratam o senhor como se fosse um bandido... e isso não é verdade... o senhor não poderia ser um homem mal... – disse Alice, com um docura que fez Malfoy respirar fundo.

– Alice... essas pessoas são gente de bem... se me tratam mal é porque tem uma má impressão de mim... só isso... mas posso garantir que eles são bons e podem te ajudar... – disse Malfoy, omitindo o fato de que ele realmente era um bandido. Mas em que isso iria ajudá-la? Ela já era bem desconfiada das pessoas que se aproximavam dela. Se ele contasse a ela a verdade, ela jamais se aproximaria dele novamente.

Alice entrou no castelo completamente encantada. Era tudo belo e os estudantes que passavam por ela faziam pequenas magias para seu deslumbre.

Subiram os andares atrás de Hermione que parava às vezes para que eles a acompanhassem. Malfoy sabia para onde a Granger os estava levando. Neville Longbottom começou como professor de herbologia e logo assumiu o posto de diretor adjunto. Quando Minerva MacGonagal faleceu, Longbottom assumiu o posto que um dia foi de Alvo Dumbledore e agora ocupava o mesmo escritório.

– Cascas de Mandrágora! – disse Hermione para a fênix de pedra que guardava a diretoria de Hogwarts. Eles subiram em silencio e assim que surgiram na diretoria, Neville os cumprimentou.

– Draco Malfoy... a que devo sua visita? – perguntou o diretor. Longbottom estava muito diferente do menino inseguro que um dia foi. Era agora um homem respeitado e era conhecido por seu bom humor e simpatia.

– Malfoy disse que precisa de ajuda. Alguma coisa a ver com a menina que trouxe. - Explicou Hermione, rapidamente.

– Essa é Alice Donovan! – disse Malfoy, puxando Alice para frente de si e então colocou as mãos sobre os ombros dela. – Ela precisa de ajuda.

– Desculpe pela recepção austera, sinto por isso, meu nome é Hermione Granger e é um prazer conhece-la – disse Hermione estendendo a mão, mas Alice não a tocou, pelo contrário, encolheu-se, encostando-se em Malfoy.

– Você não pode tocá-la. E esse é o problema. Ontem eu a toquei e durante a noite, tive alucinações vívidas que me atacaram... – explicou Malfoy, mostrando as marcas no pescoço. – Segundo ela, não é a primeira vez que acontece. Na grande maioria as vítimas acabam morrendo. Posso dizer que isso quase aconteceu comigo. Eu só sobrevivi pois usei magia.

– Posso saber que alucinações você teve, Malfoy? – perguntou Hermione, estreitando os olhos.

Hermione sabia exatamente onde estava a ferida de Malfoy.

– Você deve adivinhar, já que é responsável por duas das piores coisas que já me aconteceram. Não me esqueço das horas de tortura que passei em suas mãos e também dos anos que passei em Azkaban.

– Você foi torturado? – perguntou Alice, surpresa – Vamos embora daqui, senhor Malfoy, antes que eles lhe façam mal.

– Pelo jeito você não contou a essa pobre alma quem você é, realmente...

– Hermione, por favor, vamos nos ater aos problemas de Alice, não nos meus...

– Está certo... diga, então, como podemos ajuda-la.

Malfoy olhou para Alice que tinha os olhos arregalados, suplicantes. Ela queria sair dali era óbvio. Ela achava que Hermione e Longbottom poderiam fazer algum mal a ele. Mal sabia ela que ele era o perigoso ali.

– Eu creio que Alice Donovan seja uma bruxa. Não só por seus poderes, mas porque ela pôde ver Hogsmeade e Hogwarts sem problemas.

– Você deve ter razão, mas porque ela não foi detectada por Hogwarts no seu aniversário de 11 anos? – perguntou Hermione, olhando para Longbottom.

– Isso é incomum. Todos os jovens de 11 anos são detectados imediatamente por Hogwarts. Alguns são impedidos de vir, mas possuímos o registro dos poucos casos dessa natureza e posso garantir que não há nenhuma Alice Donovan neles. – explicou Longbottom – mas há uma maneira de resolvermos isso. Saberemos se ela é realmente uma bruxa, ou não.

– Como? – perguntou Hermione, cruzando os braços.

