Burning Love escrita por B Targaryen


Capítulo 25
A última noite




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Eu sei que sou contraditório, mas eu amo o Ano Novo. E esse ano, eu realmente tinha um motivo pra estar feliz: Eu tinha Natasha. Passei o dia inteiro ansioso pra vê-la, andei pra la e pra cá, joguei videogame, cozinhei, mas tudo que eu conseguia pensar era nela e em como eu estava com saudade. Bruno e eu conversamos a tarde inteira, e eu não me lembro da ultima vez que nos demos tão bem. O clima bom de véspera de ano novo preenchia cada canto da casa.
Nós quatro tínhamos combinado de ir a praia passar o ano novo lá e eu não sabia que roupa usar. Acabei colocando uma blusa branca e fiquei sentado no sofá esperando Bruno terminar de se arrumar. Ele corria pra lá e pra cá na casa.
—O que foi? - perguntei, gritando enquanto ele mexia nas almofadas do sofá.
—To procurando uma coisa. Que eu perdi.
—O que?
Ele me olhou, parecendo desesperado.
—O anel.
—O anel de noivado? Você perdeu?!
—Acho que sim! Eu ia pedir hoje a Karol, mas eu não faço a mínima ideia de onde a droga do anel está.
Eu abri um sorriso feliz.
—Você vai pedir ela em casamento hoje? - ele me olhou como se quisesse me matar.
—Não se eu não achar o anel!
—Eu te ajudo a procurar.
E, junto com ele, começamos a revirar cada canto da casa.
Mas não estava em lugar nenhum.
—Eu desisto. - ele afirmou, sentando na cama, enquanto acabamos de procurar no ultimo cômodo que faltava, o meu quarto.
—Então...não vai rolar?
Ele parecia decepcionado.
—Não. Talvez...não fosse pra ser. Não hoje. - a campainha tocou, e ele abriu um sorriso triste pra mim - Elas chegaram. Vou lá abrir.
Desci as escadas logo depois dele, e, quando elas entraram, eu fui correndo abraçar Natasha bem apertado.
—Eu senti saudade. - ela falou, enquanto eu ainda a apertava em meus braços. Encostamos as testas.
—Eu também.
Nos beijamos e, logo depois, começou a discutir quem ia em qual carro. Acabou que fomos eu e Natasha no carro de Karol, e eles dois foram no carro do Bruno. Antes de entrar no carro, Bruno olhou pra mim de uma forma que me fez saber que ele estava triste.
—Eu dirijo. - Natasha falou, me trazendo de volta a realidade.
—Por que você sempre quer controlar tudo? - perguntei, entrando no banco do carona.
—Porque eu sou perfeita.
—Você não é perfeita, só é completamente pirada. - falei, rindo.
Ela me olhou do banco do motorista, sorrindo de um modo que fez eu querer a agarrar e beijar ali mesmo.
—E você adora isso.
—É, você ta certa.
Acabou que eu descobri que Natasha era tão maluca dirigindo quanto era normalmente.
—A gente vai ser multado, Natasha. - comentei, rindo.
—Claro que não. Você ta tenso, não vai dizer que ta com medo.
—Você ta a quase 200 km/h numa estrada cheia de curvas! E para de olhar pra mim, a gente vai morrer aqui, Natasha!
Ela diminuiu a velocidade só pra começar a rir histericamente de mim. Eu ri junto, mas foi de puro alívio.
Quando ela começou a dirigir numa velocidade aceitável, eu tive tempo de ver como ela estava hoje: O cabelo grande estava preso em uma trança e ela estava usando um vestido vermelho solto.
—Natasha?
—Oi.
—Você hoje ta parecendo...uma menina.
—Você é que ta.
Eu ri.
—Sabe, as pessoas normalmente usam branco no ano novo.
—Muito clichê, sem contar que é sem graça.
—Você tem algum problema em namorar um garoto clichê que usa roupa branca no ano novo? - perguntei, brincando, mas ela me olhou séria, reparando na minha blusa.
—Tenho. - e diminuiu a velocidade até parar no acostamento - Desce do carro.
—O que?
—Desce do carro, Charlie.
