A menina de olhos tristes escrita por Angel Black


Capítulo 6
Tramoias de amor




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Malfoy encostou no batente da porta enquanto assistia o sono de Alice. Ela ainda estava desacordada, mas parecia bem melhor. Não estava mais pálida, nem parecia estar com dores. A noite não fora tão boa para ele. Ele ainda teve algumas alucinações, mas nada que não pudesse controlar. Acordou algumas vezes para acompanhar o sono de Alice, a qual alojara no quarto ao lado do seu na mansão Malfoy. Ela, ao contrário de si, permaneceu silenciosa e tranquila durante toda a noite.

Draco amanheceu ansioso para colocar seu plano em ação. Conquistar uma adolescente seria como uma brincadeira de criança, mas tinha pena por Alice. Não queria magoá-la. Se pudesse evitar, evitaria entrar numa seara tão sensível quanto um romance com uma garota tímida, sensível, assustada com o mundo, mas pensou diversas vezes e por muitas horas e nada lhe vinha a mente a não ser isso.

A essa hora, Hermione deveria saber que os dois haviam fugido. Provavelmente ela iniciaria uma busca por eles. Eles ficariam a salvo por enquanto, na mansão, protegida por segredo, contudo, era melhor que se casassem logo, Alice seria engolida por Azkaban e jamais seria a doce menina que era agora.

Era uma pena estragar a vida de Alice com um casamento sem amor, mas imaginou que se casar com ele, que ainda era jovem, era melhor do que se casar com o velho pastor da cidade, que era o que o “pai” de Alice estava tramando para mantê-la sob seu jugo.

Contudo, talvez, o velho pastor fosse um homem bom, um homem que a fizesse feliz. E Malfoy sabia muito bem que ele não era bom, nem muito menos poderia fazê-la feliz, mesmo que tentasse arduamente.

Não importava. Um casamento sem amor, forjado, ludibriado ... era melhor do que passar um segundo sequer em Azkaban. Depois, quando se cansasse de Alice, Malfoy a deixaria numa bela casa, com uma grande montante em dinheiro para que não lhe faltasse nada. Era o mínimo que ele poderia fazer por ela. Por aquela pobre alma que cruzara seu caminho.

Alice se remexeu em sua cama e pouco a pouco abriu os olhos tristes. Sua doçura era tanta que, ao perceber a presença de Malfoy naquele quarto ela enrubesceu. Era só uma menininha. Que miséria de homem era ele por querer seduzi-la, pensou ele, condenando a si próprio.

– Bom dia, Alice. – disse ele, com um sorriso sincero. Estava aliviado por vê-la acordar.

– Sr. Malfoy... – disse ela, respirando fundo. – Onde estamos?

– Na minha casa, em Londres...

– Londres??? Ah, meu Deus, sr. Malfoy... meu pai vai me matar quando souber que eu...

– Seu pai não vai mais te matar, porque você não irá mais ver o seu pai... – respondeu Malfoy, com o tom mais suave e tranquilo que conseguiu arrumar – Você vai ficar aqui, na minha casa e eu vou protegê-la. Não precisa mais ter medo de nada. Seu pai não poderá te machucar aqui...

– Mas... mas... – disse ela, franzindo o cenho – Mas e a minha família... meus irmãos dependem de mim...

– Não se preocupe com eles, Alice. Já enviei cedo uma mensagem para eles, explicando que você ficará comigo em Londres enquanto estiver em tratamento. Mandei uma mesada para eles. E vou continuar enviando semanalmente. Não lhes faltará nada.

Alice arregalou os olhos. Ainda parecia em dúvida.

– Olha, querida... – disse Malfoy, suavemente, aproximando-se e sentando-se na beirada da cama. – você precisa se afastar deles por enquanto, só durante o seu treinamento... depois, quando conseguir controlar seus poderes, você poderá voltar para casa. Poderá ter uma vida normal, sem machucar ninguém.

Aquilo era uma mentira deslavada. Ele não tencionava devolver Alice a sua família, mas precisava que ela mantivesse sua fé nele. Precisava ganhar a confiança dela.

– Sr. Malfoy... eu não quero ser um peso para o senhor. Por que o senhor está fazendo tudo isso por mim? – disse ela, encolhendo-se toda, quando Malfoy sentou ao se lado.

Malfoy percebeu que a família de Alice poderia ter um estorvo para ele. Teria que fazê-la esquecer dos laços que a mantinham presa a Parnaville. Precisava fazê-la entender que ele era a única pessoa no mundo que se importava com ela.

– Olha, Alice... Você acabou desmaiando enquanto o chapéu seletor lia a sua mente. Eu não queria ter que lhe dizer isso, mas nós descobrimos que você é mesmo uma bruxa e que seu pai está escondendo a verdade de você só para tortura-la e manipulá-la. Alice, eu não posso ficar calado diante dessa injustiça. Eu prometi a mim mesmo que vou ajuda-la. Mas, para isso, eu preciso que você confie em mim...

Alice arregalou os olhos, tentando refletir sobre o que ele dizia. Ela baixou os olhos um pouco depois, dizendo numa vozinha:

– Eu confio, Sr. Malfoy...