– O chapéu seletor! – respondeu Longbottom. Tanto Hermione, quanto Malfoy olharam para o chapéu sobre um dos balcões da diretoria. – O chapéu seletor não só seleciona cada bruxo para sua casa apropriada, como também tem os poderes de ler as mentes de quem seleciona, descobrindo os talentos mais ocultos.

– Acho que é uma boa ideia... – disse Hermione. – Venha, querida... sente-se aqui...

Alice olhou para Draco temerosa, mas Malfoy fez um sinal para que ela se sentasse na cadeira onde Hermione indicava.

Longbottom pegou o chapéu da estante. O velho chapéu mexeu uma das dobras que faziam as vezes de olhos, como se acordasse de um sono profundo.

– Ah, mestre Longbottom... deseja meus serviços...? – disse o velho chapéu com aquela voz grave e sobrenatural, assustando Alice.

– Precisamos que você leia uma pessoa, chapéu! – disse Longbottom. – É uma jovem e seu nome é Alice Donovan...

Longbottom colocou o chapéu sobre a cabeça de Alice. O velho chapéu afundou-se em sua cabeça.

– Muito bem... muito bem... o que temos aqui? – disse o chapéu, inflando levemente. – Uhm... uhm...

– Preciso que nos diga se Alice Donovan é uma bruxa... se é uma de nós... – disse Longbottom.

– Ah... grande poder... sim... ela tem magia... um encantamento poderoso a envolve. Algo de muito poder... um poder nunca visto. Sim... sim... mas... mas...

O rosto já enrugado da chapéu se contorceu, como se estivesse com dor. Todos, com exceção de Alice que não o via, ficaram angustiados com aquilo.

– O que você está lendo, Chapéu? O que está vendo? – insistiu Hermione.

– Oh... a profecia... a profecia... – disse o chapéu com uma voz estranha, mais grave que o usual. Malfoy olhou para Alice. Ela também parecia estar angustiada.

– Que profecia, chapéu? Diga... DIGA – pressionou o diretor Longbottom.

A menina e o chapéu falaram juntos, como se fossem um só. Ambos fecharam os olhos e suas vozes pareciam distorcidas, demoníacas.

Um brilho os envolveu e um vento forte soprou no mesmo instante em que ambos proferiram:

“Surgirá no tempo de calmaria a pior tempestade

A estrela da noite cairá sobre o dia

A Rainha das Trevas tudo destruirá

Até que restem cinzas de seu próprio coração

Tragado em fúria e melancolia”.

Alice gritou alto, forte, como Malfoy nunca pensou que ela fosse gritar. Desesperado com aquilo, ele se aproximou e arrancou o chapéu dela. A menina despencou da cadeira, mas Draco a apanhou antes que ela caísse e a ergueu nos braços, deixando que a cabeça dela se apoiasse em seus ombros.

– O que diabos foi isso? – perguntou ele, com raiva. Sabia que aquela sessão com o chapéu a havia machucado de alguma forma.

– Deus... não pode ser! – disse Longbottom, branco como a neve. – É a garota da profecia...

– Que garota da profecia? – perguntou Hermione, sem saber do que se tratava.

– Olha... é uma longa história, mas para encurtar, há seis anos atrás, por ocasião em que essa garota possivelmente iria completar 11 anos, Trelawney fez uma profecia. MacGonagal era a diretora na época, mas eu acompanhei todo o processo. Eles investigaram e descobriram que Lord Voldemort havia violentado Emilia Bulstrode, um pouco antes de ser morto. A profecia se referia à garota, uma menina que seria dotada de um grande poder maléfico, capaz de destruir o mundo inteiro. MacGonagal convenceu a mesa dos diretores que era muito perigoso treinar a menina na magia e bruxaria e que ela deveria viver na ignorância, tratada com rigidez pelo tio, Longtorn Bulstrode, que é um aborto. Mas o nome da filha de Emilia Bulstrode, não é Alice Donovan e sim Tricia Bulstrode.

– A menina é Tricia Bulstrode... – afirmou o chapéu que Malfoy havia atirado ao chão. – Seus pensamentos são profundos, confusos, dolorosos, mas não há dúvida de que ela é a herdeira do Lord Voldemort... ela é a Rainha das Trevas.

