Burning Love escrita por B Targaryen


Capítulo 7
Suspenso.




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Eu adormeci sem que percebesse. Quando acordei, já estava de noite e Natasha não estava mais deitada comigo. Eu olhei pela janela e dava pra vê-la sentada no balanço que tinha na árvore, fumando. Eu fiquei ali observando por alguns minutos até que resolvi descer. 

—Oi, Charlie.- Karol falou quando eu desci as escadas. Eu sorri pra ela, me sentindo estranhamente em casa.

Natasha estava tao distraída que nem percebeu quando eu cheguei.

—Oi- falei e ela deu um pulo

—Você me assustou. 

—Eu vou pra casa, ok? Te vejo amanhã?

—Ta. A gente se vê na escola. Amanhã eu vou.

—Finalmente. Pensei que você fosse continuar matando aula pra sempre.

—E eu vou, Charlie.

Natasha deu um sorriso pequeno, concentrada em milhões de outras coisas que se passavam em sua mente, então eu passei minha mão pelos cabelos dela, tirando os do pescoço e a puxei delicadamente pelo queixo até estarmos olhando um pro outro. O cheiro dela era tudo que eu sentia, então respirei fundo, fechando os olhos, e a beijei. Quando nos afastamos, ela segurou meu rosto contra o dela por alguns segundos. 

"Eu tenho que ir" sussurrei.

—Tchau. - ela disse sorrindo e então me beijou de novo.

(...)

Cheguei em casa e Bruno estava sentado no sofá assistindo televisão.

—Tava aonde?- ele perguntou.

—Com a Natasha.

—Ah, claro. Novidade.

Eu sentei do lado dele.

—Você matou aula, né? - ele perguntou de repente

—Não! Como você sabe?

Bruno revirou os olhos.

—A escola ligou pra perguntar porque, pelo que parece, você só foi uma vez.

—E daí?

—E daí, Charlie, que se quer se formar e ser alguma coisa na vida você tem que ir pra escola.

—Eu sei. Desculpa.

—Se você não for pra aula amanhã eu corto seu pinto fora e dou pro cachorro da vizinha comer. Você não vai usar ele mesmo.

—Vai tomar no cú, Bruno. Quem não vai usar é você, seu viado.

—Não? Escuta: são... exatamente 10: 30 da noite, e tem uma mulher dormindo no meu quarto dormindo nesse exato momento. Sabe por quê? Porque a gente fez sexo o dia inteiro.

—Você ta brincando.

—Quer ir lá ver?

—Não, obrigado.

—Quer um conselho? Dorme com os fones de ouvido essa noite.

—Vai se foder.

—Ah, eu vou. Daqui a pouco.

Ele piscou.

Minha atenção foi voltada pro filme, mas então eu comecei a pensar em hoje mais cedo.

—Bruno.- eu falei baixo

—O que?- ele parecia disperso

—Onde eles foram enterrados?

—Quem?- a atenção dele tinha se voltado pra mim agora - Ah. Você não foi no enterro, tinha me esquecido.

Uma ponta de raiva bateu em mim.

—Como você pode falar nisso com tanta normalidade? Eles estão mortos e não viajando pra algum lugar distante!

—Ás vezes aceitar a realidade é mais fácil que fugir dela, Charlie.

Eu cheguei perto dele, deitando cabeça em seu peito como se eu fosse uma criança, porque era assim que eu me sentia agora.

—Eu sinto falta deles - murmurei. Eu estava chorando.

—Eu também, Charlie. Eu também.

(...)

Bruno me acordou colocando gelo por baixo da minha blusa.

—ARGH, VAI TOMAR NO CÚ, BRUNO!- eu gritei

Esfreguei os olhos e tentei levantar, embora parecesse que algo me puxasse de volta pra cama, um tipo de gravidade inexplicável que só funciona de manhã.

Desci as escadas ainda sonolento, tudo que eu queria era sentar nos degraus e ficar ali.

—Ajeita essa cara, hoje é seu dia de fazer comida.

—Não...-sussurrei. Eu ia falar mais alguma coisa mais me perdi.

Eu abri os olhos assustado quando minha cabeça bateu na mesa. Ótimo, tinha cochilado. Bruno dava altas gargalhadas.

—Parece que alguém ficou acordado a noite toda batendo punheta.

—Vai se foder...

—Depois. Agora anda logo, ou você vai se atrasar.

—Eu odeio minha vida.- murmurei

—Viu? Agora você parece um adolescente normal. Só parece...

Se eu não tivesse com tanto sono, juro que enforcaria ele.

Pra infelicidade de Bruno, eu desisti de cozinhar porque provavelmente acabaria num incêndio.

Coloquei a blusa de qualquer jeito, amassada mesmo, vesti as calças e saí, sem nem pentear o cabelo. Eu pensei que fosse cair no sono no meio da rua mas, felizmente, isso não aconteceu. Quando eu cheguei lá, eu vi uma pequena confusão que me chamou atenção. Alguns adolescentes se reuniam no meio de algumas pessoas que gritavam. Uma briga. Adivinha quem tava metida nisso? Você acertou se pensou Natasha.

Um garoto, que parecia ter uns 15 anos, provavelmente do 1º ano, estava no chão com um olhar furioso. Matt OBrien, o "bonitão" da nossa turma gritava e Natasha gritava de volta.

