Burning Love escrita por B Targaryen


Capítulo 20
Manhãs de domingo




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As coisas estavam ótimas na festa até que, de repente, começaram a ficar estranhas. Algo na música alta e todas as luzes começaram a me incomodar; minha cabeça rodava. Na verdade, tudo rodava, parecia que eu estava solto pelo ar. Eu devo ter começado a parecer bem desesperado, porque Natasha não demorou muito pra perceber. No meio de toda tontura, acho que consegui ouvir ela gritando meu nome, só sei que senti quando Natasha segurou em mim e fomos andando até o lado de fora. Eu desabei no chão, ao lado da porta, esperando parar de me sentir daquele jeito.
—Ta tudo rodando... - eu sussurrei
—PORRA, CHARLIE! Quanto você bebeu? - ela gritou, nervosa. Eu me encolhi e não respondi nada, não sabia o que responder.
Então ela, me surpreendendo, se abaixou e me abraçou forte, de forma que meu rosto ficasse encaixado no pescoço dela. Aquilo estranhamente me acalmava.
—Eu te falei pra ficar bêbado, mas não pra entrar em coma alcoólico, Charlie.
Eu me afastei e ri, mas ela ficou séria. Parecia preocupada.
—Eu vou te levar pra casa, OK?
Eu olhei pra cara dela por alguns segundos e então virei o rosto e vomitei.
—Desculpa... - murmurei, antes de vomitar de novo.
Ela virou meu rosto e me segurou numa posição em que eu não sujava minha blusa, depois passou a mão no meu cabelo. Apesar de eu me sentir um lixo, Natasha estava sendo bem cuidadosa, o que era estranhamente novo pra mim.
Ela levantou e me deu a mão, então me apoiei nela e fomos andando até o carro. Ela foi dirigindo, claro.
—Natasha? - chamei, rindo.
—O que?
—Olha como o Sol ta bonito. Olha esses passarinhos. Nossa, o mundo é muito lindo mesmo.
Ela riu.
—Ta de noite, Charlie.
—E daí? Não pode ter Sol de noite? A senhora está sendo leviana, canditada.
—Você ta muito loucão mesmo, hein?
—Acho que eu vou desmaiar.
—Não! Não mesmo. Só...conversa comigo. O que você achou da festa?
—Que festa?
—A que gente acabou de sair.
—Nossa, cara, é verdade, tava tudo muito, nossa, natureza, né? Eu fico emocionado com essas coisas.
—Eu vou gravar altos vídeos de você assim.
—Ah, mas se for pra gravar, tem que ser direito. - eu levantei um lado da blusa - Olha pra mim, Nat. Peitos. Tetinha. Olha minhas tetas. - e comecei a rir, junto com ela.
—Charlie, você avisou ao Bruno que ia chegar tarde? Não quero acordar ele.
—Não! Bruno não! Ele vai comer meu cu, Natasha. Comer. Meu. Preciso. Cu.
—Claro que não, a gente sabe que ele não liga pra essas coisas. Mas, de qualquer forma, melhor você ir pra minha casa mesmo, evita que você faça alguma merda durante a noite. Pode ser?
—Aham.