Depois de alguns segundos paralisado, eu fui abrir a porta e ela explodiu em gargalhadas.
—Ai meu Deus, sério, você caiu nessa?
Comecei a rir junto.
—Natasha, eu não acredito que você fez isso comigo!
—Não acredito que você acreditou.
—Que frase confusa. - ela riu, mas depois me olhou e parou.
—Charlie? Você arrumou o cabelo? Meu Deus, você parece uma criança da igreja!
Ela tentou bagunçar meu cabelo, mas eu segurei a mão dela. Ela continuou tentando e até saiu do banco do motorista para pular em cima de mim e bagunçar meu cabelo, enquanto ríamos. Quando paramos de rir, ela estava sentada no meu colo, virada de frente pra mim e com as duas mãos no meu pescoço. Nos olhamos por dois segundos e começamos a nos beijar. Nos beijamos por algum tempo e, quando eu estava a ponto de arrancar o vestido dela, o carro de Bruno passou do nosso lado, buzinando. Ela se afastou e me olhou.
—Acho que temos que ir.
—Infelizmente sim.
Enquanto ela estava mudando de banco, reparei que ela usava o mesmo cordão de caveira do dia em que nos conhecemos.
—Eu adoro esse cordão - comentei.
—E eu nunca tiro ele.
—Hey, Nat?
—O que?
—Já parou pra pensar em como parece que nos conhecemos por uma vida inteira? Quer dizer, as coisas foram acontecendo e aí eu acabei me apegando a você de uma forma tão estranha. Eu não pensei que fosse ser assim, sabe? Quando eu me apaixonasse, quer dizer. Mas, de alguma forma, é ainda...melhor.
Ela sorriu, olhando pra estrada.
—Eu vou ser sincera. Eu nunca imaginei que eu fosse nem sequer me apaixonar. Mas aconteceu, e eu to feliz que tenha sido com você. - depois de alguns segundos, ela olhou ao redor e parou o carro. - Chegamos.
A praia estava cheia: Algumas crianças brincavam na areia, umas famílias conversavam, amigos estavam tomando banho no mar aquela hora mesmo, mas o importante é: todo mundo estava feliz. Eu e Natasha sentamos do lado de Bruno e Karol, em um pano que eles colocaram no chão. Natasha se agarrou em mim por causa do frio e nós quatro começamos a conversar. Falamos sobre nossos sonhos e planos pro próximo ano, sobre como esse ano foi importante e como passou rápido, falamos sobre as melhores e piores coisas que aconteceram. Conversamos por muito tempo, até que faltavam 10 minutos pra meia noite e Bruno disse que precisava falar uma coisa.
—Mas primeiro - ele avisou - eu preciso que todo mundo fique em pé.
—Sério isso? - Karol protestou - Ai, que preguiça.
Ele riu meio sem graça, mas ela levantou do mesmo jeito. Eu puxei Natasha um pouco pro canto e a abracei, enquanto Bruno pegou nas duas mãos de Karol. Dava pra ver ele tremendo.
—Karol...- ele começou - Sabe quando você olha pra uma pessoa, e você simplesmente sabe que é ela? É assim que eu me sinto toda vez que estou com você, eu só sei que é você que eu quero, e eu não precisei de muito tempo pra perceber isso. Porque..você é incrível, e a melhor pessoa que eu conheço. - ele se abaixou, segurando o anel em uma mão - E eu não quero passar nem mais um segundo sem te dizer que você é o amor da minha vida e que eu quero passar toda minha vida ao seu lado. Karol, casa comigo?
Ela ficou parada uns segundos, sorrindo com lagrimas escorrendo pelo rosto, e então pulou no pescoço dele.
—Claro que eu quero, seu idiota!
Eu e Natasha nos olhamos e rimos.
Os dois abraçados estavam rindo alto, nem pareciam lembrar que eu e Natasha estávamos aqui. Dei a mão pra ela e não pude evitar de nos imaginar assim, algum dia. Quando eles se soltaram, Bruno olhou pra mim e sorriu.
—Charlie? O anel tava no meu bolso.
Eu ri, com a lembrança de procurar aquele anel que nem um idiota.