—ENTÃO VOCÊ TAVA ZOANDO COM A CARA DO MENINO POR QUE ELE É NEGRO? O QUE DÁ O DIREITO DE FAZER ISSO, QUERIDO? AH, VAI SE FODER, VOCÊ É ANALFABETO E NINGUÉM ENCANA COM ISSO. -um "uuuuu" inundou o local. Matt não revidou. Na verdade, ele parecia constrangido. Natasha olhou pro garoto no chão e apontou com a cabeça pra outro lugar- Quer sair daqui?

Ela ofereceu a mão pro garoto e o ajudou a levantar. Eles dois andaram na minha direção. O garoto, com algumas marcas no rosto, parecia perdido e Natasha parecia com raiva.

—Desculpa por Matt. Ele é uma vergonha pra humanidade então, se eu fosse você, não me preocuparia com o que ele diz. Sério, ele é um babaca.   Então, qual o seu nome?- Natasha disse pro garoto

—Doug.

—Eu sou a Natasha. Esse é o Charlie.

Eu sorri.

—Valeu pela ajuda. ele disse

—Que nada.

Doug olhou pra mim.

—Ei, cara, ela é sempre assim?

Eu dei de ombros.

—Na maioria das vezes. Você é de qual classe?

—605. Eu tenho que ir.

—A gente se vê por ai.- Natasha disse e fomos andando pra sala.

—Sem aplausos? Sem "Natasha salva o dia novamente"?- perguntou e riu.

Ela me analisou de cima a baixo.

—Parece que você foi atropelado por um caminhão, garoto.

—Eu to com sono.

—Percebível. Ta com cara de zumbi. E você não sabe passar roupa não?

—Vai se foder.

—Ei, agora seu olho tem três cores: azul, verde e vermelho.

—Vai tomar no cú, Natasha.

Apesar de estar zoando com a minha cara, ela colocou o braço ao redor da minha cintura e me ajudou a não dar de cara com alguma parede por aí. 

Minha visão tava ficando embaçada de tanto sono. Quando chegamos na aula, eu abaixei minha cabeça e ia dormir, mas o professor me fez uma pergunta e eu nem sei o que eu respondi, mas ele começou a falar comigo e eu caí no sono. Enquanto ele falava.

Diretoria, ótimo. Eu fui suspenso hoje. Haha, vou voltar pra casa e dormir, seus babacas!

Meu irmão teria me dado uma bronca enorme mas, graças a deus, ele não estava em casa. Deitei na cama e apaguei completamente.

Acordei com Natasha me sacudindo.

—Hmmmmmm....- murmurei, ainda com os olhos fechados

—Acorda, Charlie. Acorda.

Eu abri os olhos e ela foi a primeira coisa que eu vi. Seus olhos castanhos estavam um pouco mais claros por causa da luz do quarto. Mas aí eu senti falta de uma coisa: a luz do Sol.

—Que horas são?-  perguntei, sentando na cama

—Sete e meia da noite.

—Puta que pariu! O Bruno vai me matar.

—Relaxa, vai não. Ele acabou de sair, mas já ta voltando. Ele riu quando falaram que você foi suspenso.

—Ele ta de bom humor porque ele fez sexo ontem à noite.

Natasha riu.

—Você ta bem, Charlie?

—To. Porque eu não estaria?

—Você dormiu de oito da manhã as sete da noite.

Eu dei de ombros.

—As pessoas tão falando sobre você, sabia?- Natasha comentou -Eles acham que você é um garoto ... do tipo que arruma encrenca.

—A culpa é sua, sabia?

—Sabia.- ela olhou a hora- Daqui a pouco eu tenho que embora. Vai ter uma festa sábado que vem na casa do Matt, ta a fim de ir?

—Eu pensei que você fosse o tipo de garota que odiava garotos como o Matt e as festas que eles dão.

—E odeio. Mas, hey, qual foi a última vez que você foi a uma festa?

—Hm, foi, eu não vou a uma desde... sempre.

—Eu desconfiava. E eu vou ter a honra de te levar a sua primeira festa. Se prepare pra ficar chapado.

—Eu não vou.

—Sim, você vai.

—Não.

—Ok, então eu vou sozinha. Sabe, vai ter piscina e eu realmente vou gostar de ir observar aqueles gostosos sem camisa. Ah, eu mal posso esperar.

Ela me olhou com sorriso pervertido.

—Ta bom, você ganhou, eu vou nessa festa.

Ela soltou uma gargalhada.

—Então, eu acho que vou embora agora, ok?

Eu a beijei.

—Tchau.

Ela piscou antes de sair pela porta.

Eu liquei a tv e fiquei na cama, enrolado no cobertor porque eu estava com frio. Bruno chegou alguns minutos depois, ele foi até perto de mim e colocou a mão na minha testa.

—Isso é algum tipo de macumba?- eu perguntei

Ele revirou os olhos.

—Eu to vendo se você ta com febre, criança.

—Não, não to.

—Ta sim.

—Foda-se. Sai.

—Então morre aí, desgraçado.

Ele saiu e bateu a porta. Pessoas que vissem pensariam que ele estava nervoso, mas eu sabia que não. Alguns minutos depois ele voltou.

—Pensei que você tivesse mandando eu morrer.

—Cala a boca e bebe isso, bebêzão. Se não fosse por mim você taria morto mesmo.

Eu dei dedo do meio pra ele antes de pegar o copo da mão dele.

—Isso tem gosto ruim.

—Depois reclama quando eu te chamo de bebezão ...- murmurou.

Eu ri. Bruno pegou o copo e me deu dedo do meio de volta antes de bater a porta.

Nós dois temos sérios problemas mentais.


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