Nós fomos andandando e conversando sobre umas coisas aleatórias, porém divertidas, até que ela parou e me olhou

Eu franzi as sobrancelhas.

—O que foi? - perguntei

Ela sorriu de uma maneira sexy.

—Você tem olhos bonitos, garoto novo. - eu não sabia se ela estava zoando com a minha cara, mas ela continuou andando, então não deu tempo de perguntar. Até porque ia ser algo do tipo: "Quando você me elogiou, você falava sério ou tava só zoando com a minha cara?"

Quando chegamos na minha casa, torci pra Bruno não estar, porque evitaria possíveis constrangimentos desnecessários, mas infelizmente ele estava.

—Bruno, essa é Natasha. Natasha, meu irmão Bruno.
—Qual aposta você perdeu pra estar andando com meu maninho aqui? - Bruno perguntou. Será que eu seria uma pessoa muito ruim se matasse ele?
—Não liga pro Bruno. - avisei
Ela deu de ombros.
—Na verdade, ele parece ser legal -
Bruno riu alto e eu apontei com a cabeça em direção as escadas.
—Vamos pro meu quarto?
—Já?- ela arregalou os olhos.
Eu senti o sangue indo pro meu rosto. Ótimo, agora eu to com vergonha. Merda, merda, merda!
—Ei, eu só tava brincando. - ela falou e depois riu - Você fica fofo quando ta com vergonha.
Eu sorri meio sem graça.
—Valeu, eu acho.
—Você não ia me mostrar seu quarto?
—Ah, é, vamos.
Subimos as escadas calados e, chegando lá, ela olhou ao redor, observando tudo em silêncio.
—Que bagunça! - ela disse com o mesmo tom que alguém diria "Que legal!" - Olha, Charlie, olhando pra sua cara, eu jurava que seu quarto seria todo arrumadinho.
—Você me chamou de Charlie. - observei
—É o seu nome, não é?
—É que você só me chamava de "garoto novo".
—Cala a boca, garoto novo.
Ela jogou a mochila no chão e sentou na minha cama. Era legal o jeito que ela parecia confortável como se viesse aqui desde sempre. Sentei do lado dela.
—Você quer, tipo... assistir tv?- falei
—Uhum. Posso abrir a janela?
—Pode.
Ela andou até a janela, que ficava do lado da minha cama e ficou na ponta dos pés pra poder alcançar o topo da janela alta. Não acho que ela tenha feito isso pra me provocar, mas, se foi, estava funcionando.
—Natasha. -falei
—O que?- ela virou com um sorriso repentino. Meu coração disparou.
—Você é muito linda. Tipo, sério.
Um sorriso fechado, pequeno mas que chegou até os olhos dela, se abriu em seu rosto. Natasha. Naquele momento, eu só tinha uma certeza: precisava conhecer ela melhor.

Com a janela aberta, a luz agora batia no rosto de Natasha. Ela foi até a cama e se sentou do meu lado enquanto eu ligava a tv.
—Então, o que você quer ver?
–Qualquer coisa que tiver passando. A gente não precisa prestar atenção na TV.
Por um segundo, minha mente pensou coisas pervertidas. Conversar, Charlie, ela ta falando de conversar.
Conversamos a tarde inteira: o assunto fluia fácil, tínhamos um milhão de coisas em comum. Algo em Natasha, alias, tudo em Natasha me fazia querer ficar perto dela, diferentente de quando eu conheci outras pessoas, ela não me deixava desconfortável.
Natasha Willians era diferente de todas as pessoas que eu já conhecido.