As pessoas que estavam lá começaram a fazer uma contagem regressiva, então nós quatro nos abraçamos. Quando deu meia noite e os fogos começaram a cair, Natasha inesperadamente me puxou pela mão até o mar e me beijou, e então me empurrou na água.
—Não acredito que você fez isso! - falei, rindo - Não é impossível ver água e não me jogar nela, você deveria tentar.
Ela riu e eu corri atrás dela todo molhado, e a abracei bem forte.
—Vai ficar toda molhada também!
Encostamos nossas testas e nos beijamos de novo. Bruno e Karol estavam se beijando e se agarrando ha uns 15 minutos, então resolvemos ir pra outro lugar.
—Karol! - Natasha gritou - A gente ta ai pra lá, ok?
Karol assentiu com a cabeça rapidamente antes de voltar sua atenção pra Bruno de novo.
—Eles são tão estranhamente nojentos. - Natasha afirmou, enquanto saímos da água.
—Não acredito que eles vão se casar.
—Eu pensei que ela fosse dizer não.
—O que? Por que?
Nós fomos andando de mãos dadas na beirada da água, na direção contrária que meu irmão estava.
—Sei la, só não imagino a Karol casando. - Natasha diminuiu o ritmo, parando em frente a uma pedra um pouco grande. - A gente deveria subir aqui.
—Não deveríamos não. Natasha, a gente vai cair e morrer.
—É só subir pelas pedras pequenas, nem é tão difícil.
—"Nem é tão difícil", ela disse. Você ta falando com o garoto que não conseguiu subir um muro!
—Vamos, a gente vai de mãos dadas. Se você cair, eu caio junto.
—Isso não foi muito confortante.
Ela riu, ja subindo na primeira pedra.
—Sério, Natasha? - falei, sorrindo. Ela olhou pra trás e estendeu a mão.
Por incrível que pareça, eu não caí, acho que já estava me acostumando a fazer essas coisas loucas por ela. Subimos as pedras tranquilamente, até chegar na pedra grande que Natasha queria. Subimos numa pedra pequena um pouco mais acima, que era a única maneira de chegar lá.
—Ta, eu vou ter que pular pra outra pedra.
—Não faz isso, você vai cair!
E então ela pulou, sem nem ouvir o que eu falei. Caiu no chão meio sem jeito, mas sorriu pra mim. Eu tentei ir de uma pedra pra outra sem pular, mas caí do mesmo gente.
—Isso ta escorregando! - falei, rindo.
—Eu sei.
E então ela sentou na beirada da pedra, e eu fui atrás. Estávamos exatamente em cima do mar, e eu conseguia ouvir o barulho da agua batendo nas ondas, misturado com nossas respirações.
—Isso parece tanto com aquele dia. - Natasha comentou.
—Que dia?
—No telhado. Nosso primeiro beijo.
—É, parece. Só que agora a gente não vai fazer aquilo porque a pedra é escorregadia e nossos corpos desapareceriam no oceano. - nós rimos - A gente não vai, né?
—Claro que não, Charlie. Quão maluca você acha que eu sou?
—Maluca o suficiente pra nos levar até aqui. - eu olhei ao redor e coloquei o braço nos ombros de Natasha, a puxando pra perto de mim. - Da a sensação de que só tem nós dois no mundo.
—As coisas seriam mais fáceis se tivessem só nós no mundo.
Ficamos em silencio algum tempo, observando o lugar e ouvindo o barulho do mar.
—Eu acho que a gente deveria dormir aqui. - concluiu.
—Mas ta frio.
Ela abriu seu sorriso pervertido.
—Calor humano. E podemos usar nossas roupas como travesseiro.
—Gostei. Mas nós vamos ser presos.
—A gente ta na praia. As pessoas estão sem roupa em todo lugar.
Eu ri.
—Faz sentido.
Natasha virou pra mim e desabotoou minha camisa devagar, depois arrancou-a, dobrou e deitou em cima, chegando pra trás.
—Isso é injusto. - falei, baixo, sorrindo ao vê la agarrada na minha blusa. Quando eu cheguei pra trás da beirada da pedra, ela levantou e sentou no meu colo, pegou minhas duas mãos e foi passando pelo seu corpo até lentamente chegar ao zíper do seu vestido nas costas. Natasha me beijou enquanto eu tirava seu vestido e então fizemos sexo ali mesmo. Foi definitivamente o lugar mais estranho que fizemos, mas, de alguma forma, foi extremamente natural. Depois, deitamos só de roupas íntimas, fazendo nossas outras roupas de travesseiro, e dormimos agarrados, lutando contra o frio.