Draco sentiu seu coração palpitar e um estranho embargo lhe fechou a garganta. Baixou os olhos para a menina que estava desmaiada em seus braços. Ela parecia tão pálida, tão frágil, tão inerte a tudo o que lhe rodeava que lhe parecia surreal que a menina fosse filha de Voldemort, destinada a ser a Rainha das Trevas. Não, Alice. Não sua menina de olhos tristes.

– Oh, Deus... – disse Hermione, afundando-se num dos sofás. – Não pode ser... nos livramos de Voldemort e agora a filha dele pode destruir tudo!?!

– Não sabemos se a profecia se cumprirá! – respondeu Malfoy, tirando forças de algum lugar de sua alma. Não sabia porque se afligia tanto com o que acontecia. A menina não era nada mais do que uma desconhecida. Ainda assim...

– Malfoy... profecias tendem a se cumprir. Você jamais deveria tê-la trazido aqui. Se tivesse conversado com Bulstrode... – iniciou Hermione.

– Bem... eu estive diante do homem que se faz passar pelo pai de Alice. Ele não me reconheceu. E eu duvido que exista uma só alma no mundo bruxo, mesmo que seja um aborto, que não me conheça.

– Quanto a isso, você tem razão... Depois do que você fez há dez anos atrás... não há ninguém em nosso mundo que não te conheça. Mas Longtorn é um Ermitão. Vive alheio a tudo desde que Emilia foi internada no hospício há 17 anos atrás. – disse Hermione, com a voz carregada de amargor. – Agora que a menina está aqui. Agora que sabemos que ela desenvolveu poderes mesmo sem ter sido treinada, é preciso agir. Não vejo outra solução, a não ser mantê-la em Azkaban, monitorada 24 horas por dia para que seus poderes não se desenvolvam.

Malfoy franziu o cenho, abismado pela declaração da mulher que sempre foi julgada como justa, digna, prudente.

– Granger, você condenaria uma menina inocente, ingênua, frágil a uma vida de agruras em Azkaban, só por ser filha de Voldemort? – perguntou Malfoy, sentindo seu estomago se revirar.

– Eu sei o que isso parece... É horrível, não é justo. Com certeza, não é justo. Mas pense em Voldemort. Eu sei que você ficou do lado dele durante muito tempo, por isso não sabe pelo que nós passamos. Mas eu sim vivi horrores ao lado de Harry, por culpa de Voldemort. Dumbledore percebeu desde cedo que Tom Riddle era diferente. Se ele tivesse sido rígido. Se tivesse aprisionado Riddle quando teve a chance, Tom jamais teria se tornado o Lord das Trevas e nossa história seria muito diferente. Até a sua Malfoy.Sei que o que você fez, foi porque viveu sobre a influencia de seu pai, que era seguidor de Voldemort. Se tivesse sido criado em outra circunstancia, tenho certeza de que não teria perdido 10 anos de sua juventude em Azkaban.

– Você adora colocar isso em pauta, não é, Hermione! – esbravejou Malfoy, automaticamente, abraçando mais a menina, como se ela fosse um bebe que necessitasse de sua proteção.

– O que estou dizendo é que isso é por precaução. Vou leva-la a Azkaban. Mantê-la a salvo, mantê-la sob monitoria até saber exatamente como anular os poderes dela. Vejo que é apegado a ela. Sinto muito por isso, mas não vejo outra solução.

– Está bem. Se você acha que não há outra coisa a fazer. Deixe-me somente conversar com ela um pouco, prepará-la. - disse Malfoy, tentando ganhar tempo.

Hermione estreitou os olhos, visivelmente desconfiada.

– Malfoy... eu lhe garanto que ela não será uma prisioneira comum. Não deixarei que os Dementadores se aproximem dela, a não ser, é claro, que ela manifeste poderes. Se ela cooperar, não acontecerá nada de mal a ela.

– Eu entendo. Mas eu a trouxe aqui com a promessa de que vocês a ajudariam. Deixe-me explicar a ela o que vai acontecer. Senão... ela nunca mais irá confiar em ninguém e isso pode desencadear a profecia que você tanto quer evitar...

Hermione titubeou. Ficou reflexiva por alguns segundos, mas por fim, meneou a cabeça, concordando.

