Burning Love escrita por B Targaryen


Capítulo 21
Sem você




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/568313/chapter/21

Eu estava assustado. Claro que eu estava. Então liguei pra Natasha:
—Natasha, eu cansei. Eu quero uma explicação, por que seu ex namorado me persegue?
—Eu pensei que ele tinha esquecido. Ele te mandou mais alguma coisa?
—Mandou, Nat.
—Charlie, eu...
—Não diz pra eu me afastar de você, eu não vou. É um risco que eu quero correr. Mas pelo menos me deixa entender porque ele me odeia.
—Eu te conto, então. Mas não agora, espera, o Natal ta chegando e ta tudo tão lindo e feliz, eu não quero te preocupar com nada. Assim que o ano novo passar, eu te conto. É uma promessa.
—Como eu vou saber que você vai cumprir?
—Confiando em mim.
—Ta bom.
Fez se silêncio por alguns segundos, até que eu disse:
—Eu to com medo, Natasha.
—É um risco que você não precisa correr. Você pode cair fora a hora que quiser.
E então ela desligou antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Merda, Natasha!
Sem que percebesse, fiquei pensando no que ela disse. "É um risco que você não precisa correr." Eu tomei aquela conversa que tivemos como uma briga, então não liguei pra ela no dia seguinte, nem no outro, acho que no fundo, eu só estava arrumando uma desculpa pra ficar longe dela. Mas Natasha também não me procurou, o que me fez pensar que talvez ela entendesse.
Eu fiquei exatamente uma semana sem ter nenhum tipo de contato com ela. Fui pra escola nos últimos dois dias antes das férias começarem por saber que não ia encontrar Natasha lá e só pra ter certeza que iria repetir o terceiro ano, eu já esperava que isso acontecesse, afinal eu não fui na maioria das aulas. Ficar longe dela foi mais difícil do que eu imaginava. Karol foi ver Bruno quase todos os dias da semana e eu pensava em perguntar dela. Estranhamente, nenhum dos dois me perguntou nada, talvez Natasha tenha falado com eles. No sétimo dia, quando eu já estava me afundando em crises de abstinência e saudade, uma mensagem chegou no meu celular. Uma mensagem dele, de quem me pediu pra ficar longe dela.
"Bom menino."
Eu me odiei tanto, tanto enquanto lia aquela mensagem. Eu fiz o que ele queria, eu me afastei dela, eu sou a pior pessoa e o pior namorado do mundo, se é que sou namorado ainda. Eu estava tremendo, a beira de um surto, então decidi descer, ir conversar com Bruno ou pelo menos tentar me distrair daquilo. Quando cheguei, ele estava sentado no chão vendo TV, então sentei do lado dele, ainda tremendo. Bruno me olhava, fazendo uma pergunta em silencio.
"O que foi?"
Eu respirei fundo e disse as palavras que eu estava escondendo de mim mesmo faz uma semana:
—Acho que eu e Natasha terminamos.
Meus olhos ameaçaram se encher de lágrimas, mas eu segurei, não ia chorar.
—Por que?
—Eu não sei, a gente conversou no telefone, eu estava assustado então ela disse que eu não precisava...que eu não tinha que ficar perto dela e então eu não fiquei e ela não me procurou...- eu estava me embolando nas palavras - Eu não sei.
—Você é um idiota.
Ai.
—Nossa, valeu mesmo.
—É sério, Charlie. Você é um idiota, vai atrás dela. Está claro pra nós dois que você não queria ter ficado longe dela, mas mesmo assim você fez. Imagina como ela deve ta puta com você agora. Você vacilou feio, mas quem sabe se correr ainda consegue desfazer as merdas que fez.
—Mas você não sabe os reais motivos pra gente ter ficado sem se falar, é tudo muito complicado e...
—O que eu sei- ele me interrompeu- é que você ama ela. Não ama?
—Amo, eu...- minha voz ficou embargada - Eu amo. Muito.
—Para com isso. Você não tem direito de chorar se você não for atrás dela, então nem começa.
—Você acha que ela me odeia?
—Charlie, para de ser idiota. Claro que não. Coloca o casaco e vai lá, elas estão em casa.
E foi o que eu fiz. Eu fui correndo o caminho todo, correndo como se qualquer mínimo segundo fizesse a diferença. Meu coração martelava no peito junto com a respiração ofegante pela corrida e as lágrimas escorriam pelo meu rosto quando eu toquei a campainha da casa dela, não tinha como eu parecer mais patético.
Pareceram anos até o momento em que Natasha abriu a porta. Ela estava lá e claramente não soube reagir quando me viu, o rosto dela era de quem tinha visto um fantasma. Mas esse choque só durou por alguns segundos, antes dela bater no meu rosto com o punho, forte, com raiva, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Eu coloquei a mão no rosto, sentindo a dor e ao mesmo tempo me odiando ter vindo, então ela me surpreendeu me puxando pra perto e me abraçando bem forte, as mãos no meu pescoço.
Eu não honestamente não entendo nada do que essa garota faz.
Eu estava com o rosto no pescoço dela, molhando a manga de sua blusa com algumas lágrimas. Queria dizer tanta coisa pra ela: queria dizer que eu sentia muito e que eu sentia muito, que eu não deveria ter feito aquilo e que eu morri de saudade dela, mesmo o tempo tendo sido aparentemente pequeno. Só que não foi, não pra mim. Mas eu não consegui dizer nada, só consegui segurar ela pela cintura, como se ela fosse todo o meu mundo. E, de certa forma, ela era. Então Natasha se afastou, me olhando com um olhar confuso, limpou as lágrimas do meu rosto com a manga do seu casaco e disse:
—Eu pensei que eu não fosse te ver mais.
—Desculpa. Eu... você disse que...
—Eu sei o que eu disse. Mas eu esperava que você pelo menos falasse alguma coisa.
—Eu não deveria ter demorado tanto. Mas eu to aqui, e eu te amo. Estar sem você faz eu me sentir incompleto.
Então eu a beijei, e ela me beijou de volta. Por alguns segundos, tudo estava bem de novo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Burning Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.