Com ela agarrada em mim, eu estava dormindo extremamente bem, até que senti alguém mexendo em mim.
—Charlie, acorda. - Natasha sussurrou, deitada de lado e apoiada em uma mão só enquanto a outra estava no meu cabelo.
—O que?
—Eu te amo.
—Eu te amo também. - falei, meio dormindo.
—Olha pra mim. - ela disse, colocando a mão no meu rosto. - Eu sempre vou te amar, Charlie.
E então eu a beijei e, quando nos afastamos, ela passou os dedos pelo meu cabelo. Eu estava quase dormindo quando a senti se afastar, quase abri os olhos pra ver o que estava acontecendo, mas imaginei que ela só estava se ajeitando, e o sono era tão grande que adormeci.
Quando acordei, ela não estava lá. Me assustei por alguns segundos, olhei e do meu lado tinha a chave do carro junto com minha calça, e vi que Natasha tinha levado minha blusa. Ela deve ter vestido pra fazer um daqueles seus jogos malucos de Natasha. Ri comigo mesmo enquanto juntava as coisas e saía, sem blusa mesmo, já que ela não me deu outra opção. Desci pelas pedras com uma facilidade incrível, e fui curioso o caminho inteiro. Uma meia hora antes da minha casa, começou um engarrafamento. O carro em que eu dirigia estava agora parado no meio de muitos outros, mas, por incrível que pareça, eu estava extremamente feliz. Bruno e Karol vão se casar. Talvez isso seja um sinal, sabe? De que eu também posso ter meu "final feliz. " Eu também estava curioso pra saber porque Natasha foi embora, quer dizer, tivemos uma noite perfeita e eu já estava esperando que tivesse espaço pra mais uma das loucuras dela. Depois de algum tempo naquela curiosidade e felicidade, misturada com a ansiedade de chegar, eu estava finalmente na esquina. O estranho é que mesmo aqui, num lugar pouco movimentado, estava engarrafado. Comecei a ouvir um barulho de longe que parecia ser uma ambulância. Um acidente, ótimo. Me distraí por alguns minutos, e quando percebi, já estava em frente a casa da Natasha. O engarrafamento acabava ali.
Eu podia ver a ambulância e alguns carros de polícia e aquelas faixas que se colocam nas cenas de crime. Tudo isso na casa verde clara com a escada do lado de fora e o telhado cheio de memórias.
Meu coração pulava pra fora do peito. Desci do carro apressadamente, deixando- o ali mesmo, procurando rostos conhecidos naquela multidão que cercava a cena. Eu procurava por Jake e por Bruno, mas principalmente por Karol e por Natasha. Ah... Natasha, o que vocês duas aprontaram dessa vez? E aí eu vi. Aos poucos, um a um, foram aparecendo. Jake sentado na mureta de sua casa, Bruno e Karol se abraçando bem forte. Percebi que eles estavam rindo de alguma coisa, eu não entendi bem o porque. Demorei alguns segundos pra ver que eles estavam... chorando. Eu ouvia, mais alto do que a sirene das ambulâncias, mais alto do que tudo, meu coração tentando pular pra fora do peito. Procurei Natasha por todo o canto. Eu esperava, realmente , que ela me chamasse qualquer hora, daquele jeito de dizer meu nome que só ela sabe, e que então risse da minha cara por ser tão idiota e ficar preocupado. Corri até Bruno e o olhei nos olhos. Karol estava agarrada com ele, e chorava muito.
—Natasha. Cade ela? - perguntei, baixo. De algum modo estranho, minha voz soava mais calma do que nunca. O barulho agora estava mais alto. Ele fixou os olhos na ambulância.
—Lá dentro.
—Com quem? -Só ela, Charlie.
Ela se machucou?
Ele começou a chorar.
—Ela se matou - foi a resposta


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Notas finais do capítulo

Não me odeiem/ pt.2



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