– Está certo. Leve-a para os aposentos da Sonserina. Explique a ela o que irá acontecer. Ela poderá dormir essa noite em Hogwarts e amanhã, eu a levarei.

– Acho que é melhor assim. Ela parece muito debilitada para ir a Azkaban dessa forma – interveio Longbottom que parecia levemente aborrecido com a decisão de Hermione – Dê a ela comida e cuide dela por essa noite, Malfoy... tenho certeza que todos nós poderemos reconsiderar pela manhã e pensarmos numa alternativa um pouco melhor . A senha da masmorra Sonserina é Pingos de gelo.

– Ok...

Malfoy desceu da diretoria pisando firme. Achou que seria seguido por Hermione ou Longbottom, mas depois viu que nenhum dos dois o seguia. Provavelmente estavam discutindo. A decisão de Hermione sobre Alice fora rígida demais e Malfoy não estava muito inclinado a obedecê-la. Não deixaria que Hermione a levasse a Azkaban. Não condenaria Alice dessa forma.

Alice era magra, desnutrida, leve, mas depois de muitos minutos no colo de Malfoy, seu peso cobrava um preço. A pequena caminhada de Hogwarts até os portões foi um pouco sofrida. Mas quando chegou ao seu carro encantado, Draco depositou Alice no banco traseiro e deu ordens para o carro iniciar a ignição.

– Mansão Malfoy em Londres.

Sua mansão de Londres era guardada por segredo. Era nova, bonita, elegante e gigantesca e Hermione ainda não a conhecia. Quando fora solto, Malfoy pensou em ir para lá, mas depois resolveu isolar-se em Parnaville.

Agora, não poderia voltar a sua casa em Parnaville e não havia nenhum outro lugar a salvo dos escrutínios de Hermione Granger, a poderosa aurora.

Ao invés de ajudar Alice, Malfoy havia lançado a pobre garota a uma sorte muito pior. Ele passou 10 anos em Azkaban e sabia que aquele não era lugar para uma menina como Alice.

Ela não conhecia nada da vida. Era inocente e ingênua. Como ele poderia fazer isso com ela? Não, não poderia fazer isso. Não mesmo. Mas o que poderia fazer então. Se a levasse para casa e tivesse a sorte de não ser encontrada por Hermione, Alice seria novamente subjugada por um pai opressor que a faria casar um pastor ainda mais rígido para mantê-la sob seu domínio. Contudo, Alice exigiria uma explicação para o que ele estava tentando fazer. E o que ele estava tentando fazer, na realidade? Nem ele mesmo sabia. Só o que pretendia era salvá-la de Azkaban. Mas como faria isso? Como poderia dar a ela um destino melhor?

Malfoy olhou para Alice desmaiada no banco do carro. Ela era uma menina linda. Os cabelos encaracolados cobriam parte do seu rosto alvo, macio, aveludado. Com os olhos fechados, sua boca se destacava pela cor avermelhada. Em outra ocasião, Draco adoraria provar daqueles lábios e...

Aquilo lhe deu uma ideia. Uma ideia profundamente terrível. Mas uma ideia que poderia dar certo. Alice era inocente e ingênua e não conhecia nada da vida. Provavelmente nunca tivera um namorado e muito menos alguma intimidade com alguém e se havia uma coisa de que Malfoy se gabava era de ser um excelente amante e um sedutor por carreira. Seria muito fácil seduzir aquela menina. Era um absurdo. Era uma ideia grotesca de sua parte seduzir uma menina que nem dezoito anos tinha. Entretanto, se a conquistasse e se ela se tornasse sua esposa a lei dos trouxas e a lei dos bruxos teriam que torna-lo seu protetor. Nem mesmo Hermione, como chefe dos aurores, braço direito do Ministro Harry Potter. Nem mesmo o próprio Ministro poderia passar por cima do seu direito de proteção. Alice seria dele. E ele a treinaria. Ele a treinaria até que ela estivesse forte e poderosa o suficiente para ser a rainha das trevas. Que se dane a profecia. Quando Alice despontasse como a poderosa herdeira de Voldemort, ele seria o rei. Ele a dominaria por completo. E ela faria todas as suas vontades...

Assim ele imaginava...


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