– Ótimo, menina... confie em mim... e eu te prometo que vou te proteger, vou treinar você e você será uma pessoa muito... muito feliz... – disse ele, colocando a mão estrategicamente sobre o ombro de Alice. Com o polegar, ele continuou uma pequena carícia. Ela parecia um pouco incomodada com aquele toque, no princípio, mas depois de alguns segundos, seus lábios formaram um sorriso.

– Sr. Malfoy... tem certeza que não há problema se eu ficar aqui?

Por mais que sentisse falta da família, Alice parecia ansiosa em querer ficar. Não a julgava. Sua vida junto dos Donovan deveria ter sido um inferno.

– Claro que não, menina... você poderá ficar tanto tempo quanto quiser – disse Malfoy, sem tirar sua mão do ombro de Alice. – De qualquer forma, não estamos sozinhos. Eu tenho dois elfos domésticos que irão nos acompanhar.

– Elfos? – disse Alice, arregalando os olhos, sem entender muito.

– Bem... é melhor eu lhes apresentar. Eles são tão feios que você pode se assustar se esbarrar com eles por aí... DUMBY... DINA... – chamou Malfoy.

No mesmo instante, eles aparataram no quarto para surpresa de Alice que deu um gritinho, depois a menina caiu na gargalhada ao ver as duas criaturas. Dumby era engraçado. Dina, nem tanto. Dumby era um primo distante de Dobby, o amigo de Harry, por isso eram muito parecidos.

Malfoy sorriu ao ver que Alice se encantara com eles. Ela desceu da cama, ajoelhou-se ao lado deles e os cumprimentou. Dumby ficou contente pela reverencia que Alice fez a eles e a abraçou, amoroso. Já Dina ficou um pouco distante, sem sorrir. Dina era muito desconfiada pois fora a elfa doméstica de seu pai, Lucius, que a maltratou durante muitos anos.

– Pelo jeito, gostou dos meus elfos...

– Seu elfos... Mas são criaturas inteligentes... – disse Alice, indignando-se com a maneira possessiva com a qual Malfoy os referida.

– Elfos são criados, senhorita... Dumby é seu servo, senhorita. – explicou Dumby.

– O nome dela é Alice, Dumby... Alice Donovan. – disse Malfoy, aproximando-se de Alice. Jamais diria a Alice que na verdade ela era Tricia Bulstrode.

– Srta. Donovan... Dumby está encantado. Dumby gostou muito da senhorita Donovan.

– Que bom! – respondeu Draco. – Alice... elfos domésticos são presos por contratos mágicos aos donos aos quais pertencem. Você diria que eles são escravos. Hermione também pensa assim. Mas na verdade, os elfos sentem orgulho em servir.

– Sim... é verdade, Srta. Donovan... me orgulho em servir o Sr. Draco Malfoy...

Assim que ela se levantou, Draco colocou uma das mãos nas costas de Alice, como que envolvendo-a em um semi-abraço. Alice percebeu, é claro, e ficou vermelha e sem jeito.

– Eles serão nossa companhia por algum tempo, Alice e podem servi-la como você quiser. Durante algum tempo, você não poderá receber nenhuma visita, até termos a certeza de que seus poderes estão sob controle.

– Eu achei que eu iria servi-lo, Sr. Malfoy. O senhor me contratou para limpar a casa e fazer a comida. – replicou Alice, ainda sem jeito.

– É... eu sei. Isso foi antes, quando eu achei que poderia ficar longe do mundo da magia. Mas agora que eu decidi ajuda-la, achei justo me acomodar num lugar mais próprio para isso. Aqui, na minha mansão, eu tenho uma grande biblioteca. Já separei alguns livros que você deverá ler, Alice. Quero você dedicada a essa tarefa, por isso, você não terá mais tempo para limpar ou fazer a comida, por mais que eu goste das refeições que você prepara.

– Mas... senhor... – iniciou Alice.

– Não seja teimosa, Alice... – disse Malfoy, segurando o queixo de Alice, empurrando-o levemente para cima, para que seus lábios ficassem mais próximos dos dele. – Você precisa confiar em mim. Seu treinamento é a coisa mais importante para você agora e você precisa se dedicar a isso se quiser melhorar, se quiser controlar seus poderes e quiser aprender novos feitiços. Você pode ser uma bruxa poderosa, Alice. E depois, pode usar seus poderes para trabalhar como Hermione que é Aurora no Ministério da Magia ou como Longbottom que é professor e diretor de Hogwarts.

– Eu gostaria de ser professora um dia... – disse Alice, com os olhos brilhando.

– Então, Alice. Dedique-se a isso e você terá muito sucesso e será muito feliz, eu prometo.

Alice sorriu. Era um sorriso gracioso, puro, doce. Os lábios dela estavam tão próximos dos dele, bastava abaixar um pouquinho a cabeça para tocar neles. Entretanto, Malfoy sabia que teria que ser paciente com ela. Ele dispunha de pouco tempo, ainda assim, se não soubesse ser calmo e tranquilo com Alice, poderia colocar tudo a perder.


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