Quando chegamos na casa dela, a primeira coisa que eu fiz foi me jogar no sofá, eu estava tão cansado.
—Charlie, não dorme! - ela disse, me mexendo
—Hãn? Ah. Ta. Eu vou tomar banho, então.
—Tem umas roupas suas em algum lugar no meu quarto, vai lá procurar.
Então nós fomos até o quarto bagunçado dela e eu mexi nas gavetas até achar umas blusas e uma bermuda minha.
—Finalmente você esquecer as coisas aqui serviu pra alguma coisa. - ela disse
—Ei, vamos dançar? Eu quero dançar.
—A gente ainda estaria lá dançando se você não tivesse inventado de passar mal.
—Ai, desculpa ai. Mas sério, dança comigo? Só uma música. Só essa.
Peguei o celular e coloquei o tipo de música que não tocou lá hoje: Beatles. Eu pensei que ela fosse desanimar, mas abriu um sorriso e começou a cantarolar junto o início de Don't Let Me Down.
Eu coloquei minha mão na cintura dela e ela no meu pescoço, e nos balançamos no ritmo da música, enquanto cantávamos alto e ríamos, com medo de acordar os vizinhos. Eu a rodei pra lá e pra cá, cantei zoado algumas vezes de propósito, tropecei não tão propositalmente, mas o importante é que Nat estava feliz, rindo, cantando e dançando comigo. E eu também estava feliz, apesar de estar extremamente cansado.
A música parou e nos abraçamos aproveitando o silêncio bom depois de tantas risadas.
"Melhor noite de todas" sussurrei no ouvido dela antes de ir tomar banho.
Quando voltei, deitei na cama e dormi antes mesmo dela ir tomar banho, só acordei com ela voltando e se enroscando em mim. Apertei Natasha contra mim, respirando em seu pescoço e dormimos assim.

Foi a melhor noite da minha vida, acompanhada da pior manhã. Me mexi na cama ainda não totalmente desperto, procurando por Natasha. Como ela não estava lá, assumi que estava tarde. Tudo em mim doía, principalmente a cabeça, e a dor aumentou mais ainda quando abri os olhos e a luz me invadiu, então fechei os olhos rapidamente, me encolhendo. Quando abri os olhos de novo, Natasha estava entrando no quarto. Eu sentei na cama e ela sentou do meu lado.
—Cara...- falei baixo - Parece que tem um elefante pulando na minha cabeça. - meu estômago se revirou - E eu não vou comer mais nada durante uma semana.
Natasha tinha um ar de riso no rosto.
—Bem vindo a ressaca.
—Por que você não ta também?
—Não sei se você percebeu, mas eu quase não bebi ontem. Alguém tinha que estar inteiro, né?
Eu encostei a cabeça no ombro dela e fechei os olhos.
—Bruno te ligou enquanto você tava dormindo. - ela avisou
—Que horas são?
—14:00 horas.
—Caralho.
Ela ficou lá sentada comigo por alguns minutos e depois, relutantemente, eu fui com ela pra sala.
—Você precisa comer alguma coisa. - ela disse e eu não respondi nada. - Pelo menos bebe água?
—Ta. - eu disse, e sorri um pouco ao ver quão irônico era a imagem de uma Natasha Willians parecendo responsável.
—Não é engraçado. Você vai acabar desmaiando aí e eu vou ser obrigada a te deixar no chão pra morrer. - ela disse, disfarçando um pequeno sorriso
—Tão agradável. - respondi.
—Sim, muito. Agora vai beber água, antes que eu me sinta na obrigação de enfiar um copo de água no seu rabo.
—Para de ser malvada. - falei, olhando pra ela. Ela riu por alguns segundos mas depois viu que eu tava sério e me abraçou, ainda rindo um pouco.
—Ah, você ta falando sério? Deixa de ser sensível, Charlie. - e então me deu um beijo no rosto. Depois de ir beber água, coloquei uma almofada no colo dela e deitei. Ficamos deitados vendo TV o resto do dia, quase como um casal normal. Voltei pra casa andando quando já era quase 18:00 horas.
—Como foi a festa? - Bruno perguntou.
—Foi legal até. Eu gostei.
—É bom ver você agindo como um adolescente normal.
—Eu sou um adolescente normal, Bruno. Por que você insiste em falar desse jeito?
—Desculpa. É que...você nunca foi muito de se socializar com outras pessoas nem nada, bundão. Mas foi só a Natasha aparecer que mudou isso. Foi só a Natasha aparecer que mudou tudo.
E aquilo não poderia ser mais verdade. Depois que subi pro meu quarto, vi que tinha chegado uma mensagem no meu celular. Meu coração disparou quando viu o número: o ex da Natasha. Memórias dele e dos amigos dele me cortando com a faca passaram pela mente e eu me encolhi. Tremendo, abri a mensagem:
"Eu te falei pra ficar longe dela."


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